2019

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

#ForSama


Sama é uma criança, igual a tantas outras, mas com uma história de início de vida absolutamente aterradora, que facilmente poderia ter terminado ali, no meio de um dos infernos que um punhado de vermes decidiu criar à face da Terra. Como terminou a de demasiadas outras que não tiveram a sua sorte.




Sama, o pequeno anjo que se vê na imagem, é uma criança como eu fui, como as minhas e as vossas - já criadas, nascidas ou ainda por nascer - foram, são ou serão, mas veio ao mundo por entre bombardeamentos, dor, sofrimento, terror e morte. Nasceu em Aleppo, cidade-mártir síria, onde civis inocentes são vítimas do seu próprio regime, dos jogos de poder e da indiferença de todos os demais, que podiam e deviam interceder em seu nome.

Aconteceu em Aleppo e em muitos outros lugares, em muitos outros tempos, e continua a acontecer seguramente neste momento em que escrevo e no momento em que cada um ler este texto. Acontece. Continuam a sofrer e a morrer milhares de crianças, homens e mulheres inocentes, vítimas da loucura de alguns e do desinteresse de muitos mais. 

É a história do mundo, pensarão alguns. De facto, é também disto que é feita a nossa improvável História. Todavia, temos de acreditar que a passagem do Tempo nos faz evoluir e melhorar enquanto espécie e, como tal, não podemos simplesmente ignorar e aceitar que terá de ser sempre assim.

Não tenho, não temos o poder para acabar com isto de imediato - muito provavelmente, nem a disposição de sair das nossas bolhas de felicidade e tentar - mas temos todos a obrigação de ver e de sentir, de princípio a fim, este testemunho que a mãe de Sama filmou durante mais de cinco anos e especialmente durante o cerco de 2016, para que um dia a sua filha pudesse saber de onde veio e porquê.

Não há moral nesta estória, há apenas a vida que fazemos, à rebelia das de encantar. O Homem, capaz do melhor e do pior - e de ambos em cada momento. Não há um final feliz, há sobrevivência e coragem. Já assistir ao documentário não é coragem, não se enganem, é apenas necessidade e agradecimento, pago em uma hora e pico de inquietação e angústia, intercalados com alguns sorrisos de esperança. Uma gota insignificante comparado com o que esta gente experimentou.

Ver #ForSama não vai devolver às mães vazias os filhos que lhes foram roubados, pode até não salvar ninguém, mas é uma obrigação que todos nós temos. Ver, indignar, sentir náuseas, chorar, chorar muito ou simplesmente ver. Obrigar o subconsciente a tornar-se consciente - e sentir aquilo que diariamente sabemos que acontece mas que, por mecanismos de auto-defesa, nos forçamos a ignorar.

Como de forma muito bela se pode ler no site oficial, For Sama é uma carta de amor de uma jovem mãe à sua filha recém-nascida. Vejam, pela vossa humanidade. Vejam #ForSama e passem a palavra, por amor aos nossos filhos.


Lápis



sábado, 2 de novembro de 2019

Não Te Fines, @CoachConceicao


Este é um momento da vida do Clube especialmente cansativo para o Portista sofredor e desinteressado de outra coisa que não seja o seu sucesso desportivo e a sua viabilidade futura.




Cansa assistir passivamente ao delapidar de uma obra ímpar por parte de uma direção virada para si mesma e capturada por parasitas. Cansa ver a equipa principal de futebol jogar sem eira nem beira, sem se descortinar um plano de jogo minimamente eficaz e em que os jogadores acreditem e pelo qual deixem a pele em campo. Cansa ainda ler e ouvir imbecis de toda a espécie a debitar cartilhas várias, frustrações e ignorância sob a capa da liberdade de opinião. 

Quem duvidar da minha gratidão e apreço pelo nosso treinador Sérgio Conceição, só tem de visitar ou revisitar boa parte dos últimos dez textos deste blogue. Para mim, Conceição será para sempre um dos heróis deste extraordinário clube a que o mais iluminado de todos teve o bom gosto de apelidar de Futebol Clube do Porto. Do meu Porto. Conceição, praticamente sozinho, pegou num grupo descrente de acomodados e proscritos e fez-se campeão, evitando o objectivo máximo da corja vigarista sem-vergonha, o penta que é só nosso.

Nunca me esquecerei das condições em que chegou, mais um numa extensa lista de tentativas falhadas, para reabilitar por artes mágicas aquilo que a direção indecorosamente paga foi sendo incapaz de fazer: lutar pelo Clube. Nem dentro, pela incapacidade de reassumir o sucesso como o objectivo primeiro (já nem peço único), cedendo a interesses que nada interessam ao FC Porto. Nem fora, pela demissão do inadiável e inevitável combate à podridão que o polvo sujo instalou no desporto nacional. Virados para dentro, para a perpetuação do poder pelo poder, até ao dia em que, enfim, quando o Presidente já não puder, sejam obrigados a desaparecer na mediocridade ou a mendigar por novas alianças, provavelmente ainda mais medíocres.

Para mim, @CoachConceicao significa resistência, resiliência e coragem. O que fez garantiu o seu lugar ao sol na nossa história, nem que seja apenas por uma época. Provavelmente, apenas por uma época. E esse é o drama que nos atormenta hoje, pelo menos aos que de nós não padecem nem de irremediável optimismo nem de incurável cegueira voluntária. 

Conquistado o campeonato 17/18, o seu percurso tem sido quase sempre a descer. Digo-o consciente da muito boa campanha na Champions que liderou na época passada. Globalmente, soube a pouco, tendo em conta o campeonato e as taças que tão mal perdidos foram. Mas mesmo a própria campanha europeia foi, a meus olhos, muito feliz na forma como decorreu. Na fase de grupos, várias foram as vitórias que facilmente poderiam não o ter sido, tivesse o adversário um bocadinho mais de acerto. Contra a Roma, até o VAR foi amigo... Não retiro uma grama ao mérito do que se conseguiu, apenas sinto que veio aos ombros de muita felicidade em momentos-chave dos jogos. Mais isso que qualidade e segurança de jogo. No entanto, muito positivo, até por se tratar da prova mais importante.

Com isto pretendo ilustrar que aquilo que “pedi” ao treinador na ressaca dos festejos do título e não se concretizou: que o treinador tivesse consciência das suas limitações e conseguisse evoluir (depressa) enquanto... treinador. Nunca tive ilusões (nem seria justo) que Sérgio refinasse a sua personalidade - é a dele, para o bem e para o mal, e faz parte do pacote. Esperava sim - exigia, enquanto adepto - que não se cristalizasse naquela forma “única” de jogar, assente num modelo bruto-dependente que resultou pela surpresa e incapacidade de a “acomodar” em tempo útil por parte dos adversários na primeira temporada (em especial na primeira volta), mas que facilmente se deduzia que mais cedo do que tarde seria neutralizada. Ainda mais porque os próprios intérpretes acabariam por descer do “sobre-rendimento” de 18/19 para a sua normalidade, e disto Marega é sem dúvida o exemplo maior e pior também.

Mesmo assim, mesmo após o autêntico descalabro de resultados desportivos que foi a sua segunda época à frente da equipa, defendi a sua continuidade. Primeiro, porque acreditava que tinha finalmente todas as condições para fazer uma boa equipa assente em novas/diferentes e boas ideias de jogo. Segundo, porque confio mais nele para defender os interesses do Clube do que em qualquer outra pessoa que por lá anda actualmente. E não, não estou a exagerar, é mesmo o que sinto. Se para o lugar dele viesse um “boneco” qualquer, sobretudo para dizer “ámen” a todos os disparates lesa-Clube no mercado de transferências, ficaríamos seguramente num lugar pior do que aquele onde estamos hoje. Disso não tenho dúvidas.

