O Novo Alex

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

O Novo Alex


Já parece distante o tempo em que Alex Sandro jogava de Dragão ao peito. Aquando da sua saída, fiz um artigo sobre as melhores duplas de laterais que tinham passado pelo Porto, que aliás recomendo a quem ainda não tiver lido - são pedaços da nossa história, e bem interessante por sinal.


Um braço no ar pelo golo, dois pela assistência...

Na realidade, só passou uma época e uns meses. Mas muita água turbulenta já correu por debaixo da nossa ponte e, portanto, tudo parece mais distante, em especial os tempos de alegria.

Ontem foi dia de Champions. Recebemos o Club Brugge KV e vencemos pela margem mínima. Missão cumprida (barely) e a confirmação de que temos um novo Alex em quem podemos confiar: o nome é Telles, Alex Telles.

O início do jogo revelou um Porto com vontade de fazer bem, mas desde logo se viu que NES nunca chegou a perceber qual a fórmula correcta para enfrentar uma equipa que joga com três centrais, alternando entre o 3-4-3, 5-3-2 e 3-5-2 conforme a situação e o momento do jogo. 

Sim, em minha opinião o jogo só foi tão complicado e sofrido até final porque o nosso treinador não teve arte nem engenho para descobrir o antídoto para a teia com que os belgas envolveram o nosso meio-campo e, consequentemente, os nossos processos ofensivos. Se a isto juntarmos a quási-absoluta inutilidade de Herrera, ficámos com duas equipas artificialmente equilibradas sobre o terreno de jogo.

Foi muito bom que o canto de Telles tenha encontrado a cabeça de AS (e do defesa) ainda antes do intervalo, garantindo assim uma vantagem que de outra forma sugeria ser complicada de chegar. Em resumo, foi mais do mesmo do que se tem visto. Se antes de Setúbal crescia a sensação de estarmos finalmente a encarreirar, agora são as dúvidas quem mais ordena.

NES disse no final que nos faltou eficácia para ter um resultado mais dilatado, coisa que não vi e que, portanto, não posso aceitar como válido. Vi sim uma equipa que nunca conseguiu controlar o jogo, optando por correrias desenfreadas campo abaixo sempre que recuperava a bola (onde é que eu já vi isto?) e, com isso, expondo-se à contra-resposta do Brugge. Acabámos o jogo com o credo na boca, mas a reza dos poucos milhares que estavam no estádio foi suficiente. Ganhámos, siga.


Pouca gente em dia de Champions


Notas DPcA 

Dia de jogo: 2/11/2016, 19h45, Estádio do Dragão, FC Porto - Club Brugge KV (1-0). 


Casillas (7): Por uma vez, foi mais jogador do que espectador e correspondeu com a categoria que dele se espera. Muito bem.

Maxi (6): Regresso antecipado a demonstrar que podemos contar com ele para as lutas que se avizinham. Não está no seu auge, obviamente, mas ainda tem cartuchos para gastar. Já a titularidade será outra questão, porventura menos consensual.

Melhor em Campo Alex Telles (8): Depois de um bom jogo contra o Arouca, eis que o regresso ao Dragão nos premiou com a sua melhor exibição desde que cá chegou. Muito activo em todo o flanco, foi dos que mais dinamizou os ataques e um dos poucos que foi à linha cruzar para a área. Num jogo tão afunilado, foi uma luz ao fundo do túnel. E claro, assistiu para o único golo da partida.

Felipe (6): Jogo seguro, mesmo se mais discreto e interventivo do que o do companheiro de sector. Cumpriu bem e isso é sempre bom.

Marcano (7): Outra boa exibição, muito segura e eficaz. Até tremo de pensar quando chegará a próxima Marcanada... é que as probabilidades começam a fazer pressão... até lá, aproveitemos.

Danilo (7): Boa exibição, com muito trabalho e muitas marcas belgas para contar a história. Teve um deslize importante, mas felizmente acabou tudo em bem.

< 62' Herrera (4): Não marca, não se desmarca, não acerta mais do que um passe em cada cinco. Um a menos em campo. Gostam dele? Façam-me o favor de o adoptar e de o levar para casa. Como nota de rodapé, informo os Herreristas que aplaudi de pé aquando da sua substituição - não pela substituição em si, mas para combater o coro de assobios do Dragão. Posso não querer que seja titular, mas não é por isso que não o defendo. Por isso, back-off you fools.


Alex, o Telles

Óliver (5): Pouco esclarecido e ainda muito recuado, colidiu várias vezes com Otávio. Não é culpa de nenhum dos dois, obviamente, mas marcou negativamente o desempenho de ambos. Acresce que fez um penalti que nos poderia ter custado a vitória. Com ou sem culpa, está longe de ser o Óliver que nos encantou a (quase) todos.

< 79' Otávio (5): A lesão quebrou-lhe o ritmo e a inspiração. Está mais apático e sobretudo menos capaz de resolver no um-para-um ou em tabelas. A parte boa é que já sabemos do que é capaz, pelo que é só esperar por dias melhores (e domingo será um dia muito bom para o seu "regresso").

André Silva (8): Desta vez não foi o melhor em campo, mas foi o mais decisivo. Fez o único golo do jogo e leva ponto extra por isso. Antes e depois desse momento, correu e lutou muito, como sempre faz.  

< 71' Diogo Jota (6): Continua pouco inspirado. O talento está lá, falta colocá-lo ao serviço da equipa. Andou quase sempre longe do jogo e não foi feliz nas combinações. Aposto que se está a guardar para o próximo jogo...

> 62' Rúben Neves (7): Mal entrou, o jogo melhorou. Começando pela qualidade de passe, evidentemente. Mas também pelo posicionamento muito menos aleatório e (H)errático. Desta vez acrescentou valor de forma clara, falta saber se o treinador também viu o mesmo...

> 71' Corona (6): Entrou determinado e teve um par de ocasiões para marcar e/ou assistir. No final, ficaram aqueles sprints campo fora e a vontade de querer fazer mais.

> 79' Layún (5): Não acrescentou nada de relevante que não fosse frescura física para aguentar os últimos minutos.

Nuno Espírito Santo (5): Eu sei que vencemos. Eu sei que nada era mais importante do que a vitória neste jogo. Eu sei. Mas permitam-me discordar de que "só" isso justifique nota positiva para o treinador. Não terá ele revisto o jogo de Brugge? Ou reviu e "apenas" não conseguiu encontrar solução melhor do que a que apresentou? Ou...? Ou...? Não sei, desta vez não houve desenho para explicar nada. Sobrou apenas uma exibição muito confusa da sua equipa, com os jogadores a sobreporem-se repetidamente sobre as mesmas zonas do terreno, constantemente cercados e quase sem tempo para pensar no que fazer à bola. Isto, meus caros, é o que defina a qualidade do trabalho do treinador. Dar (ou não) aos seus jogadores as ferramentas para conseguirem jogar à bola. É simples, carago. Ou talvez não seja.


"Todos de pé e com o credo na boca..." ou os minutos finais no Dragão

Outros Intervenientes: 


A equipa do senhor Michel Preud'Homme voltou a criar-nos muitas dificuldades, pese embora a considerável diferença de valores individuais. Ora isso só pode ser mérito deste senhor do futebol que em tempos teve um privilégio com que a maioria dos Portistas só pode sonhar: assistir in loco ao domínio avassalador do Porto. Por desconhecimento meu, não consigo destacar as individualidades do Brugge para lá do multi-facetado Bolingoli-Mbombo, um poço de força provido de alguma técnica.

Quanto à equipa de arbitragem liderada pelo espanhol Undiano Mallenco, podemos (finalmente) agradecer-lhe não ter visto a mão na bola de Óliver dentro da área, lance claro para penálti. Podemos também suspirar de alívio pela brandura com que puniu a entrada de Felipe, mas nisso foi coerente com a permissividade com que premiou os caceteiros belgas durante todo o jogo. Uma arbitragem com muitos equívocos.


