Aquecimento para o Clássico II

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Aquecimento para o Clássico II


Nem só de originalidades vive um blogue. Há momentos em que mais vale reconhecer o que já foi (bem) feito e repeti-lo, com uns ajustes. Este é um desses momentos. Há pouco mais de um ano, quando ainda poucos conheciam o DPcA, escrevi sobre o clássico que se aproximava, tal como agora acontece. Nada tenho a acrescentar. Desfrutem e comentem.




"Será uma eventual surpresa para quem segue o DPcA com regularidade, mas este é o meu primeiro [agora segundo] Porto-Benfica. 

(Ou melhor, é o primeiro da persona Lápis Azul e Branco, o único e verdadeiro autor deste blogue, a quem pela primeira (e espero que última) vez tirei o teclado, mas que devolvo já a seguir, no próximo parágrafo. Aproveito que aqui estou para dar a conhecer a todos os leitores a Cartilha que define o blogue, que possivelmente terá passado despercebida a uma pequena maioria.)

É bem verdade, ó criador (já tiveste os teus 15 segundos de fama, por isso agora au revoir). Este vosso espaço Portuense e Portista abriu portas há precisamente cinco longos meses, com um post dedicado a uma das tristes figuras da actualidade e de quem me lembro sempre que o SLB perde e sobretudo, quando perde de forma dramática ou humilhante. Quem tiver curiosidade e a digestão feita, pode espreitar aqui.

Mas desta vez o imbecil até me foi útil, porque ilustra de forma magnífica um dos motivos porque temos que ganhar no domingo. Mais do que isso, temos que os massacrar até à exaustão, para que saiam do campo com o rabinho entre as pernas e os calções castanhos (tipo os nossos [de então], mas tingidos no momento).

Este e muitos outros imbecis como ele, ainda que com menos exposição pública, são indivíduos (peço desculpa por estar a humanizá-los, mas dá-me jeito para ilustrar a ideia) que nasceram e cresceram num Portugal ainda mais atrasado, ignorante e submisso do que o de hoje. Mas que, a dada altura, receberam o irresistível chamamento de se mudar para a capital Lisboa, onde rapidamente se transformaram em "lisboetas" de corpo e alma, mas apenas e só em tudo o que isso tem de medíocre e repugnante.

Preciso de fazer aqui uma nova interrupção ao "meu criado" LAeB porque eu gosto muito da cidade de Lisboa, onde aliás fiz grandes e eternas amizades, e não posso deixar de explicar a diferença entre a cidade e a capital, pelo que lhes peço um pouco mais de paciência e que me acompanhem durante mais umas linhas de prosa.

Tal como muitos outros da minha e seguintes gerações, também eu fui "convidado" a emigrar para a capital deste triste império de cartas carunchosas. Não da forma directa como o fez o [então] primeiro-ministro em funções, mas antes pela abismal diferença de oportunidades de trabalho e correspondentes remunerações. E como a grande maioria dos meus conterrâneos, cheguei lá de pé atrás (tão atrás que julgo tê-lo deixado no Porto), desconfiado de tudo e de todos, por tudo o que sempre ouvi dizer desde que me lembro. 

O que eu descobri com o tempo foi a coexistência de duas realidades paralelas, ao melhor estilo de Fringe

A primeira, a da cidade e dos seus justamente orgulhosos habitantes, desmentiu quase todas as minhas crenças como se de lendas se tratassem. Além de ser uma cidade lindíssima, as suas gentes são tão boas e tão más como em todas as grandes cidades. Os que são realmente lisboetas, amam a cidade que é sua e vivem-na com orgulhoso bairrismo (tal e qual como eu com o meu Porto). No fundo, como em qualquer outro lugar. 

(Importa dizer que emigrei ainda bastante tenro e, portanto, com os ideais ainda à flor da acne da pele.)

