Dragão: A Casa do Campeão

terça-feira, 8 de maio de 2018

Dragão: A Casa do Campeão


Após uma noite tão festiva quanto atribulada, fosse pelas comemorações antecipadas por força da nulidade do derby da segunda circular, fosse pelo (consequente?) incêndio que obrigou a equipa a mudar de hotel, não se previa que os jogadores estivessem em grandes condições para se exibir ao seu melhor nível.




No entanto, a resposta foi muito positiva. Os 14 que estiveram em campo neste domingo de Aleluia tiveram um comportamento irrepreensível, valorizando não só a conquista do campeonato com mais uma vitória, como a própria competição ao não "facilitar" e assim interferir nas lutas de terceiros. Essa foi mesmo a primeira vitória do dia, parabéns adicionais por isso também.

O jogo foi então o "possível", com a equipa a deixar a descontração no balneário e a jogar o q.b. para justificar os três pontos, pese a boa réplica do Feirense. Em todo o caso, não é propriamente sobre este jogo que interessa hoje falar.

Aliás, neste jogo dei por mim a "ser" o típico adepto da Seleção, sempre tão ou menos interessado no jogo do que no que se ia passando à sua volta. Também por isso, as Notas DPcA de hoje são administrativas: se participou no jogo, 6 pontos; titular + 1; marcador +1. Vamos então arrumar já esta questão para depois irmos para a festa...






Notas DPcA 



Dia de jogo: 06/05/2018, 20h15, Estádio do Dragão, FC Porto - CD Feirense (2-1)

Nota (8): Sérgio Oliveira, Brahimi


Nota (7): Iker, Ricardo, Alex Telles, Marcano, Reyes (<70'), Herrera, Otávio (<46'), Marega, Soares (<56')

Nota (6): Hernáni (>46'), Aboubakar (>56'), Óliver (>70')

Sérgio Conceição (7): A guerra já estava ganha há algumas horas, pelo que "bastava" ao nosso General fazer com que as tropas continuassem a marchar a bom ritmo no regresso a casa. Conseguiu-o e assim garantiu o mais importante e difícil, dado o contexto: que a equipa tivesse um comportamento inatacável. O resto, veio com naturalidade. Parabéns, mister.



E pronto... já somos CAMPEÕES!

Finalmente, as quinas regressam ao Dragão. Finalmente, vamos às bifanas da Supertaça. Finalmente... felizes outra vez.

Foi uma longa e árdua jornada, esta que se iniciou neste mesmo estádio, há uns largos meses, contra o Estoril. Curiosamente, esse jogo acabou por nos dar um sneak preview do que a época acabaria por ser, ao evidenciar alguns dos factos que mais a marcariam. Reparem bem:

 - Logo a abrir, Marcano levou um grande murro no nariz do GR adversário, ficando penálti evidente por assinalar. Onde estava o VAR? Na "casinha", certamente;

 - Pouco depois, golo bem anulado a Abou (algo que se repetiu mais adiante), o que por si só nem deveria ser um facto, só que... passadas 33 jornadas, fica a sensação que as "exibições exemplares" dos árbitros e VARes só aconteciam quando nos desfavoreciam;

 - Ao longo de toda a partida, várias oportunidades flagrantes de golo desperdiçadas por... Abou!

 - Em sentido contrário, surge o inesperado Marega (entrou para o lugar do lesionado Tiquinho), pleno de oportunidade a antecipar um passe descuidado de um defesa do Estoril e assim posicionar-se para abrir o marcador. Não satisfeito, ainda bisou na segunda parte, deixando o "aviso" de que teriam de contar com ele para o que se seguia. E ó se contámos...;

 - Já com o destino do jogo traçado, eis que entra em cena o "envenenado" Hugo Miguel, uma vez mais apostado em nunca abrir o flanco para um qualquer eventual benefício a nosso favor. Marcano faz o quarto golo de forma legal mas o "macaco do apito" adia os festejos até comprovar pelas imagens que nada pode fazer para o impedir...

- Por fim, San Iker. Pouco mas bom trabalho, quase sempre com intervenções decisivas.  




Foi o mote para uma campanha com muitos altos e alguns baixos, mas quase sempre liderada por nós. A surpresa que adveio da capacidade de Sérgio Conceição de recuperar os "renegados" de épocas passadas e de os motivar para voltarem a tentar a sua sorte com a azulebranca acabou por nos permitir um bom arranque (7 vitórias) e consequente confiança para ir a Alvalade demonstrar a nossa superioridade, facto que "apenas" não se reflectiu no nulo final. Creio que esse jogo nos cimentou em definitivo como (um dos) principais candidatos na luta pelo título.

A partir daí, começamos a sentir os tentáculos do já denunciado polvo lampião, não só na pavorosa arbitragem do Clássico do Dragão, mas logo na sua antecâmara, aquando da visita aos lampiões das Aves. Foram dois empates que nos fizeram tremer, mas nunca cair. Prosseguimos vitoriosos até novo empate em Moreira de Cónegos, também ele "forçado" por más decisões arbitrais (pese a nossa má exibição).

Seguiu-se uma robusta série de seis vitórias (Sporting no Dragão incluída), abrupta e inesperadamente interrompida pela derrota na visita a Paços de Ferreira. Também houve "dedo" arbitral, mas neste jogo o demérito foi essencialmente nosso, desperdiçando até um penálti para (no mínimo) empatar. Uma vantagem folgada reduziu-se então a "uma vantagem", sem mais adjectivação.

Lamentavelmente, o aviso não tinha servido. Após vitória caseira, fomos a Belém fazer uma exibição confrangedora e averbar nova derrota, desta vez com efeitos devastadores: ao fim de 28 jornadas, estava perdida a liderança! Nuvens negras e fantasmas de passados recentes voltaram a pairar sobre o Dragão...

A partir daí, só nos restava uma solução: ir ao antro dos vigaristas sem-vergonha vencer. E não é que fomos mesmo?? Herrera, el capitán, disparou uma inesperada bomba à baliza do fiteiro Varela, mesmo, mesmo ao cair do pano, resgatando a liderança e repondo justiça poética na tabela classificativa. 

Ficava então por ultrapassar um último e sempre complicado obstáculo, o Marítimo em sua própria casa. Jogo de nervos, que apesar de tudo nos correu sempre de feição, mas apenas desbloqueado também nos últimos instantes, pelo inevitável e já incontornável Moussa Marega

Estava (quase) feito, o resto foram eles a (não) fazer... "sábado à noite, contr'ó Tondela, o penta xau, penta xau, penta xau, xau, xau..."!



A importância deste campeonato foi sabiamente realçada pelo treinador logo após o jogo de domingo passado. Fui-o escrevendo ao longo da época e em particular na antevisão dos jogos mais complicados: este era mesmo o ano "do or die". Pelo simbolismo do PENTA, pois claro, mas sobretudo pelo incrustar de uma maneira, de um hábito de ganhar sujo, batoteiro e anti-futebol na nossa sociedade. Não apenas por ser a supremacia dos sem-vergonha, mas por ser fabricada e mentirosa.

Sérgio Conceição é o homem do campeonato, pois claro. Foi ele quem se obrigou a acreditar que seria possível, mesmo perante tantas restrições e omissões. Soube ressuscitar e remotivar os jogadores retornados e os que já cá estavam (com os egos muito amassados) e, tão importante quanto isso, criar e depois recriar modelo(s) de jogo que pudesse(m) exponenciar as suas qualidades e proteger as debilidades. 

Lançou essas "sementes" à terra fértil do Olival e de lá brotaram, viçosos e nutritivos, Marega, Ricardo, Aboubakar, Brahimi, Herrera e restante companhia. Foi essa a primeira chave do sucesso final. 




Sentindo a oportunidade como há muito já não a sentiam, os Portistas responderam em massa e com tudo o que tinham, mesmo nos momentos de maior dúvida e desânimo (e houve momentos assim, vários e potentes). Foi assim que nasceu este novo Mar Azul, exigente e generoso como todos os anteriores, mas talvez mais crente e, com isso, mais disponível para sofrer. 

Fiz parte desse oceano em mais de 90% dos jogos, em casa e fora dela, e senti, como muitos sentiram, que havia um bom motivo para acreditar e não desistir, para continuar a apoiar mesmo (sobretudo!) após as maiores decepções. Claro que desanimei, quase desesperei, quando saí do Restelo. Mas não pude desistir. Deixar de acreditar que continuava a ser possível. No dia seguinte, acordei a pensar no jogo da Luz. Teria de ser nesse. Iria ser nesse. E foi nesse, caraaaaaagooo! O resto, já é história. 

Haverá tempo para analisar a época de fio a pavio, não apenas o campeonato mas todas as competições. Mas por agora, há que continuar a desfrutar deste doce sabor do sucesso. Festejemos pois, irmãos Portistas, que a glória é de novo nossa. O resto, fica para depois.














Um abraço a Todos e muitos, muitos parabéns CAMPEÕES!



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




11 comentários:

  1. E eu continuo a pairar sob um céu de um intenso azul numa nuvem de um branco imaculado, prenhe de emoções, incapaz de outra coisa que não sentir o orgulho de sempre em ser FC Porto, transbordando de felicidade por, após um hiato de 4 anos, retomarmos o nosso destino porque fomos, somos e sempre seremos...NASCIDOS PARA VENCER. Obrigado Equipa no seu todo, obrigado FC Porto.

    Grande abraço Azul e Branco meu caro Lápis, extensivo a todos os Portistas.

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    1. Que a felicidade não nos tolhe o discernimento, caro Fernando... podemos ter nascido COM vontade de vencer, mas para isso há que lutar muito, sempre.

      Abraço de Campeão (inédito!)

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  2. Parabéns caro Lápis Azul e Branco. Se há grandes vencedores, aqueles que sempre acompanharam o F.C. Porto para todo o lado merecem-no mais que ninguém.
    Um agradecimento especial a todos aqueles que estiveram na partida da equipa para o antro dos vigários (arrepiante) e também aos que se deslocaram ao aeroporto. Os jogadores sentiram e corresponderam.
    Abraço

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    1. Somos todos vencedores, os Portistas em primeiro plano e os desportistas em geral, porque foi um campeonato ganho em campo, com toda a justiça, como há cinco anos não se via.

      Todos ajudamos, uns mais, outros menos, cada um à sua maneira!

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  3. Gostaria de aproveitar e fazer uma sessão de agradecimentos por esta época e conquista tão importante:
    SC - sem um treinador resiliente, confiante e disciplinado não poderíamos ter suportado tanta pressão. Você está de parabéns. Obrigado
    Marega - você foi o jogador do ano. Não perdemos no campeonato com Marega em campo. Obrigado
    Herrera - eu admiro o exemplo de humildade e de entrega. O que falta tecnicamente foi compensado com aquele golo de outro mundo. Obrigado
    Iker - é uma imagem de marca e que promove a nossa cidade e o nosso clube. Foi um exemplo de profissionalismo e humildade. #quedateiker
    Jogadores - obrigado a todos. União e respeito.
    Este blog - obrigado por tantos momentos de leitura tão agradável e pela incansável fé na nossa vitória. Obrigado

    Abraço
    RC

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  4. Um belo resumo faltando uma nota rápida sobre o Soares, estava a ficar com o pé quente quando se lesionou não conseguindo voltar à forma que demonstrou a meio da temporada. Foi uma pena mas é também um dos guerreiros da nossa frente, embora menos vistoso que o Marega e o Abou. Esperemos que o próximo ano, com Marega, seja de confirmação.

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  5. Ora aí está, caro Lápis. Um bom jogo, uma festa muito bonita. Só os Super Dragões estragaram a mesma ao abusarem dos tifos e dos petardos. Enfim. Malta que não sabe estar. :)

    Um forte abraço Portista.

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