As contas do grupo continuam em aberto para todos e apenas a vitória em Copenhaga nos dá garantias. A derrota deixa-nos praticamente fora e o empate adia tudo para a última jornada. Mas por agora chega de Champions. Agora é tempo de pensar em coisas sérias (bilhetes aqui). Até já.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



P.S. -  hoje é dia de Assembleia Geral do Clube. É fundamental que todos os sócios marquem presença e uma vez mais demonstrem que o clube é democrático e é nosso, dos sócios, de todos os sócios. E que não há espaço para pseudo-monarquias, oligarquias ou ditaduras. O Porto é Nosso e há-de ser! (permissão para continuar a cantarolar)



17 comentários:

  1. Opá, o Lito está muito parecido com aquele belga que jogou nos lampiões! Corrige lá isso, que não foi contra o Arouca... ;)
    Abraço

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  2. Juizinho na Assembleia Geral de logo !

    a equipe do Canelas estará de atalaia para explicar ( sem desenho) todas as maravilhosas decisões do Grande Lider -

    Sousa Dias - V N de Gaia

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    1. Os sócios do Porto são uns animais, não são, Sr. Sousa Dias? São o espelho da Direção, não é isso que quer dizer? E o senhor é o quê?

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    2. Cartão amarelo, "Anónimo". Não gostou do conteúdo e abriu a porta à ofensa pessoal. Porquê? Por favor não me façam arrepender tão depressa de ter reintroduzido o comentário anónimo.

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    3. Para qual? Para o "imbecil" ou para o verme que renega a sua gente?

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  3. Depois da saída de Herrera, o F. C. do Porto transfigurou-se e partiu para uma enorme exibição. Oliver, Octávio, Ruben Neves, brindaram os presentes com a sua enorme categoria, dominando o meio campo e burilando brilhantes jogadas que reduziram a pó a resistência dos belgas. O Herrera só estorva e contamina os outros. Para gaúdio dos portistas ficamos com água na boca para vermos repetidos esses 30 minutos.

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    1. Não consegui ficar assim tão entusiasmado. A melhoria foi evidente e inevitável com a saída de Herrera mas achei que Óliver e Otávio não melhoraram o suficiente.

      Espero que o onze que terminou seja o titular no domingo, a menos que Otávio recupere a forma até lá (algo difícil de avaliar, reconheço).

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    2. Claro que aquela ultima meia hora foi do melhor que já se viu no Dragão...para a equipa adversária. Otávio tem de recuperar, porque Oli já está no ponto há muito tempo.

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  4. "Outra boa exibição, muito segura e eficaz. Até tremo de pensar quando chegará a próxima Marcanada... é que as probabilidades começam a fazer pressão... até lá, aproveitemos."

    está "apenas" a provar que a sua primeira epoca (grande epoca) de dragao ao peito nao foi um acaso e que a má epoca passada, que foi geral no que toca a centrais e nao só, essa sim foi um acaso, e prova também aquilo que já defendia a muito que é SÓ o melhor central do porto e quem nao vê isso ou nao pesca nada de bola ou é dono de um blog..

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    1. Veja lá que no meu caso conseguiu reunir as duas qualidades, sou dono de um blogue e não pesco nada de bola! O que me vale são os doutos anónimos que generosamente me emprestam um pouco da sua sapiência infinita... Bem hajam por isso!

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    2. Há anónimos e anónimos e o verdadeiro anónimo não é acrobata e sabe conjugar o verbo haver.

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    3. Pois há, e ao "verdadeiro" não lhe custava nada continuar como Kostadinov, certo? Não complique...

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    4. O Kostadinov, é como o João Pinto, chuta com o pé que está mais à mão.

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    5. Pois que chute sempre com o nome nas kostas :-)

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  5. Caro LAeB,

    Apercebi-me agora, com satisfação, da reintrodução do comentário anónimo, sendo assim possível para mim, comentar no seu blogue. Que bom.

    Do jogo com o Brugge, o que verdadeiramente me satisfez foi o resultado, dado o que estava em jogo tanto no aspecto desportivo quanto no financeiro, afinal o mais importante. A equipa do FC Porto do momento, não empolga, peca pela pouca eficácia e "desaparece" com frequência preocupante do jogo, daí não saber o que esperar para o jogo de Domingo, pois a realidade da equipa também não ajuda a definir-me. Em todo o caso, quero acreditar no renascimento da equipa à Porto e assim podermos arrecadar os 3 pontos, fundamentais, por TUDO.

    Um abraço e ...

    FC PORTO SEMPRE

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    1. Seja bem regressado - foi a pensar em si que voltei atrás... mas não sei se poderei manter, está nas mãos de quem comenta sem assinar...

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