março 2018

segunda-feira, 19 de março de 2018

Derbialidades


Nota mental: por muito agradável que isso seja, nunca participar em tertúlias após um jogo e ANTES de fazer a respectiva análise. E porque não, pergunta o bem conservado leitor? É simples, isto de escrever sobre futebol - aliás, sobre os jogos de futebol em que participa o meu Porto - é uma espécie de , porque baseada num conjunto mais ou menos reduzido de convicções, formadas on the fly e em função do que o jogo me vai "dando" a observar.




Pouco importa se essas convicções correspondem à realidade: são as minhas e é a partir delas que escrevo o que escrevo. Ora, quando me predispus a debater as incidências do jogo com outras criaturas (notáveis criaturas, diga-se), formou-se uma tempestade perfeita na minha mente e as inabaláveis certezas sobre o que vi e não vi derreteram-se e escorreram sem piedade para um oceano de whatever, nele se diluindo sem deixar rasto.

Isto tudo para dizer que não sei bem o que escrever sobre este jogo. 

Saí do estádio um pouco para o assustado com o que vi. Uma equipa em claras dificuldades, menos físicas do que mentais, para explanar o seu jogo colectivo. Sim, porque nós temos um (e algumas variações). Mas não é só a questões táctico-estratégicas a que me refiro, é também à aparentemente frágil psique dos nossos jogadores por esta altura. 

Sente-se, eu senti, pelo menos, uma nuvem invisível de um certo temor a pairar sobre o nosso tapete verde. Estão a ver aquela quadrícula de BD em que o personagem tem uma nuvenzinha negra sobre a cabeça que o acompanha para todo o lado? É isso, mas em invisível. Ou então é só sobre a minha cabeça e sou eu quem está sugestionado por tudo o que temos passado nas últimas épocas.

Um golo madrugador deveria ser o suficiente para acalmar ansiedades e permitir um jogo confiante e determinado daí em diante. É certo que se trata de um jogo historicamente especial, o dérbi da cidade, mas nem isso pode explicar os movimentos erráticos da equipa durante o jogo. A primeira parte, em especial, foi penosa de assistir sob o ponto de vista azulebranco: pouquíssimo futebol, incapacidade de controlar o jogo e o tal receio de que o sacana do Murphy voltasse a atacar.

Após o intervalo houve melhorias, mas foi preciso uma oferta ridícula de Vagner para que o Porto finalmente se libertasse um pouco daquele colete de forças mental. A espaços, viu-se algum futebol com nexo, ligado e objetivo. A defender, houve menos permeabilidade. Mas longe de (me) tranquilizar para o que aí vem.

Muitos dirão que vínhamos de uma derrota traumática (e não somente por ter sido a primeira) e que só esse facto justifica a tal intranquilidade, que no fundo é apenas natural.

Outros que continuamos privados de meia-equipa titular, o que inevitavelmente se repercute na qualidade e na confiança com que a equipa sobe aos relvados. 

Outros ainda que isto é tudo uma parvoíce minha, que a equipa fez o que lhe competia - ganhar e assim manter-se líder isolada - e agora venha o próximo.

Sou capaz de concordar com todos os pontos, somando-os até a fim de obter um todo mais consistente e revelador, mas tenho de acrescentar um outro: esta equipa está carente de Marega, porque é viciada no "Mariano Maliano". Há vários jogadores importantes na equipa - e, mudando um ou outro, todos concordámos sobre eles - mas só Marega é realmente determinante neste "modelo de jogo" que Sérgio Conceição foi construindo ao longo da temporada. 

Vencemos com justiça o Boavista e vamos agora "beneficiar" de mais uma paragem para a SeleNão para ganhar tempo de recuperação dos lesionados. Aproveitemos, pois, para acender umas velinhas e rezar para que o mousso volte muito depressinha, bem acompanhado pelos demais. E que mais ninguém se magoe, entretanto...






Notas DPcA 


Dia de jogo: 17/03/2018, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - Boavista FC (2-0)


Iker (6): Jogo quase sempre tranquilo, bem quando chamado.

< 85' Maxi (6): Apanhou um némesis barbudo pela frente e não se coibiu de mostrar a sua raça. Globalmente bem, a atacar e a defender, apesar das provocações. Aplaudi-o de pé.

Dalot (6): Agora que já não é novidade, a rotina começa a instalar-se em quem está a ver de fora e a exigência vai aumentando. Convém é não perder de vista duas coisas: acabou de cumprir 19 aninhos e está a jogar num lado que não é o seu. Assim sendo, jogo positivo.

Marcano (6): Jogo atento e eficaz, só perdendo a habitual discrição quando viu um amarelo "estranho".

Melhor em Campo Felipe (7): Não perdoou logo à primeira oportunidade e assim deu o (bom) mote para o jogo. Aliás, quase bisava logo a seguir. No restante, esteve quase sempre seguro e como o risco que correu num lance dentro da área compensou, saiu de campo como o melhor de jogo.

Sérgio Oliveira (6): Se a sua primeira parte foi indiscutivelmente fraca, a segunda teve espaços de algum fulgor e qualidade. Além de assistir para o primeiro golo, teve ainda oportunidade de bater o penálti (uma semana depois...) mas tanto queria marcar que "foi lá" com os dois pés. Como não influiu no desfecho, tudo ok. Mas se...

Foto de Rogério Ferreira / Kapta+

Herrera (6): Muito bem a aproveitar a falha do GR para marcar o golo que sentenciou a distribuição dos pontos. De resto, o habitual: uma coisa bem feita, duas mal. Mas pronto, dá tudo o que tem, por pouco que seja.

< 52' Otávio (5): Era uma vez um mini-roadster que foi para o monte competir com 4x4 blindados... era difícil esta história acabar com final feliz. Em todo o caso, a haver culpas, a maior não será a própria.

