So Help Us God

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

So Help Us God


O impensável aconteceu. Donald Trump é o presidente eleito dos Estados Unidos da América. Como foi possível? E agora?




A 9 de Novembro de 1989, o mundo ocidental assistiu, esperançado, à queda de um muro. Um muro de vergonha que durante quase três décadas separou famílias e amigos de Berlim, alemães de um lado e do outro e simbolizou a separação entre dois blocos civilizacionais opostos.

Por cruel ironia do destino, precisamente 27 anos volvidos, os americanos elegeram um homem cuja promessa mais sonante foi a de erguer um muro na fronteira com o México. Se isto fosse um tema divertido diria que vem tarde demais, o Herrera já saiu de lá. Não sendo, resta-me fazer uma pequena reflexão sobre os motivos que conduziram o primeiro pussy grabber da história a chegar à Sala Oval e o que se segue agora que a catástrofe aconteceu.


Como foi possível?


Não sou, nem de longe nem de perto, um especialista sobre a sociedade americana. Sou um observador razoavelmente atento aos fenómenos que trespassam as notícias e aos que por elas deslizam sem grande alarido.

Lembro-me bem da esperança que senti aquando da primeira eleição de Barack Obama, como se um novo e invisível muro tivesse sido derrubado. O primeiro negro presidente, mas mais do que isso, alguém capaz de entusiasmar as massas à volta do seu discurso progressista e inclusivo. Tão inspirador que lhe valeu o Nobel da Paz, vejam bem. O Commander-in-Chief das forças armadas mais poderosas do mundo, primeiro e último responsável por todas as acções por elas cometidas, laureado pelos "seus esforços pela fraternidade entre nações e/ou redução de armamento. Em rigor, "shall have done the most or the best work for fraternity between nations, for the abolition or reduction of standing armies and for the holding and promotion of peace congresses". O Comandante Supremo das Forças Armadas.

Oito anos volvidos, a sua maior bandeira e previsível legado - a reforma do sistema de saúde - está a um pequeno passado de ser obliterado. Pelo meio, milhares de outras coisas, evidentemente, desde o pacote de estímulo e reforma legislativa do sector financeiro, pós crise do subprime de 2008 até à captura de Bin Laden, assistida ao vivo pelo presidente e seu staff, para lá de promover a queda de Gaddafi, retirada do Iraque e tentativa de sair do Afeganistão (não consumada). 

O que sobra hoje, qual a imagem mais forte dos dias que correm da sua passagem pelo poder?

Sobra a simpatia, o sentido de humor e a determinação de um homem que um dia deu a sensação de poder fazer do mundo um sítio um pouco melhor mas que, no final, deixa o cargo sem nada de relevante ou decisivo ter feito para evitar e depois travar uma das maiores crises humanitárias do século, a que se vive na Síria, às custas da coligação de dois ditadores sanguinários, Putin e al-Assad, contra os quais não pode ou não quis fazer nada.

Por outro lado, lá nos Estados Unidos a globalização cobrou a sua "portagem" e a classe média e média-baixa sentiu-a como ninguém, assistindo impotente à deslocalização das suas indústrias para o estrangeiro, com destaque para a China e México. Menos emprego, menor poder de compra e uma economia dual, cheia de contrastes extremados que vão desde Silicon Valley até ao Rust Belt.

Se nem Obama conseguiu mudar o mundo - ou, no que interessava para a eleição, a América - como poderia alguém tão embrenhada no tal establishment como a cínica Hillary Clinton ser digna da confiança dos americanos? Chegámos a um momento da História em que a democracia tem que ser posta em causa.

Não para a substituir por qualquer outro sistema autoritário ou anárquico, mas antes para a dissecar ao milímetro e perceber em que ponto é que os eleitores deixaram de se sentir representados pelos seus eleitos. Em que ponto é que o ecossistema político de cada nação se fechou em si mesmo, perdeu a noção do seu propósito primeiro e passou a partilhar o espólio por ciclos de alternância (alô Portugal?), sem cuidar de verdadeiramente responder aos anseios dos cidadãos seus representados.




