Desligados (e vencedor #16)

quinta-feira, 3 de março de 2016

Desligados (e vencedor #16)


Um jogo proforma que serviu para pouco mais do que confirmar a presença no Jamor, cinco longos anos depois.




Era à partida um daqueles jogos que se dispensava. Seria obrigatório disputá-lo, não me entendam mal, que aqui não se defende a abdicação de eliminatórias em troca de visitas de cortesia. Não senhor, aqui defende-se a lisura e o respeito por todos os adversários, por mais pequenos que eles sejam e por mais inconveniente que seja a data da contenda.

Mas que este jogo não contava para (quase) nada, não contava. Os únicos que poderiam vir a retirar algum benefício desta partida seriam os menos utilizados de cada uma das equipas. Nem para isso serviu muito bem, se exceptuarmos o ter dado algum ritmo aos regressados de lesão. Mas adiante, diretos ao jogo.

Morninho, tranquilo, airado, como num daqueles finais de noite, em que quase todos já foram para casa experimentar o kamasutra, menos o casalinho de jovens imberbes que acabaram de dar o primeiro beijo e os dois amigos, já totalmente cegos de etílico, encostados um ao outro para se manterem de pé. E a música arrasta-se, tal como os resistentes, alternando entre o slow dos eighties e o internacional pimba fatela que apenas por ser internacional deixa de o ser. Para eles, os que dançam ainda como se não houvesse (a)manhã, tanto faz. Nem que soasse o alarme de incêndio, o passo de dança seria diferente. Quase se ouve o ar ameaçador da Cremilde, que entretanto já pegou ao serviço, para que tudo fique como um brinco para a noite seguinte.

Valeu pela estreia a marcar de Chidozie. Foi bom para ele e para nós. Ponto finalíssimo na eliminatória e boost de confiança para o rapaz. Bueno entrou cedo, por troca com o lesio-cansado Evandro. Apesar de ter desperdiçado um par de golos quase feitos, ganhou ritmo e deu-nos um cheirinho da qualidade de passe diruptivo que poderá acrescentar ao jogo da equipa. Marega esteve um pouquinho melhor e até marcou graças ao altruísmo de Abou (vou acreditar que foi altruísmo, que como sabemos é tão típico de um goleador esfomeado...). Sérgio alternou entre o bom (canto do primeiro golo, passes ofensivos) e o menos bom (perdas de bola perigosas). Victor Garcia confirmou o que já todos sabíamos: que é bem melhor do que os anjinhos que por aí andam. Indi regressou e fez 20 minutinhos em ritmo de treino ligeiro, acelerando a preparação para Braga. E de resto, nada de relevante a registar, excepto talvez o facto de Hélton se ter esquecido dos pitões no balneário...

Num palco quase vazio (cinco mil, a sério?), uma vitória normal por 2-0 e uma mão cheia de golos desperdiçados. Venha de lá o Jamor.



Notas DPcA:


Dia de jogo: 3/Mar/2016, 21h00, Estádio do Restelo. FC Porto - Gil Vicente FC (2-0).

Nota 7: Chidozie

Nota 6Victor Garcia, Layún, Marega, Abou, Bueno, Indi, José Peseiro

Nota 5Hélton, Ángel, André, Rúben, Evandro, Sérgio, Varela


Segue-se o fim-de-semana desportivo da época, onde teremos obrigatoriamente de vencer em Braga para encurtar distâncias face a quem perder pontos no derby lisboeta. Não estou a ver muito bem como o vamos fazer, mas... tenho fé.


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Quanto à edição #16 do passatempo "Onde está a bola?", o feliz contemplado com os dois bilhetes para assistir ao jogo desta noite foi o estimado leitor Manuel Machado, já um veterano do passatempo que finalmente viu a sua resiliência dar frutos. Para estar entre os candidatos ao prémio, teve que descobrir que a Bola Laranja era a resposta certa. Para terminar, deixo-vos com as imagens da praxe.




Conforme referi no lançamento desta edição, lá mais para a frente haverá uma edição especial do passatempo que reconhecerá a persistência de quem mais tem tentado a sua sorte. Por isso, continuem a jogar que talvez venha a valer a pena, mesmo não ganhando entretanto...





Do Porto com Amor





2 comentários:

  1. A jogada perigosa do Gil Vicente aos 35min diz muito sobre comentarios que eu tenho feito.
    Layun e Chidozie infantilmente atrapalham-se e perdem a bola junto a lateral a meio do nosso meio campo. O Gil ataca com varios mas quando chega a grande area, estao 2 jogadores onde normalmente estariam os centrais, por isso vira para a esquerda e quase isola um jogador que remata ao lado com perigo.

    Comportamentos individuais nesta jogada:

    Chidozie - sai do centro para cobrir Layun, ambos perdem a bola e Chidozie assume o lugar de defesa direito, posicionando-se (bem) entre a bola e a baliza ate ao cruzamento

    Layun - perda de bola ridicula. Depois recua para se colocar ao lado de Chidozie, uma posicao que nao serve para nada, nem cobertura nem contencao, enquanto continua a deixar a sua posicao original as moscas...

    Angel - Quem? Aonde e que estava o defesa esquerdo? E nem ver 4 jogadores do Gil a cavalgarem em direccao a nossa baliza o fazem acelerar o passo. Meu rico Rafa na B...

    Vitor G - muito bem o jogador da B - com a bola no flanco oposto ele posiciona-se a cobrir o topo da area em frente ao segundo poste, exatamente como mandam as regras. Tem que fazer parte do plantel A no proximo ano.

    Sergio - Excelente! Apesar de nao ser o jogador de meio campo mais recuado, ele toma o lugar de central no topo da area em frente ao centro da baliza. E este posicionamento (ou no caso a falta dele) que eu constantemente critico em Danilo e Herrera.

    Ruben - Posiciona-se onde as regras mandam (triangulo em frente aos "centrais") mas nao percebe o contexto - deveria ter se colocado entre Sergio e Chidozie. Erro compreensivel para um jovem.

    Marega - Deve ter ido ao cafe da esquina, onde trocou piadas com o Angel... Devia estar a cobrir a quina da area onde o avancado do Gil faz o remate mas vem a trote do meio campo a marcar jogadores com os olhos...


    Claro que isto e so uma jogada. No entanto nao consigo perceber como o Lapis da melhores notas a Layun, Abou, Bueno ou Chidozie do que a Ruben, Evandro e Sergio. Nao foi o meio-campo que falhou muitas oportunidades (mas sim criou-as) e nao foi o meio-campo que constantemente era ludibriado pelos avancados do Gil...

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    1. Talvez seja uma questão de expectativas...

      O lance é paradigmático, de facto, mas resulta de um erro de Layún e a partir daí apanhou toda a equipa em contexto ofensivo. Sem discordar da análise, acrescento apenas que o Garcia também não foi "perfeito", não conseguiu ler com precisão a distância que deixou nas costas.

      Naturalmente nunca iria(mos) reduzir uma avaliação a um único lance, mas sim, eu percebo a sua questão. E aceito facilmente que tenha uma leitura diferente, em função da sua análise. Viva o pluralismo! :-)

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