No entanto, estando nós já em Novembro, sem Champions e tremidos na Europa, com 5 pontos já desperdiçados no campeonato e a dois pontos do primeiro, apesar de termos ganho em sua casa, e sobretudo - mais que tudo - pelo terrível futebol que a equipa vai apresentando como regra e não como excepção, começa a ser difícil sobrepor o feito heróico à crueza da realidade pós-título. Objectivamente, a equipa rende pouco e joga ainda menos do que rende. E pior, dá sinais de pouco acreditar na proposta de jogo do seu líder.

Acresce (ou resulta deste estado de coisas) o descontrolo emocional de Sérgio Conceição, já descontado o seu feitio "volátil". Não é aceitável que o treinador do FC Porto diga o que ele disse após mais um jogo paupérrimo na Madeira. Podemos pintar da cor que quisermos, mas não é aceitável. Que posteriormente se tenha desculpado em certa medida, é apenas o mínimo exigível e não apaga o que foi dito.

Até porque fica a sensação de que a “coragem” que lhe sobra para “atacar” uma parte mais fraca e sem capacidade de “defesa” - o tal adepto que o critica, que suspeita, em diferentes momentos, mais ou menos, somos todos nós...- é a mesma que lhe tem faltado para atacar com mais vigor e frequência quem mina e põe em causa o seu trabalho. Árbitros, dirigentes, instituições e adversários manhosos e aparentemente seduzidos pelo lado negro do “jogar para perder” são demasiadas vezes perdoados ou esquecidos por quem tem o palco e a obrigação de exigir que a sua equipa tenha as mesmas condições que os outros na disputa das competições internas. Sim, que não competiria ao treinador esse papel num clube normal, mas... Que quem dirige o Clube já há muito desistiu, todos sabemos e ninguém se parece importar muito com isso; que o nosso aguerrido treinador se esqueça também, faz confusão.

Em jeito de conclusão, renovo o meu apelo ao meu treinador: foco total no que é importante, isto é, no aperfeiçoamento das suas competências técnicas e na denúncia intransigente dos vilipêndios de que vamos sendo alvo, semana sim, semana não.

 - Não vás na onda da época @CoachConceicao, não te deixes finar perdido neste turbilhão em que pareces estar submergido. Pára, respira fundo, reflecte e volta ao trabalho, mas com outros trunfos na manga. Sabes que, na grande maioria, estaremos contigo até ao fim (da época), mesmo que cada jogo seja um bocejo sobressaltado à luz dos nossos leigos olhos. Vai que nós vamos atrás.

Abraço mister.


Por fim, os "imbecis". Aos que nos querem mal, retiro as aspas e nem perco tempo. Têm agenda e já está. Tudo o que lhes possa acontecer de mau será um prazer assistir e nem me importo de contribuir. Preocupo-me sim com os Portistas, que se parecem "cismar" entre os que apoiam incondicionalmente e os que pedem a cabeça do treinador/direcção/qualquercoisaserveparadiscutir, exigindo que todos os demais tomem igualmente partido. Connosco ou contra nós.

Pois permitam que vos diga, meus caros extremistas, estão a ser uns perfeitos idiotas. Nem o mundo é azul ou branco, nem os outros são obrigados a sujeitar-se à vossa postura inquisitorial. Sim, é possível apoiar de forma crítica, nunca incondicional; sim, é possível estar com o treinador e simultaneamente fazer-lhe reparos sempre que se justifica; sim, é saudável duvidar e questionar. E não, não é produtivo estar sempre à espera de um mau resultado para atacar quem não se gosta; não, discordar de quem nos dirige (seja a que nível for) não dá direito a insultar quem pensa diferente; não, não sou obrigado a adoptar nenhum dos extremos só porque vos apetece. Penso, logo decido por mim, a cada momento. Sou do Porto, não sou do Sérgio, nem do Jorge Nuno e ainda menos sou do que quer que seja que vocês queiram que eu seja. Apoio durante, critico se achar que devo antes e depois dos jogos. Vou aos estádios se puder e me apetecer e ninguém tem nada a ver com isso e nunca tal servirá de medida do meu "Portismo" ou de quem quer que seja. 

Não pretendo educar ninguém para além dos meus, mas fica escrito porque desconfio me será muito útil sempre que uma discussão deste género vier ter comigo. Daqui em diante... vão ler se quiserem. Não há paciência. Já cansa.




Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A Derrocada do Estado de Direito

Soa a exagero e a frustração. Ainda bem, porque (se um qualquer deus quiser e permitir) será apenas isso: exagero e frustração.



Não me vou debruçar sobre tecnicalidades (que em Português correcto se diz "expedientes legais criados pelo legislador com o exacto propósito de permitir que quem pode se escape"). Quem tiver paciência e sapiência, que o faça. 

A mim apenas me interessa o que o bom-senso me revela - a mim e a qualquer um que o possua, independente de credo, afiliação política ou clubística: hoje, uma vez mais, fez-se tudo menos Justiça em Portugal.

Um resumo muito ligeiro da situação:

- Todos reconhecem (por força das evidências) da autenticidade dos emails;

- Todos sabemos das provas irrefutáveis das violações do segredo de justiça e outros atropelos cometidos;

- Todos percebemos o irrefutável nexo de causalidade entre o benfica dos sem-vergonha e essas violações;

- Todos sabemos que Paulo Gonçalves era um dos dirigentes máximos dos sem-vergonha, independente do estatuto formal.

Corolário: o benfica dos sem-vergonha cometeu crimes gravíssimos que atentam ao Estado de Direito e obrigatoriamente haveria de ter sido punido por isso. No limite, pelo menos os seus dirigentes haveriam de ser responsabilizados criminalmente - e depois, a "justiça desportiva" que seguisse o óbvio caminho.

Sou Portuense e Portista indefectível, como todos os que me leram sabem. Indefectível. O que a maior parte não saberá é que, acima disso, sou um defensor ainda mais acérrimo da civilidade, da solidariedade, da honorabilidade, da Lei e do Estado de Direito democrático.

O que hoje a "justiça" portuguesa confirmou é um atentado mortal a todas estas minhas inabaláveis crenças. Hoje, ainda mais do que antes, temo pelo futuro do país mas - muito mais - pelo futuro dos meus filhos neste país.

Desenganem-se os Portistas, de que isto é apenas e só sobre o nojento polvo encarnado. Infelizmente, é muito mais do que isso. Neste momento do tempo, o benfica sem-vergonha de Vieira é apenas mais um instrumento/faceta de um grupelho mais ou menos visível mas quase sempre inimputável de bandalhos e BANDIDOS (com todas as letras) que se une por e para proveito próprio, em conluio criminoso e execrável para dominar e viver acima da Lei e do Estado, servindo-se deles apenas e só para a persecução dos seus interesses, em detrimento da tal civilidade e da idealizada persecução do BEM COMUM que cabe a um regime democrático.

Isto é uma espécie de desleixo do grupelho que se sente já fora do alcance de qualquer punição e se dá ao desplante de fazer as coisas assim, em plena luz do dia e sem o mínimo de pudor. Falo de juízes, oficiais de justiça, investigadores do ministério público, PGR, mas também de primeiros-ministros, ministros, deputados, dirigentes partidários, empresários, banqueiros e bancários, directores de informação, jornalistas e jornaleiros, que navegam tranquilamente na infâmia, na insídia e na dissimulação e no encobrimento perante o desinteresse e passividade de todos nós pessoas de bem, desde os mesmos magistrados, políticos e empresários até aos mais humildes varredores de rua (que muito prezo e respeito). 

Isto, meus caros, é uma ameaça ferocíssima ao que pensamos ainda existir em Portugal como Estado de Direito. É a subversão completa das prioridades e das missões mais básicas e fundamentais das instituições e organismos que existem com a única missão de assegurar o cumprimento das leis da República e de punir quem não o faz. 

