De NEStum a NESpresso a... What Else?

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

De NEStum a NESpresso a... What Else?


Espírito Santo, Nuno. Trazido pelo pai, assombrado pela presença do filho.



O começo foi auspicioso.

Uma pré-época relativamente tranquila, com exibições aceitáveis e muito benefício da dúvida, apenas perturbada por uma estapafúrdia gestão de activos, em particular de Aboubakar, Adrian e Brahimi. Adivinhar até que ponto vai a responsabilidade de Nuno nesse conjunto de imbróglios nunca será fácil, embora imagine que não lhe caiba a fatia maior.

O sorteio da pré-eliminatória da Champions deixou o reino do Dragão em sobressalto, afinal era a poderosa AS Roma quem se colocava entre nós e a fase de grupos. Missão cumprida com total êxito e Nuno em alta - mesmo considerando as peculiaridades de ambos os confrontos, até porque pelo meio foram asseguradas duas vitórias em dois jogos do campeonato. 

Primeira fase: NESpresso


À terceira jornada da liga, a primeira derrota marcante. Fomos, uma vez mais, espoliados sem espinhas em Alvalade por uma arbitragem muitíssimo caseira e tendenciosa, factor que acabou por ser o mais decisivo no resultado final. Mas, no restante jogo jogado, houve também um largo período de indecisão e incapacidade. Seguiu-se uma boa vitória caseira contra o Vitória de Guimarães, mas logo ensombrada por dois empates inesperados e comprometedores: em casa com o Copenhaga e fora com o Tondela.

Seguiram-se algumas vitórias, quase todas "obrigatórias", com a frustrante derrota em Leicester de entremeio. A desilusão regressou no empate de Setúbal (uma vez mais "decidido" pela cegueira selectiva do árbitro, mas uma vez mais mal jogado durante largos períodos), que antecedeu o injusto mas efectivo empate caseiro com o Benfica.

Como dois males nunca vêm sós, seguiram-se mais quatro. Empates (embora um deles se tenha transformado em derrota, em Chaves, após as grande penalidades e mais uma inacreditável arbitragem). Tudo muito cinzento, por esta altura, com os defeitos e insuficiências de Nuno a sobressaírem a par e passo com os roubos arbitrais.

Segunda fase: NEStum


Quando o sexto empate consecutivo parecia já inevitável, eis que um júnior milagreiro resolve entrar em cena e mudar o destino que parecia já traçado sem possibilidade de recurso: Rui Pedro marcou aos 95' contra o Braga e devolveu esperança e (alguma) confiança ao universo azul e branco.

Desde então, quatro vitórias. Desde sofridas a folgadas, houve de tudo, mas sempre vitórias - e assim chegámos à pausa natalícia. Em segundo na liga, a quatro roubados pontos do primeiro; apurados para os oitavos da Champions, onde nos espera a campioníssima Juve; com um preocupante empate na Taça CTT; eliminados à Capela e nos penaltis da Taça de Portugal. 

Não sendo brilhante, é bem menos sombrio do que se adivinhava há algumas semanas atrás. Mais relevante, é a força anímica e a crença que o grupo revela ter conquistado neste processo. É nelas que pode e deve residir a nossa fé.

Terceira fase: NESpresso.


NESpresso -> NEStum -> NESpresso - > What Else?...


Na prolongada fase NEStum, escrevi que Nuno chegou ao Porto sem currículo que o justificasse.  Defendi que Nuno não tinha (à época da contratação) argumentos (técnicos, tácticos, psicológicos, etc.) que recomendassem a sua escolha para nosso treinador principal, sobretudo numa altura tão importante e decisiva da nossa história. Obviamente mantenho, porque o passado não se altera.

Escrevi também que continuava a não ter esses atributos (à época da escrita do texto), confirmando-o como uma quarta má escolha consecutiva do presidente Pinto da Costa, algo calamitoso e que por si só deveria ser suficiente para levar os sócios a clamar por alternativas para a gestão do clube.

No entanto, não deixei de acrescentar que estava (ainda) nas mãos de Nuno o poder de se reinventar, melhorando todos os seus skills (a grande velocidade) a tempo de inverter o rumo que a equipa estava a seguir, e, com isso, mudar as cartas negras que o Destino parecia ter reservado para o Dragão 2016/17.




Felizmente para todos nós, Nuno soube capitalizar a imensa fortuna em que se constituiu aquele golo aos noventa e cinco. Melhor ainda, a equipa enfrentou posteriormente vários desafios de onde saiu vencedora, reforçando cada vez mais a coesão e a crença em que nada estava decidido, apesar das constantes deturpações arbitrais nas competições internas.

A equipa partiu para as férias natalícias de consciência tranquila e com a mentalidade reforçada por ter superados todos os obstáculos recentes. 

E Nuno

Será que podemos mesmo contar com uma nova versão dele próprio?
Terá feito uma séria e profunda introspecção quanto à sua forma de estar enquanto figura mediática?
Terá feito um trabalho aturado de revisão da matéria dada, identificando de forma clara os erros cometidos?
Terá visto jogos, muitos jogos, de muitas equipas e treinadores, e com isso desenvolvido a sua estrutura mental sobre a forma como mexe na equipa durante os jogos?

Ou estará simplesmente a saborear os ventos favoráveis de vão soprando por estes dias, sem se preparar para as possíveis tempestades que se avizinham?

Com honestidade, devo dizer que não sei. Adorava acreditar piamente que sim, que soube dar o salto e está agora melhor preparado para conduzir a equipa ao título contra ventos, marés e arbitragens - mas, honestamente, não tenho essa convicção. Nem a sua contrária, tão pouco. Simplesmente, não sei.

O que eu sei, também os soldados que Monsieur de La Palice comandava sabiam: é que o que ainda não foi feito, está ainda por fazer. 

Nuno Espírito Santo tem quinze jogos para justificar finalmente uma aposta que à partida se revelou imprudente e errada. Está nas suas mãos antecipar o São João para Maio, como tantos outros, tantas vezes o fizeram. 

É certo que sozinho nada pode. 

Precisa de um plantel com qualidade e que acredite nas suas ideias. A primeira parte aconselha a alguns certeiros ajustes em Janeiro, a segunda só depende de si.

Precisa também de uma direcção que o apoie e o proteja, em todos os momentos e nos diversos tabuleiros. Não podemos permitir que este escândalo de benefícios e prejuízos sempre em favor do Benfica continue, esperando que a equipa de Nuno consiga supera-los em vários campos em simultâneo. Não, já chega de empurrar para o treinador responsabilidades que não lhe competem: um presidente e uma mão cheia de administradores têm de fazer muito mais para assegurar que todos beneficiam das mesmas condições para lutar pelo título. 

E precisa, por último e em menor grau de importância, que os Portistas se unam em torno da equipa, mesmo quando o presidente der a entender que os verdadeiros são os das claques, mesmo que isso lhes possa valer um conflito interno por não se reverem nesta direcção moribunda. Nunca se esqueçam que em primeiro está o Clube e é por ele que nos devemos mover. 

Se sermos campeões significar a protelação de mudanças directivas, pois que assim seja! Sem hesitar, digo eu (embora, para mim, as duas coisas devam ser analisadas em separado).

Se todos fizerem a sua parte, vamos ser campeões. Nisso consigo acreditar, sem qualquer esforço. Porque sou do Porto e é assim que nós somos, convictos porque invictos e trabalhadores, mas nunca arrogantes.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor




5 comentários:

  1. Pois. Sejam cincazero. Mas acho que tudo será mais claro no final de janeiro. Esse maldito janeiro...
    Abraço.

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    1. Espero que não... que só lá para Abril é que tudo comece a ficar irrevogavelmente claro... azul, claro.

      Have a safe return

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    2. Depende de janeiro a nossa capacidade de ir até ao fim, i believe. E confio. Vamos que nem um expresso. Duplo! :)

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  2. Bom, o campeonato não está só nas mãos do NES, está também nas dos árbitros !... e a 4 "pontinhos" mesmo fazendo o que temos de fazer e ganhando todos os jogos até ao final não seremos campeões, a não ser que o outro escorregue... coisa que o manto protetor dificilmente deixará acontecer... a não ser que as chamadas equipes pequenas por um qualquer milagre joguem contra eles como jogam contra nós!...
    (Para esta missão convinha contratar o Tom Cruise! )

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    1. Foi precisamente o que escrevi, cara Reine.
      Mas NES tem de cumprir, para que tudo o resto se torne necessário.

      Quanto aos quatro pontos, sou capaz de apostar que eles os perdem, até mais, mesmo com todo o #colinho. Falta saber quantos perderemos nós.

      Bom 2017...

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