Já a segunda realidade, a das relações promiscuas, interesseiras e desavergonhadas que definem a capital do país, ultrapassou em muito os meus piores temores. Porque a teia é muito mais vasta, complexa e melhor organizada do que eu poderia supor. E porque se desenvolveu até um ponto de auto-suficiência, dificílima de quebrar, até porque se reforça a cada nova golpada que inflige na nação portuguesa. É um corpo parasita, que sorve os recursos de todo o país para seu quase exclusivo benefício (quase, porque vai deixando pelo caminho as suficientes migalhas para manter a absorta populaça de olhos no chão à procura da seguinte). 

E esta pouco tem a ver com a cidade de Lisboa e os seus lisboetas. Apenas se esconde nas suas entranhas e a usa como seu cartão de visita. É composta por "gente" dos quatro cantos do país que em comum tem apenas uma coisa: singrar à custa do trabalho dos outros. E não, não me refiro apenas aos políticos (nem a todos os políticos), a situação é muito mais gravosa. "Eles" estão em todos os quadrantes e pilares da organização da sociedade, estrategicamente colocados em cascata de favores e recompensas. E é esta a capital Lisboa a que me refiro, que abomino e jurei lutar contra. 

Lápis, it's on you again.


Começa a perder a piada, ó conspirador. 

Retomando e já agora aproveitando a prosápia, é contra esta capital que nós vamos jogar no domingo

Mas porquê, interroga o estimado leitor. Não há benfiquistas fora de Lisboa? Não haverá sportinguistas e portistas nessa realidade paralela que tanto abomina, insiste o caro leitor?

Sim, há e há. Tudo verdade. 

Para mim, ambos os da segunda circular representam o mesmo desfado. Acontece que o Sport Lisboa e Benfica é muito mais relevante e impactante do que o primo visconde e, desde que me lembro, é a instituição que publicamente melhor encarna essa promiscuidade que tanto abomino. Através da arrogância, da megalomania, da soberba e do intentado direito natural a vencer (ou a não pagar impostos, por exemplo)

Quanto aos que apoiam clubes de terras que não são as suas, já expliquei na Cartilha. E, por conseguinte, levam por tabela e só têm o que merecem.

E quantos aos portuenses prostituídos, bem, acho que acabei de dizer o suficiente. Venderam a alma, de portuenses já só lhes sobra a crosta bolorenta.

Uns como outros, só podem ter uma resposta da nossa parte. Não o ódio, como muitos apregoam. Nem sequer o desprezo, porque seria apenas facilitar-lhes o caminho e o objectivo é precisamente o oposto. A nossa resposta tem que ser VENCÊ-LOS, DERROTÁ-LOS, provar-lhes à saciedade que nós, o FUTEBOL CLUBE DO PORTO, não nos rendemos e nunca seremos subservientes ou coniventes com o status quo de outrora e que hoje LFV e seus lacaios intentam repor.

Por muito que nos queiram abafar, por muito que desejem acabar com a última bandeira livre, por muito que das nossas próprias fileiras desertem à procura do ouro fácil ou conspirem contra nós, não nos renderemos NUNCA.

E por isso, quero que os administradores comissionistas, os xaninhos, os bascos, as doyens, os platinis, os paineleiros e jornalixos se FOD*M TODOS, porque a mim só me interessa o Futebol Clube do Porto e o grito audaz da sua ardente voz enquanto farol da resistência a esta colossal corja parasitária. 

É por tudo isto que, dê por onde der, temos que VENCER o jogo no domingo. Porque também nós somos "Mais do que um Clube".


Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Ardor


P.S. - Sei que para muitos Portistas de Lisboa e de outros sítios que não da Invicta este texto pode soar estranho e até disparatado, mas é a minha expressão mais íntima e verdadeira de Portismo. Não pretendo que seja a única, é apenas a minha. E nem preciso que concordem, já me contenta que fiquem a saber que é assim. Não se exclui ninguém, cabemos todos nesta luta e todos nunca seremos demais. Excepto os mal-intencionados."