Isto, meus caros, é a abertura da supostamente intransponível comporta da Justiça para permitir passagem de todo o tipo de banditismo e criminalidade. O que se pode seguir ninguém pode antever. Está escancarada a caixa de Pandora (porque aberta já estava há muito) e o que de lá sairá nem Asimov nem Philip K. Dick poderiam imaginar. 

Na prática, isto leva-me a temer que a justiça passe a ser apenas mais um instrumento ao serviço dos bandidos e contra os portugueses. Quem tiver o azar de afrontar os seus interesses, sofrerá as consequências sem hipótese de defesa ou contraditório. Sei bem que soa a exagero profundo, mas acredito piamente que este é um dos caminhos possíveis de serem trilhados daqui em diante. 

Hoje passei a ter sérias dúvidas quanto à justeza da Justiça neste país. Hoje fiquei com a certeza de que não só não é cega, como vê muito bem ao longe e escolhe a dedo os seus alvos. Hoje, mais do que em qualquer outro dia passado, ganhei medo de criar os meus filhos em Portugal. Pode parecer exagero - espero que seja exagero - mas talvez não o seja.

Aceitar, desistir, emigrar, todas hipóteses possíveis e até apetecíveis. Resistir, contrariar e lutar é muito mais complicado, difícil, incómodo e aparentemente impossível: mas é a única solução que nos sobra enquanto cidadãos desta nação que desejámos continuem a ser de Direito. 

QUANTO A MIM E NO IMEDIATO, UMA COISA VOS GARANTO: ANTÓNIO COSTA E A CORJA QUE REPRESENTA NUNCA, MAS NUNCA MAIS.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Vamos para Nulos


Não esperava voltar a escrever antes de Setembro. De todo. Depois de conhecer os sorteios, fiquei muito confiante de que eventuais desaires iniciais no campeonato (sem sonhar ainda mas a temer o que se veio a passar em Barcelos) seriam amortecidos pela conquista de um lugar na Champions 19/20. 




Se já na época passada, aquando dos oitavos contra a Roma isso aconteceu, era (ainda mais) previsível que Sérgio Conceição, com bênção total da SAD, se focasse em garantir o primeiro e mais imediato objectivo da temporada, mesmo que isso pudesse custar alguns dissabores na Liga do faz-de-conta. É que o campeonato dura nove meses e há salários, prémios e benefícios para pagar entretanto. Havia... ou melhor, ainda há, não sei é se haverá como.

A primeira mão em Krasnodar correu-nos de feição. Um jogo tremido mas q.b. para garantir um nulo, salvo por um lance de felicidade mesmo a acabar. Tudo bem encaminhado, mas longe de garantido. Ainda assim, impossível imaginar o que se viria a passar ontem no Dragão

Pelo meio, uma entrada calamitosa no campeonato. Primeiro e último responsável, Sérgio Conceição. Equipa muito alterada face à da Rússia, sem motivo aparente que não seja a convicção do treinador. E mais certo fiquei quando soube do onze para esta segunda mão: depois de já ter mudado três titulares da Rússia para Barcelos (dois deles do meio-campo, sector fulcral para o funcionamento das equipas como tal), voltou a mudar, desta vez quatro jogadores, incluindo o já caído em desgraça Saravia e duas estreias, Diaz a titular e Nakajima em absoluto.

Isto para dizer uma coisa e concluir outra. Primeiro, é dos livros e do bom-senso que quando se está a construir uma equipa nova é preciso dar prioridade às rotinas e ao conhecimento entre os jogadores, o que não se consegue mudando tanto e tantas vezes o onze titular. Segundo, Sérgio Conceição não tem ideias claras sobre quem tem à disposição e o que quer para a equipa (se tem, pior ainda, porque significa que nada evoluiu em três anos como treinador).

E esta é que é a pergunta fulcral que deve ser colocada: 

O que se passa com Sérgio Conceição? 

Visto de fora e dando eco ao que se diz (em parte confirmado pelo próprio), o treinador recebeu - ainda que tardiamente - os reforços que pediu. Seguramente nem todos são as primeiras escolhas, mas ainda assim escolhas, suas. Deveria estar mais confiante e bem-disposto do que nunca, entusiasmado por poder finalmente trabalhar focado nas suas ideias e com a sua matéria-prima de eleição.

O que se tem visto desde o regresso aos trabalhos é bem diferente, não é? Tensão, rostos fechados, desconforto, postura de acossado. E até o é, pelo corja do costume, mas isso não é novidade. Já foi campeão apesar deles, porquê ceder agora? Tem de haver mais.

Não tenho as respostas, mas tenho - temos todos - os resultados à vista. Bem-vindos à Liga Europa e ao incumprimento do orçamento (venha de lá um já rectificado p.f.).

Podemos sempre optar por pensar que foi uma série de infortúnios que raramente coincidem no mesmo jogo, mas a verdade é que os factos parecem querer demonstrar algo diferente. De nenhum dos três jogos oficiais se pode dizer que a equipa jogou bem. Pior, que a equipa se comportou como tal, que se viram rotinas ou que se detecta alguma evolução no jogo colectivo. Bem pelo contrário.

E se em parte se compreende alguns dos retrocessos pelas saídas do final de época, nem tudo é justificável, até porque os adversários não eram dos mais cotados - longe disso. Mesmo em reconstrução, era exigível muito mais e muito melhor.  Muito melhor.

Sérgio Conceição não está equilibrado e o Clube é que pagou e vai continuar a pagar a(s) factura(s). E agora?

Agora nada, vamos para nulos*. Por um lado, temos um presidente que ainda há dias desejou/comprometeu que Conceição fosse o seu último treinador. Por outro, temos um treinador que termina a conferência de imprensa pós-eliminação a reconhecer que errou mas que faria tudo igual se tivesse a oportunidade. Mind blowing.

Portanto, a solução única que se vislumbra e se aceita é a continuidade de Sérgio Conceição até final da temporada, dê por onde der. Mas mesmo por onde der - se por infelicidade estivermos a 15 pontos do líder em Dezembro, por exemplo. Até Maio, dê por onde der. Comigo a apoiar, concordando ou não com as opções.

E então que cada um tire as suas ilações, a começar pelo presidente Pinto da Costa. Se a época falhar a ponto de não permitir a continuidade do treinador, o presidente terá a obrigação de tirar as devidas conclusões. Fáceis de subentender. Dou uma ajuda: falhar será tudo o que não seja ser campeão e/ou voltar a incumprir com as regras do FPF.

A aposta inicial falhou redondamente. Marcano foi uma má aposta, tal como todas as que visavam o "lucro imediato". Espero que agora haja o mínimo de bom-senso para reequacionar a estratégia desportiva do Clube e dar mais espaço (e tempo) aos bons valores que saíram da formação campeã da Europa de clubes, integrando igualmente as boas contratações que foram feitas. No mínimo, isso, porque, insisto, temos matéria-prima para fazer uma bela(!) temporada.

Uma palavra de admiração e agradecimento para Pepe. Não foi o único, mas foi o melhor, o líder incontestado e inconformado, um monstro dentro de campo a defender, a construir e a liderar. 

O futuro imediato passa pela recepção ao Vitória e pela deslocação ao antro dos criminosos sem-vergonha e é nisso que todos se terão de focar a partir de amanhã. Agora é para digerir e desinchar. E depois voltar a apoiar. Como sempre.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



* Para quem não sabe jogar King, ir para nulos acontece quando o dono da "festa" ou o vencedor do leilão tem um jogo tão baixo que prefere jogar sem trunfo e com o objectivo de não fazer vazas, o oposto do normal em 99% dos jogos de cartas, desde a lerpa à bisca lambida. Eu sei que não faz muito sentido para quem não conhece o jogo, mas aqui está o desafio para aprenderem, que vale bem a pena e distrai das maleitas...



segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Agora a Doer


É já depois de amanhã, na longínqua Krasnodar, que o FC Porto entra na época oficial 2019/20 e logo contra um obstáculo com cara de poucos amigos. E não é por serem russos, é por - dizem por aí - jogarem bem à bola. É assim, a frio e logo a doer, contra um adversário que já vai na quarta jornada do seu campeonato (2V-1E-1D). 




