Vazio de Liderança

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Vazio de Liderança


Em busca de explicações plausíveis para o momento que a equipa e o clube atravessam.




Tendo como ponto de partida as boas análises ao "caso Maicon" do Porta 19 e do Tribunal do Dragão, que o abordam de forma compreensiva e se complementam, permito-me aventurar directamente na busca dos porquês. Não apenas do que se passou com o tronco Roque no jogo de domingo passado, mas do que se vai passando com a floresta portista em geral.

Para mim Maicon é um alvo fácil, o verdadeiro sitting duck. Dentro do meu grupo de amigos, todos sabem bem da fobia que lhe desenvolvi há já muito tempo. Não entendo como alguém com tão pouco talento consegue uma carreira como a que ele teve até agora. Percebo que se tenha evidenciado no Nacional pelas aptidões físicas e que com meia dúzia de videos bem montados, o tenham conseguido vender ao Porto. 

Mas que se tenha mantido no plantel todos estes anos, inclusivé passando de segunda linha a titular e finalmente a capitão, já é mais do que um mistério. É um sinal evidente de que muita coisa mudou no clube. E para pior, infelizmente.

Maicon terá (terá?) porventura algumas características importantes de personalidade que o tenham feito aguentar nos vários planteis quando claramente o seu futebol não o justificava. É bravo, determinado e acredito que boa influência para o grupo. Num plantel de 25, pode haver espaço para manter um jogador assim, que compense fora de campo aquilo que não pode fazer dentro dele. Mas só se compreende se ele for terceira ou quarta opção na posição, tem que haver quem tenha qualidades futebolísticas para... como dizer... jogar!

Fazendo agora um zoom out, deixemos o pobre "capitão" a arder no seu pequeno inferno e foquemo-nos na equipa actual. E depois, nas várias equipas que nos representaram nestes últimos anos.

Sabendo-se que o paradigma do futebol profissional se alterou radical e inexoravelmente face há 30 anos atrás, altura em que, ano após ano, nos habituamos a ter equipas feitas de homens que se entregavam de corpo e alma à causa portista durante épocas a fio (e até carreiras inteiras), seria puro romantismo pensar que no Porto as coisas não evoluiriam com o "mercado". 

Apesar dos muitos sucessos que conquistamos a nível internacional (aliás, bem acima do nosso paygrade), nunca deixámos de ser um clube de dimensão média a nível europeu, não só em termos do apoio associativo, mas sobretudo a nível da capacidade financeira (ela própria, condicionada pela dimensão restrita da base de apoio). 

Cruzando a Lei Bosman com a entrada de cada vez mais recursos financeiros no futebol, pelas vias dos direitos televisivos (Liga dos Campeões, profissionalização absoluta da Liga Inglesa) e mais recentemente, dos bilionários oligarcas de origem duvidosa (ou nada duvidosa, se preferirem), o fosso que nos separa das quatro grandes ligas aumentou quase exponencialmente. Até ao ponto de um "mero" Stoke City (quéssamerda?) nos fazer o jeito de resgatar aquele que ameaçava ser simultaneamente o maior e o pior investimento da nossa história.

E para que serviu este longo introito? Para concluir algo evidente e simples: os melhores jogadores são contratados pelas equipas com maior poder financeiro. Apenas meia dúzia de equipas se pode dar ao luxo de dizer que "não vende", porque não precisa e porque pode pagar ao mesmo nível de quem se dispõe a comprar. Há outros fatores, evidentemente, que levam a que "qualquer" jogador prefira jogar num dos dois grandes espanhóis do que no PSG ou City, por exemplo, mas que não relevam para o caso do Porto, dada a diferença abismal de escalas.


Para o Porto, releva sim que as nossas referências de outrora só o chegaram a ser porque ficaram no clube o tempo suficiente. Muito nos anos 80, menos nos 90 e algum já neste novo século. Mas nem por isso deixamos de os ter. Ontem o Porto Universal focou-se um jogador que está no meu Olimpo pessoal de jogadores, onde não cabe mais do que um zodíaco: Lucho González. Também eu senti um vazio quando, apesar das juras de amor de jogador e clube, ele saiu para o OM. Não havia na altura mais ninguém que percebesse e gostasse tanto do clube dentro do plantel. Terá sido mesmo o último capitão digno desse estatuto. Tivemos Bruno Alves, Hulk, Falcão, Moutinho; e temos ainda Hélton - tudo gente com história importante no clube, mas sem aura de grande capitão. 

