quarta-feira, 9 de novembro de 2016

So Help Us God


O impensável aconteceu. Donald Trump é o presidente eleito dos Estados Unidos da América. Como foi possível? E agora?




A 9 de Novembro de 1989, o mundo ocidental assistiu, esperançado, à queda de um muro. Um muro de vergonha que durante quase três décadas separou famílias e amigos de Berlim, alemães de um lado e do outro e simbolizou a separação entre dois blocos civilizacionais opostos.

Por cruel ironia do destino, precisamente 27 anos volvidos, os americanos elegeram um homem cuja promessa mais sonante foi a de erguer um muro na fronteira com o México. Se isto fosse um tema divertido diria que vem tarde demais, o Herrera já saiu de lá. Não sendo, resta-me fazer uma pequena reflexão sobre os motivos que conduziram o primeiro pussy grabber da história a chegar à Sala Oval e o que se segue agora que a catástrofe aconteceu.


Como foi possível?


Não sou, nem de longe nem de perto, um especialista sobre a sociedade americana. Sou um observador razoavelmente atento aos fenómenos que trespassam as notícias e aos que por elas deslizam sem grande alarido.

Lembro-me bem da esperança que senti aquando da primeira eleição de Barack Obama, como se um novo e invisível muro tivesse sido derrubado. O primeiro negro presidente, mas mais do que isso, alguém capaz de entusiasmar as massas à volta do seu discurso progressista e inclusivo. Tão inspirador que lhe valeu o Nobel da Paz, vejam bem. O Commander-in-Chief das forças armadas mais poderosas do mundo, primeiro e último responsável por todas as acções por elas cometidas, laureado pelos "seus esforços pela fraternidade entre nações e/ou redução de armamento. Em rigor, "shall have done the most or the best work for fraternity between nations, for the abolition or reduction of standing armies and for the holding and promotion of peace congresses". O Comandante Supremo das Forças Armadas.

Oito anos volvidos, a sua maior bandeira e previsível legado - a reforma do sistema de saúde - está a um pequeno passado de ser obliterado. Pelo meio, milhares de outras coisas, evidentemente, desde o pacote de estímulo e reforma legislativa do sector financeiro, pós crise do subprime de 2008 até à captura de Bin Laden, assistida ao vivo pelo presidente e seu staff, para lá de promover a queda de Gaddafi, retirada do Iraque e tentativa de sair do Afeganistão (não consumada). 

O que sobra hoje, qual a imagem mais forte dos dias que correm da sua passagem pelo poder?

Sobra a simpatia, o sentido de humor e a determinação de um homem que um dia deu a sensação de poder fazer do mundo um sítio um pouco melhor mas que, no final, deixa o cargo sem nada de relevante ou decisivo ter feito para evitar e depois travar uma das maiores crises humanitárias do século, a que se vive na Síria, às custas da coligação de dois ditadores sanguinários, Putin e al-Assad, contra os quais não pode ou não quis fazer nada.

Por outro lado, lá nos Estados Unidos a globalização cobrou a sua "portagem" e a classe média e média-baixa sentiu-a como ninguém, assistindo impotente à deslocalização das suas indústrias para o estrangeiro, com destaque para a China e México. Menos emprego, menor poder de compra e uma economia dual, cheia de contrastes extremados que vão desde Silicon Valley até ao Rust Belt.

Se nem Obama conseguiu mudar o mundo - ou, no que interessava para a eleição, a América - como poderia alguém tão embrenhada no tal establishment como a cínica Hillary Clinton ser digna da confiança dos americanos? Chegámos a um momento da História em que a democracia tem que ser posta em causa.

Não para a substituir por qualquer outro sistema autoritário ou anárquico, mas antes para a dissecar ao milímetro e perceber em que ponto é que os eleitores deixaram de se sentir representados pelos seus eleitos. Em que ponto é que o ecossistema político de cada nação se fechou em si mesmo, perdeu a noção do seu propósito primeiro e passou a partilhar o espólio por ciclos de alternância (alô Portugal?), sem cuidar de verdadeiramente responder aos anseios dos cidadãos seus representados.




Making America White Again


As causas serão muitas, em boa parte já bem estudadas e documentadas por quem de direito, mas aqui importa-me realçar os efeitos dessa alienação da classe política ocidental (para não generalizar ao que não tenho a certeza ser verdadeiro) da realidade que o cidadão comum enfrenta no dia-a-dia.

Em minha opinião foi este desconforto, este afastamento entre eleitor e eleitos, esta revolta ainda contida das pessoas que elegeu ontem Donald Trump. Isto e uma condição endógena da sociedade americana, que se tem vindo a desenvolver ao longo das décadas, e que tem a ver com o ressentimento que a população branca tem vindo a desenvolver face ao crescimento (em todos os sentidos, desde o demográfico ao cultural e sócio-económico) das outras "minorias" não-brancas. 

Parece-me razoável que a América branca, rural e industrial, envelhecida, que reside entre as duas costas se tenha empenhado em eleger o primeiro candidato em décadas a dar-lhes atenção e a prometer devolver a "ordem natural das coisas". Um péssimo propósito mas que terá valido milhões de votos, ao passo que muitos dos "indignados" com os insultos de Trump possam ter ficado em casa em vez de ir votar.

E daqui se pode passar para um terceiro conjunto de razões: as sondagens. Todas, sem excepção, falharam miseravelmente. Será que se as sondagens tivessem previsto o resultado que foi o final, a votação teria sido a mesma? Aposto que não, precisamente porque eliminaria o efeito anestético que as mesmas tiveram em gente que julgou ser garantida a derrota de Trump. 