27 comentários:

  1. Nem mais... Temos de vencer a moirama, a mouraria e a toléria dos mouros. Gente que agora até quer imitar um galo de Barcelos para fazer algo vistosoe lá na capital do império. Domingo tem de ser como diz o Óliver e desejo que seja a sério, é para dar tudo em campo, de forma a superar adversidades, adversário direto e indiretos árbitros...
    Armando Pinto

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  2. Lápis gostei do seu comentário. Abraço
    JOSE LIMA Mística Azul e Branca

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  3. Caro Lápis,

    Identifico-me com todas as alíneas do ponto 3 da sua Cartilha.

    Também eu, nortenho de nascimento(V.N. Foz Côa), depois de 22 anos de Angola(Benguela) para onde fui com 2 anos (1953) e onde aprendi e me tornei Portista convicto (mais uma entre outras coisas boas que o meu pai me deixou como herança), fui obrigado a "emigrar" para Lisboa (1976) onde me mantenho atá os dias de hoje.

    Assim, sendo um Portista em Lisboa, e não de Lisboa, não me soa nada estranho e muito menos acho disparatado o texto. Por isso, não só concordo como me incluo nesta luta, o que, aliás sempre fiz, dentro das minhas capacidades e limitações.

    Claro que gostaria de estar presente no Dragão, não só no Domingo mas sempre que o FC Porto lá jogasse, mas como por certo compreenderá, nem sempre os desejos são compatíveis com a realidade das nossas vidas. De todo o modo, os 350 Km de distância apenas me separam fisicamente do FC Porto, com quem estou e estarei sempre de alma e coração a torcer por mais uma alegria, mais uma vitória do nosso Clube.

    Um abraço e...

    FC PORTO SEMPRE

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    1. Agradeço ter partilhado o seu Portismo. E renovo o convite: quando lhe apetecer apanhar o Alfa para vir ao Dragão, eu ofereco-lhe o bilhete (desde que avisado atempadamente).

      Um abraço

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    2. Caro Lápis,

      Lisonjeia-me e embaraça-me com a sua consideração e não encontro palavras para lhe agradecer o convite. Na verdade, já tenho agendado a minha próxima ida ao Dragão para o dia 3 de Dezembro aquando do FC Porto x Sp.Braga. Sobre isto, farei um comentário, digamos, mais pessoal.

      Um abraço

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    3. Então se ainda não tem bilhetes e não fizer questão de ficar num determinado sector ou bancada, pode contar com eles.

      Se quiser dar seguimento em privado, por favor utilize o e-mail ali acima.

      E uma dúvida: o comentário mais pessoal é para publicar ou apenas para minha leitura?

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  4. Chega o intervalo e estamos a perder 0-1. Depois de José Maria Pedroto ter dado a táctica para a segunda parte, Rodolfo Reis pede autorização para falar e disse o seguinte:
    “Quem não é Porto, e não sabe o que isso é, não merece vestir esta camisola! Podem começar a tira-la porque aqui não há espaço para cobardes. Quem os tiver no sítio, acompanhe-me para a segunda parte porque vamos ser Campeões Nacionais, caralho!
    Vamos morrer ali ao pé dos nossos adeptos se for preciso, e já não somos os primeiros (Pavão morrera pouco tempo antes). Eu vou entrar, nem que seja sozinho, mas os cobardolas que aqui ficarem agora, fujam e já!”
    O Porto empatou esse jogo e duas jornadas depois sagrou-se campeão nacional!
    Domingo, as circunstancias são diferentes, mas o espírito tem de ser o mesmo! Sem esquecer que só a vitória interessa…

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    1. Mas o Rodolfo agora não é um... vendido?

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    2. Isso é para os "acrobatas" que querem demolir o museu. Mas esses sabem lá quem é o Rodolfo, o Freitas, ou o Jaime Magalhães. Conhecem a Coca-cola, a selfie, a pipoca e pouco mais.