E mesmo aquando da segunda passagem pelo clube, Lucho já não seria o mesmo, mas sobretudo era o clube que lhe parecia irreconhecível. Voltou a sair, sem o reconhecimento e principalmente sem o aproveitamento de tudo o que poderia dar.




A aposta na contratação de jogadores passou a ser feita quase exclusivamente em função do potencial de retorno financeiro (quanto mais rápido, melhor) e quase nada em função do capital humano que cada um aporta consigo. Passámos a alavancar ainda mais as nossas finanças, aumentando o risco na mesma proporção e com ele, a obrigatoriedade de vender, vender, vender para sobreviver. A estratégia seria, obviamente, ir ganhando campeonatos pelo meio.

O apex (espero eu) desta política chegou com Lopetegui. Em definitivo, pôs-se de lado tudo o que tivesse a ver com capacidade de liderança, identificação com o clube e até, parcialmente, a estratégia de comprar "barato" para vender caro. O desespero que a época Paulo Fonseca gerou na SAD impeliu-os a dar um grande salto em frente rumo ao desconhecido. Treinador desconhecido e desconhecedor, jogadores contratados ao sabor das oportunidades mediáticas e dos interesses financeiros dos "novos parceiros" - incluindo emprestados sem opção de compra (o inverso da anterior política). Um melting pot de proporções bíblicas num clube bairrista - estão a ver a coisa a funcionar? Eu não.

Sobrou Maicon. Um dos mais antigos no plantel, deve contar para alguma coisa, terá pensado alguém. Pois, não conta. Os azulejos do estádio estão lá desde 2004 mas nem assim me parece que tenham perfil para liderar uma equipa. Domingo passado, partiu-se um azulejo.

Mas poderia contar? Poderia Maicon chegar a ser um bom capitão? Talvez. Será Maicon assim tão diferente de Bruno Alves ou Jorge Costa? Não creio. Se houvesse uma outra liderança, acima dele, em que se pudesse inspirar ou simplesmente mimetizar. Aquela liderança tão visível, tão presente, tão fundamental que durante décadas caracterizou Pinto da Costa. Que garantia, pelo exemplo, que ninguém se poderia posicionar acima do clube. Que exigia, pelo exemplo, que todos e cada um dessem sempre tudo em prol do clube. Que moralizava, pelo exemplo que dava combatendo quem nos ameaçava espoliar. Em suma, que liderava como só um grande líder o sabe fazer.

Esse grande líder está desaparecido. Continuo a vê-lo amiúde e a ouvi-lo de longe a longe, mas o seu espírito de liderança já não se faz sentir. 

Não se conclua no entanto que o maior problema do Porto é o seu grande presidente. Não é. O nosso maior problema é a falta de alternativas a Pinto da Costa. Quem por aí anda, com pretensões de um dia ser presidente, não pode continuar à espera que Pinto da Costa saia de cena. Não, o momento é agora. Esta direção precisa de ser confrontada com ideias alternativas e de responder com as suas próprias, para que todos os sócios possam avaliar tudo o que se lhes oferecer e escolher. É de poder escolher que este clube precisa. Mesmo que seja para manter o mesmo presidente, certamente algo mudará. E desta vez, para melhor.


Do Porto com Amor



Actualização: goste-se ou não do comportamento que Baía tem adoptado nos últimos tempos, nestas declarações de hoje acerta na mouche. Palavra por palavra.



22 comentários:

  1. "falta de alternativas a Pinto da Costa" - António Oliveira a meu ver seria um bom candidato, infelizmente não avança se PdC se mantiver...

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    1. Se não avança quando o clube precisa, para mim deixa de ser sequer um candidato potencialmente bom.

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  2. Obrigado pela referência.

    Naturalmente, à parte de Lopetegui - gostei do primeiro ano - subscrevo.

    Abraço

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    1. Nada a agradecer, elementar justiça.

      Desta vez nem me refiro sequer ao próprio Lopetegui, mas ao que o clube "fez com ele".

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  3. O Jorge Costa não é muito diferente do Maicon, também concordo. Recordo que atirou a braçadeira de capitão para o chão aquando duma substituição.
    Noto com estranheza o comportamento de Pinto da Costa, os seus silêncios, principalmente em matéria de arbitragem, tendo o Porto objectivas razões de queixa nos últimos jogos.