Só assim se consegue perceber como foi possível que o candidato mais transversalmente hostilizado pelos média e celebridades americanas tenha conseguido chegar a presidente dos Estados Unidos, sobrevivendo inclusive a todas as suas mentiras, escândalos, insultos, plágios, declarações xenófobas, machistas e inflamatórias e à absoluta falta de propostas concretas e/ou exequíveis.




E agora, vem aí o Armaggedon? Não, é um "novo" Deal, estúpido!


Com todo o risco que prever o comportamento de alguém tão instável e egocêntrico encerra, eu diria que não, nem por sombras. 

Em primeiro lugar e desde logo, porque o presidente não governa sozinho. As escolhas que fizer para a sua entourage poderão ajudar a perceber qual será o "tom" inicial da sua presidência, mas para lá disso existem outras câmaras de poder que controlam a acção presidencial - e não será por serem dominadas pelo seu partido que terá carta branca para as suas loucuras.

Depois, porque Trump é um empreiteiro-sucateiro no seu máximo esplendor, um chico-esperto empreendedor com uma confiança inabalável em si mesmo e nos seus métodos "inovadores" para atingir os seus propósitos. Ou seja, é um homem de negócios e continuará a ser.

O seu discurso de vitória não lhe assenta minimamente, mas foi essencial tê-lo feito. Foi a tal faceta de businessman que se sobrepôs, porque era importante acalmar as bolsas e mercados financeiros, e também porque lhe caiu no colo uma missão para a qual não está nem remotamente preparado e até ele reconhece que vai precisar de muita gente - uma boa parte, já muitas vezes vítimas dos seus desvarios e insultos - para o ajudar.
No que ao resto do Mundo interessa, a política externa americana, é bem possível que os próximos anos sejam "diferentes", com o surgimento de novos alinhamentos e o quebrar de alianças antigas. É aqui que temo mais o seu ego e que possa reagir recorrendo aos seus instintos mais primitivos (quase todos, no caso dele). Não é de excluir que povos inteiros possam passar "um mau bocado" à custa da sua imprudência e impreparação - mas também, sejamos honestos, não há já neste preciso momento quem esteja a sofrer para lá do que seria humanamente aceitável? A diferença é o receio de que agora possamos ser nós. Resta-nos confiar na sabedoria e bom senso dos seus conselheiros, para que nenhum conflito regional possa alguma vez evoluir para uma escala mais perigosa para todos.

O discurso de Trump foi revelador em alguns aspectos, nomeadamente quanto ao caminho que ele entende ser o correcto para fazer a economia crescer: construir. Build, build, build, ou não fosse ele o Bob, o Construtor da vida real. Trump planeia reformar as infraestruturas da nação, aumentando assim o emprego e melhorando as condições de funcionamento da própria economia. Diz que é uma espécie de New Deal à la Trump, desta vez liderado por um "republicano" (read and weep FDR!). Só falta explicar um pequeno detalhe: onde vai buscar o dinheiro para todo esse investimento, conciliando isso com a prometida diminuição de impostos e consequentemente da receita federal. Lookout FED, Donald is coming for you (and your printing machines)! 




E afinal, nem tudo é mau.


Para lá do mais do que óbvio bónus que os americanos recebem ao ter a hottest First Lady ever (desde que o botox e o silicone se mantenham estáveis e intactos), não vamos ter que aturar Hillary Clinton. Tenho genuína pena pela oportunidade que se perdeu de ter uma mulher presidente, pelo progresso que representaria para a raça humana como um todo. Mas Hillary também não me parece bem uma mulher, nem um homem, mas something in between. Eu não gosto de Hillary, mas teria votado nela. Contrariado. E mentalmente, votei. Sobra-me assim agora um sincero alívio após as lágrimas da derrota. Queriam uma mulher presidente, que ganhasse as eleições com uma perna às costas, tivessem convencido Elizabeth Warren a concorrer, em vez de colocar Hillary à frente de tudo e todos. Mas se calhar, não queriam.


Seja como for, 8 de Novembro de 2016 entrará certamente na História como um marco significativo. De quê exactamente, é o que se verá daqui em diante. Eu gostava que fosse o grito de alerta que as outras nações democráticas ouviram com horror e lhes permitiu antecipar a proliferação de Trumps por este mundo fora. Que as incentivou, uma após a outra, a reformar os seus sistemas e os seus políticos e os redireccionou de volta para a prossecução do superior interesse do bem comum. Deixem-me sonhar, porque a realidade soa a pesadelo.

Imaginem se um dia Joe Berardo se candidata a primeiro-ministro e tem como opositora a Ana Gomes (kudos ao Jorge, Porta 19). Querem mesmo ser forçados a ter de escolher entre um dos dois? Ou correr o risco de Joe ganhar? Fuck U!



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



P.S. - O contrato proposto por Trump ao eleitor americano para os primeiros 100 dias da sua presidência, aqui. Se ainda não estavam preocupados, agora é uma boa altura para começar. Ah e tal que ele não vai fazer nada do que diz... ah e tal que ele jamais seria eleito...





terça-feira, 8 de novembro de 2016

A Psique do Lampião


"Pá, eu bem sei que o Bieira controla esta merd@ toda. Achas que nom sei que no ano passado tibemos o colinho todo? E este ano, quando foi preciso, nunca faltou ajuda? Eu sei, c@r@lho... mas tou-me a c@g@r! Esses morcões andaram trinta anos a ganhar com frutas e chocolates, mais os Calheiros e os quinhentinhos... foram décadas de gamanço! Por isso, agora é a nossa bez..."