Depois da boa imagem que deixou na Liga Europa da época anterior, onde foi eliminado e por muito pouco pelo Valência nos oitavos, o FK Krasnodar chega a esta pré-eliminatória por via do terceiro lugar que conquistou na liga russa. Não os vi jogar ainda este ano, mas quem viu (e percebe da poda) garante que vão vender cara uma eventual eliminação.

Não vale sequer o esforço de atirar com o nosso palmarés para a arena argumentativa, primeiro porque o palmarés não joga e segundo porque já vai sendo tempo de os Portistas aceitarem que o Porto actual já não é o que nos fez orgulhosos à conta da sua insuperável competência e espírito de conquista.

(Para que ninguém se confunda, o (meu) orgulho de ser Portista é inatacável e imutável, o que desapareceu foi aquela dose suplementar que advinha da superioridade competitiva que evidenciou durante várias décadas) 

Hoje temos uma equipa profissional de futebol que se está a refazer, aparentemente a pensar no imediato - o acesso ao "milagre" financeiro da Champions, o único que permite continuar a suportar este tipo de gestão - e cujo princípio único parece ser o de satisfazer os desejos de Sérgio Conceição. Se há uma política desportiva estruturante, eu não a consigo detectar.

A prova provada chega pelo conjunto de entradas e saídas deste defeso. Sem questionar ainda a valia de quem chegou e o saldo teórico face ao plantel que sucede, o que se constata é a chegada de jogadores "feitos", para darem rendimento desportivo de imediato e forçosamente sem aspirar vendas futuras com relevantes mais-valias. É verdade que parece também sobrar algum espaço para os miúdos da formação, mas é preciso esperar para ver se e quem vai ter reais oportunidades para evoluir, espaço para errar e confiança para começar a mostrar as suas qualidades.

Já há muito que deixei de me afeiçoar a jogadores (Lucho e Quaresma foram os últimos), até porque deixou de fazer sentido. Hoje os jogadores são verdadeiramente profissionais, pensam apenas na sua profissão e em como dela retirar o máximo rendimento. E é também por isso que cada vez mais pessoas se desencantam com o que sobrou do futebol original.

Hoje, em 99,99% dos casos, os exemplos de amor ao clube apenas acontece em duas situações: quando o jogador já está num dos clubes de topo (e que mais paga) ou quando o jogador não tem qualidade suficiente para atrair o interesse desses "tubarões" (os Luisões desta vida). Nós é que ainda não nos convencemos disso e continuamos a sonhar com um futebol que já não existe...

Isto para dizer que os "miúdos" me interessam sobretudo na perspectiva do rendimento e das mais-valias futuras que podem gerar, que é como quem diz que o que me interessa é a política desportiva do Clube, sem olhar a nomes ou proveniências. Claro que - como sonhador que ainda sou - adorava ter na equipa principal e por muitos anos jogadores com formação no Porto, mas sei bem da utopia que isso representa.

Regressando a Krasnodar, o Porto terá de demonstrar competência suficiente para poder garantir no Dragão a passagem ao playoff, onde terá outro osso duro de roer (seja turco ou grego). As chegadas tardias de Marchesin e Uribe (dois negócios com muito para explorar) condicionam desde logo o seu potencial contributo nesta primeira mão e provavelmente na segunda também. E do que pouco que se pode ver contra o Mónaco, o resto também tem ainda muito que pedalar.

Seja como for, na quarta têm de estar todos prontos. O estatuto e o palmarés não jogam, mas quem vestir a azulebranca tem de provar merecer ser herdeiro de todos esses monstros do passado. E quem está ao leme tem também de honrar a memória do eterno Mestre. 

O primeiro balanço desta nova temporada será feito assim que for conhecido o destino europeu do Clube - até la, sigo com rigor (possível...) a minha receita de sobrevivência.

Acabou a pré-época, agora é mesmo a doer. E falhar o acesso à Champions pode mesmo revelar-se uma dor insuportável para o Clube e em particular para Sérgio Conceição. Por isso façam o favor de ser felizes.


Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco


P.S. para os fãs das ligas Do Porto com Mística: vão acontecer! Já podem inscrever-se na Liga Portuguesa (token b5089773) e na FPL (código 8un4o1) que começam já na próxima sexta.



 

terça-feira, 2 de julho de 2019

Pré-Época 19/20: Guia de Sobrevivência


Está tudo louco. Em cada recanto, seja em cada um dos media ou em cada uma das redes sociais relevantes, está tudo louco. Louco de ansiedade, louco de desinformação, louco de angústias, louco de certezas e da falta delas, louco. Louca, louco, loucos. Nos casos mais graves, chegam ao ponto de escrever textos onde não conseguem evitar de repetir desenfreadamente a palavra louco. Pobres coitados. Loucos.




É o Zé Nakajima que esteve a comprar tripa enfarinhada no Bolhão, é a SAD que não compra tripa enfarinhada, é o "Saraiba" que é pior que a peste bubónica, é a SAD que não vende o "Saraiba" - enfim, é o fim dos tempos em calções de praia.

Pois, não é, not just yet. Seria bom que fosse o fim do tempo que já se esgotou de quem ainda nos lidera, mas nem isso. Garrote financeiro à parte, continua - e continuará - tudo na paz do senhor Presidente e seus escolhidos para o muito que já delega (e tanto que é). 

Por outro lado, o jurado inimigo mortal. Tentacular, sujo, reles, ardiloso, megalómano. Tudo quanto de mal se apregoa para a nossa casa, só pode ter origem (única!) na maldade do cefalópode sem-vergonha. Por cá, os resistentes da aldeia, só se podem dar por felizes por ainda ter o Grande Chefe à sua frente, caso contrário tudo seria pior. Muito pior. Tão, mas tão pior, que até inimaginável e indizível.

Entretanto, enquanto o tedioso e surdo "debate" prossegue em cada um desses recantos, a equipa profissional do querido Futebol Clube do Porto abriu a oficina e regressou ao trabalho. Com Sérgio Conceição ao leme, obviamente, e uma carrinha cheia de miúdos também. Parece que iam para a colónia de férias em Francelos mas se enganaram no caminho. Ainda bem. Mais do que estes, não se sabe bem. Há uma malta que se foi, outra que talvez ainda se vá e uns tantos que continuam. Agora chegar é que nada. Ainda nada, entenda-se, porque o tempo urge.

Antes, bem antes do estapafúrdio mercado de verão fechar portas, muito se jogará do sucesso da época e até das vindouras. Uns quantos jogos de treino, algumas jornadas da Liga fajuta mas primordialmente as duas eliminatórias de acesso à Champions League. Terceira pré-eliminatória a 6/7 e 13 de Agosto e play-off a 20/21 e 27/28 do mesmo mês. Quatro datas em absoluto decisivas para o futuro próximo do Clube, não só a nível desportivo mas sobretudo financeiro. 

Dia 29 de Agosto já se poderá dizer - com propriedade e para lá de todo este turbilhão de "notícias" - se o planeamento e a política de contratações foram os suficientes e os necessários para o arranque da época. Antes disso, pura especulação. Depois só em Maio de 2020.

Não significa isto que, entretanto, não se consiga filtrar algumas ideias do lixo mediático pela observação atenta dos factos (insisto, factos) que se vão desenrolando. E factual é que a oficina abriu com um reforço confirmado, por oposição a cinco saídas igualmente confirmadas. Como também é factual que Sérgio Conceição quer Zé Luís e ainda não o tem a treinar às suas ordens.

Para que ninguém tenha a vertigem de se imolar perante tanta desgraça anunciada, deixo-vos a minha lista de recomendações para sobreviver com sanidade (quem ainda a possa ter) a esta pré-época:

> Não ver/ouvir/cheirar/lamber(?!) programas de "debate" futebolístico de nenhuma espécie. Nem os sofríveis, nem os maus, nem os freak-shows.