Brahimi (5): Não, Yacine, ainda não. Keep trying, though...

< 80' Aboubakar (4): Está um monte de cacos. Ponto.

Ricardo (6): Foi para a "frente" desta vez - e com uma semana de atraso, mas adiante - fazendo companhia à Aboubakar na 1ª parte, como uma espécie de segundo avançado. Depois, foi "evoluindo" para uma zona mais familiar, com a linha lateral como companhia. Bem envolvido nas ofensivas, teve um par de ocasiões para marcar e outras tantas para assistir, só que o destino não quis. Já a acompanhar o seu "lateral", teve algumas desatenções pouco recomendáveis.

> 52' Óliver (6): Mesmo sem brilhar, a sua entrada deu algum nexo de causalidade ao nosso jogo.

> 80' Gonçalo (5): Pouco espaço e ainda menos tempo para se mostrar, tentou agarrar o que lhe passou pela "rede", mas era arraia-miúda.

> 85' Corona (-): Nothing to see here, move along.

Sérgio Conceição (6): O essencial foi mesmo cumprido: ganhar. Nesta fase, tudo o resto pode ser considerado acessório. O meu "problema" são as deduções que me ponho a fazer sobre o que pode acontecer nos próximos jogos, se entretanto não houver um salto qualitativo no mood da equipa. Haverá, não haverá Serginho? Haverá, pois.


Rogério Ferreira / Kapta+



Outros Intervenientes:



O Boavista, conduzido por Jorge "Gallo" Simão, teve uma postura positiva, procurando responder com determinação à "infelicidade" de sofrer um golo logo no segundo minuto. Conseguiu reagir e criou algumas ocasiões de aperto para Iker, mesmo sem ameaçar o desfecho final. Falta saber como seria se esse golo não tivesse acontecido e o jogo ainda estivesse empatado por volta da hora de jogo...


Fiquei feliz por descobrir que, afinal, o VAR existe e até sabe ser útil e minimamente competente. É o que de mais positivo tenho a dizer sobre a arbitragem de Manuel Oliveira, que com o companheiro do AV estreou uma série de decisões até agora inéditas no nosso futebol. Reversão de expulsão, golo invalidado por penálti de "duplo toque" e o diabo a quatro. Aparentemente, boas decisões (embora no penálti se possa defender que antes dessa infracção, já outra estava a ser cometida pelos jogadores do Boavista, que invadiram a grande área, o que deveria levar à repetição do castigo máximo). O problema é que em muitos outros jogos, em especial nos que metem clubes da segunda circular, o VAR é cego, surdo e mudo quando se trata de os "penalizar". Vou fazer de conta que acredito que, daqui em diante, vai ser sempre assim.

O Boavista queixou-se de um penálti por assinalar de Felipe sobre Yusupha aos 56' (ainda com 1-0), a mim parece-me discutível: vistas as repetições, parece-me haver uma espécie de "golpe duplo", com ambos os jogadores a agarrarem-se, mas admito que possam existir outras interpretações pelo facto do agarrão final de Felipe ser mais notório.


Rogério Ferreira / Kapta+


Conforme anunciado, segue-se interregno no campeonato para cumprimento de compromissos da FPF com Jorge Mendes. É importante que estes dias sirvam para que o grupo seja trabalhado no sentido de reforçar a estrutura mental para abordar os próximos quatro desafios: três para o campeonato a culminar com o Clássico e, logo depois, a segunda mão da meia-final da Taça. Todos para vencer, obviamente, ou, se preferirem, para garantir a manutenção da liderança isolada e o Jamor.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quarta-feira, 14 de março de 2018

Onde Está a Bola? #64


É já quase em cima do acontecimento que se inicia mais um capítulo deste glorioso passatempo, desta vez para oferecer 2 bilhetes para o derby da Invicta, que se disputará às 20h30 de próximo sábado, 17 de Março. 

Quem se quiser habilitar a assistir de borla ao jogo contra o Boavista FC, só tem de descobrir Onde Está a Bola? (OEaB?) e responder na caixa de comentários no final do post.


Onde Está a Bola? #64


Respostas possíveis #64 (Boavista):


A - Bola Verde
B - Bola Preta
C - Bola Castanha
D - Bola Púrpura
E - Não há nenhuma bola escondida


Já descobriu? Então deixe o seu palpite na caixa de comentários, tendo em atenção as seguintes regras de participação
         
1 - Escrever a resposta que considera acertada na caixa de comentários deste post, indicando igualmente um nome e um email válido para contacto em caso de vitória. 

2 - Entre os que acertarem, serão sorteados os vencedores através da app Lucky Raffle (iOS). 

3 - Para ser elegível para receber os bilhetes, deverá fazer o obséquio de:

   a) Comprometer-se a enviar-me duas ou mais fotos da sua ida ao estádio (pelo menos uma selfie) nas 48h seguintes ao jogo, acompanhadas da resposta à pergunta "Como foi a sua ida ao Estádio?" (duas frases bastam, desde que venham do fundo da Alma Portista...);

   b) Registar e confirmar o seu email (nas "Cartas de Amor", na lateral direita do blogue);

   c) Seguir o FB e o Twitter do DPcA (basta clicar nos links e "gostar" ou "seguir"). 
   Quem não tiver conta nesta(s) rede(s) não será excluído, mas... cuidado porque o Lápis vai investigar :-)

4 - Apenas será aceite uma participação (a primeira) por cada email válido. 

- Cumpridos todos os critérios, o vencedor sorteado será contactado através de um email onde encontrará instruções sobre como e quando levantar os bilhetes. 

6 - Se já tiver Dragon Seat ou outro tipo de acesso, poderá oferecê-los a um amigo ou familiar que não tenha a mesma sorte. 

7 - A edição #64 deste passatempo termina às 23h00 de 15 de Março e o vencedor (a quem será enviado um email logo após o sorteio) terá de reclamar o prémio até às 12h00 de 16 de Março. 

