Ontem saí da Assembleia Geral dividido, confuso, a duvidar do futuro e a sonhar com o passado.
Perspectiva do "Corredor da Glória" (designação minha) |
À chegada, em cima da primeira hora da convocatória, um primeiro sinal de esperança. Uma fila de umas dezenas de pessoas aguardavam para entrar no "Corredor da Glória", findo o qual se situa o pequeno auditório escolhido para acolher a reunião. No entanto, bastaram uns segundos e um olhar mais atento para perceber que a fila não se explicava pela afluência simultânea de muitos associados, mas antes pelo moroso processo definido para controlar o acesso. Apenas um posto de controlo e a acumular as funções de controlo de identidade e cobrança de quotas.
Uns minutos depois, entrámos. Sem passar por nenhuma "medida rigorosa de segurança" ou de revista, como falsamente foi noticiado nos merdia do costume. Directos à sala, antes que ficasse irremediavelmente cheia. Chegámos bem a tempo, cerca de 1/4 das cadeiras ainda estavam por ocupar. Sentámo-nos e esperámos. Os sócios continuaram a chegar em bom ritmo, Super Dragões incluídos, os lugares sentados esgotaram e os de pé para lá caminhavam. Começou a Assembleia Geral.
Ainda durante a discussão do Regulamento Eleitoral, chegou mais um grande grupo de sócios (ou foram chegando, não posso precisar), de tal forma que se gerou um enorme burburinho pela então evidente falta de condições para acomodar todos os que, no exercício do seu direito de associado, acorreram à assembleia. Nada se alterou, a Assembleia continuou.
A única parte que realmente interessava e por que "tantos" se deslocaram ontem às entranhas do nosso Dragão, foi a tal "meia hora" para discussão de "assuntos de interesse para o clube", que, mesmo sem ter controlado o tempo, arrisco terá durado quase duas horas. Largas meias horas têm muitos minutos.
Nesse período, vários foram os sócios que usaram da palavra, com uma parte significativa a ir directo aos assuntos que a todos nos preocupam. Cada um à sua maneira, mas quase todos a dirigirem-se (apenas) ao presidente Pinto da Costa, como se a enorme lista de directores e afins que o acompanham não passassem de meros fantoches (com uma notável excepção, a espaços). E só mesmo a intervenção do líder dos SD não terá acrescentado nada à discussão, porque apenas reafirmou as juras de amor eterno da claque a Pinto da Costa, em jeito de ameaça a quem se atrevesse.
E é aqui que começa a minha reflexão.
Absorvido e digerido tudo o que sorvi na noite de ontem, fico com nítida sensação de que em cada portista vive uma tremenda contradição. Certamente não em todos, mas pelo menos numa imensa minoria.
O deus Janus |
Esta foi, regra geral, a postura que regeu primeira parte das diversas intervenções.
Por outro lado, como que sem aviso, eis que uma gigantesca vaga de emotividade, cumeada por uma espuma de gratidão e saudosismo, submerge por completo a racionalidade dos factos e dos argumentos. E no recuo da onda de volta para o infindável mar de emoção, sobra a complacência e a resignação perante aquele ídolo de tantas conquistas, que agora alterna a aparência com a de um simples homem, envelhecido, como se estivesse às escuras numa noite de relâmpagos. Presos ao passado.
Como facilmente deduzirão, esta será a segunda parte.
No fundo, ninguém parece querer aceitar que o tempo passou e o grandioso homem envelheceu. Todos querem continuar a acreditar que o presidente Pinto da Costa é intemporal, imune à erosão do tempo, capaz de se reerguer como tantas vezes fez ao longo de 34 anos.
Não é.
Demonstrou-o - na minha opinião - pela forma como respondeu às diversas questões levantadas pelos associados. Não vou detalhar nada do que o ouvi dizer, mas apenas partilhar a minha interpretação da sua intervenção.
Desviou-se das balas demasiado potentes até para o seu espesso colete de crédito acumulado, respondeu insatisfatoriamente aos temas menos complicados e finalmente tentou desviar atenções de si e da sua direcção, disparando quase sempre para alvos que pouco ou nada justificam o que (não) foi feito neste 13º mandato. Poderão ser alvos válidos, por aquilo que fazem, escrevem ou dizem, mas que não têm nenhuma responsabilidade sobre os grandes falhanços deste mandato. Sobre os seus planos para o próximo mandato, sobre como planeia inverter o rumo, nem uma ideia com substância.
Por último, no que ao evento diz respeito, lamento profundamente que ainda antes de chegar a casa já A Bola e outros inimigos da nação tivessem artigos publicados sobre o que se discutiu na AG. Como não foram convidados, só podem ter sido associados a passar-lhes a informação. Não sou particularmente apologista da lei da rolha, mas também não gosto
que de me sentir traído por alguns que furam despudoradamente o compromisso tácito de sigilo. É mau, mas também justifica uma outra reflexão.
Hoje em dia só há duas opções: ou se controla a informação a passar para o exterior ou alguém o fará por nós. Deveria ser o etéreo departamento de comunicação do clube, por sua iniciativa, a informar a CS sobre o que se passou na reunião, nos termos considerados apropriados.