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    1. Sim, aprecio muito mais a inteligência e a clarividência do Moutinho nas suas opções de carreira.

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    2. Maicon não foi aquele jogador muito elogiado por quem agora lhe atira pedras, quando no passado se insurgiu contra a entrevista de Quaresma e de Helton, a propósito da mística. Haja memória por muitas cambalhotas que se dêm.

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    3. E continua a treta. É muito fácil só ser crítico. Assim é-se sempre consistente. O André André joga sempre mal, independentemente do bem que faça à equipa. É tipo MST com o Herrera e o Varela!

      O problema é que todos nós sabemos que isto não é um sistema de pontos. Ou quase todos, vá. O Maicon que jogou contra o Chelsea não iria, certamente, gostar do que este Maicon fez. E eu gosto muito do Maicon. Tenho muita pena de tudo isto.

      Já agora, perceba uma coisa simples: quem está sempre do contra não é consistente, é teimoso. E o que chama de contorcionismo não é mais do que constatar o que cada um faz no PRESENTE.

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    4. Qual treta qual quê. A crítica não pode mudar ao sabor de qualquer brisa e no interesse de valores inconfessáveis.
      Reafirmo que na minha opinião André André não tem categoria nem para uma equipa de 2ª B e os dois desgraçados que fizerem o meio campo com ele, serão sempre apontados como autênticos "passadores", sejam eles quem forem.
      Na opinião do sócio, adepto, accionista, o que Maicon fez era imediatamente proscrito e posto no .........! Mas numa organização profissional e competente como é o Porto, acha que é isso que deve ser feito?
      As decisões são tomadas emocionalmente? Juízo.
      Até o miserável Lopetegui foi tratado com pinças ao limite do impossível.

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  4. " focou-se um jogador que está no meu Olimpo pessoal de jogadores, onde não cabe mais do que um zodíaco: Lucho González.

    Sério? Uma coisa é classe e categoria, mas a mística, esforço, superação estavam em Lucho? As juras de amor num dia e no dia seguinte estava no OM pelo preço da uva mijona? Alguma vez revelou ao menos a garra e profissionalismo de Lisandro?
    Talvez por essas "qualidades" todas nunca se tenha afirmado na selecção argentina e no OM foi o flop que foi! Regressou como segundo se leu por lealdade ao 1º amor e a perder dinheiro, foi muito mais parte do problema que da solução. Correr, nem pensar. Bola, só no pé, um metro à frente e era perdida, até que soprou uma ventania de petrodolares e zás que se faz tarde.
    Não entendo sinceramente, como até a braçadeira seja arma de arremesso contra a SAD?!! e com exemplos destes!

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    1. Total desacordo.

      Eu que, exceptuando Ayrton Senna da Silva, até não tenho ídolos desportivos (ou de alguma outra espécie, para ser sincero, tirando os meus pais), tenho Lucho num patamar muito próprio e próximo da idolatria.

      É um argentino que até cá chegar nada sabia sobre o país e muito menos sobre o clube e a cidade. Cresceu na terra dele, a viver a rivalidade River-Boca. Ainda assim, chegou, mostrou serviço e afeiçoou-se. Ele sim, tornou-se um de nós - não tenho dúvida nenhuma, sentia-se e relatos directos de quem priva com ele confirmam. Ao contrário do que diz, teve sempre um comportamento exemplar, nunca se lhe ouviram declarações (nem por interposta pessoa) a chorar por uma "teta" maior. Mais ainda, estava disposto a fazer toda a carreira no clube. Estava mesmo, já tinha aceite as condições excepcionais propostas pelo Porto. Ia ser o nosso capitão até ao fim.

      Por que saiu? Tente saber junto de quem sabe... eu não tenho como provar o que acredito ser verdade, por isso nem me vou alongar. Mas não foi por ele.

      Flop no OM? O OM é um flop desde que Tapie o afundou. Não confunda as coisas.

      Regressou, já longe do seu auge e num contexto mais do que adverso, estranho e quase hostil face ao clube que conheceu. Pouco profissional? Estive com ele em Zagreb, quando jogou um dia após o falecimento do pai.

      Não vá por aí que vai ao engano. Lisandro? Lembro-me bem das "ameaças" para ser aumentado ou sair. Nem de perto nem de longe se compara.