8 - Se o vencedor não reclamar o prémio até à data e hora referidas no ponto anterior, será contactado o primeiro suplente. Se o primeiro suplente não reclamar o prémio até ao prazo limite indicado no email de contacto, será contacto o segundo suplente (e assim sucessivamente até que um sorteado reclame o prémio). 

- A edição especial anual do passatempo tem um novo critério: o da melhor selfie. Todos os vencedores de edições anteriores ficarão automaticamente habilitados. Mas não só: todos os concorrentes de todas as edições podem participar, desde que também enviem as suas selfies no Dragão em dia de jogo (email para envio das fotos: lapisazulebranco@gmail.com )

E é só! Concorra e divulgue, queremos o Dragão sempre cheio de Portistas!


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Antes de fechar a bilheteira, há que dar conta do desfecho da edição anterior:


#63 - Sporting

 

Resposta certa: A - Bola Azul

 

Vencedor: Lima Pereira !



Primeiro, a comparação entre imagem original e modificada.



A seguir, os habilitados ao sorteio e respectivo vencedor.



Por fim, a composição das fotos enviadas pelo Lima Pereira e a sua singela mensagem após assistir a tão importante vitória no nosso Dragão:




"Obrigado pela oportunidade. 

Não foi um jogo fácil, também não se esperava o contrário. Foi sofrer até ao fim.


Ficam a sobrar agora 9 batalhas.  E só eu sei porque não fico em casa. "



Brilhante conclusão de discurso :-) Até à próxima!  



Do Porto com Amor, 

Lápis Azul e Branco



 


segunda-feira, 12 de março de 2018

Tiro No Porta-Aviões


Hoje está a ser difícil começar esta crónica. Conflito de interesses que me dividem ao ponto de hesitar sobre como abordar esta derrota inesperada e difícil de digerir em Paços de Ferreira, encurtando drasticamente a margem de avanço sobre o segundo classificado e deixando-o também a depender de si próprio para chegar ao título. Pode parecer pouco, mas não é.




E então, como é que foi possível perder este jogo?

 - Má entrada no jogo (em ambas as partes, por sinal), sem a convicção necessária para mostrar ao adversário que só poderia haver um vencedor e que esse vencedor seria o Porto;

 - Tremendo desperdício de ocasiões flagrantes (creio que contei sete, onde se inclui um penálti);

 - A falta de profissionalismo e de vergonha na cara de treinador e jogadores do Paços, que nunca se preocuparam muito em jogar futebol e apenas se concentraram em que nós não tivéssemos a possibilidade de o fazer;

 - Más opções de Sérgio Conceição para aquele campo e aquela meteorologia, mesmo se muito condicionado pela terrível onda de lesões que nos assola desde o início de 2018.

Apesar da ordem de listagem, o motivo que me parece mais decisivo foi mesmo o segundo: a tremenda falta de eficácia na altura de finalizar.

Porque mesmo a jogar pouco e durante pouco tempo, sob o signo das opções discutíveis do treinador, conseguimos criar essas sete ocasiões flagrantes. A serem todas concretizadas, teríamos vencido por 1-7 e ninguém se lembraria sequer de mencionas as demais (o anti-jogo do adversário nem chegaria a acontecer). Tivesse Brahimi feito o mais "fácil" e sido concretizada uma outra oportunidade a seguir, a vitória seria igualmente nossa e - mesmo apontando dedos pela tangência da vitória - nenhum dano resultaria deste jogo.

A questão é, como sempre é, que o futebol não é matemática e ninguém consegue prever ou garantir que um jogador vai concretizar ou falhar. Batoteiros e vendidos à parte, é uma questão do momento. Faz parte do jogo e é um dos motivos porque apaixona tanta gente.

O que está errado não é a derrota de ontem na Mata Real. Foi uma pena e seria evitável, mas acontece. O que está realmente errado é que forças estranhas não permitam que estas derrotas aconteçam aos outros candidatos, em particular aos sem-vergonha. Sempre que em dificuldades, algo ou alguém chega para lhes salvar o dia. É a chamada vigarice imensa da Segunda Circular, seja qual for o lado, é sempre a facilitar.

Sobre o jogo propriamente dito, foi daqueles em que senti, desde o início, que tinha tudo para não correr bem. 

Primeiro e à cabeça, pela dupla-maravilha cirurgicamente designada para apitar, num inacreditável acto de provocação e gozo. Ter os conquistadores de campeonatos vermelhos Paixão e Xistra a decidir um jogo nosso em simultâneo é o suficiente para a equipa entrar desconfiada e até nervosa. 

Depois, a nossa atitude logo desde o primeiro apito. Expectante, macia, pouco afoita e nada impositiva. Mais uma vez, a "dizer" ao adversário que admitíamos qualquer resultado, que tudo estava em aberto. Que saudades de João Pinto, Jorge Costa e... Pinto da Costa. Quando estavam ainda no activo, isto nunca, mas nunca aconteceria, desse por onde desse.

Sérgio Conceição tem esse espírito, ninguém duvida, mas já não joga e como treinador é ainda um work in progress, com preocupações e responsabilidades maiores do que essa. A primeira delas, a de treinar e desenhar a melhor estratégia para cada jogo. 

Num campo ensopado e pesado como o de ontem, fez-me confusão que fizesse alinhar tantas "bailarinas" de início, desprezando a importância da fibra e do poderio físico de jogadores como Maxi e Gonçalo Paciência. Não me interpretem mal, aprecio muito o bailado que em condições normais conseguimos apresentar, mas ontem claramente nunca haveria condições para o fazer.

