Há não muito tempo, houve quem tentasse justificar uma derrota inesperada com o vento. Sim, foi mesmo verdade. Como se as duas equipas não o tivessem de enfrentar (e dele beneficiar, na outra parte do jogo).
Pois bem, deixem-me que vos diga: ontem estava uma ventania tramada no Estoril (como a minha garganta não pára de me lembrar) e, mesmo assim, o Porto conseguiu virar um resultado desfavorável em apenas 45 minutos, contra o vento, alargando a vantagem para cinco pontos face aos muito-favorecidos perseguidores da Segunda Circular.
A intensidade e a determinação com que a equipa entrou em campo foram decisivas para a reviravolta, até porque o adversário deu a sensação de estar conformado com tudo o que de mal lhe viria a acontecer. Estranho, para quem está a vencer ao intervalo, mas em sintonia com as declarações de Ivo Vieira, muito duras e contundentes para com a sua equipa. Problema deles, anyway.
Não há muito para contar sobre estes 45 minutos de sentido único. Pressão intensa logo na saída de bola do Estoril e quase todos os duelos aéreos e segundas bolas ganhos no miolo. Recuperar a bola e partir de imediato para cima do Estoril.
Os golos surgiram com naturalidade e apenas a falta de pontaria inibiu o marcador de ser (justamente) mais ampliado. Cinco, seis, sete... qualquer um destes cenários se poderia ter verificado se a eficácia de Herrera, Marega, Hernáni e companhia fosse um pouco superior.
As más notícias do fim de tarde foram as lesões, em particular a de Alex Telles, pela possível gravidade e pela importância nuclear que tem no rendimento ofensivo da equipa. Alex, as tuas lágrimas são as nossas, nada temas: voltarás em breve e ainda mais forte! O mexicano Corona também fará falta, mas por certo regressará muito em breve, talvez até já em Portimão.
Para lá da atitude dos que estiveram em campo, impressionou-me ver, a poucos metros de onde estava sentado, todos os não-convocados a sofrerem e vibrarem com o que os companheiros iam fazendo em campo. E a sua paciente simpatia, no final, para atender a todos os pedidos de selfies e autógrafos (Daniiiilo, faz-me um fiiilho :-)). São detalhes, mas é de muitos detalhes destes que se faz uma equipa vencedora.
No final, melões e melancias (verdes e vermelhas) para todos os que sonhavam com uma resistência inquebrantável do pobre Estoril, que nem sequer sabe receber condignamente os seus visitantes, e a imensa alegria de quem tem consciência da importância que estes três pontos podem ter para as contas finais.
Notas DPcA
Dia de jogo: 21/02/2018, 18h00, Estádio António Coimbra da Mota, GD Estoril-Praia - FC Porto (1-3)
José Sá (4): Um peru de tamanho suficiente para alegrar o Natal de uma família numerosa e a intranquilidade que se lhe seguiu.
Maxi (6): Cumpriu discretamente em ambas as partes.
< 45' Ricardo (5): Primeira parte francamente abaixo do seu normal, à imagem do resto da equipa. Lesionado, não pode participar na reviravolta.
< 58' Alex Telles (7): Igualmente mal na primeira parte (ainda assim, dos melhores) e decisivo ontem ao marcar o primeiro golo. Saiu lesionado.
< 45' Reyes (5): Francamente mal, inseguro e a chegar tarde aos lances (a falta que deu origem ao golo estorilista é de sua autoria e perfeitamente desnecessária).
Felipe (6): Não comprometeu na primeira e ajudou ao assalto na segunda parte.
< 45' Danilo (5): Foi subjugado pela força do meio-campo canarinho na primeira metade. Lesionado na segunda.
Herrera (6): Mal na primeira parte, melhor na segunda, muito envolvido em todos os lances e na pressão ofensiva. Trapalhão mas a conseguir levar água ao moinho azul-e-branco.
< 45' Layún (5): Aposta falhada do treinador, não conseguiu ser mais do que medíocre naqueles primeiros 45 minutos.
< 45' Aboubakar (5): Outro que foi forçado a falhar a segunda parte por lesão e não ficou com saudades do que (não) fez na primeira, com destaque para o golo desperdiçado à boca da baliza.
< 45' Layún (5): Aposta falhada do treinador, não conseguiu ser mais do que medíocre naqueles primeiros 45 minutos.
Marega (7): Foi o rei do desperdício na primeira metade, mas ajudou decisivamente à reviravolta, mesmo sem marcar.
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> 45' Iker (6): Com pouco que fazer, disse "presente" nos momentos em que foi chamado.
> 45' Marcano (6): Pouco trabalho mas atento e rápido a anular as investidas adversárias.
> 45' Sérgio Oliveira (7): O cérebro da equipa, num jogo onde esse órgão até parecia ser dispensável. Mas não era, foi importante para ir pautando os movimentos e na disputa de bolas no meio.
> 45' < 77' Corona (6): Alguns bons movimentos mas pouco inspirado, até que saiu por... (sim, adivinharam) lesão.
> 45' < 87' Brahimi (6): Ainda na fase lunar, tentou agitar as águas desde o primeiro apito. Mesmo desinspirado como anda, é sempre uma fonte de preocupação para um par de adversários. Uma picardia quase lhe custava a expulsão...
foto Lusa |
> 45' Melhor em Campo Soares (8): Só chegou para o segundo andamento mas muito a tempo de ser, uma vez mais, o mais decisivo para o resultado final. Dois golos fruto de um bom posicionamento para encostar. Está num grande momento.
> 74' Dalot (6): Depois de estreia, uma chamada inesperada pela lesão de Alex. Adaptou-se bem ao jogo e ao lado contra-natura, cumprindo sem deixar mácula, como se já andasse nisto há muito tempo.
> 77' Hernáni (5): O lance em que remata em vez de tentar o passe para um dos dois companheiros isolados no centro da área define-o na perfeição: quer fazer tudo de uma vez e acaba por não fazer nada de jeito. Cabecinha...
> 87' André André (-): Nada a declarar
Sérgio Conceição (7): Bem, Serginho, muito bem. Os jogadores foram exactamente aquilo que deveriam ter sido e esse mérito tem de ser partilhado contigo. Excelente. Agora tratemos de não borrar a pintura em Portimão, ok?
Outros Intervenientes:
Diferença do dia para a noite na prestação do Estoril, tão fraquinha que nem Evangelista escapou a mediocridade.
Arbitragem complicada e polémica de Vasco Santos e sus muchachos (VARes incluídos), dada a pressão intensa do Porto e os muitos lances no limite do fora-de-jogo. No estádio, não festejei nenhum dos dois primeiros golos antes que o VAR os confirmasse, pelas naturais dúvidas quanto à legalidade dos lances. Recorrendo depois à televisão, eis a minha opinião:
- Golo de Alex Telles: fora-de-jogo. Mesmo sem tocar na bola, Soares e até os demais que se faziam ao lance claramente condicionam a percepção que o GR tem do lance e a forma como a ele se fez. Admito que esteja coberto pela letra da lei, mas para mim, que vejo futebol há muitos anos, é offside e não deveria ter sido validado. E não, não me esqueço da forte probabilidade de os "rivais" já terem beneficiado de muitos lances idênticos. Mas eu não quero ser como eles, certo?
- Golo de Soares: golo limpo, sem mácula, Soares está atrás do penúltimo defesa.
Dito isto, não faltará quem conclua que o Porto foi beneficiado de forma decisiva para conseguir a vitória. Eu discordo. Pelo mesmo motivo de já ter visto muito futebol, infiro que a postura de ambas as equipas indiciava uma única e a mesma coisa: o Porto ia marcar e virar o jogo seria uma questão de tempo. Em todo o caso, fomos beneficiados com a validação de um golo irregular. Uma pequena gota que se dilui de imediato no oceano de benefícios decisivos (esses sim, que têm valido pontos) de que Sporting e Benfica têm beneficiado.
Agora, há que ir a Portimão buscar mais três pontos e assim consolidar esta vantagem, para que na jornada seguinte estejamos em condições de mandar um dos dois perseguidores às malvas. Vamos lá, malta, não se distraiam com o quentinho bom dos nossos Algarves.
Do Porto com Amor,
Sabes o que influenciou?
ResponderEliminar!
Abraço
Estou indeciso, entre o Silva e o Iker :-)
EliminarCaro Lápis, antes do jogo apoderou-se de mim uma inusitada ansiedade e tal nervosismo que por certo teriam reflexo no consumo desmesurado de tabaco que decidi não ver os 45 minutos que faltavam. Pelo que vi nos resumos e ouvi dos diversos comentadores foi uma vitória não só justa como o resultado peca por escasso tão avassaladora foi a superioridade do FC Porto.
ResponderEliminarO primeiro golo do FC Porto será susceptível de alguma polémica, facto é que o guarda-redes do Estoril nas declarações no final do jogo não se referiu ao lance antes reconhecendo a superioridade do FC Porto e a justeza da vitória. Como seria de esperar, este lance polémico terá uma ampliação directamente proporcional à azia, falta de vergonha e moral dos nossos "amigos" e rivais, problema deles. Siga para Portimão, um jogo à partida difícil onde se espera a mesma entrega e intensidade da nossa Equipa e claro, mais uma vitória, assim seja.
A boa notícia do dia, as lesões de Corona e sobretudo de Alex Teles não têm a gravidade que se supunha, ainda bem.
Um abraço
Sim, foi de sentido único mesmo e o resultado pecou por escasso; de tal forma, que nenhum possível erro de arbitragem teria mudado o desfecho final.
EliminarABRAÇO
o primeiro golo sao interpretações, soares nao esta fora de jogo e tera sido o unico a quem o gredes do estoril prestou atençao. Se como dizem no fim dos campeonatos o deve e haver nos beneficios sao equiparados entre os chamados grandes, ja temos o campeonato no papo e por larga margem
ResponderEliminarÉ um lance difícil de analisar e nunca consensual, para mim é offside. Quanto aos saldos, claro que sim: temos ainda muito "a receber" face aos outros dois.
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