> Ignorar todo e qualquer rumor de contratação. A sério, não queiram saber. Tentem nem ouvir ou ler, mas se por acaso o fizerem, sorriam como se estivessem perante um membro da Flat Earth Society ou da Lampiões Honestos (esta última está ainda por criar).

> No jornal desportivo (só conheço um em Portugal que mereça a designação de jornal), dar apenas relevância aos factos e ler com espírito crítico as crónicas e editoriais (em particular do JMR); Quanto aos pasquins folclóricos, recomendo nem tocar e jamais usar para embrulhar peixe, sob pena de o tornar não comestível por envenenamento.

> Ignorar tudo o que é CM. Não se brinca com o lixo, recicla-se ou enterra-se. A correr bem num futuro não muito distante, manda-se para o espaço sideral.

> Não entrar em "debate" com ninguém que se posicione (sabendo-o ou não) em qualquer dos extremos, qualquer que seja o tópico. Se em algum momento o caro leitor tiver a noção de estar num desses extremos, tenha o bom senso de se isolar para meditação.

> Em particular no Twitter:

        * Ignorar tudo o que não é facto (verificável);

      * Ignorar todos os que confundem opiniões com factos e mais ainda os que acham que opiniões valem tanto ou mais do que factos;

       * Fazer diariamente uma saudável dose de "unfollow" e "block" a quem origina os dois pontos anteriores;

        * Não insultar (ninguém) e ignorar insultos recorrendo ao ponto prévio;

     Não retwittar a diarreia programática da corja sem-vergonha, mesmo que seja para a criticar/denunciar. Tirando casos muito pontuais em que a denúncia possa sortir algum tipo de efeito positivo, apenas se está a jogar o jogo deles, aumentando o seu alcance.

> Fazer desporto com regularidade

> Respirar ar puro

> Comer bem e beber melhor

> Contemplar

> Não fazer nada

> Last but never the least, praticar o Amor


Seguindo à letra esta prescrição do Doutor Lápis, vão ver como rapidamente melhora a vossa higiene mental e a disposição para enfrentar este mundo virado de pernas para o ar. Vão por mim, desliguem-se deste circo até (pelo menos) à apresentação no Dragão e depois falamos. Mas se fizerem mesmo questão de continuar ligados e a "lutar" pelo nosso Porto, então juntem-se a outros com a mesma vontade e - em sossego - discutam ideias e planos para o futuro. Algum dia terá de ser feito, mais vale começar já.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quinta-feira, 13 de junho de 2019

Momentos Marcantes de 2018/19


Este texto já vem um pouco fora de contexto, porque atrasado, mas ainda assim não quis deixar de gravar em pedra digital o resultado da minha reflexão sobre os momentos mais marcantes da época que já terminou. 




Não encontrarão nada de transcendental, por certo concordarão com a grande maioria deles, mas aposto que quase ninguém me apoiará naquele que considero o mais decisivo de todos. Já lá iremos.

Procurando apresentar estes momentos de forma cronológica:

1) Continuidade de Sérgio Conceição (Junho 2018)


A melhor notícia que o Clube nos poderia dar, garantir que o herói de 17/18 seguiria ao leme da nossa nau. Fosse qual fosse o motivo, perder Conceição e colocar novo treinador no seu lugar implicaria recomeçar do zero, o que por si só é sempre um retrocesso, mais ainda quando o FPF ainda apertava o pescoço azul e branco. Mas tardou um pouco a confirmação, como tardou também a SAD a dar resposta ao plano apresentado pelo treinador para a próxima época. Mas disso falaremos no ponto seguinte.


2) Contratações de verão (Agosto 2018)


Primeiro sinal de que a época iria ser turbulenta. Um mini-verão quente, com o treinador a ameaçar sair a caminho do estágio de pré-temporada e jogadores a serem devolvidos à proveniência sem sequer poderem mostrar o seu (eventual) valor. Como e porquê, só quem viu e ouviu pode dizer. Deste lado, apenas especular e deduzir (especulando). Mas o que realmente importa são as consequências. 

Quando o mercado finalmente fechou, o que se viu foi a saída de Ricardo e Dalot a não serem devidamente compensadas, facto aliás que foi também ele determinante na época, como a chegada de Pepe bem demonstrou. A ausência de um titular indiscutível - um Telles à direita - obrigou o treinador a improvisar e nem sempre se saiu bem. O mesmo se poderia dizer à esquerda, embora Alex tenha disfarçado, mesmo jogando em sub-rendimento durante grande parte da temporada.

Chegou Militão, a contratação da época. A única, digo eu.  Chegou, viu, venceu e... foi para a direita!


3) Lesão de Aboubakar (Setembro 2018)


Momento dramático para o jogador e para a equipa. Sem possibilidade de recrutar um substituto, todo o esforço de concretização se concentrou em Soares e Marega. Deu m*rda. Soares continuou irregular, a marcar um a cada cinco oportunidades e o Super-Marega da época anterior já tinha dado de sola, ficando no seu lugar um tosco-premium mal-amanhado, que ainda assim tem os seus seguidores e interessados (venham, por favor, não sejam tímidos). O que é factual é que a capacidade de finalização da equipa foi, no mínimo, insuficiente - sobretudo nos jogos "grandes". Mesmo alegando que Abou também não é um matador, a verdade é que três seria muito melhor que dois (sim, Fernando, não conto contigo rapaz).


4) Derrota na Luz (Outubro 2018)


Um jogo mal jogado da nossa parte (como quase todos os Clássicos) em que desta vez a sorte sorriu ao adversário, que pouco melhor foi. A importância deste desfecho verteu para os dois lados da contenda: para nós, deixou-nos a duvidar se seríamos melhores; para eles, deu-lhes a possibilidade de admitir que talvez não fossem piores. Em termos de campeonato, deixou-nos em desvantagem no confronto directo, algo que talvez tenha pesado durante o jogo de retorno, sobretudo quando o resultado já nos era desfavorável.


5) E-toupeira (Dezembro 2018)


Numa decisão que nenhum comum mortal, leigo mas bem-intencionado, consegue entender, uma tal de Ana Peres, por acaso juíza, por acaso lampiã, decidiu que a SAD sem-vergonha não iria a julgamento, optando por levar apenas o seu funcionário Paulo Gonçalves. Haveria tanto para dizer sobre isto que um post inteiro não chegaria, pelo que me limito a afirmar convictamente que não se fez Justiça. Caso até para dizer que a toupeira pariu uma rata.

Na prática, este foi o foguete luminoso lançado sobre os céus da podridão encarnada, anunciando a todos que poderiam retomar as suas vergonhosas vidinhas a beneficiar ilegitimamente os sem-vergonha sem que nada lhes acontecesse. Se durante a primeira metade da época se viram arbitragens más (sempre más) mas equilibradas nos benefícios e prejuízos, daí em diante foi o fartar lampionagem do costume. Um dos campeonatos mais vergonhosos de que tenho memória, a par com o do túnel.


6) Final Four Taça da Liga (Janeiro 2019) 


Desses dois jogos que disputámos resultaram três consequências importantes:

a) Vitória sobre os sem-vergonha. Vindos de uma mudança de treinador e com atraso significativo no campeonato, creio que essa vitória confirmou a ideia de sermos muito superiores e de estarmos a salvo de qualquer percalço no jogo do Dragão. Não creio que daí tenha resultado algum tipo de sobranceria nem nenhum facilitismo de forma consciente, mas admito que no subconsciente de jogadores e sobretudo equipa técnica se tenha catalogado como "arrumados".

b) Derrota nos penáltis na final. Uma vez mais, mas não a última, como todos sabemos. Arrisco, portanto, dizer que a final do Jamor se perdeu em Braga. É já um trauma que é urgente tratar e eliminar de vez. Contra mancos...

c) Sobrecarga dos jogadores mais utilizados, que poderá ter penalizado o desempenho da equipa no restante da temporada. Note-se que não sou dos que discordam dessa decisão, acho que fizemos o que era nossa obrigação, jogar na máxima força para ganhar. Se faltou profundidade ao plantel, a questão é outra e a origem das responsabilidades também.


