Análise da Época 2016/17: Parte Dois - Os Jogadores

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Análise da Época 2016/17: Parte Dois - Os Jogadores


Concluído o estudo do colectivo na primeira parte da análise, é tempo de saborear o filé: as análises aos desempenhos individuais.

Porque não há bela sem senão, comecemos por aparar as peles e as gorduras que circundam o naco de lombo. NES.




NES, o homem do "campeão justo", o homem que gosta de levar com brasileiros de meia-idade em cima, teve um desempenho à medida da sua imbecilidade, totalizando uns míseros 245 pontos DPcA em 49 partidas oficiais, o que lhe valeu a bonita média de 5,00 pontos por jogo. 

Por comparação, apenas Varela (quase não jogou) e Depoitre (escolha "sua") fizeram pior. Ficou ao nível de Kelvin. O de 2017. Tudo dito, verdade?


Vamos então ao que interessa. Os jogadores.

Pontapé de saída com a (1) utilização, uma perspectiva que nos permite perceber quais os jogadores mais e menos utilizados, entre outras "métricas" igualmente interessantes. Atente-se na figura 1.


Figura 1 (clicar para ampliar)

O quadro está ordenado pelo total de minutos jogados, medida primeira do grau de utilização. Sem surpresa, os quatro primeiros são 3 defesas e o GR titular. Marcano é o primeiro, com um jogo inteiro de avanço sobre Felipe. Segue-se o reforço Telles e Casillas

Danilo e AS são 5º e 6º, comprovando o seu estatuto de indispensáveis na equipa. Segue-se Maxi, que no início da época foi várias vezes preterido com benefício de Layún, uma das grandes desilusões do ano.

Óliver fecha o lote dos mais utilizados, porque a seguir vêm AA e Corona, com quase 500 minutos a menos nas pernas. A fechar o onze mais utilizado... Herrera, muito graças à lesão de Otávio e à teimosia de NES.

No lado negativo, destaque para a escassa utilização dos vários dos reforços: JC Teixeira, Depoitre e Boly. Rúben e Layún foram outros casos, embora por motivos diferentes. Enquanto o primeiro foi vítima das poucas oportunidades que recebeu, o segundo não as soube (ou não as quis) aproveitar.

Em termos da participação em jogos, jogos completos e maiores séries, algumas notas:

- AS, o sexto mais utilizado e com participação em 44 jogos, apenas fez os 90 minutos em 27 deles;

- Corona, apesar de utilizado em 41 jogos, só completou 7 (!). O mesmo sucedeu com Jota e Brahimi;

- Diogo Jota (13º mais utilizado), foi chamado a intervir durante 16 jogos consecutivos, o que lhe vale a 5ª maior série da temporada. Em sentido inverso, destaque para Maxi, que tendo completado 29 dos 35 jogos em que participou, teve como maior série apenas 9 partidas consecutivas.

[se detectar outros focos de análise interessantes, por favor partilhe connosco!]


Avancemos agora para a (2) análise qualitativa, sempre mais subjectiva e neste caso concretizada através das pontuações que fui atribuindo em cada um dos 49 encontros oficiais disputados em 2016/17. Quem não tiver presente qual o critério estabelecido para pontuar os jogadores, pode (e deve) consultar a Tabela de Pontuação DPcA. Observe-se a imagem seguinte.


Figura 2 (clicar para ampliar)


Também aqui Iván Marcano foi o vencedor. Quem diria, após a época desastrada de 15/16?... Eu não, certamente. Aliás, até "exigi" que recebesse guia de marcha. Justíssima nesse momento, mas um erro crasso em potência, como o cantábrico fez questão de demonstrar. Muitas e boas exibições, sempre com eficácia e discrição.

Felipe e Telles continuam no pódio, mas AS e Danilo invertem posições e ambos sobem um lugar. Casillas cai para sexto, o que se percebe bem pela razoável quantidade de vezes em que foi mero espectador, ao que equivale sempre e apenas a nota 6.

Em termos médios, Danilo foi o melhor quando utilizado o rácio "pontos/jogo", seguido de Brahimi e Marcano. Destaque também para o quarto lugar de Soares, que chegou apenas em Janeiro. 

Já quando recorremos ao rácio "pontos/cada 90 minutos jogados", as coisas alteram-se. Aqui, Rúben é rei. Surpresa? Para mim, foi. Mas, lá está, alguém "no" Wolves não anda a dormir... Não sendo Rúben dos mais utilizados, o grande destaque vai para dois jogadores: Diogo Jota e Corona. Estes sim, foram os verdadeiros reis da produtividade, retirando o melhor (em média) de cada minuto que passaram em campo.

Em rigor, JC Teixeira e Rui Pedro é que lideram este ranking, mas a sua condição de suplente pouco utilizado (apenas alguns minutos por jogo) enviesam e retiram alguma relevância aos seus resultados. Em todo o caso, diz-nos pelo menos que corresponderam quando foram chamados.

Olhemos ainda para as distinções de Melhor em Campo (MeC). André Silva foi o vencedor isolado, com 7 nomeações, fruto do seu grande arranque de época. Sintomático, pela negativa, é que 6 delas tenham sido conseguidas na primeira volta, o que bate certo com a quebra de rendimento que exibiu na segunda metade.

A acompanhá-lo no pódio, Corona (5) e Brahimi (4), o que demonstra bem a importância dos génios no futebol. Podem não estar sempre, podem andar escondidos durante boa parte do jogo, mas... quando chega o momento, aparecem e decidem (nem sempre, infelizmente, mas aparecem).

[outros pontos de interesse que queira destacar, já sabe...]


Passemos para a (3) produção ofensiva, consubstanciada através de golos e assistências. Eis, de novo, o magnífico quadro.


Figura 3 (clicar para ampliar)


Sem surpresa, AS foi o artilheiro-mor da equipa, registando 21 golos e ainda 7 assistências, um complemento que fica sempre bem a um goleador.

Em segundo, a surpresa Soares, que contabilizou 12 golos e um passe de morte. Se, por um lado, a distância é grande para AS, por outro, Soares foi bem mais eficaz. Para o comprovar, basta comparar os minutos de jogo de um e de outro: 3425 para o português e 1437 para o brasileiro. Isto significa que AS precisou, em média, de 163 minutos para fazer um golo, enquanto que Tiquinho só precisou de 119.

Em terceiro, Diogo Jota, que se destaca pela boa produção em ambos os parâmetros: 9 golos e 8 assistências no total, quase todos conseguidos no campeonato. Cada golo demorou cerca de 217 minutos a ser fabricado (em média).

Corona e Brahimi são os que se seguem, com 7 golos cada, o que não sendo mau, é algo curto para o que sabemos que podem fazer. Apesar da escassez na finalização, o mexicano acabou por se redimir ao oferecer 8 golos aos companheiros, enquanto que Yacine ficou também aquém, com apenas 4.

Por fim, destaco Marcano, que para lá do seu métier principal, ainda arranjou tempo para facturar por cinco vezes. Poderia ainda falar de Depoitre, mas nem vale a pena. Também já se foi.

Nas assistências, foi Alex Telles o mais produtivo, seguido por Jota e Corona (8 cada) e Otávio e AS (7). Muito bom registo para a época de estreia do lateral.


Esta segunda parte conclui-se com a observação à lupa dos reforços de 2016/17. Primeiro, o quadro.


Figura 4 (clicar para ampliar)

Em termos de utilização e pontos DPcA, Telles e Felipe são os melhores reforços da temporada, aqueles cujo valor ficou amplamente demonstrado logo na primeira época de dragão ao peito.

Se considerarmos também a produção ofensiva (capítulo onde Felipe fica logicamente em desvantagem), é imprescindível acrescentar Soares ao grupo. Teve um impacto imediato na equipa (estreia com dois golos, na vitória sobre o Sporting) e disfarçou a crise de confiança por que AS atravessava nesse momento. É certo que não conseguiu manter essa explosiva veia goleadora até final, mas isso talvez fosse esperar demasiado de um reforço de 26 anos vindo do V. Guimarães.

Para mim, este foi o trio que justificou em pleno a contratação, com a ressalva de que Soares terá de fazer uma época inteira para que a avaliação possa ser comparável e mais definitiva.

Um outro trio, composto por Óliver, Jota e Otávio, demonstram igualmente terem sido apostas correctas, ainda que tenham ficado a dever algo à casa. Pelo talento que sabemos que têm, esperava-se um pouco mais. Em todo o caso, tiveram épocas claramente positivas, pese algumas oscilações de rendimento.

Quanto a JC Teixeira e Boly, devo dizer que não cheguei a perceber o que podem valer. No caso do central, nunca saberei. Veremos se o médio tem nova oportunidade. Espero que sim, porque o pouco que vi, pareceu-me estar ao nível de um jogador do Porto. A confirmar.

Por último, o pinheiro belga. Desde o iniciozinho se percebeu que a contratação de Depoitre iria ser uma sucessão de equívocos. Claramente, não convenceu, chegando até a ser embaraçoso assistir a alguns dos seus momentos. E penalizador. Na memória, vou guardar aquela cabeçada contra o Chaves, pela qualidade excepcional (porque foi excepção) e por ter sido decisiva no resultado. O resto, já estou a tratar de apagar.

Rui Pedro e Inácio, sendo jogadores da B, não merecem serem analisados sob o mesmo critério. No futuro, espero avaliá-los como reforços efectivos.

Em jeito de resumo, 6 boas entradas, 2 incógnitas e um falhanço rotundo, o que resulta num saldo positivo. Note-se que aqui só me refiro aos jogadores que efectivamente reforçaram a equipa principal.


No último capítulo desta trilogia, olharei para cada um dos jogadores individualmente, argumentando a favor ou contra a sua continuidade em 2017/18. Até já.






Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



 

6 comentários:

  1. Mutio bom, o Porto volta como dantes, contratar barato e bom sobretudo la voltamos pro mercado brasileiro como dantes é bom sinal

    excelente trabalho no artigo

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    1. Agradecido, Michael. Espero que seja como escreve, mas temos mesmo de esperar para ver...

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  2. Lapis,
    Falta um grande asterisco ao lado de todas as analises acima:
    * - Por favor notar que dada a incompetencia do treinador e do seu modelo de jogo, todas as estatisticas possiveis so podem ser usadas a avaliar jogadores para esse modelo e com esse treinador!

    Os jogadores que tem mais minutos, tem-nos porque sao os melhores jogadores ou simplesmente porque foram os que o treinador manteve em campo mais tempo? Os jogadores que marcaram mais golos foram melhores ou tiveram colegas melhores que lhes ofereceram as oportunidades? O passe que antecedeu a assistencia para golo tem menos importancia que a assistencia ou o golo?

    E para esclarecer estes meus pontos vejamos:
    - Qual avancado tem mais qualidade? Depoitre ou Goncalo Paciencia? Qual teve mais minutos?
    - O Telles tem 10 assistencias - mas para esses 10 passes encontrarem um companheiro, quantas centenas de centros e que ele tentou? (talvez milhares) Seria melhor ter um lateral com apenas 5 assistencias mas que so desse a bola aos adversarios 2-3 vezes?
    - Se o Brahimi nao tivesse que vir buscar a bola aos centrais e percorrer o terreno todo, sera que faria tao poucos golos e assistencias?

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    1. Olá pancas, claro que sim, o asterisco. No entanto, este tipo de análise baseia-se sempre no que aconteceu, independentemente do que o provocou. As coisas foram como foram e analisadas por isso.

      E já agora, todas essas questões colocam-se com todos os treinadores, sejam eles bons, razoáveis, maus ou NES. Com os maus e NES notam-se é mais...

      Vamos à próxima...

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  3. Parabéns pelo excelente artigo. Abraço

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