      Mas isto sou eu digo e sinto. Se calhar estou enganado. Mas não me importo de estar. Se calhar, foram mesmo os Decos, Luchos e Hulks que foram disfarçando muito do que já era evidente, para quem quisesse ver (eu não queria e por isso me penitencio).

      Abraço portista


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  5. Realmente ainda bem que nunca fui de idolatrar ninguém. Nem no futebol nem no outro campo que mais adoro; a música! Porque como alguém disse todos nós temos um preço!
    O que Maicon fez foi ignóbil, mas quem nunca foi ignóbil?
    O que Maicon fez, fez-me levantar da cadeira, insultá-lo do piorio, dizer-lhe que lhe partia as trombas, furava os peneus, enfim histerismos de adepto...
    Mas outros fizeram e são endeusados. Vitor baía foi pró banco com Mourinho e deu entrevistas ao Jogo, Record e Bola a exigir respeito.
    Jorge Costa foi substituído e atirou com a braçadeira ao chão.
    Pedroto era de sangue azul-e-branco mas com Yustrich quase foi recambiado por... mau comportamento!
    Barrigana foi emprestado pelos mesmos motivos!!!
    João Pinto e Paulinho Santos, se calhar são os únicos que se pode mesmo dizer que são do FC PORTO por dentro e por fora...
    Os únicos que jamais renunciam, os únicos que sofrem por dentro e por fora, na pele e na carteira, somos nós os anónimos portistas que com chuva ou sol, com gripe ou com tosse, com bezainas ou abstinências, jamais abdicaremos do nosso clube.
    Mesmo que para isso sejamos incoerentes, sejamos contraditórios, enfim, sejamos adeptos!

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    1. A nossa humanidade é imperfeita. Todos falhámos, uns mais, outros menos, mas todos falhamos.

      Mas há jogadores que se distinguem dos demais, pelo que jogam e pelo carácter. Para mim, Lucho está lá bem no topo, certamente que acompanhado por João Pinto, Paulinho e mais alguns. Será que nunca erraram? Certamente que sim. Mas menos ou com menos gravidade ou com muito mais crédito para o fazer (ou todas juntas). Maicon não é bom jogador (para mim, nem sequer jogador, mas enfim) e não lhe reconheço nada extra que me leve a ter pena se for proscrito. Mas no fundo, para mim é apenas mais um sintoma. Da doença.

      E repare que nem "nós" deixámos de ser "ignóbeis" em certos momentos, vide os assobios sem critério...

      Enfim, somos o que somos. Vivamos com isso o melhor possível.

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  6. Evidentemente que as constantes mudanças do próprio plantel também favorecem este tipo de ocorrências. Raros são os exemplos em que um jogador fica no Futebol Clube do Porto por muito tempo, e por isso se afirme como um referência dentro do balneário. A isso há que acrescentar as exigências do cargo, que não é para todos. Se é verdade que Maicon mostrou noutras ocasiões a raça e o querer que deve caracterizar tal jogador, creio que será necessário analisar o caso dos restantes clubes para concluir o porquê de ter sido ele o escolhido e não outro: é dos que está há mais tempo.

    Curiosamente, Jorge Nuno Pinto da Costa palpitou sobre a possibilidade de Ruben Neves ser esse mesmo capitão num futuro próximo. Mesmo com a sua tenra idade, não creio que faltará muito em sem um "sénior" no balneário, até porque se perspectivam novamente diversas mudanças no plantel para a próxima temporada.

    Não creio que o capitão deva ser o melhor jogador. Deve ser um símbolo de clube. De momento, só o Helton. E duvido que algum regresse para assumir essa posição a partir de Julho.

    Um abraço.

    Porta 26, em blogporta26.blogspot.pt

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    1. Concordando consigo, importa entender que actualmente nenhum bom jogador (de nível europeu) fica muito tempo no nosso clube. Porque outros clubes com bolsos (muito) mais fundos o querem e porque o próprio também ambiciona por a mão nesses bolsos. E claro, tratando-se de jogadores de excepção com os colossos à perna, acresce a vontade de os representar. Tudo legítimo, compreensível e imparável.

      Como resolver a questão? Não creio que haja uma solução mágica, mas algumas pistas consigo dar:
      - com jogadores da formação a chegarem regularmente à equipa principal;
      - apostando em capitães que tenham menor probabilidade de sair (por não serem craques ou por menor apetência pelo estrangeiro)
      - Em casos excepcionais (como foi o de Lucho), em que há interesse de ambas as partes e "apenas" o dinheiro as separa, oferecer contratos "de capitão" (longos e pagos acima do tecto salarial normal).

      Estou a sintetizar, talvez em demasia em detrimento da sua compreensão, mas o espaço é curto.

      Rúben? Poderá ter perfil (não sei se sim) e tem uma boa escola, mas pense comigo: se se tornar num bom jogador e PSG, City ou Atlético (para não ir aos mais óbvios e irrecusáveis) lhe acenarem com muitos milhões, acha que ele prefere ficar? Ficaríamos nós?

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  7. Caro Lápis, estou exactamente nos antípodas no tocante a ídolos desportivos. Tenho imensos e tocou logo num sagrado que está no meu pódium lado a lado com JNPC. Senna da Silva, segui o moleque desde as autenticas batalhas com Terry Fullerton, nos karts que nunca venceu (nunca percebi porque é que esse talentoso inglês nunca passou para os formulas, talvez se existissem Doyens!!!). Acompanhei as ensaboadelas a Brundle na F3. O chegar a Macau sem conhecer o circuito de Guia e arrasar. Estava no Estoril em 84 a ver o Toleman que com ele e Stefan Johansson até parecia que andava. Depois de Ronnie Peterson foi com toda a certeza o piloto que mais vibrei. Mas ídolos, tive sempre em todos os desportos desde que me conheço. Jairzinho, Rivelino, Rolando, Pavão, Jaarno Saarinen,Sep Maier, Muller, Beckenbauer, Breitner, François Cevert, Nikki Lauda, Rummenigge, Mark Spitz, Cubillas, Oliveira, Alberto Juanturena, Joel D'Espaigne, Cruijff, Kaiser, Rosenbrink,Brieguel, Antognoni, Passarella, Toivonen, Maradona, Futre, Rocheteau, Mathaus, Zidane, Ronaldo (verdadeiro),João Pinto (nosso), Gerets, Jardel, Deco, Valentino Rossi,Messi, Usain Bolt e tantos, tantos outros, como os putos Vettel, Jan Magnussen ou Blonqvist.
    Voltando ao que interessa. Categoria e classe nunca faltaram a Lucho Gonzalez. Também não duvido que é uma excelente pessoa. Curiosamente a única vez que falamos, foi no elevador dum parque de estacionamento, em que entrei com o meu puto mais novo e dou de caras com o Lucho, Fucile e Cebola, que no fim de semana anterior tinham vencido a Taça e não sabiam em que andar haviam deixado o Audi. Dei-lhes os parabéns, foram simpatiquíssimos e deu para ver que Fucile era mesmo um rapazinho quase tão efusivo como o meu filho, que ganhou o dia, evidentemente.
    Reconhecendo todas essas qualidades o que pretendi dizer é que no ADN de Lucho não existiam a garra e as ganas tão características dos sul-americanos. Foi em meu entender, o menos sul americano de todos os que por cá passaram.
    Porque saíu? Julgo saber que o treinador queria mais disponibilidade e não lugares cativos, mas isso é uma explicação que vale o que vale e se o Lápis tiver a verdadeira razão, não tenho que objectar.
    O contexto em que regressou era sem dúvida adverso e penso que ele mesmo não se reconheceu naquele ambiente.

    Decos, Luchos e Hulks - Está a ver, tudo escolhas da incompetente SAD sem delírios de treinadores ocasionais. Acertavam ou não algumas vezes?

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    1. Meu caro, não acertaram algumas vezes, acertaram muitas, muitíssimas - eventualmente mais do que quaisquer outros. Ninguém e muito menos eu renega a colossal obra feita. Recuso-me é a aceitar passivamente que agora a estejam a delapidar!

      Eu fui várias vezes ao Estoril e numa delas tive a sorte de estar no paddock, precisamente quando o boi do Mansell pôs o Ayrton fora da corrida. E no regresso para a box, cruzou-se comigo e perante o meu incentivo, apertou-me a mão. Era ainda pré-adolescente e marcou-me para sempre. Também o vi ganhar o seu primeiro GP, mas da bancada. A corrida que mais me impressiona é aquela à chuva, creio que em Donington. Mas foram muitas de inimitável talento. Tenho genuínas saudades do futuro que ele não teve. Uma perda irreparável.