7) Derrota no Dragão contra os sem-vergonha (Março 2019)


Desportivamente, no que aos nossos jogos diz respeito, foi o falhanço da temporada que determinou quem seria o novo campeão. Não porque não fosse possível ou provável que os sem-vergonha perdessem pontos, mas sim porque jamais seria permitido que perdessem. Como ficou demonstrado.

Uma derrota que se consumou pela falta de objectividade e eficácia na procura da baliza, mas em minha opinião muito alicerçada em dois pilares condenados a ruir: 1) o foco na Champions e 2) o tal subconsciente colectivo de que jamais perderíamos aquele jogo e muito provavelmente ganharíamos, mesmo com o "Quim das Couves" a titular. Correu mal e foi Sérgio Conceição quem mais falhou, sentado no banco e sem poder chutar à baliza.



Então e qual destes foi o mais decisivo? Todos impactantes, mas... nenhum deles. Para mim, o momento decisivo de 2018/19 foi a não contratação de Bruno Fernandes.

Um jogador brilhante, Portista por opção, que só estava à espera do "sinal" para rumar ao Dragão (digo eu). Teria certamente feito toda a diferença: no campeonato perdido, nas taças perdidas e até no "peito" com que poderíamos ter enfrentado o agora campeão europeu Liverpool. Mas a parte europeia pouco importa, porque não acredito que alguma vez pudéssemos ser nós os vencedores da competição. O que me importa mais (sempre e em cada ano) é o campeonato e depois as taças. E aí creio que Bruno Fernandes teria acrescentado um valor fundamental para os conquistar, além de naturalmente enfraquecer brutalmente o Sporting.

Recuemos até ao ataque a Alcochete, que legitimamente despoletou a rescisão de contrato por parte de um conjunto relevante de jogadores do Sporting. Insisto, legitimamente, por muito que isso doa aos sportinguistas e certamente nos doeria a nós, caso tivesse sido no Olival. Sem entrar em tecnicidades jurídicas, que desconheço, parece-me evidente que qualquer jogador que alegasse não ter condições psicológicas para continuar a trabalhar no clube veria as suas pretensões atendidas em tribunal.

Esta "introdução ao tema" interessa por é daí que vem a minha convicção de o erro histórico cometido por Pinto da Costa não tem sustentação na defesa que dele fez. A em condições normais louvável postura de não se aproveitar de um adversário em momento de fraqueza não vinga nem poderá vingar no desporto em Portugal enquanto a mentalidade dominante imperar. 

O Sporting não é em nada menos "nocivo" que os sem-vergonha, simplesmente não têm a competência suficiente para o poder demonstrar. Explico: tanto uns como outros, abominam a ideia de um Clube da província, ainda por cima do "Norte", sequer disputar com eles a hegemonia do desporto nacional, quanto mais apresentar um currículo nas últimas décadas muitíssimo melhor do que os seus (combinados). Acontece que o Sporting é uma coisa tão ingovernável (olá Portugal, somos a tua proxy) que nem chegam a poder destilar essa inveja, excepto a espaços. E quando o conseguem... veja-se o que aconteceu no andebol e depois no hóquei. Same shit, different colour. Não se pode travar uma guerra suja com as mãos limpas.

Se isto não fosse suficiente para convencer o "agora-ingénuo" nosso presidente, o facto de Bruno Fernandes ter rescindido e estar livre durante umas semanas deveria ter sido. Muitos discordarão de mim, mas insisto e assim termino: COLOSSAL ERRO HISTÓRICO.

Já a seguir, umas luzes sobre a nova temporada.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




terça-feira, 4 de junho de 2019

Ligas Fantasy DPcM 2018/19 - Encerramento


Foi com a enfadonha final da Champions do passado sábado que se encerrou a época europeia de clubes, mas também se assinalou o final das ligas fantasy Do Porto com Mística (uma parceria entre A Mística Azul e Branca e este blogue).

Foi uma época longa e de muito trabalho, muito trabalho para todos os que levaram a sério a sua missão de treinador virtual, mas no final apenas os melhores vêm esse esforço reconhecido. Justo ou injusto, é assim a lei da vida...

Começo, portanto, por felicitar os vencedores de cada uma das nossas ligas virtuais, elogiando-os como os modelos a seguir e nomeando-os como os alvos a abater na próxima temporada. A saber:


Champions Fantasy (RealFevr): Sons of Anarchy (Baptista) - 988 pts




Champions Fantasy (UEFA): Ricardense 04 (ricabrantes) - 822 pts 




Europa Fantasy: Memes Conkas City (Anderson) - 888,48 pts 




Liga NOS Virtual: Salvador & Santiago (Hélder Bruno de Aguiar) - 2512 pts  




La Liga Fantasy: Ruly All Boys (Ruly) - 2561 pts




Italy Fantasy: Ruly All Goal (Ruly) - 2227 pts




Fantasy Premier League: Parrampeiros (Luís Pereira) - 2428 pts




Felicito também os misters que terminaram no pódio, sendo os que mais de perto chegaram a cheirar a glória, mas ainda sem a conquistar. De entre estes, uma palavra especial para o mister Marco, que viu a sua equipa "ÉsóMáfia&Spaghetti" acabar a Italy Fantasy empatada em pontos com a vencedora (critérios de desempate da responsabilidade da RealFevr).

Por fim, agradeço a todos os que se inscreveram e participaram, porque isto só tem realmente piada se formos muitos e bons.


Quanto aos prémios atribuídos pela Do Porto com Mística:


Champions Fantasy (RealFevr) 

- Vencedor: Camisola Oficial FC Porto 18/19  

Europa Fantasy

- Vencedor: Camisola Oficial FC Porto 18/19


Liga NOS Virtual

- Vencedor: Camisola Oficial FC Porto 18/19
- 2º e 3º: CD "Já Nasci Assim" do grande João Dias  


Os 5 premiados devem reclamar os prémios enviando um email com nome e morada para lapisazulebranco@gmail.com nos 20 dias seguintes a contar da data de publicação deste post (se residir fora de Portugal, custos de transporte e aduaneiros serão da responsabilidade do vencedor). Eventuais prémios atribuídos pelas plataformas organizadoras deverão ser directamente tratados pelos interessados.

Damos assim por oficialmente encerrada a época Fantasy 18/19, renovando o agradecimento a todos os que participaram. Até sempre e boas fantasias!


Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



domingo, 26 de maio de 2019

Sérgio Forever...


... in our hearts. Portista convicto, trabalhador e dedicado à causa. Um de nós sentado no banco de treinador. Mas a questão também é essa: porquê ele e não qualquer um de nós?




Não estava a ser irónico. Das últimas coisas que escrevi ainda na fase regular deste blogue, foi este "O Porto de Conceição". Está lá quase tudo, para que não duvidem da minha sinceridade. 

Hoje, cerca de seis meses mais tarde e três troféus perdidos - sim, três troféus nacionais perdidos - sinto necessidade de actualizar o meu sentimento sobre Sérgio Conceição.

Recapitulando, o Sérgio chegou ao Porto após 4 épocas desastrosas que puseram bem a nu o declínio irremediável da liderança do Clube. Incompetência directiva a todos os níveis: desportiva, financeira e "bélica". Incapaz de travar os obrigatórios combates contra o Portugalistão em que vivemos, assistimos impotentes a vários campeonatos nos serem roubados sem se vislumbrar uma nesga daquele vigor que fez deste Presidente o melhor de sempre. Mas por agora não quero continuar por aí, volto a Sérgio Conceição.