Saí confuso da assembleia, mas hoje sinto-me triste. Pelo futuro que se avizinha. Espero tanto estar enganado.
Do Porto com Amor
"lamento profundamente que ainda antes de chegar a casa já A Bola e outros inimigos da nação tivessem artigos publicados sobre o que se discutiu na AG. Como não foram convidados, só podem ter sido associados a passar-lhes a informação"
ResponderEliminarA perspicácia como o caro Lápis identifica os SD presentes na Assembleia, não é tão eficaz na identificação dos sócios que filtram a informação para esses jornais. Recomendar-lhe-ia leitura atenta de blogs ditos portistas e a azia de a dita Assembleia não se ter transformado numa tourada, para gáudio de quem nos "adora".
O Homem pode estar velho, mas cobarde não é.
Identificar SDs não requer perspicácia, apenas estar vivo. É impossível não dar por eles, fazem questão de dizer que estão lá. Não é defeito, é feitio.
Eliminar"O Homem pode estar velho, mas cobarde não é" - a que propósito veio isto? Nunca sugeri tal coisa.
Por serem cidadãos nacionais são livres de irem ao Coliseu, a Serralves ou até jantar ao restaurante do Sr. Armindo Ferreira. Cumprindo os requisitos para estarem presentes numa Assembleia do F. C. do Porto, também o podem fazer ou será que chegou à conclusão que não são sócios e só lá estavam para intimidar, como concluiu quando quiseram jantar em Fafe? Mais, se são os que acompanham o Clube para todo o lado, porque raio haviam de ser discriminados?
ResponderEliminarMas quem falou em discriminação? Quem disse que não poderiam estar presentes?
EliminarPara mim os sócios são todos iguais. E o problema começa apenas quando alguns se julgam mais importantes do que os demais por pertencerem à claque. Isso é que eu condeno e não aceito. Desde que se comportem dignamente, nada a dizer.
Já por várias vezes escrevi que tenho imenso respeito pelo apoio que dão às equipas em todas as circunstâncias. Acho até que devem ter alguns pequenos privilégios por isso. Mas nunca terem preferência sobre outro qualquer sócio em assembleia. Na AG, cada sócio é apenas um sócio e nada mais.
Referi a intervenção do Fernando Madureira porque não gostei. Tem o mesmo direito dos demais de se expressar, tal como eu de gostar ou não.
Espero ter sido claro desta vez.
E os sócios espalhados pelo país e resto do mundo não têm direito a informar-se? Não se pode por um lado defender que os sócios não devem ser tratados como meros clientes e por outro defender que mais de 99% devem ser excluídos da vida do clube.
ResponderEliminarSe a informação fosse disponibilizada a todos os media não tinham como a manipular, a situação actual só prejudica o clube, parece-me.
É uma questão relevante, que deveria ser discutida... na assembleia.
EliminarIdealmente claro que sim, como fazê-lo será outra questão. Mas não me parece que seja por aqui que os sócios se sintam menos clientes, as AGs sempre funcionaram desta forma e durante muito tempo a questão não se pôs.
Sobre a parte dos media, foi precisamente o que defendi no artigo. Com a ressalva de ser previamente filtrado. Há assuntos que são internos e não têm que sair para a praça pública.
De acordo com a divulgação da informação. Mas é um mero conceito. A verdade é que não se aplica ao contexto. Um exercício simples: entre um comunicado do FCP "limpo" e uma fuga de informação suja, mesmo que aparentemente falseada, adivinhe lá qual mereceria destaque na CS de Lisboa. Que é toda, JN incluído...
ResponderEliminarQuanto ao resto, estamos conversados há muito tempo. Mas era melhor com um programa...
Verdade. Mas sempre poderiam argumentar "infiltrados!" com propriedade. Enfim, fait-divers... porque, na realidade, é impossível controlar hoje aquilo que se diz. E aposto que alguém deve ter gravado. Signs of time.
EliminarTemos é que ser melhores em campo e ganhar os jogos. Mainada.
Vá lá Lapis. Nem todos somos meninos do côro ou da fanfarra. Se o que diz hoje o Rui Santos ou o JN é o que tem sido plasmado pelos "Chicos Paulus" diáriamente desde Janeiro, nos blogs de gente "portista", como lhe causa tamanha surpresa a existência desses infiltrados?
ResponderEliminarAí é que é a nossa afirmação. Dentro do campo. Se formos competentes aí, não há infiltrados, Capelas, Vitores Pereiras, observadores que lhes valham.
Não me surpreende, apenas me incomoda.
EliminarClaro, ser competentes em campo. Mas se estiverem sistematicamente inclinados contra, não chega ser competente, teremos que ser hiper-competentes. E isso não é fácil em lado nenhum, pelo que dava jeito que se mexessem para "desinclinar" os campos. E o que senti na AG é que não sabemos ou não podemos, o que vai dar ao mesmo em termos do resultado final.
