Feira da Vergonha

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Feira da Vergonha


Seria preciso recuar muito no tempo para recordar algo semelhante com o que se passou ontem na simpática cidade de Santa Maria da Feira. Não que não seja prática corrente sermos espoliados sem apelo nem agravo. Quem não se lembra disto? Ou disto? E claro, disto?




São muitos e maus os exemplos recentes. Em todo o caso, jogos "conduzidos" da forma que ontem presenciei no reduto do CD Feirense são (felizmente) uma raridade. Já se sabe que os nossos adversários têm sempre incentivos extra à sua espera no caso de nos "roubarem" pontos, mas o mesmo não se pode esperar nem aceitar de uma equipa de arbitragem: que vá para o campo com o propósito de nos roubar (aqui sem aspas) pontos.

Foi simplesmente indigna e intolerável a forma como Fábio Veríssimo e restante quadrilha tentaram, por todos os meios, impedir o Porto de sair da Feira com os três preciosos pontos. São tantos e tão gravosos os erros, que vou deixar o detalhe para a "secção" de arbitragem, ali mais abaixo no post.

O que não quero é falar sobre o jogo, sobre a forma como ambas as equipas se comportaram, sem antes deixar bem vincado que de mais importante aconteceu neste jogo teve a ver com a arbitragem. Perante tamanha adulteração de um jogo de futebol, o próprio torna-se - infeliz e obrigatoriamente - secundário.

Não podemos continuar a permitir que isto volte a suceder impunemente. É muito bonito (e necessário) denunciar o modus operandi deste polvo orelhudo e vigarista, mas urge agir de imediato - para que no final não nos fiquemos a lamentar, uma vez mais, de ter sido a gatunagem a impedir-nos de chegar ao título.

A certa altura do jogo, fiquei totalmente transtornado, fora de mim e quase sem controlo, ao ponto de ter admitido saltar para dentro do campo e fazer não sei bem o quê. Um estado de fúria de que não me orgulho e muito menos recomendo, mas que tem causas e causadores bem identificados.

São anos a fio a ver os outros comprarem o que não pode ser comprado, festejarem o que não mereceram conquistar, perante um silêncio comprometido das instituições que deveriam zelar pelo bom funcionamento das competições e da própria sociedade.

As coisas estão a chegar a um ponto que poderá ser sem retorno, em que algo ou alguém vai perder por completo o controlo e a razão e cometer uma loucura. Acreditem, não falo apenas pelo que senti, mas por todos os que vi à minha volta. Sim, é apenas um jogo de futebol, mas é também a dignidade de cada um que está em causa. O ser filho de boa gente.




Sobre o jogo jogado, deixo apenas algumas notas.

Num campo difícil, pelas dimensões e pela má qualidade do relvado (agravada ontem pela chuva), entrámos no jogo com um onze ofensivo, apenas com os dois médios da praxe nestes contextos. O problema é que, até que Óliver entrasse aos 57 minutos, na prática tivemos apenas um médio e um... deflector. André André fez um jogo muito, muito fraquinho, pouco eficaz a defender e uma perfeita nulidade a construir, incapaz de tentar um passe de ruptura, que desbloqueasse uma jogada. Ao invés, sempre para o lado e para trás, sem nada acrescentar.

O resultado prático foi uma grande dificuldade em furar a muralha defensiva do Feirense, muito recuada e determinada a parar-nos por todos os meios, perante a complacência da equipa de arbitragem. Faltava imaginação e ousadia para desposicionar os caceteiros entrincheirados no seu meio-campo. Ainda assim, fruto da qualidade individual dos nossos, fomos construindo algumas situações de perigo, acabando por marcar pelo inevitável Aboubakar, após recuperação na raça de Brahimi sobre a lateral.

Parecia estar finalmente desbloqueado o jogo, mas, nem cinco minutos volvidos, consentimos o golo do empate. Livre idiota provocado por AA, bola para a área e Felipe muito mal batido por Luis Rocha, o marcador. É certo que há um toque do feirense nas costas do brasileiro, mas não me parece suficiente para o isentar da responsabilidade do péssimo tempo de abordagem ao lance. Tudo empatado, outra vez.

Sentimos em demasia o golo, porque tardamos em responder à altura. Custou-nos a reactivar a máquina, o Feirense recuou ainda mais e foi sem surpresa e com muita apreensão que se chegou ao intervalo com tudo na mesma.

O aquecimento intenso de Óliver durante o descanso deixava antever uma possível entrada logo no recomeço, mas Sérgio Conceição optou por prolongar o voto de confiança aos mesmos onze. Durou 12 minutos esse prolongamento, tal era a evidência de que nada tinha mudado. Com a entrada do espanhol, passámos finalmente a jogar com "onze" jogadores, com dois médios de corpo inteiro, e foi notória a melhoria da qualidade e da variedade do nosso jogo, ainda que não tenha sido uma transformação radical.

O tempo avançava sem "novidades" e o treinador lançou Tiquinho para o lugar do apagado Corona, que oscilou entre o meio e o flanco esquerdo, missão quase espelhada à (nova) de Marega. A pressão intensificou-se e finalmente cheirava a golo. Por ironia do destino, foi o "mau-da-fita" Felipe a marcar o golo da vitória, uma cabeçada imparável após (mais um) canto de Telles.

Ainda espreitamos o terceiro golo, mas na cabeça dos jogadores já só reluzia uma ideia: defender a vantagem com todas as suas forças. Ideia que se amplificou por mil quando Felipe foi expulso aos 84 minutos. A partir daí, já com Layún a ajudar, foi fazer das tripas coração e aguentar estoicamente a vantagem. Apesar de todas as tentativas da arbitragem.

Vitória importante que, cerca de uma hora mais tarde, nos confirmou como os justíssimos e isolados líderes do campeonato. Contra tudo e contra todos, outra vez sem aspas.





Notas DPcA 


Dia de jogo: 03/01/2018, 20h15, Estádio Marcolino de Castro, CD Feirense - FC Porto (1-2)


José Sá (6): Sofreu um golo sem nada poder fazer para o evitar e quase mais nada a não ser estar atento. E foi bravo, como todos os demais.

Ricardo (6): Não se ligou da melhor forma com Corona, mais por culpa do mexicano, mas nunca desistiu de tentar perfurar, pecando essencialmente nos (maus) cruzamentos. Deve também rever a sua concentração quando se trata de "aliviar", para evitar calafrios desnecessários. E foi bravo, como todos os demais.

Alex Telles (6): Jogo menos conseguido, com várias falhas de concentração e de execução, em especial na primeira parte, o que não lhe retira a habitual importância no jogo colectivo. Mais uma assistência, outra vez de bola parada. E foi bravo, como todos os demais.

Marcano (6): Algumas falhas pouco habituais e muita luta e empenho. Soube comportar-se como capitão, assumindo a dianteira na contestação ao desvario de Veríssimo. E foi bravo, como todos os demais.

84' Felipe (5): Quase acabava como herói absoluto, ao marcar o golo da vitória. Que o foi, em certa medida, porque o resultado não mais se alterou. Mas o seu jogo fica marcado por vários erros e hesitações, a maior das quais no golo do empate. A expulsão é injusta, mas a sua abordagem foi demasiado imprudente para quem já estava amarelado. Pelos vistos, o tempo de banco não lhe serviu para amadurecer. E que tal mais umas semanas por lá?

Danilo (6): Bom jogo no capítulo defensivo, considerando que teve de fazer quase tudo sozinho durante uma hora. Talvez por isso, quase não teve oportunidade de subir, de progredir com bola como tanto gosta. Mas foi uma exibição sólida. E foi bravo, como todos os demais.

< 57' André André (4): Uma perfeita nulidade em campo, um verdadeiro discípulo de NES no jogo de ontem. A rever, com muita urgência.

< 65' Corona (5): Pouco inspiração e ainda menos concentração, deixando escapar muitas bolas ao seu alcance. Quis ajudar, quis fazer a diferença, simplesmente não o conseguiu. Mas foi bravo, como todos os demais.

Melhor em Campo Brahimi (8): Este é mesmo outro Brahimi, não tanto pelo futebol mas pela atitude. O primeiro golo é um exemplo notável, tendo ido ganhar uma bola já perdida para depois descobrir Abou dentro da área. Mas fez mais, muito mais. Foi efectivamente quem mais conseguiu assustar e desequilibrar os feirenses, tentando novo golo de antologia. E já perto do fim, tornou-se no embaixador de ocasião de todos os Portistas, ao esfregar nas fuças do árbitro que nada nos iria derrubar - muito menos ele. Foi bravo, bravíssimo: um pouco mais que todos os demais. VAMOS GANHAR CARAGO!



Marega (6): Não foi o seu dia, embora tenha feito por isso. As fintas e os passes nunca lhe saíram na perfeição, pelo que teve de se contentar com o papel secundário de ajudar no "esforço de guerra". Secundário, mas muito importante. E foi bravo, como todos os demais. 

< 80' Aboubakar (7): Mais um golo para a sua conta pessoal e mais um par deles desperdiçados. É assim o nosso Vincent, nada a fazer. No resto, lutou muito e procurou segurar e tocar, mas havia quase sempre demasiada gente "inimiga" à sua volta. E foi bravo, como todos os demais. 

> 57' Óliver (6): Entrada que imediatamente se fez sentir, tal a inoperância de quem foi substituir. Acrescenta clarividência e poder de passe ao nosso jogo e ontem isso foi importante para fazer sentir algum desconforto à acantonada equipa adversária. E foi bravo, como todos os demais.

> 65' Soares (6): Sentiu dificuldade para entrar no ritmo do jogo, mas lá o conseguiu fazer e ajudou a equipa a chegar ao golo da vitória, ao ser mais um a desbravar terreno e a desgastar os adversários perante tantas "frentes" de batalha. E foi bravo, como todos os demais.

> 80' Layún (6): Foi bravo, como todos os demais.


Sérgio Conceição (6):

Não posso estar satisfeito com o jogo que a equipa fez, mesmo descontando todo o prejuízo arbitral. Jogámos q.b. para garantir os três pontos, mas sabe-se que q.b. raramente nos chega nas competições nacionais. E foi o próprio treinador quem desafiou a sorte, ao fazer sentar Reyes que tão boa conta de si vinha dando desde que ocupou o lugar de Felipe. 

Para seu e nosso azar, Felipe esteve particularmente mal, sendo réu maior no golo sofrido, além de vários outros pecadilhos. Que tenha sido Felipe a marcar o golo da vitória é apenas coincidência - uma muito feliz, obviamente - que em nada justifica a saída de Reyes da equipa, em minha opinião. Queria fazê-lo, esperava por um jogo em casa, onde há sempre muito mais força para recuperar de resultados adversos. 

Por outro lado, cedeu e dispensou AA ainda em bom tempo, dando a Óliver a mais do que justa oportunidade. E aí "redimiu-se", dando à equipa novo fôlego para ganhar o jogo. No final, trouxemos os indispensáveis pontos para o Dragão e é isso que fica para a história do campeonato.



Outros Intervenientes:



O Feirense de Nuno Manta é um clube modesto e ontem fez-se ainda mais pequenino, pela sua forma de actuar. Quando assim é, para quê destacar algum bom jogador como Tiago Silva? Nem vale a pena.


Arbitragem miserável, aliás inqualificável, de tantos e tão gravosos os erros de Tiago Veríssimo, Paulo Soares e Paulo Brás.

Cronologia de um crime:
32' - Kakuba tem entrada violenta sobre Brahimi merecedora de cartão vermelho, mas apenas foi advertido
35' - Etebo entrou de forma violenta sobre Ricardo, novo vermelho por mostrar, desta vez nem falta foi assinalada
52' - Lance de penálti sobre Marcano, com ou sem intenção, o certo é que o defesa feirense acertou no espanhol e não na bola. Viva o VAR Paixão, já agora.
68' - Tiago Silva deveria ter sido expulso por acumulação de amarelos
78' - Soares é punido com amarelo por suposta simulação, mas na verdade foi bem "tocado" pelo adversário
85' - Felipe é imprudente na abordagem mas não acerta no adversário, jamais deveria ter sido expulso com segundo amarelo.
95' - Marcano sofre falta dura, não assinalada, e protesta com o árbitro enquanto o jogo decorre e a bola sai pela linha lateral. O árbitro, nesse momento após a saída da bola, decide advertir Marcano e... inventa uma falta no sítio do protesto, como se a bola estivesse em jogo. Um livre perigosíssimo inventado, numa derradeira tentativa de agradar ao dono.

Quem me conhece sabe que era, até ontem, defensor deste árbitro, ao contrário da maioria dos meus consócios. Depois deste jogo, e até prova em contrário, Tiago Veríssimo ou é terrivelmente incompetente ou está terrivelmente condicionado ou é vigarista. Em qualquer dos casos, não pode ser árbitro de futebol.


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Depois deste jogo, nada pode ficar como dantes.

A nossa paciência, para começar. Em todos os jogos que estão por disputar, a pressão vai ser imensa e as bancadas não vão ter contemplações perante qualquer decisão que aparente ser errada.

A postura do Clube, para continuar. Há que fazer, falar, acontecer, antes que seja tarde demais.

A tranquilidade da equipa, para terminar. Os jogadores, mais do que nós, sentem o que se passa dentro de campo e tendem a exacerbar comportamentos se os considerarem premeditados. Tenho muito receio que percam a cabeça (muito) mais vezes. É fundamental fazer um sério trabalho psicológico com o grupo.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




5 comentários:

  1. Resumo isto tudo com dois parágrafos:
    - Se há quem ainda pense que a vergonha ainda não se perdeu para os lados do Polvo, o jogo de hoje tirou todas as dúvidas. Agora faz-se tudo, mas mesmo tudo, às claras.
    - Apetece-me dizer que ESTE é que FOI o JOGO do TÍTULO.

    Espero estar certo na última frase. :)

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    1. Infelizmente não foi. Nem será, até que matematicamente fique confirmado. Todos os jogos, especialmente os fora de casa, prometem ser épicas batalhas. Teremos de ser mesmo muito fortes para lhes sobreviver. Ontem deve ter sido uma amostra grátis do que nos espera...

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    2. Acredito sim senhor, acredito sim senhor, acredito sim senhor, acr (...) or

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