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    3. Não sei se é vendido, mas não me parece que ainda seja o mesmo homem que tão eloquentemente demonstrou o que é ser do Porto naquela atitude.

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    4. Só porque diz que Lopetegui e NES nem para treinar o Pasteleira têm competência? É isso que lhe distorce a personalidade?

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    5. Não, essa é a parte boa. O problema é tudo o resto.

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    6. Caro Lápis, tapar o sol com peneiras dá sempre grelo.
      Rodolfo é vilipendiado por alguns caramelos multicores, por dizer a verdade.
      Se Marcano era uma porcaria no passado ano, porque é que se tinha de dizer que era um muro de betão?
      Se está impecável até ao momento este ano, porque é que não se pode dizer?
      É assim um sacrilégio tão grande retratar a realidade? Qual é na verdade o problema com o Rodolfo, é estar no programa do arroto Santos?

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    7. Porque os "caramelos multicolores" querem, sei lá, que o representante do FC Porto DEFENDA o FC Porto??

      Ou aqui o virus entendido defendo-o-Pinto-da-Costa-mas-o-resto-pode-ir-tudo-à-vida acha muito bem que a ratazana se ria do seu Clube e faça piadinhas?

      Acha, já agora, PintodaCostaForever, bem que o Rodolfo defenda o Jasus como se fosse um predestinado enquanto ataca o treinador do SEU Clube?

      É que, não sei se reparou, mas Inácio e Alves vão com as cartilhas bem alinhadas com a dos seus clubes enquanto Rodolfo Reis está lá a fazer figurinha de tolo. E é pena. É um símbolo do Clube. Tem uma estátua no museu. E devia perceber que aquilo é uma batalha. E responder, olhe, como responde quando tocam sequer ao de leve no FC Porto do tempo DELE!

      Ah, já agora, muitos de nós não têm 50 anos para ter visto Rodolfo Reis jogar. Não me envergonho da minha idade. As minhas referências são, de facto, outras. A antiguidade é de respeitar, sem dúvida. Mas não é um posto.

      Estamos em 2016, não em 1978, 80 ou 82.

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  5. Caro Lápis,

    O Presidente do FC Porto deu uma entrevista à ESPN México transcrita na edição de hoje do jornal O Jogo. O que me traz aqui agora, não é a intenção de opinar sobre a mesma, mas sim, extraindo um enxerto da referida entrevista e em jeito de brincadeira, lançar-lhe uma provocaçãozinha sobre um tema que lhe é "caro". Diz o Presidente a determinada altura da entrevista, que recusou uma proposta de 30 milhões de Euros pelo Herrera, no defeso, por considerá-lo um jogador fundamental no FC Porto. E esta, hem! Suponho que o caro Lápis terá ficado agradado com a decisão. Espero que não leve a mal esta minha ironia.

    Um abraço e...

    FC PORTO SEMPRE

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    1. Pois, meu caro, não é só o presidente mas todos os treinadores que o têm à disposição. O ognorante devo ser eu... mas cheira-me que essa proposta de €30M era para ser paga em largos dias...

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    2. Ignorante, até a enunciar a palavra :-)

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    3. Note que isto foi apenas uma brincadeira, até para desanuviar da ansiedade que que já se vai apoderando de mim em relação ao jogo de amanhã, e nunca questionar a sua opinião, legítima, sobre o jogador.

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    4. Eu percebi, claro, mas se questionasse só me fazia bem!

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  6. Só a questão das pessoas "terem" de ir trabalhar para Lisboa já me dá uma grande indisposição ...
    Isto é uma porcaria de um país! Por isso mesmo em campo está sempre muito mais que o futebol !
    Mas, desta vez, amanhã, só queria ganhar pelo futebol ! Pelos jogadores, pelo treinador, até pelo presidente! E, óbvio, por nós todos amantes do jogo com o nosso manto sagrado!

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