Espero que este blog não mude de nome para "Do Porto com Tristeza". Eu também estou muito preocupado com o que o futuro reserva ao nosso clube, acho que a mudança tem de acontecer rápido, quanto mais tarde pior!
ResponderEliminarCaro Azulnauta, triste mas nunca resignado!
EliminarEste Amor pelo Porto é uma constante imutável, independente dos estados de alma.
Para haver mudança, têm que haver agentes de mudança, sejam novos rostos ou o próprio presidente. Mas até ver, não os vislumbro em parte nenhuma.
Abraço portista e volte sempre
Os desacatos na Assembleia Geral do FC Porto ontem à noite acabaram em insultos inomináveis. Ao que o IP apurou, Pinto da Costa fio chamado de “grandíssimo Lopetegui”, “filho do Julen” e “pesetero”, enquanto a sua esposa era chamada de “Carbonero”. Para acalmar a populaça, Pinto da Costa anunciou um contrato milionário com a Unicer, apesar dos rumores que davam como certo um acordo com a cerveja espanhola “Estrella Galícia”.
ResponderEliminarRir nunca é um mau remédio...
EliminarReparem nas últimas 'notícias'.
ResponderEliminarUma assembleia anunciada sobre um suposto clima de intimidação em que ninguém poderia questionar o quer que fosse.
Uma suposta agressão a um repórter de imagem mas que ninguém filmou.
O presidente desabafa e rasga Iker em conversa com falecido
Associam a aquisição do jackson a dinheiros da droga ignorando a passagem pelo Jaguares
Etc etc
Uma campanha bem forte e para a qual não vejo a devida reacção. Outra situação que também preocupa.
Quando lhes cheira a sangue, atacam todos ao mesmo tempo. As hienas e abutres do costume. O que seria mais um motivo para que os interessados se preocupassem em apresentar-se como alternativa, mas pelos vistos está tudo bem.
Eliminar"Quando lhes cheira a sangue, atacam todos ao mesmo tempo. As hienas e abutres do costume..."
EliminarSe fossem só esses, bem que podíamos com eles.
Os piores são os outros que atiram pedras, escondem a mão e ainda estão a ver como param as modas para se situarem.
Mais uma chaga para Pinto da Costa. Fala com falecidos!!!
ResponderEliminarPresidente convoque uma conferência de imprensa já, para desmentir essa conversa kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Não convocou, mas respondeu. Ainda deve ser da adrenalina suscitada pela AG...
EliminarÉ verdade, os "Je suis Charlie" têm uma força tremenda, fizeram o velho falar....até com mortos
ResponderEliminarÉ para isto que o movimento Bilderberg Foot Lisbon Power tanto se bate?
ResponderEliminarPara nos colocar em posições ridículas de desmentir conversas com cadáveres'
Infelizmente também me parece que Pinto da Costa já não tem a força necessaria para combater tantas frentes.Isto agora ainda está pior do que no tempo da "outra Senhora" como era costume dizer-se,antes havia um canal de televisão e um jornal desportivo(A Bola),agora são varios canais e praticamente todos os jornais(até os não desportivos),e como muito bem diz o Lapis nestes anos ou não podemos ou não soubemos combater esta campanha da imprensa ,nem lutar nos bastidores (conselho de arbitagem,observadores,conselho de disciplina) o SLB controla tudo e além disso passou a ter outra estabilidade e até qualidade na sua equipa de futebol ,e mesmo nas modalidades ditas amadoras o cenário é o mesmo,ver hoquei,basquetebol,e até no andebol (ver jogo de ontem)se preparam para nos tentar derrubar,por isso vai ser preciso muito trabalho para voltarmos á senda das vitórias.
ResponderEliminarSaudações Portistas
Paulo Almeida
Paulo Almeida, nesse tempo ainda havia O Norte Desportivo, O Comércio do Porto, O JN, O 1º de Janeiro. A televisão era pública mesmo e depois do 25 de Abril não podia parecer muito facciosa. Por isso é que ganhamos força e nos conseguimos afirmar.
ResponderEliminarAgora, com os canais privados e com todos os meios de comunicação hipotecados a Lisboa, não temos qualquer hipótese senão mesmo no relvado.
É o mercado como muitos apregoam.
Não querer ver isso e desancar na idade de quem, mesmo com camapanhas ignóbeis como Donos da Bola, Ricardos Costas, Hermínios Loureiros, Apitos Dourados, Filmes, Livros, Túneis, Vouchers, continuou a ir ganhando, não é desonesto, tem outro nome.
Não pretendi desancar na idade de ninguém,mas a idade é um facto, e como bem diz agora está tudo bem pior ,por isso mesmo me pareçe que não devia ser o presidente sozinho a lutar em tantas frentes,ou então deixarem o treinador sozinho a faze-lo como aconteceu no passado recente. Temos um canal de televisão devemos usa-lo nesse sentido de desmontar essas campanhas.
EliminarSaudações Portistas
Paulo Almeida
O treinador apenas defendia a sua incompetência. Se tivesse um mínimo de competência, nada disto se passava.
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