Supercaça ao Dragão

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Supercaça ao Dragão


Talvez seja por terem nome de um tipo de animal desde sempre martirizado pela caça, os caceteiros do Mota decidiram tentar mudar o seu fado e passarem de caçados a caçadores. E como não fazem a coisa por menos, quiseram começar logo por um dragão - ou melhor, quatorze deles, todos impecavelmente equipados com a coleccionável camisola dos 125 anos do FC Porto.




Desse-se o caso de se tratar de uma caçada, a coisa até se poderia tolerar (para quem aprecia a coisa, que não é de todo o meu caso). Acontece que se tratava de um jogo de futebol, com regras bem definidas e supostamente defendidas dentro de campo pelo senhor do apito. Ora deu-se também o caso de "aleatoriamente" ter sido escolhido para o evento o senhor Luís marcha-a-ré-a-ver-se-levo-com-uma-coisa-grande Godinho, uma nova-mas-velha raposa deste tipo de malabarismo de anti-Portismo primário.

O resultado prático foi caça aberta aos jogadores do Porto. Era raro o lance em que o avense não ia ao lance com dureza excessiva e à margem das leis do Jogo, mas como cedo se aperceberam da complacência do apitadeiro, toca de aviar à grande e à motense. Já quando o (ocasional) excesso de vigor partia dos campeões nacionais, o espírito benevolente desaparecia e dava lugar à intransigência e ao excesso de zelo que caracterizam um coiso com uma missão.

O polvo sujo dos sem-vergonha apostou forte na rapina da Supertaça e Godinho não lhes falhou - até impediu Sérgio Conceição de estar no banco no(s) primeiro(s) jogo(s) do campeonato e tudo - mas o querer e a qualidade dos nossos dragões conseguiu superar este duro mas nada inesperado obstáculo logo a abrir a temporada.

É triste abrir a temporada oficial deste blogue a falar de vigarices e outras imundices, mas não podia ser de outra forma: se dúvidas houvesse, aí está a prova inequívoca de que esta será outra época onde o futebol será muito jogado fora de campo e todos estes sempre inclinados a favor dos sem-vergonha e contra o Porto. Que ninguém se distraia, porque há um vigarista-mor com o trono em perigo e só a reconquista (re-roubo não ficava bem) do campeonato lhe poderá dar mais uns tempos sem a justiça à roda.




No meio desta caçada ilegal patrocinada por Luís Godinho, houve também um jogo de futebol. É verdade, houve mesmo. E nele, o Porto não conseguiu entrar forte, a impor a sua lei, permitindo ao vigoroso adversário alicerçar-se na rudeza dos contactos para ganhar bolas aéreas e segundas bolas, tudo bem orquestrado pelo carniceiro Mota (deve ser do apelido), que viu bem a falta de capacidade física de uma ala composta por Brahimi e Telles e a que nenhum dos médios acorria a preceito. Foi quase sempre por ali que o Aves construiu os seus lances ofensivos, alguns com muito mérito e alguma qualidade, diga-se. 

E foi assim, com alguma felicidade mas sem grande surpresa, que os avenses se adiantaram no marcador, após tabela no árbitro e um bom remate de Cláudio Falcão que não deu hipótese de defesa a Casillas. Brahimi repôs a igualdade cerca de 10 minutos depois, sem que também muito tivéssemos feito por isso. Mas deu-nos alguma tranquilidade para continuar à procura da melhor estratégia para chegar à baliza adversária sem entrar em desesperos precoces. Poderíamos ter feito outro golo antes do intervalo, mas, diga-se também que, antes e depois do empate, o Aves teve ocasiões flagrantes para voltar a marcar.

O que não correu bem foi a lesão do argelino, infligida por um amilton qualquer, que o obrigou a sair do jogo ao minuto 39, sendo substituído por Corona. O intervalo não nos poderia fazer mal e chegou em boa hora.

A segunda parte foi mais do nosso agrado, com maior pressão sobre o adversário e intensidade de jogo, mas não recomeçou logo assim. O Aves continuou apostado em não nos deixar sair com a bola no pé, marcando com três homens logo à saída da área e obrigando a bater as bolas para a frente - onde muitas vezes se superiorizavam nos duelos aéreos. Foi preciso começar a ganhar essas bolas e sobretudo a interceptar tentativas de saída para o ataque, para então começar a criar perigo real e a fazer recuar o adversário.

Ao minuto 57, a obra-prima de Godinho. Herrera é agredido (talvez até sem intenção, mas não interessa para o caso) ao ponto de ficar a sangrar do sobrolho, o cegueta do apito nada assinala, o Aves recupera a bola e lança um contra-ataque, Sérgio Oliveira faz uma falta normalíssima ainda no meio-campo ofensivo e é premiado com cartão amarelo. Sérgio Conceição não se conteve na verborreia e acabou expulso. Polvus Orelhudus Est. Magnífico.

Os jogadores sentiram a injustiça e trataram dar ainda um pouco mais de si e ao jogo, "movimento" de que Maxi Pereira foi e é quase sempre o expoente máximo, tendo desta vez indo um pouco mais adiante, marcando o golo da re(vira)volta. A partir daqui, o Aves quebrou mesmo sem desistir e passou a ser mais fácil gerir o jogo. O terceiro, da autoria de Corona, foi o ponto final na partida, numa altura em que já jogávamos apenas com dez, devido à lesão impeditiva do recém-entrado Soares.

Conquista justíssima do troféu que é mais do nosso do que todos os outros juntos, abrindo-se assim a temporada com chave de ouro. E com o tal aviso do que aí vem, também. Seguiremos fortes contra todo o tipo de adversários, como é do nosso feitio.





Notas DPcA 


Dia de jogo: 04/08/2018, 20h45, Estádio Municipal de Aveiro, FC Porto - CD Aves (3-1)


Iker (7): O golo a frio e sem possibilidade de o evitar não o impediram de ser decisivo ou travar um outro que parecia certo, numa altura crítica do jogo.

Melhor em Campo Maxi (8): A idade está lá, com a consequente menor velocidade, mas nada que não pudesse disfarçar com a sua imensa experiência. Foi capaz de ir e voltar, tudo bem doseado, até que numa das vezes fez o seu golo, após um bom lance colectivo. Tudo o que deu à equipa foram bálsamos de tranquilidade e confiança. O mais decisivo de todos para o resultado final.

Alex Telles (6): Já se viu um bocadinho do senhor Telles, mas ainda tem alguns quilómetros para percorrer até chegar ao seu normal. Defensivamente, foi muito massacrado mas resistiu quase sempre bem.

Diogo Leite (6): Boa estreia oficial, ajudando à conquista do seu primeiro troféu sénior. Teve alguns passes perdidos, mas nada que ofusque uma exibição segura e tranquila, quase fazendo esquecer que ainda agora cá chegou.

Felipe (6): Algumas hesitações de pré-época, uma e outra falta desnecessária, mas a segurança habitual. Vai melhorar, seguramente.

Sérgio Oliveira (5): Primeira metade muito fraca, sendo o principal "culpado" do falhanço colectivo da primeira meia hora. Recompôs-se mesmo sem brilhar, devolvendo alguma coesão e acerto ao meio campo. Tem de dar mais e ele sabe-o.

Herrera (6): Está mais bonito. O futebol dele, quero dizer. Mais seguro, mais confiante, menos errático. Será de efeitos tão duradouros com os da sua cirurgia facial?
 

Otávio (5): Voluntarioso mas pouco acertado, andou quase sempre pelo limbo exibicional mas deixou a sua marca no jogo na combinação que permitiu a Maxi fazer o segundo.

< 39' Brahimi (7): Estava em crescendo após o golo marcado quando foi abalroado e forçado a abandonar por lesão. Que recupere depressa.

< 75' Aboubakar (6): Foi a jogo com vontade de voltar a facturar seis meses depois, mas a verdade é que desperdiçou um par de boas ocasiões e o melhor que conseguiu foi uma boa assistência para Brahimi. 

< 71' André Pereira (6): Foi o Marega de ocasião, mas evidentemente que não o poderia substituir nas funções desempenhadas e que tão decisivas são para a forma de jogar desta equipa. Entrou solto e desinibido, mas nunca conseguiu verdadeiramente entrar no esquema ofensivo da equipa ao ponto de criar perigo. Ainda assim, boa participação de "emergência".

> 39'  Corona (7): Parecia que ainda não ia ser desta que respondia ao desafio do treinador, mas lá engatou e arrancou uma exibição convincente  (metade dela, pelo menos), coroada com um belo golo.

> 71' Óliver (6): Entrada positiva, já com o controlo do jogo em mente, mas nem por isso deixou de desenhar bons lances ofensivos, com destaque para o grande passe que descobriu Corona para o terceiro golo. Bem também na fase final, já com a equipa reduzida a dez, a saber esticar e segurar a bola longe da sua baliza.

> 75' Soares (-): Entrou para refrescar o centro do ataque mas nem quinze minutos durou. Outra arreliadora lesão após tantas outras, a lançar dúvidas sobre o que poderá ser o seu real contributo ao longo da época.

Sérgio Conceição (7): Conquista suada e justa, mas totalmente exigível e exigida. O Porto tem sempre de ser superior ao Aves e de o demonstrar em campo, ainda mais numa final. Desconta-se a ausência de última hora de Marega e o impacto que isso tem no jogo colectivo mas renova-se o alerta: é preciso alternativas a este "modelo" de jogo. Não só já é mais do que conhecido por todos os adversários nacionais, como há fortes probabilidades de nos vir a faltar o elemento-chave. E isso é função do treinador. Quanto ao resto, vamos com calma. O que interessa mesmo, para já, é ir vencendo os jogos, um após o outro, sem pensar muito na forma como o conseguimos. Mais adiante logo se verá.




Outros Intervenientes:



Já perceberam por certo que não sou fã de José Mota, em nenhuma das suas facetas. Reconheço que soube montar uma estratégia "esperta" para nos condicionar, mesmo se exponenciada pela ajuda do árbitro, o que valorizou a final e merece um elogio por isso. No campo, voltei a gostar de ver Rodrigo Soares e fiquei com curiosidade para saber mais de Cláudio Falcão. E sim, sonho com o dia em que alguém me vai contar a estória que levou os progenitores a nomearem o seu descendente de Mama Baldé. Ainda se tivesse uma vírgula a separar os nomes...

A arbitragem liderada por Luís Godinho foi mais do que fraca, foi tendenciosa e com o claro intuito de prejudicar seriamente o Porto. Não há por que usar de meias-palavras. Foi evidente. Se é com isto que nos contam impedir de chegar ao bicampeonato, parabéns, podem mesmo consegui-lo. Que vergonha, que descaramento, que nojo de futebol de vigaristas sem-vergonha.


Conquistado o primeiro troféu, há que saber tirar partido dos high spirits que daí resultaram, garantindo já no sábado a primeira vitória no campeonato. Terá de ser assim, vitória sobre vitória, para ir comprando tempo para a reconstrução desta equipa. Sim, terá mesmo de ser reconstruida, nos seus intervenientes e nos seus princípios, para voltar a ter sucesso. Vamos a isso.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



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