"Quem?" terá sido a palavra que mais ecoou na cabeça de quem se deparou com o nosso line-up para o jogo de ontem contra o Liverpool FC, na sua mítica casa de Anfield Road, um dos palcos com mais estórias para contar à história no futebol mundial.
Este "quem" reflectia a incredulidade que resultava de encontrar "um tal" de Bruno Costa no nosso onze, a par de outros nomes como André André, Reyes e Waris e em oposição às ausências de Brahimi, Marcano e até (vá lá, eu confesso) de Herrera.
Eu, que sigo com pouca atenção a nossa formação, mal tinha ouvido falar no rapaz. Se Dalot e o cabaz completo de Diogos me soam razoavelmente familiares, Bruno Costa não. De todo. Estando já irremediavelmente a caminho do estádio, apoderou-se de mim uma sensação de incómodo profundo, resultante de antecipar ser forçado a assistir a um novo massacre.
Sim, meus caros, eu estive no Dragão na primeira mão. Mas estive também, ao vivo e a cores, noutras degolas de inocentes mais antigas em terras de Sua Majestade, como os 4-0 de Old Trafford e os 5-0 do Emirates (quando Wenger ainda fazia alguma coisa que se aproveitasse). Em ambos os filmes, um elemento comum: aquela irresistível tentação do treinador tuga de inventar, lançando às feras outros ilustres desconhecidos de ocasião: em Manchester, foi mesmo o homónimo Costa; em Londres, Nuno André Coelho... a trinco. Conclusão: fim da "carreira" de ambos, eles que foram os menos culpados de tudo o que se sucedeu.
E lá seguia eu, angustiado da Silva, rumo a Anfield. Bom, pelo menos, fico a conhecer o estádio - tentava eu enganar-me. De nada serviu, pois que quanto mais perto estava da clareira de watts que se destacava na noite já quase completa, mais sentia que a coisa ia correr mal. Entretanto, cheguei e deixei-me absorver pelos pedaços de história que se encontram um pouco por todo o estádio e o medo do massacre entrou em stand by. Por altura do também mítico hino dos Reds "You'll Never Walk Alone", deixei de me preocupar: o que tivesse de ser, seria.
Foi o melhor que fiz, como todos agora sabemos. O jogo foi quase sempre morno, calmo e temperado, como se de um treino amigável se tratasse. Culpa nossa, pois claro, que nos deixamos atropelar no primeiro jogo.
Não que faltassem as oportunidades de golo e correspondentes tentativas; na verdade, até as houve em quantidade razoável, em especial na segunda metade. Simplesmente, nem eles acreditavam que podiam ser eliminados, nem nós que o poderíamos fazer. Era uma questão de ir escoando o tempo, sem grandes riscos ou mazelas, e o que viesse a mais seria lucro.
Cheguei mesmo a acreditar que iríamos finalmente vencer em Inglaterra e - ó suprema ironia de Swift e Austen - com uma equipa onde apenas alinharam de início três titulares! Por comparação, note-se que o Liverpool fez alinhar no mínimo cinco (seis, se, tal como eu, considerarem Matip um dos dois melhores centrais do plantel dos vermelhos).
No final, faltou o quase, como tantas vezes tem acontecido nesta geografia. Um quase que tanto poderia "dar" vitória como derrota, entenda-se. Iker Casillas, uma vez mais, evitou essa fatalidade e mostrou que ainda tem muito para dar a esta competição. Soube a pouco, no final, sobretudo porque o infernal ambiente de Anfield mal chegou a aquecer.
Houve sim, muito Porto. Não dentro de canto, mas à volta dele. Não sou de me deixar deslumbrar por manifestações de claques - afinal, todos eles estão lá porque não há nenhum outro sítio onde preferissem estar, não é verdade? - mas ontem foi, de facto, digno de registo. Os "bifes" e a nossa imprensa saloia impressionaram-se muito com a grande demonstração de amor ao Clube e blá blá blá.
É Amor, sim, mas brutalmente exponenciado pelo vislumbre já muito possível de nos encontrarmos todos juntos, em Maio nos Aliados, a festejar de novo o título de campeão nacional. É quase só nisso que já todos pensamos (disclaimer: eu "exijo" também o Jamor!) e a isso que nos dedicamos, mesmo que implique engolir em seco goleadas caseiras com uns tipos (que habitualmente jogam) de vermelho (mas, felizmente, não nesse dia).
Valeu pela ida a Anfield e pela saída airosa da competição, sem mais danos a registar após a hecatombe do Dragão. E por Bruno Costa, pois claro!
Notas DPcA
Dia de jogo: 06/03/2018, 19h45, Anfield Road, Liverpool FC - FC Porto (0-0)
Iker (6): Exibição um nadinha irritante, com demasiados "erros não forçados" na reposição, com os pés, da bola em jogo, mas que imediatamente se diluiu quando, já nos minutos finais, evitou o golo da (muito provável) derrota. Ainda um senhor das balizas, mesmo se um senhor desconcentrado.
Maxi (7): Conseguiu quase sempre disfarçar a evidente falta de velocidade com toda a sua experiência. Muitos pormenores de velha raposa, importantes num jogo destas características.
Dalot (6): Entrou nervoso mas o jogo não lhe deu motivos para não se recompor. Fê-lo ainda "cedo" e acabou com uma exibição positiva e um par de pormenores. E, não esquecer, jogando no lado contrário ao seu "natural".
Melhor em Campo Felipe (8): O melhor jogo com a nossa camisola. Imperial, imbatível, impecável. Para ser perfeita, era "só" ter finalizado com sucesso aquele canto.
Reyes (6): Contrariando os meus receios, não comprometeu. Aproveitou bem a boleia de Felipe e arrancou uma exibição sólida.
Óliver (5): Jogo estranho do espanhol, com muitas pequenas decisões estapafúrdias, como aquelas tentativas de lob para a terra de ninguém e passes fáceis errados. Melhorou um pouco na última meia hora, mas não o suficiente para limpar a face.
< 68' Waris (6):
Teve finalmente uma oportunidade "inteira", mas nem assim mostrou
atributos que justifiquem a sua contratação. Não digo que não os tenha,
eu é que ainda não os vi. Em todo o caso, não destoou.
Corona (6): Na ausência de Brahimi, teve de ser ele a agitar as águas. Tentou muitas vezes, conseguiu-o em poucas. Nunca seria fácil, mas tinha esperança que pudesse ser o jogo "dele". Exibição apenas positiva, assim sendo.
Bruno Costa (6): Andou a vaguear pelo campo durante a primeira parte, talvez por não conseguir ainda acreditar ser mesmo verdade estar ali. A meio da segunda soltou-se da tremedeira e mostrou um bocadinho do seu futebol, passando a ser um elemento de corpo inteiro. Não desmereceu a grande aposta.
< 80' Aboubakar (5): Regresso à titularidade quase forçada pelas ausências, demonstrando que ainda não está a 100%. Foi o lutador de sempre, mas raramente fez bem o que quer que fosse.
> 62' Sérgio Oliveira (5): Ontem tive a amarga resposta para a minha questão sobre o porquê de, com tanto futebol nos pés (e na cabeça) ainda não se ter afirmado aos 25 anos: entrou amorfo, quase displicente, como se o jogo não tivesse interesse para ele. Não pode ser, Sérgio, quem quer triunfar tem de estar sempre disponível para dar tudo.
> 68' Ricardo Pereira (6): Entrou bem e mostrou estar pronto para regressar à equipa já em Paços.
> 80' Gonçalo Paciência (5): Pouco tempo e ainda menos espaço para mostrar "grandes coisas". E pequenas também...
Sérgio Conceição (6): Deu-lhe a travadinha do (eu)génio tuga, tão típica das nossas idas a Inglaterra. Por uma vez, não correu mal, que é como quem diz, não fomos goleados e nem sequer perdemos. À posteriori, é fácil dizer que apostou bem e que lançou mais um jovem jogador e tudo o mais que se queira elogiar, MAS... eu acho que foi um perfeito disparate o excessivo nível de poupanças que promoveu, correndo um risco real de sofrer nova goleada e fazer uma eliminatória à Sporting. O jogo de Paços é mais importante do que este foi, mas não me pareceu assim tão imperioso fazer tanta mudança e poupança para ter sucesso no domingo. No final deu empate e, pela força da realidade, quem teve razão foi o treinador. Mas não gostei da decisão, nem um bocadinho aliás.
Outros Intervenientes:
Foi um Liverpool naturalmente poupadinho o que se apresentou em campo, ciente que apenas havia que deixar o relógio correr. Mesmo a meio-gás, destacaram-se Matip, Moreno e depois o inevitável Salah. Fico curioso para saber que adversário o sorteio lhes reservará para os quartos-de-final.
Creio que não se justifica falar da equipa de arbitragem liderada por Felix Zwayer, mesmo perante dois lances de possível penálti (um para cada lado). Fica então registado o nome do senhor, para memória futura.
Arrumada a Champions, o foco no campeonato passa a ser total até meados de Abril. Isto significa que o nosso futuro continuará a fazer-se já no próximo domingo, em Paços de Ferreira, e com os melhores disponíveis a alinhar de início. Para vencer, obviamente, mas atenção: já perdemos pontos esta época em casa de equipas que lutam pela permanência. Exige-se aplicação total.
Do Porto com Amor,
Paulo Gonçalves em liberdade. Não pode contactar restantes arguidos, mas pode continuar o trabalhinho na Porta 18.
ResponderEliminarA constituição do Estado Lampiânico foi respeitada, pois de outra forma seria coartada a obtenção de convites para o camarote presidencial a Juízes, Procuradores, Ferreira Nunes e sus muchachos.
Certo, mas não é disso que se trata neste post...
Eliminarora bem! jogo para encher chouriços, so posso dizer que com casillas nao levavamos 5 mesmo a jogar pessimamente porque? porque ainda mete muito respeito aos avançados que procuram sempre colocar a bola bem longe dele , resultado? falham muito mais vezes. O jogo mostrou que deviamos ter jogado a portuguesa ca dentro para podermos ter chances e nao como o tottenham fez com a juve onde uma so alteraçao do treinador destruiu os ingleses que jogaram como nos contra o liverpool, a diferença de categoria tatica dos treinadores viu se. O jogo tambem mostrou que ao contrario do que SC propagandeia os que normalmente estao fora nao entram assim com tantas ganas porque nao tem ritmo e provou que andre2, oliver nao tem cabedal para jogos rapidos e intensos e estao fartos de banco, depois corona que nao e claramente um jogador de campeoes mas sim um jogador que faz uma coisas tecnicas bonitas. Mostrou tambem que varela e galeno nao ficam nadinha atras de warris e costa e andre2 e ate de paulinho mas enfim manias de SC que concerteza nao querera que paciencia entre cheio de vontade em campo para jogar 10 minutos quando estava em setubal a titular e cheio de ritmo e golos. Em relaçao as apostas em certos jogadores nos tais jogos a serio serve para mostrar que afinal prometem muito mas nao passam da cepa torta e ja agora soliveira nao iria entrar cheio de vontade num jogo a feijoes para eventualmente se lesionar, se estoirar e depois em paços e ferreira ser substituido por uma daquelas lesmas que nao ata nem desata como andre2 ou oliver. Posso dizer mais que se abou tivesse a categoria tecnica de um avançado deles ou se na altura estivesse paciencia no seu lugar tinhamos ganho de caras e por mais do que um. Para paços e em força porque isso e que importa, a ida a liverpool foi mais para fazer turismo futebolistico.
ResponderEliminarQuem opina assim, pode ser vidente, mas não é gago! :-)
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