Análise da Época 17/18: Parte Um - Desempenho Colectivo

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Análise da Época 17/18: Parte Um - Desempenho Colectivo


Até parece mentira, mas é a primeira vez que neste blogue faço uma análise de época enquanto campeão nacional. Muito já escrevi sobre os porquês desta verdadeira anomalia, pelo que agora me focarei exclusivamente na análise ao desempenho da equipa de futebol sénior do Futebol Clube do Porto na época 2017/18 recém-terminada.




Como é habitual, esta análise será divida em partes, três para ser mais preciso. Nesta primeira, vamos analisar o desempenho colectivo da equipa. Nas seguintes, o foco estará sobre os comportamentos individuais dos jogadores, nomeadamente na sua utilização ao longo da temporada, na produção ofensiva, nos pontos DPcA acumulados e, por fim, um olhar isolado sobre os reforços (incluindo regressados de empréstimos).

Também habitual é a utilização de dados estatísticos como base destas análises, cujo tratamento e ordenação permite posteriormente a construção de ideias, raciocínios e extrapolações, estes sim, sempre com um inevitável cunho de subjectividade.

Feita a introdução, vamos então à primeira parte da análise, o desempenho colectivo.


Parte Um - Desempenho Colectivo


Fortemente condicionado pelo fairplay financeiro (FFP) da UEFA, a temporada começou praticamente sem nenhum investimento em novas contratações: a única que houve foi Vaná, que jogou 80 minuto no último jogo em Guimarães apenas para ser campeão. 
Em Janeiro, houve a possibilidade e a necessidade de reforçar posições debilitadas no plantel, chegando Waris e Gonçalo para a frente de ataque, Paulinho para o miolo e Osório para o centro da defesa. A expectativa, sem ser extraordinária, era razoável de que estes reforços se confirmassem como tal. 
No entanto, o que se verificou foi que nenhum passou a ser opção regular de Sérgio Conceição, limitando-se a utilizações esporádicas e quase sempre forçadas por ausências dos habituais escolhidos.
Em boa verdade, não fosse pela profundidade que se acrescentou ao plantel pelo aumento simples da quantidade, ficaria a dúvida se não teria sido melhor nada fazer. Danilo lesionou-se uma e duas vezes e nunca houve substituto com o mínimo de "semelhança".

Logo no início da segunda volta, na meia-final da Taça da Liga em Braga, Danilo saiu lesionado ainda nos primeiros minutos da partida. Estávamos de início de Janeiro, mas nem assim foi possível recrutar um substituto. Podem alguns congratular-se pela ideia de que ainda assim fomos campeões, mas lembrem-se dos jogos com o Liverpool, como maior exemplo, da falta que "um" Danilo nos fez.

No final, a verdade é que acabamos a celebrar a conquista mais desejada, o Campeonato, apesar de termos falhado nas taças internas, que no entanto mais não são do que cerejas no topo do bolo da Liga; isoladas, sabem apenas a prémio de consolação.

Pelo feito e por tudo o que lhe está subjacente, Sérgio Conceição é o maior vencedor da temporada. Chegou com poucos créditos, sem títulos que lhe suportassem a competência, mas não se deteve por isso. Nem pelo garrote financeiro que o Clube lhe impôs. Pegou nas que tinha à disposição, limpou-as, deu-lhes um novo brilho e foi à guerra com elas. Após os altos e os baixos que todos conhecemos, acabou por cima, em primeiro - e nós às suas costas. 

Escrevi na análise intercalar que "a aposta era de risco" mas que desta vez parecia seguro dizer que era acertada, acontecesse o que acontecesse até final da época, no entanto, "só a conquista da Liga o confirmará em definitivo como treinador de topo".

Está conquistada a Liga e confirmado o treinador de topo. Venha de lá o próximo capítulo da saga.






LIGA NOS


Começou de forma inusitada a nossa segunda volta do campeonato, na Amoreira, com o jogo a não ser retomado após o intervalo por suspeita de falta de condições de segurança numa das bancadas. Muita tinta correu sobre o caso e consequências (ainda estamos à espera delas, não é verdade?), mas o que foi factual é que ficámos com um jogo em atraso, cedendo assim a liderança na Liga. Mesmo se à condição, o factor psicológico poderia ter causado danos mais sérios.

Seguimos caminho vencendo o Tondela em casa e assim aproveitamos a escorregadela do Sporting em Setúbal para retomar o primeiro lugar, mesmo com um jogo em atraso. No entanto, na jornada seguinte deu-se o primeiro dos três desaires da segunda volta, um frustrante empate em Moreira de Cónegos após um jogo mal disputado mas que teríamos vencido mesmo a terminar, não fosse por mais uma má decisão arbitral.

Nas seis partidas que se seguiram tudo correu de forma perfeita, porque garantimos outras tantas vitórias, incluindo a revira-volta no Estoril e a recepção ao Sporting. À sétima partida, descansamos. E perdemos pela primeira vez nesta competição. Foi em Paços, após outro jogo mal e pouco jogado, graças ao anti-jogo primário do visitado e à terrível falta de eficácia dos nossos.

A equipa tremeu, mas segurou-se. Ou assim parecia, com a vitória no derby da Invicta. Na deslocação a Belém, nova derrota e liderança perdida com a meta já à vista. Foi o ponto mais baixo da época, mas que segundo testemunhos da equipa, foi também o momento decisivo e que os convenceu da necessidade de vencer na Luz. Assim foi, graças a um golo de Herrera já perto dos descontos. Justiça poética, em vários sentidos.

A partir daí, "só faltava" ultrapassar o Marítimo em sua casa, o que também foi conseguido ao cair do pano, após outra exibição cinzenta. O que se seguiu foi a confirmação do título e os festejos a ele associados. Uma festa muito bonita, porque autêntica e há muito desejada.


TAÇA DE PORTUGAL


Tudo parecia estar bem encaminhado para o regresso ao Jamor após a vitória caseira pela margem mínima frente ao Sporting. Antes disso, despachamos Moreirense num jogo com pouca história. O problema deu-se na segunda mão, onde claramente não entramos com a mentalidade nem com a estratégia certas para garantir um lugar da final. Expusemo-nos à sorte e acabamos por ter azar, quer no golo sofrido, quer nas grandes penalidades (uma vez mais). Para mim, foi mesmo a pior "exibição" de Sérgio Conceição em toda a temporada. Uma lástima.


TAÇA DA LIGA


Começo por registar a melhoria significativa do desempenho nesta prova face às épocas anteriores. Não só vencemos (e convencemos) o nosso grupo, como tivemos a postura correcta na meia final frente ao Sporting. O que correu mal? A lesão de Danilo, o excesso de imaginação do VAR, que nos roubou um golo limpo e a falta de pontaria na finalização, tanto durante o jogo como nas grandes penalidades. Foi pena, mas digeri com facilidade, dadas as atenuantes. Em todo o caso, já ficamos mais próximo do objectivo, que tenha servido como rampa de lançamento para a conquista do troféu em 2018/19.


CHAMPIONS LEAGUE


Após uma fase de grupos brilhantemente concluída após início comprometedor, deparamo-nos com um Liverpool numa forma demolidora e não tivemos a inteligência de nos submeter a essa supremacia (foi o treinador quem o disse). A pesada derrota em casa arrumou logo ali a eliminatória, pelo que apenas nos sobrou uma ida a Anfield para recuperar algum do prestígio perdido na primeira mão. Foi a participação exigível a um clube da nossa dimensão financeira, que nunca seja pior.


GLOBAL






A observação dos quadros acima pode esclarecer quanto à melhoria significativa do desempenho da equipe em 2017/18 face às três temporadas precedentes, com destaque para Campeonato e Taça da Liga. Nas competições europeias e na Taça de Portugal, igualmente bons resultados mas não os melhores deste comparativo época a época.

Na liga, mais vitórias e menos empates; apenas retrocedemos nas derrotas, averbando uma inusitada segunda face aos anos anteriores.

Na Taça da Liga, chegámos à meia-final, muito acima das vergonhosas participações em 16/17 e 15/16.

Na Taça de Portugal, ficamos a um jogo de igualar 15/16, mas na verdade o número de troféus conquistados é o mesmo: zerinho.

Já na Europa do futebol, dividida entre Champions e Liga Europa, fizemos menos jogos do que no ano passado (o que foi bom, porque nos livrámos da pré-eliminatória) e do que em 14/15, o ano do Lorpa de Munique (quartos de final).

Tudo somado, uma época boa, como será sempre uma em que conquistemos o campeonato. A melhorar na próxima, as tais cerejas no topo do bolo de campeão: vencer as duas taças nacionais.


To be continued em: Análise da Época 17/18: Parte Dois - Utilização



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco

 




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