Making America White Again


As causas serão muitas, em boa parte já bem estudadas e documentadas por quem de direito, mas aqui importa-me realçar os efeitos dessa alienação da classe política ocidental (para não generalizar ao que não tenho a certeza ser verdadeiro) da realidade que o cidadão comum enfrenta no dia-a-dia.

Em minha opinião foi este desconforto, este afastamento entre eleitor e eleitos, esta revolta ainda contida das pessoas que elegeu ontem Donald Trump. Isto e uma condição endógena da sociedade americana, que se tem vindo a desenvolver ao longo das décadas, e que tem a ver com o ressentimento que a população branca tem vindo a desenvolver face ao crescimento (em todos os sentidos, desde o demográfico ao cultural e sócio-económico) das outras "minorias" não-brancas. 

Parece-me razoável que a América branca, rural e industrial, envelhecida, que reside entre as duas costas se tenha empenhado em eleger o primeiro candidato em décadas a dar-lhes atenção e a prometer devolver a "ordem natural das coisas". Um péssimo propósito mas que terá valido milhões de votos, ao passo que muitos dos "indignados" com os insultos de Trump possam ter ficado em casa em vez de ir votar.

E daqui se pode passar para um terceiro conjunto de razões: as sondagens. Todas, sem excepção, falharam miseravelmente. Será que se as sondagens tivessem previsto o resultado que foi o final, a votação teria sido a mesma? Aposto que não, precisamente porque eliminaria o efeito anestético que as mesmas tiveram em gente que julgou ser garantida a derrota de Trump. 

Só assim se consegue perceber como foi possível que o candidato mais transversalmente hostilizado pelos média e celebridades americanas tenha conseguido chegar a presidente dos Estados Unidos, sobrevivendo inclusive a todas as suas mentiras, escândalos, insultos, plágios, declarações xenófobas, machistas e inflamatórias e à absoluta falta de propostas concretas e/ou exequíveis.




E agora, vem aí o Armaggedon? Não, é um "novo" Deal, estúpido!


Com todo o risco que prever o comportamento de alguém tão instável e egocêntrico encerra, eu diria que não, nem por sombras. 

Em primeiro lugar e desde logo, porque o presidente não governa sozinho. As escolhas que fizer para a sua entourage poderão ajudar a perceber qual será o "tom" inicial da sua presidência, mas para lá disso existem outras câmaras de poder que controlam a acção presidencial - e não será por serem dominadas pelo seu partido que terá carta branca para as suas loucuras.

Depois, porque Trump é um empreiteiro-sucateiro no seu máximo esplendor, um chico-esperto empreendedor com uma confiança inabalável em si mesmo e nos seus métodos "inovadores" para atingir os seus propósitos. Ou seja, é um homem de negócios e continuará a ser.

O seu discurso de vitória não lhe assenta minimamente, mas foi essencial tê-lo feito. Foi a tal faceta de businessman que se sobrepôs, porque era importante acalmar as bolsas e mercados financeiros, e também porque lhe caiu no colo uma missão para a qual não está nem remotamente preparado e até ele reconhece que vai precisar de muita gente - uma boa parte, já muitas vezes vítimas dos seus desvarios e insultos - para o ajudar.
No que ao resto do Mundo interessa, a política externa americana, é bem possível que os próximos anos sejam "diferentes", com o surgimento de novos alinhamentos e o quebrar de alianças antigas. É aqui que temo mais o seu ego e que possa reagir recorrendo aos seus instintos mais primitivos (quase todos, no caso dele). Não é de excluir que povos inteiros possam passar "um mau bocado" à custa da sua imprudência e impreparação - mas também, sejamos honestos, não há já neste preciso momento quem esteja a sofrer para lá do que seria humanamente aceitável? A diferença é o receio de que agora possamos ser nós. Resta-nos confiar na sabedoria e bom senso dos seus conselheiros, para que nenhum conflito regional possa alguma vez evoluir para uma escala mais perigosa para todos.

O discurso de Trump foi revelador em alguns aspectos, nomeadamente quanto ao caminho que ele entende ser o correcto para fazer a economia crescer: construir. Build, build, build, ou não fosse ele o Bob, o Construtor da vida real. Trump planeia reformar as infraestruturas da nação, aumentando assim o emprego e melhorando as condições de funcionamento da própria economia. Diz que é uma espécie de New Deal à la Trump, desta vez liderado por um "republicano" (read and weep FDR!). Só falta explicar um pequeno detalhe: onde vai buscar o dinheiro para todo esse investimento, conciliando isso com a prometida diminuição de impostos e consequentemente da receita federal. Lookout FED, Donald is coming for you (and your printing machines)! 




E afinal, nem tudo é mau.


Para lá do mais do que óbvio bónus que os americanos recebem ao ter a hottest First Lady ever (desde que o botox e o silicone se mantenham estáveis e intactos), não vamos ter que aturar Hillary Clinton. Tenho genuína pena pela oportunidade que se perdeu de ter uma mulher presidente, pelo progresso que representaria para a raça humana como um todo. Mas Hillary também não me parece bem uma mulher, nem um homem, mas something in between. Eu não gosto de Hillary, mas teria votado nela. Contrariado. E mentalmente, votei. Sobra-me assim agora um sincero alívio após as lágrimas da derrota. Queriam uma mulher presidente, que ganhasse as eleições com uma perna às costas, tivessem convencido Elizabeth Warren a concorrer, em vez de colocar Hillary à frente de tudo e todos. Mas se calhar, não queriam.


Seja como for, 8 de Novembro de 2016 entrará certamente na História como um marco significativo. De quê exactamente, é o que se verá daqui em diante. Eu gostava que fosse o grito de alerta que as outras nações democráticas ouviram com horror e lhes permitiu antecipar a proliferação de Trumps por este mundo fora. Que as incentivou, uma após a outra, a reformar os seus sistemas e os seus políticos e os redireccionou de volta para a prossecução do superior interesse do bem comum. Deixem-me sonhar, porque a realidade soa a pesadelo.

Imaginem se um dia Joe Berardo se candidata a primeiro-ministro e tem como opositora a Ana Gomes (kudos ao Jorge, Porta 19). Querem mesmo ser forçados a ter de escolher entre um dos dois? Ou correr o risco de Joe ganhar? Fuck U!



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



P.S. - O contrato proposto por Trump ao eleitor americano para os primeiros 100 dias da sua presidência, aqui. Se ainda não estavam preocupados, agora é uma boa altura para começar. Ah e tal que ele não vai fazer nada do que diz... ah e tal que ele jamais seria eleito...





38 comentários:

  1. Adorei a comparação efetuada no ultimo parágrafo. Não poderia ter sido mais feliz.
    Abraço

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    1. Eu também achei deliciosa, tanto que não resisti a inclui-la. Mas o mérito é todo do senhor da Porta 19.

      Um abraço

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    2. Donald Trump foi sujeito à maior e mais violenta campanha de ataques pessoais que alguma vez vi na minha vida. Todos as principais publicações Correio da Manhã incluído, alinharam entusiasticamente. Sem recorrer a sites de extrema-direita o único site que defendia Trump foi o extraordinário Drudge Report. Foi só através dele que comecei a achar – e aqui vim dizer – que o eleitorado reage sempre mal às ordens paternalistas dadas por uma unanimidade de comentadores, jornalistas e celebridades.

      A eleição de Donald Trump foi um triunfo da democracia e uma derrota profunda dos meios de comunicação social.

      Claro que Trump não é nenhum outsider. É um bilionário que sempre fez parte da ordem estabelecida, da elite que dá as ordens e manda na economia dos EUA. É um amigo de Hillary e Bill Clinton que só se tornou ex-amigo porque lhe deu na gana ser presidente dos EUA.

      Agora é. Conseguiu o que queria. Há-de voltar as costas ao eleitorado que o elegeu logo que perceba que a única coisa que esse eleitorado tinha para lhe dar já foi dado: os votos de que ele precisava para ser eleito.

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    3. Seria mais correcto referir o autor quando o cita, não acha? Neste caso, MEC.
      E já agora, assinar o comentário.

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    4. Muito bem Lápis Azul e Branco.
      Também reconheci o comentário assim que o comecei a ler aqui.
      E já agora, por nunca me ter pronunciado sobre o assunto, parabéns pelo blog. Que continue sempre na defesa do interesse do "nosso" FC Porto.
      Cumps

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  2. o povo e soberano e nao so para o lado que nos queremos, e sempre, nao em todos os paises onde por vezes se ganha nas urnas e depois se perde nos palacios.

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    1. O problema é que se não exerce essa soberania elegendo bons representantes, acaba sem ela.

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    2. Quem são os bons? Os apoiados pelos jornais e jornalistas corruptos, pelos juízes nomeados para os favores, pelos lobbystas de sempre?
      Não é dessa corja que nos queixamos aqui diáriamente? Não é desses que estão no Terreiro do Paço ou em Washington, D.C. e desprezam o país real?
      Isto deveria ser uma lição dada pelo povo, mas pelos vistos não é.

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    3. Bons ou maus, só depois de por lá passarem é que se pode julgar. Em tese, serão os que põem a causa pública acima de qualquer outra.

      À partida, Trump assemelha-se a tudo o que eu não quero num representante meu. Esperemos que à chegada seja forçado a reconhecer o meu erro de análise.

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  3. Continuamos a olhar para a América com os nossos olhos europeus. Por isso, vemos pouco. Metade, para ser generoso. A América AINDA não tem tempo para querer saber do mundo, para além da comichão quemlje provoca no umbigo.
    De resto, é tudo o que dizes. Era como pedir ao lápis que escolhesse entre Jergo Juses e Lopetegui... ;)
    Abraço

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    1. Lotopé... Lopoté... Lope quê?

      Aquela América que fica entre as duas costas vive de facto centrada no seu país que é o seu Estado ou simplesmente o condado. DC já fica muito longe...

      Mas a questão não é com que olhos o mundo vê os EUA - eu usei um mexicano e um maliano para escrever este artigo ;-), é com que percentagem de utilização cerebral é que eles elegem o seu presidente.

      Não concordo muito com a juventude da nação como justificação do alheamento, para mim é mais uma questão serem eles o centro do sistema solar e como tal tudo girar à sua volta.

      Abraço

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  4. Os americanos, legítimamente, escolheram em função dos seus interesses pouco se importando o que pensa o resto do Mundo, daí eu não ter preferência por qualquer dos candidatos, nem tinha de ter.
    Depois, quase sempre o que se diz em campanha eleitoral não tem correspondência quando no exercício do cargo, aliás, já se notou alguma inflexão no discurso da vitória. Por outro lado, nem mesmo o Presidente do EUA goza de um poder absoluto que lhe permita fazer o que lhe der na gana. Como grande potência que são, com este ou outro presidente, agirão tendo sempre em conta os seus interesses, sejam económicos ou geoestratégicos. Um facto que parece relevante e convide até a alguma reflexão, é o facto deste senhor aparecer fora do habitual sistema político o que talvez também explique o seu sucesso. Venha de lá o S.Martinho, as castanhas e água pé.

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    1. Claro que não se importaram com o que o mundo pensa, porque haveriam se muitos nem sabem que há mundo para lá do Canadá e do México? :-) E mesmo sabendo, é uma questão deles e de mais ninguém.

      Já as implicações dessa escolha é que extravasam largamente os EUA, pela influência que têm a nível global. E é por isso que o mundo se importa.

      De resto, muito de acordo com a sua análise, salientando apenas que Trump pode vir de fora do sistema político mas vem de dentro do sistema que domina o país.

      Eu que sou fino, bebo Grappa com as castanhas!

      Um abraço

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  5. Trump será o melhor presidente da história da américa (para os americanos), não para os que se crêem americanos.

    Imigração ilegal (é considerado um delito e punido por lei) é um dos problemas dos países ricos. Não vejo mal em tomar medidas para combater esta espécie de fraude.

    Obamacare parecido a servico nacional de saude. Falo por experiência, mas pago muito no fim de cada mês para o "estado social" português e quando quer uma consulta com o meu médico de familia tenho de esperar 2/3 meses...Porque o dinheiro que pago no final do mês é utilisado para os idosos "acamparem" nos centros de saúde.Querem saúde, paguem pela saúde..

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    1. Quantos, inclusive Trump, apresentados como símbolo do sonho americano, não se serviram da emigração ilegal. Quantas vezes a prática atraiçoa a intenção.

      Sobre o último parágrafo, abstenho-me de comentar, tão radical, se bem que legítimo, é o seu pensamento. Eu também pago no fim de cada mês, mas não me importo de não ter retorno, sinal de que tenho saúde. É por esta inversão de valores que não me revejo no tipo de sociedade americana, e não, não sou comunista.

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    2. Pano suficiente para mangas dos uniformes de todo o exército chinês...

      Espero que tenha razão no seu vaticínio. E que faça o favor de assinar o comentário da próxima vez.

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    3. Um cartaz que me ficou: without immigrants, Trump would have no wives...

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    4. Eu quero ver quantos dos brancos que votaram Trump vao fazer os trabalhos que os ilegais faziam - colher morangos 15 horas por dia, ao sol, sem beneficios ou qualquer proteccao social... Esta bem, esta...

      Alem de que a ideia de que os ilegais fazem algum "mal" ao pais e um atentado a inteligencia, com todos os estudos que ja demonstraram que os ilegais nos EUA fazem crescer a economia em mais de 120 bilhoes dolares...

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    5. O Anonimo percebe tanto da poda que compara o Obamacare ao sistema portugues - que ridiculo! comparar o cu com as calcas...

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  6. As eleições americanas demonstraram à evidência o controle da comunicação social por parte dos poderes instalados na capital, pelas elites financeiras e pelos auto intitulados intelectuais. A comunicação social portuguesa diabolizou Trump porque se identifica também com os poderes instalados no Terreiro do Paço. E , na vá o Diabo tecê-las e aparecer um qualquer Trump à portuguesa que desafie os poderes instalados vá de começar desde já a intoxicar os portugueses. A ditadura instalada no Terreiro do Paço ( ou se quiserem em S. Bento ) servilmente apoiada pela maioria da comunicação social , que oprime o resto do País não terminará enquanto continuarmos subjugados por efeito da desinformação diária desta comunicação social corrompida. Mesmo nos idos tempos de Salazar assisti a tamanho afrontamento. Relembro que o Porto tinha três jornais diários com expressão relevante : Primeiro de Janeiro, Comércio do Porto e Jornal de Notícias. Resta-nos o JN e sabe-se lá até quando. Como português, cidadão do Porto e portista nunca senti tanta perseguição pelo poder da Capital e tanta cobertura dada pela CS a essa mesma perseguição. O colonialismo que acabou nas antigas províncias ultramarinas, mudou-se para o resto País fora da Capital. A minha maior preocupação não são os Trump`s desta vida mas as dinastias “ Clinton “ à portuguesa instaladas no poder da Capital do “ Império Colonial “. Cordiais saudações. J. Monteiro.

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    1. Não tenho como discordar, caro J. Monteiro, "alerto" apenas que mesmo o JN já é pouco mais do que um Correio da Manhã do Porto...

      Apenas insisto que não é uma "má Hillary" que faz de Trump alguém qualificado para ser presidente - ainda menos de um país que quando espirra o resto do mundo constipa-se.

      Um abraço e volte sempre!

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  7. Os que são contra Trump, mais não são que "rebanho" fiel e seguidor de uma CS porca e centralista. Trump apenas disse aquilo que vai no coração de todos, mas que hipocrita e politicamente correcto, ninguém tem "tomates" para o dizer.
    Juarez que fica a uns escasso e miseros quilometros dos USA, é ou já foi há bem pouco tempo, a cidade mais violenta do mundo. O México está para a América central como o bairro do lagarteiro está para a cidade do Porto! Há lá gente boa, mas muito, muito e escassamente pouca!

    E constrange-me e de que maneira, nós, portistas, querermos para nós o que agora desprezamos nos outros!
    De Clinton's está Lisboa cheia!!!

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    1. Com toda a honestidade, isso para mim chama-se xenofobia. Afirmar com leviandade que a grande maioria de quase 120M de pessoas não prestam é mais do que injusto, é perigoso. A não ser que o Felisberto seja um estudioso da cultura mexicana e me apresente factos que sustentem o que afirma, claro. Eu, como não sou, não me atrevo. Mas lembro-me de um gajo, sem peruca mas com bigode e cabelo lambido, que um dia disse o mesmo dos judeus. Perigoso.

      Repito: não é uma má Hillary que faz de Trump alguém decente.

      Abraço

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    2. Faltou-me dizer que os tais ilegais sempre formaram grande parte da mão-de-obra que enriqueceu Trump. Sempre quero vê-lo a pagar a americanos o mesmo que pagava aos ilegais, a ver se eles trabalham.

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    3. Felisberto,
      Tem de me explicar em que se baseia para falar sobre essa "CS porca e centralista"
      Em que parte dos EUA vive para tao taxativamente dar essas opinioes?
      Ja agora, diga-me la se me engano quando digo que voce e branco, perto ou ja na reforma e que nao tem educacao alem do liceu?

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    4. Lapis, eu nao sei se alguma vez referi, mas eu vivo nos EUA, por isso vivi toda esta campanha eleitoral muito de perto. Quando quiser discutir a politica daqui, tem o meu email!

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    5. Pancas, não sabia! Em que estado e cidade, se não é indiscrição a mais? E mais importante, concorda com a minha leitura da situação ou nem por isso?

      Abraço

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    6. Louisville, Kentucky. Cidade do GOAT (Greatest Of All Time - Muhammad Ali).
      No geral concordo com as suas ideias sobre a eleicao. Acho que lhe faltam alguns detalhes:
      - o facto de que muita gente votou Trump simplesmente porque queriam mudanca, fosse quem fosse
      - muitos acreditam piamente que ele vai conseguir re-erguer o sector industrial porque (erradamente) acham que o outsorcing e o causador da falta de trabalho (na verdade, mais postos de trabalho tem sido perdidos por automatizacao e gestao de processos do que outsourcing)
      - de notar que o Trump ganhou, de longe, o voto dos indecisos que so tomaram uma decisao nos ultimos dias - por isso o problema das sondagens. Falharam porque havia 12% de indecisos quando na eleicao anterior havia cerca de 4%.
      - ao contrario de muitos amigos aqui que estao quase em panico, eu ate acho que ele nao vai ser assim tao mau - de certeza melhor do que muitos dos outros candidatos republicanos. O maior problema, para mim, poe-se com o facto de que os republicanos dominam todas as areas de poder e portanto podem fazer imensos estragos e tambem mudar as regras o suficiente para estarem em melhores condicoes de vitoria mais tarde.

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    7. O Bernie Sanders não representava também essa vontade de mudança? Porque não ganhou o ticket democrata? Ou são só as pessoas conservadoras que estão fartas? Soa a contradição...

      Já há bastante tempo que tenho esta noção de que as sondagens são uma terrível mas discreta arma eleitoral, quase sempre manipuladas em função de algum interesse. Deveria haver uma regulamentação rigorosa e um escrutínio total sobre a lisura dos processos de recolha e análise dos dados que resultam nas sondagens.

      Percebo o seu ponto do domínio republicano (referi-o no texto), mas acredito que os republicanos "profissionais" pouco se revêm em Trump e não estarão dispostos a arriscar as suas carreiras seguindo atrás de um (potencial) doido varrido. Não estou assim tão pessimista nesse campo, temo mais pela alteração dos equilíbrios geopolíticos internacionais.

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    8. Sobre o Bernie (era o meu candidato preferido) ha que perceber as varias razoes porque perdeu, apesar de tambem ter um discurso de mudanca.
      Perder a primaria democrata e muito diferente de perder a eleicao geral. O Bernie perdeu por margens significativas o voto das minorias, principalmente o voto negro. As minorias tem muito menos vontade de mudanca que os brancos. Muitas pessoas que votariam no Bernie pela mudanca nao podiam votar nele porque nao eram registados democratas e na maior parte dos estados as primarias eram fechadas. A Hillary tinha todo o poder do estabelecimento democrata em termos de organizacao, "get out the vote" e assim. E finalmente o Bernie tinha pouco "name recognition" - o eleitorado e muito pouco informado aqui e tende a votar em nomes que reconhecem - claro que o Donald Trump e conhecido por isso nao tinha esse problema.

      Quanto as sondagens, aconselho a ler uns artigos do Nate Silver no seu site fivethirtyeight.com - ele mostra como as sondagens nao foram tao mas como se diz. Veja-se que nos ultimos dias a Hillary tinha uma vantagem nacional de 3-4 pontos, e vai acabar por ganhar o voto popular por 2 pontos. Ora isso e dentro da margem de erro. O que lixou as sondagens foi o turnout de diferentes grupos, com o voto branco rural a crescer muito e o voto negro a ser mais fraco. E o facto de que os estados se correlacionam, portanto se o voto branco cresce na Pensylvannia, tambem vai crescer no Michigan e portanto os erros multiplicam-se.

      O que eu queria dizer em termos dos republicanos e que eu tenho mais medo dos "profissionais" do que do Trump. O Trump, por exemplo, nao liga um boi a religiao, enquanto que ha muitos profissionais como o Pence que querem que a biblia seja a base das leis. O Trump e contra muitos dos trade deals, quando a posicao republicana sempre foi de os favorecer porque sao bons para as empresas.
      Em termos internacionais resta saber o que o Trump vai realmente fazer, porque durante a eleicao, uns dias era isolacionista, outro era intervencionista... veremos...

      Achei este artigo muito interessante: https://hbr.org/2016/11/what-so-many-people-dont-get-about-the-u-s-working-class

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    9. Ups... À custa do Müller, quase me esquecia de agradecer mais estes insights, para mim muito interessantes.

      A vantagem é que entretanto passaram uns dias mais e já se pode vislumbrar um pouco mais do que aí vem. Eu não conheço as personagens que têm sido nomeadas para algumas posições importantes na administração, mas até agora só aqui chegam sinais de pânico e incredulidade pelas escolhas.

      Não parece estar bonito o quadro...

      Sobre as sondagens, mesmo não sendo "assim tão más", não tenho dúvidas que influenciaram muitos eleitores a ir e a não ir votar, bem como a fazer os indecisos pender para um lado, baseado em falsas premissas. Aí como cá e em muitos lados...

      Abraço

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  8. Sou racista? Sou!!!!
    Não no sentido social, mas na sua essência biocultural!
    Sou contra os casamentos mistos, porque sou apologista das purezas das raças, sejam elas brancas, pretas, vermelhas ou amarelas!!!

    O ser humano levou milhões de anos a diversificar-se, a tornar própria a cor da sua pele!
    Não aceito o capitalismo, mercantilismo, ou raio que o parta que venha destruir esta beleza da natureza!!! Não somos cães para cruzarmos raças (apesar dos portugueses serem os pais dos mestiços!).

    E até digo mais; foi a raça branca que f... este planeta, que virou tudo do avesso!
    Caro LAeB, repare na África. Foram os europeus, logo os brancos, que determinaram posições geo estratégicas, que com as lutas pela independência, resultaram em fronteiras sem nexo! Países com tribos hostis fazendo parte da mesma nação!! Seria como colocar o nosso FC PORTO em... Lisboa!!!

    E sim sou xenófobo! Sou contra uma Europa que democraticamente permite sinagogas, mesquistas, burkas, e lençois dos pé á cabeça, mas nos países onde essas regras são permitidas, leva-se ao cadafalso uma teenager de mini-saia, um ateu, um contra!

    Agora se me pergunta se tenho amigos pretos (acho a palavra "negro" de uma humilhação total!), tenho (um dos meus melhores amigos era maliano)! E xenófobamente até tenho um amigo cigano, joia de pessoa.

    O filme "From Dawn Till Dusk" que eu adoro, foi precisamente realizado por um mexicano e expõe cruelmente as 2 culturas, ainda que vampiristicamente subjectivas.
    E mais uma vez cito Jim Morrison sobre isto tudo como: "No One Here Gets Out Alive"!

    A solidariedade é totalmente diferente da... piedade!

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    1. Como nos EUA, bastou um racista com complexos de inferioridade comecar a espalhar odio, para todos os outros sairem da toca...

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  9. Se o gajo for tão bom a governar como a escolher as mulheres, vamos ter o melhor presidente americano de todos os tempos.
    Que não se lembre de apresentar pinceis carregadas de ódio como Condoleezza Rice ou Madeleine Albright como secretárias de estado já será um bom começo.

    Muitos se esquecem que esses "simbolos" da democracia que agora caiem abaixo do cavalo, têm as mãos muito manchadas de sangue, desde os balcãs, ao Iraque, à Palestina, Libia, Siria, Egipto, etc.
    Eram Primaveras, mas de morte.
    Como diria o grande JJ, ser racista, xenófabo, arrogante, mulherengo, gabarolas, tinhoso, são peanuts, comparados com os danos colaterais de bombardear comboios, hospitais,escolas, praças, lares para impor um determinado modo de vida, sacar o petróleo e abandoná-los à sua sorte.

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  10. Quem teve Cavaco mais de 30 anos. Ministros como Rui Gomes da Silva. Na propaganda do regime José Eduardo Moniz. Manuela Moura Guedes quase como 1ª dama, juízes do laço, Santana Lopes, Sócrates, Passos Coelho / Miguel Relvas e o Lápis Azul e Branco está preocupado com Trump?
    Lembra-se das auto-estradas, da expo/98, da ponte Vasco da Gama, do CCB, da sede da CGD, das ICs, dos fundos europeus que sumiram para os bolsos dessa rapaziada que tinha experiência de governação e sempre serviram a causa pública?

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  11. Há muitas pessoas fartas dos “sábios” em tronos dourados ou que pululam por esse mundo fora em digressões mediatizadas, dizerem-me que eu sou um pouquinho estúpido, não entendo, não tenho capacidade, não tenho habilitações, não tenho instrução, não tenho inteligência para perceber que o “sistema” é extraordinário, benevolente, caridoso, generoso para mim e que eu lhe devia beijar os pés e dar graças todos os dias. Dizia ontem um sujeito na TV que as pessoas estão fartas da actuação dos media e dos intelectuais… penso que sim, mas talvez já estejam também fartas de quem manobra e patrocina esses instrumentos, talvez já estejam a ver que estão fartas do sistema dos "mercados". Por vezes terão vontade de dar um “coice” de indignação.

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