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  8. Sorte a sua de já ter tocado num semi-Deus :).
    Não querendo ser mórbido, mas tenho ainda em VHS aí umas 18 horas do regresso ao Brasil dos restos mortais e do cortejo fúnebre por S. Paulo. Nunca mais voltei a ver, nem passei para DVD. Estão no meu arquivo pessoal, com a colecção de Volantes, Motor, cadernetas de cromos, Se7es e outras coisas da época.
    Em piso molhado era mesmo o rei. Creio que se está a referir a um GP já na McLaren em que ultrapassa vários pilotos ainda nas 1ªs voltas.
    Mas tente ver Mónaco no ano de estreia na F1, onde ele e um genial Stefan Beloff. fazem Prost pedir a Jackie Icks (director de prova) para acabar com a corrida. Ou a volta da Pole no Estoril no Lotus, jesus!
    No Estoril só lá estive nos iniciados em 83 CNV e 84 na estreia da F1, titulo do Lauda por 0,5 ponto. Voltei depois para ver Moto GP em 2006 e 2007....fabuloso ambiente mesmo com os putos (bancada E), muito mais parecido com o futebol do Estádio das Antas que da F1, cada ultrapassagem era como um golo.

    Delapidar é exagero seu. Fizeram-nos bem a folha com o Arouca na véspera de irmos ao salão de festas. Estavamos de rastos em termos motivacionais com Lopetegui e eles viram que em pouco tempo conseguimos recuperar e aquele golpe do golo e da Maiconada logo de seguida, destruiram-nos animicamente. Até Peseiro lopetegou ao substituir Brahimi.
    Mas ainda não morremos e dá-me a impressão que quem está a tremer não somos nós. Eu ainda acredito, apesar de tudo.

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    1. Depois de escrever o comentário, pus-me a ver vídeos sem conta do mestre. Acordei com olheiras hoje, mas valeu a pena. Lembro-me bem de tudo o que refere, menos do funeral. Depois desse evento, desliguei-me de todos os desportos motorizados, menos dos rallys mas por outro motivo.

      Se acha que nos fizeram a folha, tolera isso? Na véspera do jogo de amanhã? Não tínhamos já o grande aviso da época passado ao #colinho?

      Viu alguém indignar-se? Dar um murro na mesa? Ameaçar? Tudo na paz... Menos os cómicos do DD, que esses sim, põe tudo na linha. E mais, no Porto dos tempos do Senna, estes azares arbitrais eram combatidos por antecipação, antes de sequer ser nomeado o apitador.

      Fora tudo o resto, que tantas vezes já foi repetido. Não é ingratidão nem má memória, é temer justificadamente pelo futuro.

      Apesar de tudo isto, acredito sempre. E por isso lá estarei amanhã.

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    2. Do autodromo do Estoril, para mim era a discoteca que já no tempo da outra senhora, se ouvia do bom rock 'n' roll! Não sei se ainda existe!

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  9. Ah tenho muita pena que o nosso Varinho (Alvaro Parente) não tivesse a chance de demonstrar todo o seu talento na F1. Podia ser o nosso Senna.
    É do Porto e isso é f*****! Apoios para os de cá nunca há.

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  10. Caro Lápis, não sejamos ingénuos.
    Não é da época passada que há cólinho. Sempre houve e até muito mais provocatório.
    Só que antigamente haviam pontas soltas e como tínhamos algum poder, podíamos controlar os danos. Actualmente que poder temos? Zero. Forças políticas e não só. de Branquinho a Rangel, do combativo Diogo Feio ao hipócrita Assis, quem é que arrisca o seu status para ficar do lado de cá? Ninguém! Não é de agora e veja quantos Inspectores da PJ, Juízes, apoiaram a candidatura de Vieira. Porque é que o apito Dourado parou em Leiria? Porque é abafada a Porta 18, vouchers e tudo o mais? Porque é que há esta campanha em supostos Blogs portistas a pedirem para o DIAP analisar todos os contratos do Porto? Acha que é por acaso?
    Querem-nos nas 1ªs páginas pelos piores motivos porque sabem que a nossa grande força é dentro do campo e se conseguirem desmoralizar quem lhes apaga a luz, objectivo conseguido.
    Actualmente são os contratos dos jogadores, amanhã serão oc contratos com as operadoras e não se admire que haja muito blogueiro que se diz portista a guerrear frenéticamente pela NOS contra a MEO. Não tenha dúvidas, tudo está muito bem orquestrado.
    O problema deles, é que ainda não mataram o velho.

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