Foi assim, textualmente, que não-acidentalmente grampeei uma conversa numa "mesa do lado". Eram evidentemente dois benfiquistas a conversar "ernestamente", num qualquer dia de Março deste ano do Senhor de 2016. Na paz da sua cumplicidade, no santuário da sua privacidade. Azar, estavam num espaço público. E a menos de dois metros de mim. Azar do carago. 




Não me atrevo a extrapolar daqui que todos os benfiquistas pensam assim. Creio até que muitos se recusam sequer a encarar a verdade de frente. Preferem viver na ilusão de um mundo que não existe. Mas não tenho dúvidas de que bastantes assim "pensam" - aqui as aspas são mesmo essenciais, pelo exagero da palavra. Pensar pressupõe, no seu sentido mais comum, reflectir e/ou raciocinar. Nenhum dos dois se verifica aqui. 

Talvez num sentido menos habitual (mas igualmente válido), se trate de imaginar. Aqui sim, poderemos vir a estar de acordo. Só mesmo imaginando que as três décadas de domínio esmagador a nível interno e de estrondosos sucessos a nível internacional do Porto se deveram às arbitragens é que se pode suportar que o nosso (Deus me livre!) clube agora "faça o mesmo". Pelo menos no que toca aos benfiquistas bem formados que, não tenho dúvidas, são uma imensíssima minoria dentro do seu universo.

Costuma ser ao contrário, mas neste caso foram 100 palavras que valeram por mais do que 10.000 imagens. De agressões sem punição. De penáltis a favor inexistentes. De penáltis contra por assinalar. De faltas a pedido e até mesmo sem pedir. De adversários incrédulos com as decisões arbitrais. De adversários que se enganam na baliza. De nomeações. E de avaliações. E de promoções e despromoções.

É esta a grande força do Benfica da actualidade. Mais do que os milhões de adeptos. Mais do que um treinador corajoso e um plantel razoável. É o seu predomínio na sociedade portuguesa e os favores ilícitos que dela beneficia. Em todos os sectores. La Piovra.




E não foi por acaso que troquei os "Vs" pelos "Bs". Por regra, não gosto de brincar com isso. Quis mesmo realçar que esta conversa a ouvi na minha Invicta cidade. Desconheço obviamente se os conferencistas são portuenses, mas do Norte são de certeza. Ráisosforniquem. Não percebo mesmo como é possível. Alienados, é o que são. Merecem tudo o que às suas terras lhes acontecer de mal, enquanto vítimas de um centralismo ignorante e bacoco.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor




segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Ele(s) Sabe(m) Lá o que é Ser do Porto


Ele sabe lá. Um antigo guarda-redes suplente, convencido de ter dotes de oratória (em terra de cegos...), armado em treinador. O suficiente para "o presidente mais titulado do mundo" apostar nele todas as fichas - as suas e as do clube, porque afinal preferiu assumir um prejuízo colossal para lhe oferecer uma equipa competitiva e "à Porto". À Porto? Ele sabe lá o que isso é.




Não tenho grande paciência ou interesse em demorar-me muito sobre o jogo. Dominámos de princípio a fim, com períodos de maior e menor intensidade, mas fomos a única equipa que quis ganhar o jogo e fez por isso. 

No papel, o onze inicial era muito ofensivo - em minha opinião, talvez até um pouco demais no caso de precisarmos de "ir ao banco" para reverter uma situação desfavorável - e os jogadores responderam à chamada. Sem grandes receios, procuraram o golo desde cedo e com a tal intensidade que tantas vezes nos falta. Antes de avançar, quero desde já dar nota da minha grande satisfação pela forma como todos se entregaram ao jogo e pela raça que demonstraram ter: eles sim, apenas eles, mostraram saber jogar à Porto.

Do outro lado, o Salgueiros (e que me perdoem os verdadeiros salgueiristas, aqueles com alma e que só têm um clube) do costume sempre que cá vêm. Queimaram tempo desde o início, entregaram-nos toda a despesa do jogo e limitaram-se a espreitar um eventual contra-ataque ou um lance de bola parada. Quase marcavam em cima do intervalo, sem nada terem feito para o "merecer". Já nós tivemos o golo nos pés de Corona e mais um par de boas oportunidades.

Na segunda parte pouco mudou. Retomámos o "assalto" desde o recomeço e a recompensa chegou quase de seguida. Boa jogada individual de Jota que rematou cruzado e viu a bola passar entre Éderson e o poste. Mais do que merecida a vantagem.

Depois, depois veio o Nuno (que pena não ter ido com o Pai Natal e o palhaço no comboio ao circo). E estragou tudo.

Para lá de discutir quem entrou e quem saiu, importa também perceber os sinais que enviou para dentro de campo com as substituições: a uns, "obrigou" a encolherem-se atrás e a desistirem de procurar o segundo golo; a outros, abriu-lhes a porta e deu-lhes o empurrão de que necessitavam (sem ele, não iam "lá") para se aventurarem em busca do empate. 

É para isto que um treinador do Porto serve? Ponham lá um macaco e uma banana um metro acima do banco, que pelo menos sempre diverte o público na sua tentativa de lhe chegar. E até nos arranca um generoso aplauso quando finalmente o conseguir.