Aceitou o complicado desafio (mas também a sua grande oportunidade de carreira) e deparou-se com a impossibilidade de fazer boas contratações (leia-se de jogadores feitos, que oferecessem garantias) e viu-se obrigado a recuperar um bando de proscritos e perdedores-natos para formar um plantel. Foi com eles que formou uma irmandade e construiu uma forma de jogar que surpreendeu tudo e todos, a começar pelo adversário de cada domingo. Nunca um futebol deslumbrante, mas quase sempre determinado e eficaz.

Surpresos mas logicamente felizes, os Portistas acorreram ao chamado e deram corpo a um imenso Mar Azul. Com altos e baixos ao longo da temporada, mas sempre com apenas e só aquele bando de renegados à sua disposição (mais duas ou três comissões jeitosas em Janeiro), Sérgio conseguiu o impensável em ano de desígnio nacional. Sérgio e os seus jogadores sagraram-se campeões nacionais e destruíram os sonhos de pe(n)ta da nação bafienta e corrupta. Foram demasiado fortes até para os árbitros sem-vergonha, graças àquele pontapé de Herrera.

Prestem atenção agora: foi Sérgio Conceição, SOZINHO com os seus jogadores, quem nos devolveu o título e liquidou o desavergonhado penta. Foi ele o homem, foi ele o líder. Ele. Falhou nas outras competições internas, mas venceu a mais importante - aliás, a única que interessava naquela temporada.

Fim de época, continuidade assegurada. Sem garantias de nada, uma vez mais. A tal ponto que esteve para se ir embora mesmo antes de começar. Mais umas trapalhadas e comissões a envenenar o seu projecto, mas lá resistiu e fez ouvir a sua voz. Baixinho.

O balão da superação esvaziou-se e os proscritos relembraram-nos porque o foram. E os perdedores-natos porque estavam no Clube há várias temporadas sem ganhar nada. Voltaram ao seu normal. Ainda assim, deu para cavalgar a onda da época anterior e fomos cumprindo a obrigação de ganhar jogos. Com os árbitros a apitar de forma igual para todos (porque assustados com a aparente ameaça que pairava sobre o estado lampião), chegamos à confortável vantagem que todos conhecemos e garantimos os oitavos da Champions. Tudo se encaminhava para mais uma temporada de sucesso. O que aconteceu então?

Muitos serão os factores e de várias ordens para explicar tudo o que se passou - e não tenho a pretensão de conhecer um décimo sequer - mas o que mais salta à vista é aquilo para que também sempre fui "alertando", mesmo quando ganhávamos: o nosso futebol nunca convenceu ninguém.

Ideia única de jogo, muito dependente da capacidade física dos jogadores, sem alternativas, sem planos de recurso. Futebol previsível e nada, nada entusiasmante. É isto que vejo como adepto e não adianta dizerem-me que não sei e não percebo nada da coisa, porque no final é isto que conta. É o que fica. Este ano, uma Supertaça contra o Aves. E três títulos muito mal perdidos. 

Se é inequívoco que o campeonato foi uma vez mais viciado a favor dos sem-vergonha, também não é mentira que tivemos uma vantagem à prova de vigaristas. Mesmo após aquela escandalosa expulsão perdoada a Bruno Fernandes em Alvalade antes do intervalo, ficamos com cinco pontos de avanço e a vantagem de receber os sem-vergonha no Dragão. Tínhamos de ter feito mais e melhor, porque depois desse jogo em casa, tudo ficou decidido. Já sem ponta de Justiça à vista, os árbitros voltaram a encarreirar e nunca mais permitiram que os sem-vergonha perdessem pontos.

Analisando os jogos decisivos, em especial contra lagartos e lampiões, falhámos quase sempre. A excepção foi mesmo a meia-final da Taça da Liga, porque este último a fechar o campeonato já não valia nada (e não jogamos nada também).

E o falhar aqui não significa ser inferior ao adversário, porque nunca o fomos. E, se calhar, isso ainda custa mais a digerir. Tendemos a dominar a maior fatia dos jogos e a criar mais ocasiões para marcar - mesmo a jogar "assim", lento e previsível. Falhar significa perder no final. Será tudo "culpa" da falta de eficácia? Não creio. Ter um ponta-de-lança de grande qualidade ajudaria muito, mas não resolveria tudo. E já nem consigo abordar a questão dos penáltis, começa a ser doloroso estar a ver o desfecho da meia-final verdes-vermelhos e pensar instintivamente "pronto, lá vamos nós perder nos penáltis". 

É este espírito derrotista e de impotência para ultrapassar o "destino" que se começa a apoderar do Clube (e não digam que a culpa é minha, ok?). É Sérgio o responsável por isso? Não. Mas também não foi capaz de o evitar, antes pelo contrário.

Já sei que sou apenas adepto e coisa e tal, mas em quase todos esses jogos fiquei com a sensação que o treinador não estava a ler bem o jogo, mais durante do que antes de começar. Acho até que tem dificuldade em reagir àquilo que o jogo vai pedindo. A gritante escassez de soluções no banco explica uma parte, mas não pode explicar tudo. Falta alguma coisa ainda.

Além disto, há também a questão da mentalidade. Por muito que se queira pintar de outra cor, a verdade é que esta equipa (nas duas épocas) nunca teve a mentalidade de entrar e esmagar os adversários, de marcar o primeiro e ir de imediato na busca do segundo. Ao invés, um estilo muito contemplativo, permissivo, que dá tempo ao adversário de superar as suas próprias dúvidas e começar a acreditar nas suas possibilidades. Não é um Porto mandão, incisivo, opressor. E isso conseguia-se mesmo sem craques, bastava ter a mentalidade certa!

O meu ponto? Adoro Sérgio Conceição, o Portista. Estou de pé-atrás com Sérgio Conceição, o treinador. Mas as lágrimas dele de ontem são também as minhas e são também por ele. Sobretudo de raiva, porque voltamos a ser melhores e a perder para uma equipa banal com mentalidade de distrital, sempre a fazer de tudo para se jogar o menos possível, com o habitual empurrão daquela triste figura com o apito na boca. Um nojo de equipa, bem à imagem do clube derrotado que sempre serão.

E então, deve ou não continuar no banco do Porto em 2019/20?

Um inequívoco sim. Porque neste momento é a pessoa em quem eu mais confio para defender o Clube do exterior e de si mesmo. De longe, diga-se. E não estou a ver que possa assumir outro cargo qualquer (havia de ser bonito), pelo que terá de ser no de treinador. E ainda acredito que vai conseguir.

No entanto, meu querido Sérgio, tens de evoluir e depressa como treinador. Alargar horizontes, estudar e testar outros modelos e perceber como e quais se podem aplicar aos jogadores que vais ter à tua disposição. O tempo escasseia, eu sei, mas que não te falte audácia. Se falhares, falha a tentar algo diferente! Não cedas perante a exigência daqueles reforços que consideras fundamentais e não aceites refugo comissionista. Ah, e já agora, contrata um bom psicólogo que nos ensine a ganhar nos penáltis, ok?



Sobre o Clube, vou esperar até perceber exactamente quem mente e quem fala verdade sobre a questão do Fair Play Financeiro, porque algo não bate certo e isto seria demasiado grave para ser tolerado. 



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




segunda-feira, 13 de maio de 2019

JÁ CHEGA


Não era este o regresso à escrita que tinha planeado. Na verdade, nem planeio voltar, apenas ir voltando sempre que inevitável. Estava a guardar-me para o pós-Jamor, para discorrer sobre a época, Sérgio Conceição e o Clube.

Regressei há pouco da Madeira, onde estive muitíssimo bem e - logicamente - assisti ao vivo ao Nacional - Porto. Não tenho nenhuma intenção de escrever sobre o jogo nem sobre qualquer jogo de futebol deste pardieiro em que se transformou o "Futebol Português".




O "Futebol Português" é quase tudo menos uma competição desportiva - daquele desporto que todos adoramos e que se chama... futebol! O "Futebol Português" é um esgoto a céu aberto para onde desaguam e onde prosperam toda a espécie de delinquentes, vigaristas e criminosos.

Hoje, o "Futebol Português" é somente:

- Uma Federação e respectivo presidente capturados pelos desígnios dos sem-vergonha (a.k.a. Benfica de Vieira), que se limita a fazer de conta que tutela as competições profissionais, quando na realidade se esquiva a assumir as suas claras responsabilidades de regular e fazer cumprir esses regulamentos, resumindo-se às Seleções (outra pouca vergonha, mas que na verdade pouco ou nada me interessa);

- Uma Liga que simplesmente não existe enquanto entidade independente e supra-clubes e se limita a gestão corrente, assegurando a função básica de organizar os jogos (sort of);

- Um campeonato onde pelo menos 80% dos clubes participantes são entrepostos dos sem-vergonha, vivendo à custa de subsídios ilegais (em género e em espécie), alinhando em fila e prestando-se a todo o tipo de negociata para finalmente receber as suas migalhas bolorentas;

 - Um campeonato onde, mesmo nos clubes não-alinhados, há sempre jogadores que cometem erros básicos, têm deslizes infantis, são, em suma, infelizes quando defrontam os sem-vergonha. Os dez que o Nacional levou de uma vez só e o Braga em duas prestações são apenas os exemplos mais vergonhosos desta farsa, porque em quase todas as jornadas é possível detectar um ou vários casos destas infelicidades;

- Um Conselho de Disciplina sem pingo de isenção ou seriedade, comprovadas pelas estapafúrdias decisões e omissões desta temporada, sempre em benefício dos sem-vergonha;

- Um Conselho de Arbitragem sem o mínimo de credibilidade, incapaz de se auto-gerir, impotente e incompetente para dar aos fracos árbitros o mínimo de condições e garantiras para que apitem de acordo com a sua (pouca) capacidade, sem estarem sujeitos a pressões fortíssimas por parte dos sem-vergonha face a decisões que não os beneficiem em toda e qualquer circunstância. 

- Um grupelho de Árbitros, composto maioritariamente por gente medíocre, sem o mínimo perfil para comandar um jogo de futebol, absolutamente temeroso de cometer algum erro que prejudique os sem-vergonha. Viram e registaram como fado inescapável o que aconteceu a ex-colegas quando se atreveram a não os favorecer à margem das Leis do jogo. Sabem que não há futuro na arbitragem (nem fora dela...) sem promiscuidade e vassalagem absoluta aos sem-vergonha;

- Uma corte de "jornaleiros", paineleiros, peritos e arautos da carapinha e do fair-play que se submetem, ora com resignação, ora com fervor, à gigantesca manipulação mediática que diariamente contamina os portugueses, bombardeados non-stop com factos falsos, opiniões insidiosas, palpites insultuosos e tentativas de desestabilização do Porto, única equipa que se mostrou perfeitamente capaz de os derrotar em campo durante uma temporada completa e de, com toda a justiça - a única justiça possível, vencer o campeonato. Sim, apesar de todos os erros próprios. Mesmo assim, melhores.

- Um exército de trolls disseminados pelas redes sociais, que mais não pretendem do que criar diversões para desviar o foco das vigarices realizadas por ou a mando dos sem-vergonha.

No final, sobram os lampiões, esse desvio de personalidade que toma de assalto a consciência até do vulgar cidadão, que no restante procura viver uma vida digna e (vou arriscar agora) honrada. Saem à rua, vangloriam-se, agridem indefesos, destroem propriedade alheia, tudo por conta de uma "vitória" que nunca, mas nunca foi nem será deles - apenas um logro, uma vigarice, bem à vista de todos e fácil de descortinar, mas que essa infecção maldita os "impede" de o ver. Ou então não, são apenas tão vigaristas como quem os lidera.


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Que eles queiram chafurdar neste lodo, eu entendo. Que nós - todos os não-lampiões, mas em concreto os Portistas e em particular o Presidente Pinto da Costa, enquanto líder e representante da direcção eleita, NÃO. Não compreendo e não aceito mais. Isto tem de ser o limite, JÁ CHEGA. 

É evidente que ninguém nos liga, ninguém com responsabilidades, dentro ou fora da pocilga, está interessado em ouvir e compreender o que se passa e agir em conformidade. Como se viu nos últimos meses, a Justiça portuguesa está (também ela, como a política e muitos outros sectores da sociedade) parcialmente capturada pelos meninos e meninas bonitas dos sem-vergonha, que a troco de um prato de lentilhas e desse fervor doentio se deixam corromper e assim traem os seus princípios e "juramentos" e os nossos direitos e garantias constitucionais. UEFA e FIFA, nem vale a pena tentar, só lidam com corrupção de alto perfil - a sua própria.

É por isso tempo de, nós Portistas, nos lembrarmos do que somos feitos, de onde viemos e de quais são os valores basilares sobre os quais assenta esta nossa jura de amor eterno. A luta do Clube é a luta da Cidade que lhe deu o nome. A defesa do que é nosso, por direito, porque criado com o nosso suor e contra a usurpação sistemática do nosso provento pela e para a ostentação da capital. 

Não podemos continuar a assistir de braços cruzados ao retomar da vigarice dos anos do Treta, agora ainda mais às claras e sem qualquer reserva de pudor (como se eles soubessem o que isso é). Esta farsa, esta fraude gigantesca a que chamam "Futebol Português" está prestes a falsificar mais um "campeão" (sempre o mesmo "campeão"), após mais um andamento da vigarice em Vila do Conde (tal como Braga, Feira e Moreira).

Eu, sócio e accionista, exijo que o Porto tome uma medida definitiva, independentemente das consequências que daí advierem. Não digo que não sejam ponderas, pelo contrário, mas chegados a este ponto, não vejo o que poderia ser pior do que participar (e assim validar) esta vigarice imunda e sem fim à vista. 

Se o presidente e seus pares não têm interesse ou simplesmente não partilham desta visão, então devem dizê-lo e serem julgados por isso. O silêncio é que não é aceitável, porque ensurdece. E prefácios de revistas e tweets também não valem quase nada, porque não resolvem nada. Eles não têm vergonha na cara e não se importa do que se diz sobre eles, em especial se for verdade. 

Pinto da Costa tem uma última missão, se a mais não se propuser: reacender o combate sem tréguas contra o nacional-lampionismo que se julga intitulado a vencer por direito próprio e à margem de todas as regras.

E eu que proponho em concreto? Sabendo que os Estatutos não o prevêem mas admitindo que não o proíbem, marcar uma Assembleia Geral Extraordinária para a próxima sexta-feira, com ponto único para discussão: como deve o Clube reagir a este estado de coisas. 

Por mim, defendo como mínimo a não-comparência ao último jogo do campeonato, equacionando também faltar ao Jamor, a convocação de todos os Portistas para uma manifestação massiva na sede que se julgar mais conveniente, fazer campanha para punir nas urnas todos os responsáveis políticos (sempre, agora uns, depois os próximos, é-me indiferente) e uma nova exposição à UEFA (mesmo sabendo o resultado) bem divulgada nos media internacionais.

Podemos perder o segundo lugar, podemos ser relegados para uma divisão inferior, podemos até falir e ter de recomeçar de novo. Meço as palavras, não as atiro da boca para fora. Sou Portista e continuarei a ser, seja em que divisão for, em que campo jogar. Não ganho nada com o Clube que não seja a alegria de ver as nossas equipas jogar e vencer sempre que somos melhores. Mas tenho muito a perder: a minha identidade, os valores com que fui educado e que em boa parte partilho com o Clube e a minha alma Portista. Mas isso só poderia acontecer se ficasse (eu e o Clube) quieto, amorfo, resignado a esta podridão que tomou de assalto o desporto nacional. Se lutarmos, nunca perderemos, nunca.
 


Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco