Começou hoje o Euro 2016 - e eu continuo sem saber por quem torcer.
Não será exactamente assim. Nunca "torcerei" por nenhuma outra seleção que não seja a Portuguesa. A questão é que carrego dentro de mim um conjunto de sentimentos que conflituam entre si e me deixam em dúvida sobre o que vou sentir, quando o primeiro apito soar. Imagino não ser o único, pelo menos entre Portistas.
Nós nunca fomos muito à bola com a Seleção.
Não por vontade própria, mas antes por ela tradicionalmente ser apenas uma extensão do centralismo que nos menoriza a todos. Sempre foi a SeleNão de Lisboa, dos clubes de Lisboa e sobretudo dos interesses concentrados em Lisboa - não da cidade ou dos lisboetas, mas sim dos que se governam governando-nos.
Ainda assim, a generosidade que nos caracteriza sempre fez com que cada jogo da equipa nacional disputado no nosso estádio recebesse um apoio extraordinário, único, genuíno. Até que a dupla Madaíl/Scolari assumiu o protagonismo. Esse foi o ponto de ruptura para muitos de nós, onde aliás me incluo. Não deixei de assistir ao vivo a todos os jogos de Portugal do Euro 2004, de torcer e vibrar, até que o guarda-redes de Scolari nos destruiu o sonho (o tal que ocupou o lugar de Baía, o então campeão europeu de clubes, o único que o merecia - sem culpa, mas com demasiado pedantismo). Sofri com a derrota, como todos. Talvez com menor duração do que a maioria, porque a certa altura o inevitável raciocínio assumiu protagonismo: "pelo menos somos campeões europeus de clubes - um feito em si mesmo extraordinário, que se lixe o cabrão do brasileiro e todos os que o apoiaram apenas para atingir o Porto.". E nos torneios seguintes, o sentimento manteve-se. Com a diferença de já não termos o consolo extra.
Desde então, pouco ou nada mudou. Apesar das expectativas que Fernando Gomes suscitou, cedo se percebeu que se trata apenas de mais um político a fazer pela vida. Não tardará a embarcar em definitivo para a UEFA ou FIFA. E como bom (mau) político que é, sabe que teclas tocar para garantir os apoios de que necessita. Não quero desmerecer o seu trabalho na Federação (até porque tendo Madaíl como termo comparativo, seria impossível não fazer muito melhor - basta não ser invertebrado), mas o que é certo é que pouco ou nada fez para reaproximar os Portistas da SeleNão.
O mesmo se pode dizer em relação a Fernando Santos, homem bom e figura simpática, mas de má memória para as nossas cores. Conseguiu sozinho perder dois campeonatos - ainda com Jardel no primeiro e já com Deco no segundo - o que não era fácil. E nem a passagem pelo Benfica serviu para se redimir, embora tenha feito por isso. Aliás arrisco-me a dizer que se viu grego para ter sucesso com treinador. Regressou (bem) para orientar Portugal e tem feito um trabalho positivo até à data. Foi portanto uma pena ter-se espalhado ao comprido com a escolha dos 23. Ficou com o rabo de fora...
Com isto tudo na bagagem, não é fácil para um Portista abstrair-se e apoiar incondicionalmente, sem reticências ou mágoas. Cada um sabe de si, evidentemente, uns apoiarão sem dificuldade, outros recusar-se-ão a fazê-lo (contrariando a sua vontade). Eu confesso que não sei. Vou mesmo ter que esperar até ao primeiro jogo para o saber. Não o que digo ou o que desejo, mas o que realmente vou sentir.
A presença de Danilo, mas também de Ricardo Carvalho, Pepe, Moutinho, Quaresma e até Bruno Alves são uma grande desculpa para apoiar a equipa deles e esquecer-me do resto. Deve ser por aí. Mas uma coisa é certa: se por acaso ganharem o campeonato, ninguém me verá a festejar. Não por vergonha ou teimosia, apenas por não me identificar. E se naturalmente não o ganharem, no pasa nada.
Seja como for, espero poder desfrutar de jogos emotivos e de bom futebol. Venha de lá esse Euro pois então!
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Quanto ao que realmente interessa, chegou-me aos ouvidos o rumor da iminente contratação de João Teixeira (médio de 23 anos do Liverpool). Não sabem quem é? Eu também não sabia, ou quase, porque creio lembrar-me de ter visto uma e outra reportagem sobre a sua adaptação a Inglaterra. Ou então foi sobre outro. É, também não sabia... mas se for bom (e verdade), que venha ele.
Do Porto com Amor
Como sempre, o nosso problema com a selenão - como bem lhe chamas - não é tanto a equipa em si, que até vai contar com muito sangue azul e branco no onze. No meu caso específico, tem tudo a ver com o nojo que me provoca o nacional-ficabenismo e neste caso a wonderland Alcochete: os media.
ResponderEliminarDesafio-te: se quiseres desfazer esse paradoxo interior, vê o menosfutebol de ontem. Pérolas como "Fernando Santos pode apostar na estabilidade e levar Nani ao onze, em vez do Quaresma" ou uma VT do Quaresma a criticá-lo pelos lances de letra porque não são "bons para a equipa" ou coisas como o senhor Luís Francisco a dizer que "um William em forma é incomparavelmente melhor que o Danilo" são coisas de fazer pensar : "Pá ssadof para esta adrem".
Vou ver pelo Danilo. Vou ver também por todos os que citaste. Mas digo-te, se por ventura não jogar nenhum com história azul e branca, sou gajo para mudar de canal ou fazer algo melhor. Porque esta gente mete-me NOJO. E eu não apoio a mesma equipa que estes morcões.
Abraço
Meu caro, gabo-te a paciência para sequer ouvir esses e outros cromos. Eu tenho como dado adquirido que para se chegar a comentadeiro só cobrindo-se de um imenso manto de ridículo. E a grande maioria nem precisava, porque mesmo nus (que o Senhor nos livre) já ostentam uma camada primária de anti-portismo.
EliminarPenso que o modelo espanhol é o mais honesto. Em cada "terra" sua facção, orgulhosamente assumida.
Mas a selecção deveria ser um elemento agregador, acima das facções. Não é também por causa desses comentadeiros e paineleiros, mas a responsabilidade maior mora em quem dirige.
Deveria voltar-lhes as costas e mudar de canal, mas não sei se consigo...
Abraço
Corroboro a 100% o post, depois do que se passou em 2004 o sentimento para com a seleção esfriou e muito.
ResponderEliminarE infelizmente a perspectiva não é animadora...
EliminarEu já ando desconfiado da Selecção desde os tempos dos Patricios, quando tinhamos um nucleo duro de grandes jogadores, mas "Lisboa" tudo fez para que jogassem so deles. Acabou por ser ridiculo, ver a selecção partir-se em 2 blocos - azuis e vermelhos - com 4 treinadores!!!!, e em campo uma dignidade que espantou o mundo do futebol.
ResponderEliminarMas é efectivamente o que o LAeB diz, a selecção mais não é que uma extensão do centralismo bacoco, estúpido e civilizadamente ultrapassado. Basta ver o que fizeram ao Cédric, e a pergunta do locutor da RTP ao Fernando Santos questionado-o sobre a titularidade de Danilo em detrimento de William Carvalho!!!!
E basta ver o banzé todo em redor de Renato Sanches...
E bastou Quaresma sair do FC PORTO para que fosse de novo um génio.
E bastou Danilo marcar um golo á Estónia, para ser o único a quem o speaker de serviço na Luz, não mencionasse o seu nome!!!!
Pqp!!!! Alguém conhece um país tão interinamente racista como o nosso???? Dá impressão que a norte do Mondego somos o Sul do Mississipi!!!
De facto, a história deste país demonstra que a capital parasita se alimenta do trabalho dos "pretos" do resto da nação. O problema é a sedução das "bright lights" de Lisboa, qualquer parolo sai da sua terrinha de peito feito e mal lá chega pede para lhe partirem a espinha para se parecer com os demais. Todos temos culpa, por acção ou omissão.
EliminarE é uma pena, futebolisticamente falando, que a equipa nacional seja apenas mais uma arma de arremesso contra nós.
Eu acho que Quaresma podia estar a fazer estas exibições no FCPORTO, mas o ilusionista do País Basco lixou tudo.
ResponderEliminarJoão Teixeira? No DRAGÃO não existem médios ofensivos com categoria?
Já que se fala em reforços portugueses que tal contratar para o ataque Hugo Vieira?
P.S.
Parece que Óliver Torres está livre.
O Jogo não se conteve e copiou de seguida a minha dica ;-) E depois generalizou-se. Não sei quem é e o que pode trazer o jogador, pelo que... Só posso dizer que Óliver conheço e seria um bom resgate, se em definitivo.
EliminarEstá a falar a sério quanto ao Hugo Vieira?
Caro LAeB,
ResponderEliminarHá muitos, muitos anos, era eu uma criança (peço desculpa ao José Cid pelo plágio), outros figurantes e o mesmo argumento para um filme visto e revisto, alimentaram a minha total indiferença para com a selecção que deixou de ser minha. Futebolisticamente falando, o meu coração só tem duas cores, Azul e Branco.
Abraço e...
FC PORTO SEMPRE
Pois, mas não deixa de ser uma pena que assim seja(m). Terça logo lhe direi como senti o jogo.
EliminarAbraço Azul e Branco
São 10 milhões pelo Óliver Torres. A mim parece-me um bom negócio para o FCPORTO.
ResponderEliminarEstou a falar a sério em relação ao Hugo Vieira.
Se ele estiver com vontade, também acho que sim. Já o Vieira, a ideia que tenho é a de que não têm qualidade para se afirmar num grande - mas posso estar enganado.
EliminarO refugo do Atletico de Madrid já nos deu muitas dores de cabeça e o "outro manquinho" até entrava de quando em vez, enquanto que o minorca Oliver, nem calça. Se preferem jogar milhões para o lixo, contratem-no.
ResponderEliminarQuaresma é o nosso único jogador de quintal e um dos derradeiros jogadores de quintal da Europa (vi o jogo da Croácia e talvez Modric – como é que um sujeito tão franzino tem tanto futebol nos pés e no corpo? – seja outro).
ResponderEliminarA minha ideia era dizer que Portugal só tem um génio, mas eu não queria que o elogio a Quaresma fosse contra alguém. A certa altura da carreira, que no início tinha lampejos de génio, Cristiano Ronaldo optou, com toda a legitimidade, por se tornar numa máquina. Uma máquina assombrosa, quase perfeita e sem o software lusitano do desgraçadinho. Mas pode alguém amar uma máquina? Poderá alguém ter carinho pelo ideal frio e desumano da quase perfeição? Só se pode amar o génio e ainda mais o génio intermitente, falível. No fundo, só se pode amar o jogador de quintal, aquele que joga em Old Trafford, no Bernabéu ou no Giuseppe Meazza como se estivesse no quintal.
Uma tirada do Quaresma daquelas que eu sei - de experiencia! - que acerta uma em 50
ResponderEliminarJorge Contorcionista
O Liverpool exige verba ao FCPORTO por direitos de formação de João Carlos Teixeira.
ResponderEliminarÉ isto o custo zero?