Não, não é para isto. Hoje concluí em definitivo que Nuno Espírito Santo não serve. Pode até suceder um milagre (não, uma constelação deles) e acabarmos campeões. Pode até fazer um qualquer brilharete na Champions (not), ganhar a Taça ou a outra taça, que a mim já não me convence. 

Todos nós mudámos e Nuno também usufrui dessa prerrogativa - pode, de facto, evoluir até ao ponto de justificar ser aposta enquanto treinador do Porto. Pode, mas hoje, ontem e no dia em que foi contratado não o merecia - simplesmente não tem o que é preciso. O que lhe falta em qualidade sobra-lhe em fraldas. Nunca pensei ter um treinador mais medroso do que Jesualdo e no entanto... cá está ele. Aliás, basta ver o que Jesualdo fez repetidamente a estes lampiões.

E com isto chegámos, uma vez mais, a quem o contratou - Jorge Nuno Pinto da Costa. Sendo coerente com a minha conclusão sobre NES, devo dizer sem reservas que o presidente falhou o seu quarto treinador consecutivo. O quarto, senhores - sem contar com a manutenção do basco no segundo ano. E com isto afirmo: esta direcção deve cair quando Nuno cair

Já chega de sacudir sempre as culpas para os outros. Já chega de apelidar uns e outros de cobardes e depois não dar a cara nas derrotas (sim, hoje foi uma derrota). Já chega de delapidar o património material e imaterial do clube. Já chega.

Não estou com isto a defender a demissão prematura de Nuno, antes pelo contrário: deve ter a oportunidade de mostrar o que consegue fazer até final da temporada e nenhuma conclusão pode ser definitiva antes desse momento. Se for campeão, se formos campeões, chapéu: é porque conseguiu reinventar-se a tempo de recuperar de uma desvantagem de 5 pontos. Desportivamente, nada me fará mais feliz. Mas não invalida a conclusão a que agora cheguei e que reafirmo: hoje, ontem e no dia em que foi contratado, NES não o merecia nem o justificava.





Notas DPcA 

Dia de jogo: 6/11/2016, 18h00, Estádio do Dragão, FC Porto - SL Benfica (1-1). 


Casillas (7): Algumas defesas seguras e uma enorme a adiar o empate, onde nada podia ter feito.

Maxi (7): Foi o bom velho Maxi, mesmo sem o pulmão de outrora, quem hoje esteve em campo. Experiente, lutador e agressivo. Fez a sua parte até ao golo.

Alex Telles (7): Outra boa exibição a atacar e a defender, infelizmente marcada pelo lance capital, pois era ele quem estava com o marcador lampião no início do cruzamento. Não o vou martirizar porque não sei se estava a defender à zona ou deveria ter ido com o adversário. Deveria pois.

Melhor em Campo Felipe (8): Um dos seus melhores de Dragão ao peito, ao que ainda juntou aquele cerrar de dentes que nos enche a alma. Que seja para manter.

Marcano (8): E mais outra boa exibição, outra vez muito segura e eficaz. Siga.

Danilo (7): O dono do meio-campo, um monstro. Muito bem... até ao golo, onde também ele vacilou.

< 76' Óliver (7): Finalmente um pouco do Oli que me deliciou sob o comando do basco morcão. Sem a chaga mexicana do costume, aproveitou para se soltar e organizar jogo mais à frente. Não foi ainda brilhante, mas lá chegará. Com a vantagem de que agora também defende e bem. Tirá-lo do jogo foi o primeiro grande equívoco de NES (mas infelizmente, não o último).

Otávio (6): Foi-se abaixo com a lesão e ainda não retomou a sua estonteante "onda" inicial. Hoje foi menos do que a equipa precisava e seria o candidato mais óbvio a deixar o campo em primeiro lugar. Outro dos pecados de NES.

< 67' Corona (7): Teve grandes momentos na partida, alternados com outros de maior discrição. Não "podia" ter falhado na cara de Éderson, foi pena. Redimiu-se ao assistir para o nosso golo. O amarelo pode justificar ter sido o primeiro sacrificado, mas logo por azar aconteceu quando estava bem na partida. Não foi das piores decisões, porque a entrada de Rúben justificava-se, mas talvez Otávio devesse ter sido o escolhido naquele momento.

André Silva (7): Não marcou, mas jogou que se fartou. A sua juventude permite-lhe ser um poço de força, velocidade a que junta a qualidade técnica, a raça e a capacidade de choque. O protótipo quase perfeito de avançado (desde que também faça golos). Muito bom jogo, merecia outra prenda (parabéns menino) que não o ter também ele acorrido ao epicentro do lance do empate.

< 87' Diogo Jota (8): Recuperou a inspiração quando mais era preciso, azucrinou a cabeça à defesa lampiónica e marcou um belo golo. Não merecia ser traído pelo próprio treinador, cuja incontinência nos custou a vitória. 




> 67' Rúben Neves (6): Não entrou tão bem como no jogo anterior, mas lá se recompôs e ajudou a equipa como pode... até que Nuno os abandonou à sua sorte, sem avançados para pressionar adiantado e ameaçar a baliza contrária. É deprimente ver um jogador com a sua qualidade de passe a dar chutões para a atmosfera por falta de quem entregar a bola na frente. Esteve também na molhada do golo do empate.

> 76' Layún (6): Em minha opinião, o segundo pecado capital do treinador. Não pelo jogador, obviamente, mas porque não era o que a equipa pedia. Já tinha reforçado o meio com Rúben, adiantando um Otávio em sub-rendimento. Layún não é médio, por muito que jogue na seleção no meio. Não tem rotinas de médio, em especial quando se trata de um jogo tão sensível e emparelhado como são os jogos grandes. Fez muito mal em tirar Óliver, mas fez ainda pior ao trocá-lo pelo mexicano - a fazer a troca, só podia ser por Herrera. E já agora que aqui estamos, Layún não entrou mal. Ainda tentou esticar o jogo, mas sozinho com AS para lá do meio-campo, pouco poderia fazer. E naturalmente, acabou por se encolher mais atrás.  

> 87' Herrera (1): Teve a trágica "infelicidade" de fazer um disparate (quantos jogadores não chutam contra o adversário para ganhar lançamento?) no pior momento, sem dúvida também pela pressão que cada vez mais vai carregando em ombros, e do canto surgiu o empate. Foi responsável sim (mas não o único) por se alhear do canto, sorrindo alegremente em direcção à pequena área em vez de ficar próximo da zona de marcação. Há dias em que mais vale não sair do banco. Não é, Nuno?


Nuno Espírito Santo (0): Já me fui adiantando, pelo que sobram poucas achas para esta fogueira que nos consome e consumirá noite dentro. Montou bem a equipa (tendo em conta o que ela produziu durante 75 minutos), festejou o golo como um menino, só para depois estragar tudo com as substituições.

Se a primeira se aceita (mesmo duvidando muito que o "prazo" de Corona já tivesse expirado), porque a equipa se manteve equilibrada e ainda pressionante (mas menos), as duas últimas formaram sobre o Dragão uma tempestade perfeita, com o pobre do Héctor no olho do furacão.

Ao trocar Oli por Layún, colocando-o na meia esquerda e voltando a puxar Otávio para o meio, desta vez em algo parecido com um 451 ou 4141, a equipa perdeu o equilíbrio e encolheu-se perante os seus receios. E sobretudo perdeu aquela dupla capacidade do espanhol de defender e de organizar ataques. Lá começou (continuou?) tudo a recuar...

A machada final chegou com a saída de Jota, o único avançado sobrevivente para lá de AS, por troca com Herrera. Obviamente que o recém-entrado não teria condições para se encostar à defesa adversária quando o jogo se aproximava do fim e a equipa já não pensava em atacar (nem tinha como) e por isso a aposta foi num 4411 ou algo similar. Asneira total.

Para não correr o risco de não ganhar o jogo de forma inglória, tinha que ter tido tomates para continuar a jogar da mesma forma até ao fim. Eles até se poderiam aventurar nos últimos minutos, mas saberiam que ao mais pequeno deslize sofreriam o segundo e estariam pressionados por isso. O que NES fez poderia até ter resultado, com um pouco mais de sorte. Mas nunca seria satisfatório, porque ser do Porto não é isto. Os Portistas que estiveram no Dragão não mereciam. Não serve.




  
[Adenda]: Sobre a arbitragem do inefável Soares Dias e seus muchachos, não há muito a dizer para lá do óbvio: não gosta do azul. Ou gostando, tem outras prioridades bem mais vincadas, como por exemplo a possibilidade de uma carreira saltitante. Erro capital ao invalidar um golo por suposta mão na bola de Felipe aos 25 minutos, lance-fotocópia de um que sofremos em Alvadade: não pelo erro em si, que em minha opinião até se aceita, mas pela gritante diferença de critério, sempre em nosso prejuízo. E claro, a ridícula compensação, face a Setúbal por exemplo. Em conclusão, na arbitragem de hoje parece apenas haver um critério: em caso de dúvida (ou nem tanto), apitar contra o Porto. Tivéssemos nós uma direcção viva para combater estas coisas e quem sabe...

[Adenda 2]: Depois de rever o lance várias vezes, sou forçado a discordar (uma vez mais) deste tribunal de ex-árbitros. Porque o que deveria ter sido marcado era penálti por mão na bola de Mitroglou, que acontece antes do resto do lance que o painel analisa. Acho incrível como não se fala disto hoje, o grego está no ar e dá literalmente uma palmada na bola antes desta ressaltar na mão de Felipe. E aos 56' há um penalti por assinalar de Lindelof sobre AS por agarrão nítido da camisola.




Em relação ao Salgueiros de Rui Vitória (de novo, as minhas desculpas aos verdadeiros), limitaram-se a confiar na sorte e ela não lhes faltou. Quero que se forniquem todos, mais o abutre e a estátua do rei do tremoço.

Quem quiser, que se tranque no quarto de banho e se satisfaça compulsivamente com a justificação de que eles tiveram sorte e não fizeram nada por ela. Tiveram sorte sem fazer nada por ela, é verdade, mas também eram eles quem chegava ao Dragão sentados numa confortável vantagem pontual e sem dois dos seus jogadores mais influentes (Fejsa e Grimaldo) e outros mais no estaleiro de longa duração. Também foram eles que se viram forçados a queimar uma substituição por lesão - ironicamente, o cabeçudo que entrou foi o que nos tramou ao minuto 91 (queriam o 92, tinham de ter aguentado mais uns segundos). 

Nada do que alguém possa argumentar me convence. Foram as opções suicidárias de Nuno quem lhes deu o empate. Ponto final. 

Quase final. Porque desde que o jogo terminou já vi, ouvi e sobretudo li tanta estupidez supostamente portista a propósito de Herrera que não sei o que mais me entristece: se a burrice de quem culpa o mexicano pelo golo sofrido, ignorando que não foi ele quem decidiu entrar (e que, já agora, apesar do disparatada, a sua "jogada" apenas resultou num canto; o golo chegou depois, fruto de vários outros erros) ou o golo propriamente dito. Todos sabem o que penso de Herrera, mas não gosto de injustiças. E esta é uma, das tremendas.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aquecimento para o Clássico II


Nem só de originalidades vive um blogue. Há momentos em que mais vale reconhecer o que já foi (bem) feito e repeti-lo, com uns ajustes. Este é um desses momentos. Há pouco mais de um ano, quando ainda poucos conheciam o DPcA, escrevi sobre o clássico que se aproximava, tal como agora acontece. Nada tenho a acrescentar. Desfrutem e comentem.




"Será uma eventual surpresa para quem segue o DPcA com regularidade, mas este é o meu primeiro [agora segundo] Porto-Benfica. 

(Ou melhor, é o primeiro da persona Lápis Azul e Branco, o único e verdadeiro autor deste blogue, a quem pela primeira (e espero que última) vez tirei o teclado, mas que devolvo já a seguir, no próximo parágrafo. Aproveito que aqui estou para dar a conhecer a todos os leitores a Cartilha que define o blogue, que possivelmente terá passado despercebida a uma pequena maioria.)

É bem verdade, ó criador (já tiveste os teus 15 segundos de fama, por isso agora au revoir). Este vosso espaço Portuense e Portista abriu portas há precisamente cinco longos meses, com um post dedicado a uma das tristes figuras da actualidade e de quem me lembro sempre que o SLB perde e sobretudo, quando perde de forma dramática ou humilhante. Quem tiver curiosidade e a digestão feita, pode espreitar aqui.

Mas desta vez o imbecil até me foi útil, porque ilustra de forma magnífica um dos motivos porque temos que ganhar no domingo. Mais do que isso, temos que os massacrar até à exaustão, para que saiam do campo com o rabinho entre as pernas e os calções castanhos (tipo os nossos [de então], mas tingidos no momento).

Este e muitos outros imbecis como ele, ainda que com menos exposição pública, são indivíduos (peço desculpa por estar a humanizá-los, mas dá-me jeito para ilustrar a ideia) que nasceram e cresceram num Portugal ainda mais atrasado, ignorante e submisso do que o de hoje. Mas que, a dada altura, receberam o irresistível chamamento de se mudar para a capital Lisboa, onde rapidamente se transformaram em "lisboetas" de corpo e alma, mas apenas e só em tudo o que isso tem de medíocre e repugnante.

Preciso de fazer aqui uma nova interrupção ao "meu criado" LAeB porque eu gosto muito da cidade de Lisboa, onde aliás fiz grandes e eternas amizades, e não posso deixar de explicar a diferença entre a cidade e a capital, pelo que lhes peço um pouco mais de paciência e que me acompanhem durante mais umas linhas de prosa.

Tal como muitos outros da minha e seguintes gerações, também eu fui "convidado" a emigrar para a capital deste triste império de cartas carunchosas. Não da forma directa como o fez o [então] primeiro-ministro em funções, mas antes pela abismal diferença de oportunidades de trabalho e correspondentes remunerações. E como a grande maioria dos meus conterrâneos, cheguei lá de pé atrás (tão atrás que julgo tê-lo deixado no Porto), desconfiado de tudo e de todos, por tudo o que sempre ouvi dizer desde que me lembro. 

O que eu descobri com o tempo foi a coexistência de duas realidades paralelas, ao melhor estilo de Fringe

A primeira, a da cidade e dos seus justamente orgulhosos habitantes, desmentiu quase todas as minhas crenças como se de lendas se tratassem. Além de ser uma cidade lindíssima, as suas gentes são tão boas e tão más como em todas as grandes cidades. Os que são realmente lisboetas, amam a cidade que é sua e vivem-na com orgulhoso bairrismo (tal e qual como eu com o meu Porto). No fundo, como em qualquer outro lugar. 

(Importa dizer que emigrei ainda bastante tenro e, portanto, com os ideais ainda à flor da acne da pele.)

Já a segunda realidade, a das relações promiscuas, interesseiras e desavergonhadas que definem a capital do país, ultrapassou em muito os meus piores temores. Porque a teia é muito mais vasta, complexa e melhor organizada do que eu poderia supor. E porque se desenvolveu até um ponto de auto-suficiência, dificílima de quebrar, até porque se reforça a cada nova golpada que inflige na nação portuguesa. É um corpo parasita, que sorve os recursos de todo o país para seu quase exclusivo benefício (quase, porque vai deixando pelo caminho as suficientes migalhas para manter a absorta populaça de olhos no chão à procura da seguinte). 

E esta pouco tem a ver com a cidade de Lisboa e os seus lisboetas. Apenas se esconde nas suas entranhas e a usa como seu cartão de visita. É composta por "gente" dos quatro cantos do país que em comum tem apenas uma coisa: singrar à custa do trabalho dos outros. E não, não me refiro apenas aos políticos (nem a todos os políticos), a situação é muito mais gravosa. "Eles" estão em todos os quadrantes e pilares da organização da sociedade, estrategicamente colocados em cascata de favores e recompensas. E é esta a capital Lisboa a que me refiro, que abomino e jurei lutar contra. 

Lápis, it's on you again.


Começa a perder a piada, ó conspirador. 

Retomando e já agora aproveitando a prosápia, é contra esta capital que nós vamos jogar no domingo

Mas porquê, interroga o estimado leitor. Não há benfiquistas fora de Lisboa? Não haverá sportinguistas e portistas nessa realidade paralela que tanto abomina, insiste o caro leitor?

Sim, há e há. Tudo verdade. 

Para mim, ambos os da segunda circular representam o mesmo desfado. Acontece que o Sport Lisboa e Benfica é muito mais relevante e impactante do que o primo visconde e, desde que me lembro, é a instituição que publicamente melhor encarna essa promiscuidade que tanto abomino. Através da arrogância, da megalomania, da soberba e do intentado direito natural a vencer (ou a não pagar impostos, por exemplo)

Quanto aos que apoiam clubes de terras que não são as suas, já expliquei na Cartilha. E, por conseguinte, levam por tabela e só têm o que merecem.

E quantos aos portuenses prostituídos, bem, acho que acabei de dizer o suficiente. Venderam a alma, de portuenses já só lhes sobra a crosta bolorenta.

Uns como outros, só podem ter uma resposta da nossa parte. Não o ódio, como muitos apregoam. Nem sequer o desprezo, porque seria apenas facilitar-lhes o caminho e o objectivo é precisamente o oposto. A nossa resposta tem que ser VENCÊ-LOS, DERROTÁ-LOS, provar-lhes à saciedade que nós, o FUTEBOL CLUBE DO PORTO, não nos rendemos e nunca seremos subservientes ou coniventes com o status quo de outrora e que hoje LFV e seus lacaios intentam repor.

Por muito que nos queiram abafar, por muito que desejem acabar com a última bandeira livre, por muito que das nossas próprias fileiras desertem à procura do ouro fácil ou conspirem contra nós, não nos renderemos NUNCA.

E por isso, quero que os administradores comissionistas, os xaninhos, os bascos, as doyens, os platinis, os paineleiros e jornalixos se FOD*M TODOS, porque a mim só me interessa o Futebol Clube do Porto e o grito audaz da sua ardente voz enquanto farol da resistência a esta colossal corja parasitária. 

É por tudo isto que, dê por onde der, temos que VENCER o jogo no domingo. Porque também nós somos "Mais do que um Clube".


Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Ardor


P.S. - Sei que para muitos Portistas de Lisboa e de outros sítios que não da Invicta este texto pode soar estranho e até disparatado, mas é a minha expressão mais íntima e verdadeira de Portismo. Não pretendo que seja a única, é apenas a minha. E nem preciso que concordem, já me contenta que fiquem a saber que é assim. Não se exclui ninguém, cabemos todos nesta luta e todos nunca seremos demais. Excepto os mal-intencionados."




quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Novo Alex


Já parece distante o tempo em que Alex Sandro jogava de Dragão ao peito. Aquando da sua saída, fiz um artigo sobre as melhores duplas de laterais que tinham passado pelo Porto, que aliás recomendo a quem ainda não tiver lido - são pedaços da nossa história, e bem interessante por sinal.


Um braço no ar pelo golo, dois pela assistência...

Na realidade, só passou uma época e uns meses. Mas muita água turbulenta já correu por debaixo da nossa ponte e, portanto, tudo parece mais distante, em especial os tempos de alegria.

Ontem foi dia de Champions. Recebemos o Club Brugge KV e vencemos pela margem mínima. Missão cumprida (barely) e a confirmação de que temos um novo Alex em quem podemos confiar: o nome é Telles, Alex Telles.

O início do jogo revelou um Porto com vontade de fazer bem, mas desde logo se viu que NES nunca chegou a perceber qual a fórmula correcta para enfrentar uma equipa que joga com três centrais, alternando entre o 3-4-3, 5-3-2 e 3-5-2 conforme a situação e o momento do jogo. 

Sim, em minha opinião o jogo só foi tão complicado e sofrido até final porque o nosso treinador não teve arte nem engenho para descobrir o antídoto para a teia com que os belgas envolveram o nosso meio-campo e, consequentemente, os nossos processos ofensivos. Se a isto juntarmos a quási-absoluta inutilidade de Herrera, ficámos com duas equipas artificialmente equilibradas sobre o terreno de jogo.

Foi muito bom que o canto de Telles tenha encontrado a cabeça de AS (e do defesa) ainda antes do intervalo, garantindo assim uma vantagem que de outra forma sugeria ser complicada de chegar. Em resumo, foi mais do mesmo do que se tem visto. Se antes de Setúbal crescia a sensação de estarmos finalmente a encarreirar, agora são as dúvidas quem mais ordena.

NES disse no final que nos faltou eficácia para ter um resultado mais dilatado, coisa que não vi e que, portanto, não posso aceitar como válido. Vi sim uma equipa que nunca conseguiu controlar o jogo, optando por correrias desenfreadas campo abaixo sempre que recuperava a bola (onde é que eu já vi isto?) e, com isso, expondo-se à contra-resposta do Brugge. Acabámos o jogo com o credo na boca, mas a reza dos poucos milhares que estavam no estádio foi suficiente. Ganhámos, siga.


Pouca gente em dia de Champions


Notas DPcA 

Dia de jogo: 2/11/2016, 19h45, Estádio do Dragão, FC Porto - Club Brugge KV (1-0). 


Casillas (7): Por uma vez, foi mais jogador do que espectador e correspondeu com a categoria que dele se espera. Muito bem.

Maxi (6): Regresso antecipado a demonstrar que podemos contar com ele para as lutas que se avizinham. Não está no seu auge, obviamente, mas ainda tem cartuchos para gastar. Já a titularidade será outra questão, porventura menos consensual.

Melhor em Campo Alex Telles (8): Depois de um bom jogo contra o Arouca, eis que o regresso ao Dragão nos premiou com a sua melhor exibição desde que cá chegou. Muito activo em todo o flanco, foi dos que mais dinamizou os ataques e um dos poucos que foi à linha cruzar para a área. Num jogo tão afunilado, foi uma luz ao fundo do túnel. E claro, assistiu para o único golo da partida.

Felipe (6): Jogo seguro, mesmo se mais discreto e interventivo do que o do companheiro de sector. Cumpriu bem e isso é sempre bom.

Marcano (7): Outra boa exibição, muito segura e eficaz. Até tremo de pensar quando chegará a próxima Marcanada... é que as probabilidades começam a fazer pressão... até lá, aproveitemos.

Danilo (7): Boa exibição, com muito trabalho e muitas marcas belgas para contar a história. Teve um deslize importante, mas felizmente acabou tudo em bem.

< 62' Herrera (4): Não marca, não se desmarca, não acerta mais do que um passe em cada cinco. Um a menos em campo. Gostam dele? Façam-me o favor de o adoptar e de o levar para casa. Como nota de rodapé, informo os Herreristas que aplaudi de pé aquando da sua substituição - não pela substituição em si, mas para combater o coro de assobios do Dragão. Posso não querer que seja titular, mas não é por isso que não o defendo. Por isso, back-off you fools.


Alex, o Telles

Óliver (5): Pouco esclarecido e ainda muito recuado, colidiu várias vezes com Otávio. Não é culpa de nenhum dos dois, obviamente, mas marcou negativamente o desempenho de ambos. Acresce que fez um penalti que nos poderia ter custado a vitória. Com ou sem culpa, está longe de ser o Óliver que nos encantou a (quase) todos.

< 79' Otávio (5): A lesão quebrou-lhe o ritmo e a inspiração. Está mais apático e sobretudo menos capaz de resolver no um-para-um ou em tabelas. A parte boa é que já sabemos do que é capaz, pelo que é só esperar por dias melhores (e domingo será um dia muito bom para o seu "regresso").

André Silva (8): Desta vez não foi o melhor em campo, mas foi o mais decisivo. Fez o único golo do jogo e leva ponto extra por isso. Antes e depois desse momento, correu e lutou muito, como sempre faz.  

< 71' Diogo Jota (6): Continua pouco inspirado. O talento está lá, falta colocá-lo ao serviço da equipa. Andou quase sempre longe do jogo e não foi feliz nas combinações. Aposto que se está a guardar para o próximo jogo...

> 62' Rúben Neves (7): Mal entrou, o jogo melhorou. Começando pela qualidade de passe, evidentemente. Mas também pelo posicionamento muito menos aleatório e (H)errático. Desta vez acrescentou valor de forma clara, falta saber se o treinador também viu o mesmo...

> 71' Corona (6): Entrou determinado e teve um par de ocasiões para marcar e/ou assistir. No final, ficaram aqueles sprints campo fora e a vontade de querer fazer mais.

> 79' Layún (5): Não acrescentou nada de relevante que não fosse frescura física para aguentar os últimos minutos.

Nuno Espírito Santo (5): Eu sei que vencemos. Eu sei que nada era mais importante do que a vitória neste jogo. Eu sei. Mas permitam-me discordar de que "só" isso justifique nota positiva para o treinador. Não terá ele revisto o jogo de Brugge? Ou reviu e "apenas" não conseguiu encontrar solução melhor do que a que apresentou? Ou...? Ou...? Não sei, desta vez não houve desenho para explicar nada. Sobrou apenas uma exibição muito confusa da sua equipa, com os jogadores a sobreporem-se repetidamente sobre as mesmas zonas do terreno, constantemente cercados e quase sem tempo para pensar no que fazer à bola. Isto, meus caros, é o que defina a qualidade do trabalho do treinador. Dar (ou não) aos seus jogadores as ferramentas para conseguirem jogar à bola. É simples, carago. Ou talvez não seja.


"Todos de pé e com o credo na boca..." ou os minutos finais no Dragão

Outros Intervenientes: 


A equipa do senhor Michel Preud'Homme voltou a criar-nos muitas dificuldades, pese embora a considerável diferença de valores individuais. Ora isso só pode ser mérito deste senhor do futebol que em tempos teve um privilégio com que a maioria dos Portistas só pode sonhar: assistir in loco ao domínio avassalador do Porto. Por desconhecimento meu, não consigo destacar as individualidades do Brugge para lá do multi-facetado Bolingoli-Mbombo, um poço de força provido de alguma técnica.

Quanto à equipa de arbitragem liderada pelo espanhol Undiano Mallenco, podemos (finalmente) agradecer-lhe não ter visto a mão na bola de Óliver dentro da área, lance claro para penálti. Podemos também suspirar de alívio pela brandura com que puniu a entrada de Felipe, mas nisso foi coerente com a permissividade com que premiou os caceteiros belgas durante todo o jogo. Uma arbitragem com muitos equívocos.


As contas do grupo continuam em aberto para todos e apenas a vitória em Copenhaga nos dá garantias. A derrota deixa-nos praticamente fora e o empate adia tudo para a última jornada. Mas por agora chega de Champions. Agora é tempo de pensar em coisas sérias (bilhetes aqui). Até já.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



P.S. -  hoje é dia de Assembleia Geral do Clube. É fundamental que todos os sócios marquem presença e uma vez mais demonstrem que o clube é democrático e é nosso, dos sócios, de todos os sócios. E que não há espaço para pseudo-monarquias, oligarquias ou ditaduras. O Porto é Nosso e há-de ser! (permissão para continuar a cantarolar)