Os da casa sentiram as nossas fraquezas e hesitações e procuraram a sua felicidade, que acabaram por ter (após alguns avisos prévios), ainda o jogo ia no minuto 35. Desatenção colectiva e pouca convicção nas marcações após um canto mal "aliviado" permitiram um cruzamento para uma finalização fácil. Fácil para alguns, como se veio a demonstrar a seguir... Ainda antes do intervalo, Abou não conseguiu o mais fácil e mandou-nos para as cabines em desvantagem.

No regresso, uma entrada incompreensível que permitiu que fosse o Paços a ter os primeiros ataques e lances de algum perigo. Demoramos a pegar na batuta do jogo, mas lá conseguimos chegar ao momento decisivo do jogo: ao minuto 66, penálti por falta sobre Felipe. Constou após o jogo que o marcador designado Sérgio Oliveira acedeu ao pedido de Brahimi para bater. Em péssima hora o fez, porque o argelino decidiu simplesmente passar a bola ao sem-vergonha que estava na baliza pacense.

A equipa nunca mais se recompôs do choque e passou a jogar quase só com o coração. Ainda assim, foram várias as oportunidades desperdiçadas por Hernáni, Gonçalo, Abou e Felipe mesmo a fechar. Oportunidades estas conseguidas no pouquíssimo jogo jogado que houve a partir do penálti falhado, fruto do vergonhoso e descarado anti-jogo dos da casa, sempre devidamente acarinhado por Bruno Paixão

Resultado injusto numa jornada inglória, muito marcada por uma culpa própria bem acima das alheias. Um tiro no porta-aviões Azul e Branco. Mas foi só um tiro. Podemos ter metido água, mas continuamos operacionais. Que se sigam rápidas reparações em doca seca e o regresso às inevitáveis batalhas ao ritmo deste Mar Azul.


Já a treinar para a próxima profissão: caçador de toupeiras



Notas DPcA 



Dia de jogo: 11/03/2018, 20h15, Estádio da Mata Real, FC Paços Ferreira - FC Porto (1-0)


Iker (6): Sem hipótese no golo, esteve bem nas demais intervenções.

Ricardo (5): Terreno complicado para o seu futebol, tentou fazer-lhe frente mas acabou por não ser muito feliz. 

Dalot (5): Jogo regular, sem nada que o distinga da vulgaridade. Excepto que é um menino ainda e está a jogar no lado contrário ao seu...

Felipe (6): Talvez o melhor dos nossos, foi pena não ter marcado (outra vez).

Marcano (5): Fez-lhe mal o descanso em Anfield, porque regressou "a frio". Foi cumprindo mas teve algumas abordagens pouco ortodoxas, como a do lance de onde resultou o único golo do jogo.

< 63' André André (1): A-B-S-O-L-U-T-A-N-U-L-I-D-A-D-E. Uma vez mais. "Tem treinador que é cego"...

Sérgio Oliveira (5): Muito trabalho para um homem só? Talvez e disso não pode ser culpado, mas ainda assim soube a pouco no que só a ele lhe dizia respeito, em particular nos lances de bola parada-

< 76' Corona (5): Sem campo para o seu jogo, insistiu em fazer como se nada fosse (talvez por não saber fazer diferente) e naturalmente pouco lhe saiu bem. 



Brahimi (4): Foi o homem do jogo pela negativa, ao não conseguir marcar o penálti no momento decisivo. Fora isso, também não foi grande espingarda, não deixando no entanto de tentar e tentar, com e sem bola.

Aboubakar (3): Um dos grandes responsáveis pelo nulo no nosso lado do marcador. Não se pode falhar "tantas" e todas as ocasiões flagrantes como ontem teve. Ele não pode.

< 54' Waris (4): Juro que continuo sem saber o que vale ou o que faz. Juro.

> 54' Otávio (6): A sua entrada coincidiu com o momento em que a equipa "pegou" finalmente no jogo, o que em boa parte se deveu à sua contribuição individual. Não chegou para marcar a diferença em definitivo, mas ajudou a "ligar os motores" que permitiu que se voltasse a criar oportunidades para marcar.

> 63' Gonçalo (6): Também entrou bem, acrescentando muito no sentido em que substituiu um fantasma. Com Otávio a recuar, assumiu posição ao lado de Abou e onde mais fosse solicitado, tendo também ele uma oportunidade (menos flagrante) para marcar.

> 76' Hernáni (3): Esteve em campo o tempo suficiente para demonstrar cabalmente que não cabe neste plantel nem em nenhum outro do Porto. Não dá, lamento. 

Sérgio Conceição (4): Perdemos um jogo que jamais esperaríamos perder, fruto da falta de eficácia mas também (possivelmente) das opções iniciais menos acertadas, que acabaram por resultar num jogo pouco intenso e mal conseguido, muito relacionado com todo o tempo que André André se arrastou em campo. Apesar do desperdício, ontem também nos faltou "mais treinador" para conseguir navegar aquele dilúvio de água e anti-jogo. 




Outros Intervenientes:



Compreendo que uma equipa a lutar pela permanência recorra a todos os meios de que dispõe para sobreviver, mas o Paços dum tal de João Henriques fez muito mais (menos!) do que isso: impediu  deliberada e reiteradamente que houvesse jogo, através dos habituais expedientes que definem a falta de carácter e de fair-play de quem os pratica, incentiva ou encomenda. Os expoentes máximos dessa estratégia foram os bandalhos Assis e M. Felgueiras, o novo Matrafona. Que ambos tenham a mesma sorte do original.


Com a passagem dos anos, até um traste vendido como Bruno Paixão se vai refinando. E não é só porque cada vez tem menos pernas e pulmão para se mexer no campo, é mesmo tarimba adquirida. Agora já não precisa daqueles lances de máxima polémica para brilhar encarnado. Já percebeu que é também nos lances aparentemente inócuos, todos somados, que se vai inclinando o campo e empurrando uma das equipas para o descontrolo mental. Assim, até já se pode dar ao luxo de marcar penáltis a nosso favor. Está um senhor, o Bruno. 


"Eu sei, eu sei, a mim também me custa marcar, mas o Xistra diz que é descarado... tenham fé..."


Sim, somos nós quem continua na frente e sim, é melhor estar dois pontos à frente do que dois atrás. Óbvio. O que não se consegue já medir é o impacto que este resultado terá sobre ambas as equipas, nomeadamente quando se depararem com novas situações de dificuldade nos jogos que se seguem e, em particular, nos que antecedem o Clássico da Luz:

O Porto recebe o Boavista, vai a Belém e recebe o Aves;

Os sem-vergonha vão à Feira, recebem o Guimarães e vão a Setúbal.

Em teoria, o Porto tem o seu jogo mais complicado na deslocação ao Benfica R (de Restelo), pela normal dificuldade que sentimos nesse jogo e por tudo o que os da filial vão querer oferecer à casa-meretriz. 

eles, certamente conquistarão os nove pontos em disputa, por muitas ou poucas dificuldades que venham a encontrar pelo caminho. Há sempre uma mão suja que carrega o andor.

Evidentemente que o campeonato não se encerra no jogo da Luz, seja qual for o resultado, mas uma vitória nossa será passo fundamental para que o campeonato português possa, cinco anos volvidos, voltar a ter um campeão verdadeiro e justo.

Para que isso possa acontecer, é imprescindível chegar à Luz em primeiro lugar. E para isso acontecer, só nos sobra um caminho: vencer os três próximos jogos. Acabou-se a folga, agora é só para homens.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quarta-feira, 7 de março de 2018

De Anfield com (Muito) Amor


"Quem?" terá sido a palavra que mais ecoou na cabeça de quem se deparou com o nosso line-up para o jogo de ontem contra o Liverpool FC, na sua mítica casa de Anfield Road, um dos palcos com mais estórias para contar à história no futebol mundial.




Este "quem" reflectia a incredulidade que resultava de encontrar "um tal" de Bruno Costa no nosso onze, a par de outros nomes como André André, Reyes e Waris e em oposição às ausências de Brahimi, Marcano e até (vá lá, eu confesso) de Herrera.

Eu, que sigo com pouca atenção a nossa formação, mal tinha ouvido falar no rapaz. Se Dalot e o cabaz completo de Diogos me soam razoavelmente familiares, Bruno Costa não. De todo. Estando já irremediavelmente a caminho do estádio, apoderou-se de mim uma sensação de incómodo profundo, resultante de antecipar ser forçado a assistir a um novo massacre.

Sim, meus caros, eu estive no Dragão na primeira mão. Mas estive também, ao vivo e a cores, noutras degolas de inocentes mais antigas em terras de Sua Majestade, como os 4-0 de Old Trafford e os 5-0 do Emirates (quando Wenger ainda fazia alguma coisa que se aproveitasse). Em ambos os filmes, um elemento comum: aquela irresistível tentação do treinador tuga de inventar, lançando às feras outros ilustres desconhecidos de ocasião: em Manchester, foi mesmo o homónimo Costa; em Londres, Nuno André Coelho... a trinco. Conclusão: fim da "carreira" de ambos, eles que foram os menos culpados de tudo o que se sucedeu.

E lá seguia eu, angustiado da Silva, rumo a Anfield. Bom, pelo menos, fico a conhecer o estádio - tentava eu enganar-me. De nada serviu, pois que quanto mais perto estava da clareira de watts que se destacava na noite já quase completa, mais sentia que a coisa ia correr mal. Entretanto, cheguei e deixei-me absorver pelos pedaços de história que se encontram um pouco por todo o estádio e o medo do massacre entrou em stand by. Por altura do também mítico hino dos Reds "You'll Never Walk Alone", deixei de me preocupar: o que tivesse de ser, seria.




Foi o melhor que fiz, como todos agora sabemos. O jogo foi quase sempre morno, calmo e temperado, como se de um treino amigável se tratasse. Culpa nossa, pois claro, que nos deixamos atropelar no primeiro jogo.

Não que faltassem as oportunidades de golo e correspondentes tentativas; na verdade, até as houve em quantidade razoável, em especial na segunda metade. Simplesmente, nem eles acreditavam que podiam ser eliminados, nem nós que o poderíamos fazer. Era uma questão de ir escoando o tempo, sem grandes riscos ou mazelas, e o que viesse a mais seria lucro.

Cheguei mesmo a acreditar que iríamos finalmente vencer em Inglaterra e - ó suprema ironia de Swift e Austen - com uma equipa onde apenas alinharam de início três titulares! Por comparação, note-se que o Liverpool fez alinhar no mínimo cinco (seis, se, tal como eu, considerarem Matip um dos dois melhores centrais do plantel dos vermelhos). 

No final, faltou o quase, como tantas vezes tem acontecido nesta geografia. Um quase que tanto poderia "dar" vitória como derrota, entenda-se. Iker Casillas, uma vez mais, evitou essa fatalidade e mostrou que ainda tem muito para dar a esta competição. Soube a pouco, no final, sobretudo porque o infernal ambiente de Anfield mal chegou a aquecer. 

Houve sim, muito Porto. Não dentro de canto, mas à volta dele. Não sou de me deixar deslumbrar por manifestações de claques - afinal, todos eles estão lá porque não há nenhum outro sítio onde preferissem estar, não é verdade? - mas ontem foi, de facto, digno de registo. Os "bifes" e a nossa imprensa saloia impressionaram-se muito com a grande demonstração de amor ao Clube e blá blá blá

É Amor, sim, mas brutalmente exponenciado pelo vislumbre já muito possível de nos encontrarmos todos juntos, em Maio nos Aliados, a festejar de novo o título de campeão nacional. É quase só nisso que já todos pensamos (disclaimer: eu "exijo" também o Jamor!) e a isso que nos dedicamos, mesmo que implique engolir em seco goleadas caseiras com uns tipos (que habitualmente jogam) de vermelho (mas, felizmente, não nesse dia).

Valeu pela ida a Anfield e pela saída airosa da competição, sem mais danos a registar após a hecatombe do Dragão. E por Bruno Costa, pois claro!






Notas DPcA 



Dia de jogo: 06/03/2018, 19h45, Anfield Road, Liverpool FC - FC Porto (0-0)


Iker (6): Exibição um nadinha irritante, com demasiados "erros não forçados" na reposição, com os pés, da bola em jogo, mas que imediatamente se diluiu quando, já nos minutos finais, evitou o golo da (muito provável) derrota. Ainda um senhor das balizas, mesmo se um senhor desconcentrado.

Maxi (7): Conseguiu quase sempre disfarçar a evidente falta de velocidade com toda a sua experiência. Muitos pormenores de velha raposa, importantes num jogo destas características.

Dalot (6): Entrou nervoso mas o jogo não lhe deu motivos para não se recompor. Fê-lo ainda "cedo" e acabou com uma exibição positiva e um par de pormenores. E, não esquecer, jogando no lado contrário ao seu "natural".

Melhor em Campo Felipe (8): O melhor jogo com a nossa camisola. Imperial, imbatível, impecável. Para ser perfeita, era "só" ter finalizado com sucesso aquele canto.

Reyes (6): Contrariando os meus receios, não comprometeu. Aproveitou bem a boleia de Felipe e arrancou uma exibição sólida.

< 62' André André (4): Só esteve 62 minutos a mais em campo. De resto, impecável...

Óliver (5): Jogo estranho do espanhol, com muitas pequenas decisões estapafúrdias, como aquelas tentativas de lob para a terra de ninguém e passes fáceis errados. Melhorou um pouco na última meia hora, mas não o suficiente para limpar a face.

< 68' Waris (6): Teve finalmente uma oportunidade "inteira", mas nem assim mostrou atributos que justifiquem a sua contratação. Não digo que não os tenha, eu é que ainda não os vi. Em todo o caso, não destoou.


Corona (6): Na ausência de Brahimi, teve de ser ele a agitar as águas. Tentou muitas vezes, conseguiu-o em poucas. Nunca seria fácil, mas tinha esperança que pudesse ser o jogo "dele". Exibição apenas positiva, assim sendo.

Bruno Costa (6): Andou a vaguear pelo campo durante a primeira parte, talvez por não conseguir ainda acreditar ser mesmo verdade estar ali. A meio da segunda soltou-se da tremedeira e mostrou um bocadinho do seu futebol, passando a ser um elemento de corpo inteiro. Não desmereceu a grande aposta.

< 80' Aboubakar (5): Regresso à titularidade quase forçada pelas ausências, demonstrando que ainda não está a 100%. Foi o lutador de sempre, mas raramente fez bem o que quer que fosse.

> 62' Sérgio Oliveira (5): Ontem tive a amarga resposta para a minha questão sobre o porquê de, com tanto futebol nos pés (e na cabeça) ainda não se ter afirmado aos 25 anos: entrou amorfo, quase displicente, como se o jogo não tivesse interesse para ele. Não pode ser, Sérgio, quem quer triunfar tem de estar sempre disponível para dar tudo.

> 68' Ricardo Pereira (6): Entrou bem e mostrou estar pronto para regressar à equipa já em Paços.

> 80' Gonçalo Paciência (5): Pouco tempo e ainda menos espaço para mostrar "grandes coisas". E pequenas também...

Sérgio Conceição (6): Deu-lhe a travadinha do (eu)génio tuga, tão típica das nossas idas a Inglaterra. Por uma vez, não correu mal, que é como quem diz, não fomos goleados e nem sequer perdemos. À posteriori, é fácil dizer que apostou bem e que lançou mais um jovem jogador e tudo o mais que se queira elogiar, MAS... eu acho que foi um perfeito disparate o excessivo nível de poupanças que promoveu, correndo um risco real de sofrer nova goleada e fazer uma eliminatória à Sporting. O jogo de Paços é mais importante do que este foi, mas não me pareceu assim tão imperioso fazer tanta mudança e poupança para ter sucesso no domingo. No final deu empate e, pela força da realidade, quem teve razão foi o treinador. Mas não gostei da decisão, nem um bocadinho aliás.



Outros Intervenientes:



Foi um Liverpool naturalmente poupadinho o que se apresentou em campo, ciente que apenas havia que deixar o relógio correr. Mesmo a meio-gás, destacaram-se Matip, Moreno e depois o inevitável Salah. Fico curioso para saber que adversário o sorteio lhes reservará para os quartos-de-final.

Creio que não se justifica falar da equipa de arbitragem liderada por Felix Zwayer, mesmo perante dois lances de possível penálti (um para cada lado). Fica então registado o nome do senhor, para memória futura. 




Arrumada a Champions, o foco no campeonato passa a ser total até meados de Abril. Isto significa que o nosso futuro continuará a fazer-se já no próximo domingo, em Paços de Ferreira, e com os melhores disponíveis a alinhar de início. Para vencer, obviamente, mas atenção: já perdemos pontos esta época em casa de equipas que lutam pela permanência. Exige-se aplicação total.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




sábado, 3 de março de 2018

Connected by Love (e Pouco Mais...)


A chegada ao estádio foi anormalmente rápida e simples, ainda mais considerando que se tratava de um Clássico de casa cheia numa noite de intempérie, o que até poderia ter encarado como um bom presságio para o jogo. Lamentavelmente, não sou de bons presságios, prefiro sempre desconfiar da "esmola".


Azul e Branco é o coraçãããooo

E fiz bem, pois claro. 

Este quarto duelo da temporada contra o Sporting foi mesmo o mais complicado de todos, não por acaso também o pior jogado da nossa parte e provavelmente o melhor da parte deles. O resultado final, esse delicioso pormenor, foi exactamente o que tinha de ser: uma vitória a nosso favor.

Em termos daquilo que realmente conta, poderia terminar por aqui. Vencemos, com dificuldade, é certo, mas vencemos. São agora oito os pontos de avanço sobre os viscondes, o que praticamente os deixa fora da luta pelo título de campeão. Perfeito.

A questão é que houve um jogo até se chegar ao resultado final. E esse jogo foi tudo menos brilhante da nossa parte. Para mim, um dos piores que fizemos esta temporada, sobretudo a nível táctico e estratégico.

A vontade de vencer esteve sempre presente, creio que nas duas equipas. Será justo dizer que, apesar das baixas de vulto, ambos os conjuntos se apresentaram "descomplexados" e cientes da importância do jogo. 

Jogando em casa e sobre uma boa vantagem pontual, esperava mais da entrada em cena do Porto. Uma entrada forte assente num killer instinct aguçado pela míngua de títulos, que desde cedo causasse danos psicológicos ao adversário. Na realidade, quase o oposto. Tentamos sim chegar à baliza, mas com calma, ponderação e poucos homens de cada vez.

Chegou para criar e desperdiçar um par de boas ocasiões antes do golo inaugural de Marcano, mas confesso que esperava mais. E depois do golo, maior foi a decepção. Admito que a equipa estivesse demasiado consciente das suas actuais limitações, preferindo assim resguardar a vantagem em vez de dar tudo para ampliar. Como "castigo", o empate chegou sobre o cair do pano da primeira metade, num lance muito mal defendido pela nossa parte.

O regresso das cabines foi interessante, coincidindo com o melhor período da equipa no jogo. O golo madrugador de Brahimi deveria, mais uma vez, ter sido o catalisador para uma exibição mais pressionante e intensa, que nos conduzisse rapidamente a um inalcançável 3-1. Mas não, vários "contra-pesos" foram nos puxando para trás. O da responsabilidade do jogo, o do desgaste físico (e mental) e as opções a partir do banco.

Desde o 2-1 até final padeci de um sofrimento atroz, por sentir que estávamos a "fazer tudo" para não ganhar o jogo. Nem atitude competitiva, nem "pernas", nem (sobretudo nem) esclarecimento táctico a partir do banco.

Diga o vencedor da noite Sérgio Conceição o que disser, a entrada de Reyes, por muito bem intencionada que tenha sido, destruiu por completo qualquer noção de organização e capacidade construtiva que ainda nos restasse. E assim sendo, passou a ser "bola para a quinta" e defender de dentes cerrados. O que nos faltou a nível físico e táctico, sobrou-nos em amor fraternal: adeptos, jogadores e dirigentes, todos, sem dúvida, connected by love a este Clube inigualável.

Nisso os nossos foram bravos, deram tudo o que tinham: já não tinham era assim tanto para dar e tal notou-se na incapacidade de acompanhar "em cima" os bons desdobramentos ofensivos do Sporting. Em especial com a ausência forçada de Marega para os últimos quinze minutos, o Porto perdeu por completo o Norte e entregou-se nas mãos do seu querer e da Dona Fortuna. Que nos sorriu, para variar. Primeiro, via San Iker, depois pela inépcia do menino Leão, isolado à boca da baliza. 

Correu-nos tudo bem, como era preciso. E merecido, se não pelo jogo, por toda a época que temos feito e por tudo o que nos têm feito, dentro e fora de campo.





Notas DPcA 


Dia de jogo: 02/03/2018, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - Sporting CP (2-1)


Iker (7): Lá voltarei a repetir-me ao dizer que é isto um GR de equipa grande: poucas vezes chamado à acção, mas quando o é, responde com categoria e ajuda a fazer o resultado. Enorme intervenção aos pés de Montero, entre outras menos vistosas mas igualmente eficazes.

Maxi (6): Apanhou sempre muita gente pelo seu lado, o que lhe deu água pela barba, até porque os apoios nem sempre foram os exigidos. Resistiu a tudo, valendo-se de toda a sua experiência, mas foi pelo seu flanco que o Sporting esteve mais perto de conseguir o empate.

Dalot (6): A primeira titularidade num Clássico chegou cedo mas sem favor nenhum. Conseguiu disfarçar o normal nervosismo e deu a ideia de já andar "nisto" há muito. Procurou jogar fácil e bem e quase sempre o conseguiu, tendo inclusive ensaiado dois ou três passes de morte para o coração da área. Ah, e jogou no lado contrário ao seu, convém sempre lembrar.

Marcano (7): Bom trabalho defensivo durante toda a partida, coroado com o primeiro golo da equipa. Difícil pedir mais.

Felipe (6): Deixou-se ultrapassar por Leão no lance do empate, "nódoa" importante que lhe mancha uma exibição no demais quase sempre segura e autoritária. 

Sérgio Oliveira (5): O seu jogo grande menos conseguido, a par do de Leipzig, com a fundamental diferença de a equipa ter vencido este jogo e perdido o outro. Também se viu "grego" para equilibrar forças com o adversário no miolo, notando-se a sua pouca disponibilidade física de forma mais notória do que tem sido normal, especialmente na segunda parte.

Herrera (6): 80% da nota positiva deve-se ao seu imenso esforço para estar em todo o lado e acudir a tudo, sobrando 20% para a boa assistência para o primeiro golo. Tudo o resto, foi a frustração habitual: cortava a bola mas depois endossava mal; ganhava de cabeça mas aliviava para fora em vez de amortecer para um companheiro; bem mas depois mal; bem mas depois mal... foi este o filme, sempre a "denegrir" cada boa acção com uma má logo de seguida. Que dizer senão "enfim"...

< 67' Otávio (5): Pouca coisa lhe saiu bem com a bola, mas o pior da sua exibição foi mesmo sem ela. Nunca entendeu as movimentações do adversário pelo seu flanco e comprometeu por isso o equilíbrio defensivo da equipa. Não falhou sozinho nesse capítulo, mas foi um dos principais responsáveis. Julguei até que já nem voltasse do intervalo.


Foto de Catarina Morais / Kapta +

Brahimi (7): Se na primeira parte quase tudo lhe saiu mal, até ao ponto de perder a bola (em falta) para o golo do empate, na segunda conseguiu subir uns "furinhos" sem nunca deslumbrar. A excepção foi o momento do seu golo, onde teve o sangue frio necessário para tirar o melhor partido da sua habilidade e meter a bola na gaveta de Patrício. Decisivo, pois, mesmo se longe de brilhar.

< 81' Marega (6): Definitivamente, não se dá bem com o Sporting. Voltou a ter oportunidades flagrantes para marcar mas voltou também a "bloquear" na hora de a meter lá dentro. É pena, por tudo e por que merecia, pelo jogo positivo que fez. Na última delas, para cúmulo, lesionou-se. Mais um para animar o dia-a-dia do departamento médico...

< 72' Gonçalo Paciência (6): Boa estreia a titular, logo em dia de Clássico, apesar das naturais dificuldades sentidas. Começou a tentar simplificar, o que se aplaude, e foi aumentando o grau de dificuldade das sua acções à medida que a confiança ia aumentando. Quase fazia um golo "do Olival", após bom passe de Dalot. Não o tendo conseguido, foi ele a assistir mais adiante, para o golo decisivo de Brahimi. Concordo com o treinador quando lhe pediu mais, mas para "começo de conversa", não está nada mal.

> 67' Corona (5): Entrou em condições teoricamente favoráveis para poder brilhar, mas nunca conseguiu ser o desequilibrador de que a equipa precisava, desperdiçando inclusive duas boas ocasiões para matar o jogo.

> 72' Aboubakar (5): Sem grande ritmo após a paragem por lesões, entrou com vontade de fazer a diferença mas acabou por ficar pelas intenções. Mais perto do fim, acabou por ser mais um a ajudar a defender a preciosa vantagem.

> 82' Reyes (5): Uma opção de que discordei e cuja exibição me deu razão. Perdido desde o segundo em que entrou, terá eventualmente sido útil nas bolas bombeadas para a área. Eventualmente. Felizmente, o resultado não me deu a mesma razão!

Sérgio Conceição (6): Mais sorte que juízo parece ser o melhor resumo do que lhe aconteceu neste jogo. Aposta forte ao colocar Gonçalo no onze, que depois não se traduziu em termos da atitude competitiva da equipa, sempre mais cautelosa do que audaz. Depois de uma primeira metade cinzenta (com alguns salpicos de azul, é verdade), optou por manter a confiança nos mesmos, o que até se provou correcto pelo segundo golo que chegou logo a seguir, mas a verdade é que nunca encontrou antídoto para o jogo "lateral" do Sporting. E o pior chegou em tempo de substituições: Otávio ficou em campo demasiado tempo, Abou compreende-se mas não resultou e Reyes foi um roleta russa. No final, a bala acabou por ficar no carregador, mas sobretudo porque a sorte assim o quis. Teve, também ele, a sorte que lhe faltou noutros jogos. Ainda bem.



Outros Intervenientes:



O Sporting de Jorge Jesus apresentou-se finalmente à altura de disputar um jogo de igual para igual, graças ao bom desempenho táctico da equipa e à grande exibição de Bruno Fernandes, sem dúvida um belíssimo jogador que deixamos escapar por entre os dedos (já sem anéis). Curioso é que só o tenha conseguido ao quarto duela da temporada e naquele onde mais baixas relevantes tinha para lidar. Cada um que tire as suas conclusões...


Artur Soares Dias começou o jogo a perdoar um par de cartões aos defesas do Sporting por agarrões claros a Marega, o que não indiciou nada de bom para o nosso lado. Apesar disso e de outros juízos pouco compreensíveis em duelos um pouco por todo o campo, acabou por fazer uma arbitragem positiva. Dois lances polémicos marcaram o jogo, mas em ambos a primeira responsabilidade foi do VAR e num deles, voltou ao árbitro a última palavra.

Primeiro, o despique na área entre Dalot e Doumbia, no qual o avançado se deixa nitidamente cair sem motivo para tal. Ainda assim, não é para mim claro se houve um toque faltoso de Dalot. O VAR despachou a responsabilidade da decisão para ASD (e muito bem) e o árbitro, após visionar as imagens, decidiu não marcar. Bem, em minha opinião, embora perceba as queixas vindas do outro lado da barricada.

Depois, houve o lance do golo do Sporting, cuja jogada começa com uma intercepção de bola faltosa sobre Brahimi, mas que nem o trio de arbitragem viu, nem o VAR se lembrou de ir ver. Vi várias repetições e em todas fico com a clara sensação de haver falta, pelo que o golo não deveria ter sido validado.

Outros episódios, como o do charrado com os bombeiros, nunca seriam fáceis de avaliar, pelo que sobressai essencialmente o nível baixíssimo desse traste que dá pelo nome de Coentrão.



E agora, oito de avanço sobre o Sporting, a oito vitórias do título matemático. Parece demasiado para lhes permitir uma recuperação total, o que significa que será com os sem-vergonha que iremos disputar o primeiro lugar final. Todavia, o Sporting irá obviamente lutar pelo segundo lugar de acesso à Champions, pelo que ainda pode ser decisivo nas contas finais. 

O que importa mesmo, é vencer o próximo jogo em Paços de Ferreira, sem que pelo meio aconteça outra pequena desgraça em Anfield Road. Estamos mais perto do objectivo, mas ainda falta muito para lá chegar. Step by step.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco