Super Copa Tecate e Cortinas de Fumo

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Super Copa Tecate e Cortinas de Fumo


Agora que a comitiva já deve estar a aterrar no Sá Carneiro, é o momento de fazer o balanço desta deslocação ao México.
 

Começando pela deslocação em si mesmo, sou dos que considerem inevitável passar a incorporar este tipo de digressões na pré-época. Os maiores clubes da Europa já o fazem há mais de uma década, fruto da sua enorme popularidade fora de portas, o que lhes tem permitido aumentar as receitas e a base de apoio em paragens tão distantes do velho continente como a China, a Austrália ou os Estados Unidos. 

Para um clube como o Porto, parece-me uma boa oportunidade para ir procurando escapar ao espartilho que a pequenez da nossa Liga nos impõe em termos de receitas. Além disso, são sempre oportunidades para estreitar relações com agentes do futebol noutras latitudes, que mais adiante se podem converter na descoberta privilegiada de novos talentos ou de preferência em potenciais negócios. Nunca fez mal a ninguém conhecer mais "mundo".

Disto isto, vamos ao que mais interessa. Os dois jogos disputados neste meio-torneio (a outra metade foi cancelada por desistência da Juve).



Dia de jogo: 18/07/2017, 3h00 GMT, Estadio Azul, Cruz Azul FC - FC Porto (0-0, 3-2 após gp).

Sérgio fez alinhar de início oito titulares do ano passado, fazendo entrar Ricardo Pereira para o lugar de Maxi e faltando apenas os "impedidos" Danilo e André Silva para completar esse onze mais utilizado. Alinhou Mikel na posição 6 e Corona em vez do avançado.

Foi mais interessante essa primeira parte, porque se conseguiu ver alguma ordem e lógica nas acções ofensivas, ainda que sem criar muitas ocasiões. Aliás, o Cruz Azul teve nessa altura o seu melhor período no jogo e causou alguns calafrios a Iker.

A segunda parte já foi mais caótica, culpas repartidas pelas muitas substituições que fomos fazendo e pela nova postura do adversário, que se desligou e começou a jogar mais no risco, deixando muito espaço nas costas da defesa. Nessa fase, tivemos vários contra-ataques que deveriam ter acabado em golo, com Galeno em destaque no desperdício.

Quanto à forma de jogar e à atitude em campo, notei mais velocidade nas acções, mais verticalidade pela "ganância" com que quisemos chegar a zonas de finalização. Faltou foi isso... finalizar. Vi jogadores entusiasmados e conscientes da responsabilidade de não poderem voltar a falhar. É certo que falharam nos penáltis e não deveriam, mas pelo que se "ouviu" do rescaldo do jogo, a equipa está bem ciente que não podem continuar a não-ganhar e que, para isso, é necessário readquirir esse hábito em cada jogo disputado, mesmo que se trate de pré-época.


Os novos e os regressados:

Ricardo Pereira - aos meus olhos, reconfirmou a opinião que já tinha dele antes do produtivo empréstimo ao Nice: não é um defesa lateral. Pode ser um winger excelente, quando coberto por uma defesa com três centrais, mas defesa lateral não é. Ou, se formos mais optimistas, ainda não é. Falta-lhe instinto de posicionamento defensivo e capacidade para antecipar os movimentos colectivos adversários. Esteve bem nos desarmes de 1 para 1, mas foi algumas vezes surpreendido nas costas. Já a atacar, a conversa é outra. Aí sim, tem muito para oferecer à equipa - mas, lá está, partindo de uma posição de lateral/defesa, porque não o vejo a fazer a diferença como extremo puro. Será curioso ver o que vai sair daqui. Ou se será o próprio a sair, dado o interesse crescente que tem sido ventilado.

Martins Indi - regresso positivo, exibindo aquela robustez que o caracteriza e lhe permite ganhar no corpo-a-corpo e nas alturas. Por mim, seria bom que ficasse. Mas a Premier chama por ele, pelo que suponho que partirá em definitivo.

Mikel Agu - também positiva a sua estreia, tendo em conta a posição onde joga e quem teve de substituir. Naturalmente um pouco "perdido" a espaços, mas sempre soube se recompor e seguir a lutar. Pode mesmo ser que tenha nova oportunidade (que, em verdade, será a primeira em boas condições).

Sérgio Oliveira - um dos meus "protegidos", mostrou em pouco tempo as qualidades e os defeitos que mais o caracterizam. Bem a ler o jogo e a endossar a bola, se lhe derem tempo para isso, e bom marcador de bolas paradas. Menos bem ao deixar-se antecipar quando com a bola controlada e em alguns momentos de menor concentração. Está no fio da navalha...

Hernáni - pouco feliz nesta primeira aparição, até porque marcada por dificuldades respiratórias que o condicionaram em definitivo. Venha o próximo jogo, se possível ao nível do mar...

Aboubakar - regresso positivo à equipa, muito voluntarioso e a desesperar por mostrar serviço. Já expliquei que acho inadmissível reintegrar um jogador que disse o que ele disse, mas se a opção do Clube é essa, então que seja como Carlos Tê escreveu um dia: "ao menos que valha a pena" sacrificar os nossos princípios (ou serão só meus, se calhar). Vincent tem qualidade, apesar de no seu último ano no Dragão se ter revelado demasiado perdulário. Pode ser que tenha evoluído nesse capítulo.

Galeno - muita vontade mas pouco acerto. Desperdiçou duas jogadas de golo "feito", que a serem concretizadas (por ele ou pelo desesperado Aboubakar), lhe dariam desde já outra credibilidade na difícil luta pela permanência no plantel principal. Veremos como responde nos próximos jogos.

Rafa Soares - desejava ardentemente que entrasse e se afirmasse de imediato como a alternativa a Telles, mas tal seria difícil de acontecer. Primeiro, porque Rafa teve o bom-senso de não complicar, procurando fazer apenas o que lhe competia e tudo certinho. Segundo, porque entrou num momento complicado do jogo, quando já muitos tinham saído e entrado e a desorganização reinava. Em resumo, não me deu para ver nada de relevante. Next, please.

Jorge Fernandes - o central de B que veio fazer uma perninha (porque será, senhores que acham que o plantel já está completo?) entrou para dar o merecido descanso a Felipe e esteve (aparentemente) tranquilo, integrando-se bem no sector defensivo.




Dia de jogo: 20/07/2017, 1h00 GMT, Estadio Chivas, CD Guadalajara - FC Porto (2-2).

Início com dois avançados, Soares e Aboubakar, que se traduziu quase de imediato no primeiro golo. Desatenção e perda de bola de um adversário em zona proibida e Aboubakar a receber bem, ganhar espaço e finalizar com categoria. Talvez impulsionado por esse conforto madrugador, a equipa partiu para uma exibição muito agradável na primeira parte, com muitas combinações vistosas e vários lances para ampliar o marcador, com destaque para um remate na trave, outra vez do camaronês. Ainda assim, conseguimos chegar ao segundo, após uma brilhante jogada colectiva finalizada por Otávio... de cabeça! Destaque para a boa exibição de Óliver, talvez o melhor nos 35 minutos que esteve em campo.

A segunda parte foi bem diferente, para pior. Brahimi, que desta vez não fez parte dos planos iniciais, entrou e assumiu o protagonismo, à semelhança do que tinha feito na primeira parte do jogo contra o Cruz Azul. O resto foi um pouco mais desorganizado, em especial em fases defensivas, o que nos custou dois golos. O primeiro foi uma desatenção colectiva, com o Chivas a marcar um livre de forma rápida e apanhar todos em contra-pé. O segundo foi um bom golo, mas igualmente iniciado fruto de alguma desconcentração nas marcações. 

Foi pena porque, tudo somado, fomos a melhor equipa. Voltamos a adiar o recomeço do hábito de ganhar. Entende-se o desgaste, as novas ideias e todas as demais atenuantes. Não é sequer preocupante, porque se viu coisas bem interessantes. Mas o hábito, a exigência de ganhar sempre, esses ficaram para outras núpcias. Que não demorem, é o que peço.


Os novos e os regressados:

Ricardo Pereira -Voltou a ser titular e esteve outra vez bem a atacar (sem ser exuberante) mas mais acertado a defender. Anseio pelos próximos capítulos, se os houver.

Martins Indi -Jogou toda a segunda parte, voltando a denotar segurança e acerto, com o devido desconto de ser pré-época. No entanto, também fez parte do conjunto de sonecas que se deixaram bater nos golos.

Mikel Agu - Só 15 minutos, para ganhar mais minutos e pernas. Pouco deu nas vistas, porque procurou equilibrar (e equilibrar-se).

Sérgio Oliveira -Entrou após o intervalo e desde logo procurou assumir as despesas do jogo, sempre disponível para atacar e recuperar a bola. Algumas movimentações interessantes, dono de quase todas as bolas paradas, mas sem conseguir verdadeiramente brilhar.

Hernáni - desta vez começou a titular e teve 35 minutos para mostrar serviço, mas ainda não foi desta. Nota-se que precisa de espaço e de tempo para se afirmar, mas temo que ambos escasseiem no que lhe diz respeito.

Aboubakar - o mais influente da equipa, com um bom golo, uma bola na trave e bons envolvimentos ofensivos. Parece estar mesmo apostado na redenção.

Galeno - substituiu Soares ao intervalo e voltou a mostrar-se muito disponível, ansioso até, para demonstrar que merece uma oportunidade. Não sei se o conseguiu, mas de falta de empenho ninguém o pode acusar.

Rafa Soares - Jogou o último quarto de hora e desde logo se envolveu nas acções ofensivas pelo seu flanco, onde teve Brahimi e JC Teixeira como companhia. Procurou jogar simples, o que se recomenda. Foi no seu território que nasceu o lance do segundo golo, ainda que a culpa maior seja de JC Teixeira.

Vaná - estreia absoluta mas algo ingrata, porque sofreu um golo que dificilmente poderia evitar. Fica o registo de uma boa intervenção.

Jorge Fernandes - dez minutos finais e voltou a não tremer, mas foi também no seu turno que chegou o empate. Haverá de ter mais oportunidades, num futuro não muito distante.


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Por cá, os tentáculos do octopus orelhudus ainda mexem. E muito.

No que toca aos delegados da Liga, Bernardino Barros tem andado em cima "deles" como um pitbull atiçado. É assim mesmo que se os desmascara. Recomendo a leitura dos seus vários posts sobre o tema, que apropriadamente apelidou de Purga, baptizou  nesta sua página de facebook. E que leiam também o que desabafaram os ex-delegados Ana dos Santos e César Pereira. Ataca BB!




Noutro plano, a propaganda candeeira continua a lançar granadas de fumo para enganar a populaça mais estupidificada pelo brilho dos tretas desta vida. Porque está bem explicado tal como está, reproduzo o que vem escrito no Dragões Diário de hoje:

"Manobras de diversão
 

A comunicação do Benfica tem procurado contaminar a opinião pública com uma ideia peregrina: era o Tribunal Arbitral do Desporto que tinha competência para julgar o recurso de Pinto da Costa no processo ‘Apito Final’. Fê-lo quer através das suas famosas “fontes oficiais” (que, até ver, permanecem anónimas), quer pela voz dos seus cartilheiros, como André Ventura. 

Julgamos que isto já ficou bem claro, mas voltamos a explicar para que os mais incautos não possam dizer que não foram informados: o que motivou a decisão de maio de 2011 do Tribunal Administrativo de Lisboa - que considerou inexistente o acórdão de 4 de julho de 2008 do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol que negava provimento ao recurso de uma deliberação da Comissão Disciplinar da Liga apresentado por Pinto da Costa - foi a ilegítima constituição e funcionamento daquele órgão da FPF a partir do momento em que o seu presidente, com toda a legitimidade, encerrou uma reunião que seria depois pretensamente continuada à sua revelia. Esta decisão em nada se relaciona com o teor do processo. 

Nesse sentido, considerou o Conselho de Justiça que, face à deliberação do Tribunal Administrativo, transitada em julgado em dezembro de 2016, lhe cabia reapreciar aquele recurso e produzir um acórdão que, ao contrário do anterior, não carecesse de legalidade. Foi isso que aconteceu. O Benfica alega que a apreciação desse recurso caberia ao Tribunal Arbitral do Desporto, ignorando (porventura deliberadamente) que essa instituição só entrou em funcionamento em 1 de outubro de  2015 e que a lei que a regula (lei n.º 74/2013) inclui uma norma transitória que é bastante clara em relação aos processos cujo julgamento é sua competência: “1 - A presente lei aplica-se aos processos iniciados após a sua entrada em vigor. 2 - A aplicação da presente lei aos litígios pendentes à data da sua entrada em vigor carece de acordo das partes”. 

Tendo isto em conta, o discurso que o Benfica tem produzido ao longo dos últimos dias sobre este assunto só pode ser lido de duas formas: 1) ou é revelador de uma profunda ignorância jurídica; 2) ou não passa da tentativa de criação de uma manobra de diversão que só pode ter como objetivo desviar o foco da opinião pública sobre o que verdadeiramente atormenta os dirigentes daquele clube – os esquemas de eventual corrupção e tráfico de influências que têm sido denunciados no Universo Porto da Bancada. Até porque, como eles bem sabem, o melhor ainda está para vir."


E assim vai o mundo. Há que continuar a cerrar fileiras e a destapar-lhes os podres. Recomendo o uso de máscaras de gás ou, no mínimo, de uma mola no nariz.




Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



 

1 comentário:

  1. Viva Lapis,
    Primeiro comentario sobre estes dois jogos - surpreendemente satisfeito!

    O Lapis ja viu comentarios meus sobre como eu fiquei decepcionado com a contratacao de Sergio Conceicao quando havia Paulo Sousa, VP e alguns outros disponiveis... Mas tambem nao tenho problemas em ser o primeiro a reconhecer o meu erro se o que vi nestes jogos (com apenas 2 semanas de treino) continuar a evoluir da mesma forma.

    Gostei muito de ver: a bola a rolar muito mais no chao, medios que avancam no terreno com/sem bola sem medo, apoios frontais diversos a medida que a equipa avanca, colegas a aproximarem-se do portador e criar linhas de passe, varios jogadores a disponibilizarem-se na area ou muito perto dela, distancia entre medios e avancados curta... enfim, muita coisa que ja nao se via desde os tempos de VP.

    Antevejo serios problemas a alguns jogadores que, em minha opiniao, estao sobrevalorizados - Filipe, Telles, Danilo, Soares - neste sistema novo. Essencialmente porque era muito mais facil ter boas estatisticas e parecer bom quando havia sempre 3 centrais (Marcano, Filipe e Danilo) muito recuados e sem deixar espaco nas costas. Nestes jogos, o 6 nao recuou para o meio dos centrais para ficar la, mas sim para recolher a bola e avancar com ela. O Danilo vai ter de avancar mais no terreno e combinar com colegas e nao simplesmente passar a bola ao que estiver mais perto e voltar para tras. O Filipe vai ter de aprender a posicionar-se melhor porque o seu raio de accao vai ter de se alargar e o poder de choque nao serve de nada se o adversario esta 5 metros ao lado. E, num aspecto mais ofensivo, o Telles vai ter de perceber que tem que variar o que faz com a bola, que correr para a linha e centrar de olhos fechados sempre nao serve. E o Soares tem de perceber que jogar numa equipa que domina o jogo e empurra o adversario para tras nao resulta com um jogador que so ganha no fisico e raramente consegue combinar com outros por causa da falta de tecnica (na "tactica" do NES com 8-9 jogadores constantemente atras da linha da bola o musculo resolve, mas nao passa disso)

    Finalmente - sera que agora ja podemos mandar o Hernani para apanha bolas suplente do Alguidares de Baixo? E que duvido que se eu tivesse sido posto a jogo, com a minha barriguinha, que eu fizesse tao ma figura como ele - parecia um iniciado a jogar com os seniores...

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