Arrivederci, Roma!

sábado, 6 de agosto de 2016

Arrivederci, Roma!


Já é conhecida a nossa "sorte" no playoff de acesso à Liga dos Campeões. E que sorte... nada mais, nada menos do que o histórico Associazone Sportiva Roma, ou "a Roma" para os amigos.




Conclusão, o sacana do Murphy voltou a fazer das suas. Sim, sim, o tal que como contributo para a Humanidade deixou o fatal corolário que postula que "Qualquer coisa que possa correr mal, correrá mal, no pior momento possível" (tradução livre).

Haveria entre Roma, Mónaco, Rostov, Young Boys e Steaua Bucareste osso mais duro para roer? Não sendo ciência exacta, parece-me claramente que não. Saiu-nos mesmo a "fava". E agora?

E agora, nada. Temos de tratar de os vencer em 180 minutos (ou mais...), divididos por dois jogos. É essa a nossa obrigação - a de fazer tudo para o conseguir. Depois logo se verá no que deu (e de que forma se lá chegou).

Procurando fazer uma análise mais desapaixonada (difícil), parece-me que desta vez é mesmo acertado dizer que cada equipa tem 50% de possibilidades de se qualificar.

Num Porto de há não muito tempo atrás, não hesitaria em atribuir-nos algum favoritismo, não só pelo hábito de vencer internamente, mas também pela imensa tarimba de Champions acumulada, quer pelo clube, quer por grande parte dos jogadores. Hoje em dia não estamos nesse patamar.

Basta aliás pensar na experiência que os jogadores deste plantel têm na prova. Tirando o estratosférico Iker (156 presenças!), Maxi (41) e Varela (26) e em menor escala também Marcano (que espero ver sair) com 18 presenças, Indi (que vai sair) com 17, Herrera (que pode sair) com 16 e Brahimi e Abou (que devem sair) com 14 e 10 respectivamente, sobram Adrián (14!), Rúben (13), Alex Telles e Evandro (7 jogos). Depois, nove jogadores têm o equivalente a uma fase de grupos ou menos e o restante nunca ouviu o hino alinhado no relvado. É alguma coisa, mas não muito. Em especial considerando o potencial/provável onze que irá defrontar os romanos. 50/50 portanto.

Há uns dias escrevi que a SAD portista vive sob um dilema que assume a forma de um círculo vicioso:  

Não investir por não ter garantidos os milhões da Champions -> Correr o risco de não chegar à Champions por falta de investimento -> Não entrando na Champions, não entra dinheiro fresco para os reforços necessários.

Pois com este sorteio este dilema agravou-se até ao limite. Agora será mesmo do or die. Ou se acredita cegamente na passagem, apostando em trazer já um ou dois reforços de peso, correndo o risco de não ter como os pagar em caso de insucesso; ou se tenta lá chegar com os que já cá estão, aumentando a probabilidade de não o conseguir. Não é fácil.


A AS Roma é uma espécie de Sporting de Itália, ainda que a comparação seja injusta para os romanos. Isto porque em Itália o poder futebolístico (e não só) há muito tempo que saiu da capital e mora agora em Turim, depois de já ter passado por Milão e brevemente por Nápoles e Florença, para não ir mais longe. Já o Sporting continua a beneficiar do nacional-centralismo bacoco, ainda que como filho bastardo (todos sabemos quem é o legítimo herdeiro do salazarismo). 

Em todo o caso, a comparação ajusta-se porque ambos são clubes da capital, com uma grande massa de apoio (apenas a quinta maior de Itália, no caso da Roma) e que se habitou a viver do "quase" - e aí sim, almas gémeas Roma e Sporting. Vejamos o palmarés de ambas no século XXI:

Roma - 1 campeonato, 2 taças Itália, 2 supertaças, 0 títulos europeus;
Sporting -  2 campeonatos*, 4 taças Portugal, 4 supertaças, 0 títulos europeus.

*sendo generoso e incluindo o que começou em 1999

Um pouco melhor o palmarés sportinguista, sem dúvida, mas que se explica pelo facto de apenas haver três clubes a disputar títulos em Portugal, ao contrário da "multiplicidade" italiana. Em termos relativos face aos outros grandes, são registos pobres em ambos os casos. Gémeos, portanto.

E o que vale o Sporting de Itália neste momento?

Foi terceiro classificado na época passada, tal com o Porto. Longe da campeã Juventus mas próximo do Nápoles segundo classificado.

Manteve o grosso do plantel - o que desde logo lhes dá vantagem sobre nós, reforçando-se apenas cirurgicamente. Exemplos maiores são o regresso de Szczesny e a mui recente adição de Fazio (suspiro). Já batidos no plantel e sobre a batuta do (quase) eterno capitano Totti (um dos jogadores com que mais me identifico, mas isso fica para outro dia), destacam-se os "craques" Nainggolan e Dzeko, bem coadjuvados por outros bons jogadores como Rudiger (que já esteve nos nossos planos), De Rossi, Salah e El Shaarawy. Ah... e um tal de Iturbe, se é que já ouviram falar dele...

Um plantel muito competitivo e equilibrado, mas longe de ser perfeito. Um grande desafio para este novo Porto. Para ser completamente honesto, a minha maior esperança reside em ambos os bancos. Explicando, conto que Nuno seja capaz de acrescentar aquilo que me parece que Spalletti subtrai (ou pelo menos não acrescenta).

Vamos a eles, com inteligência e coragem. Provar que o "Somos Porto" é mais do que um chavão desnatado.

O meu prognóstico (travestido de desejo)? Dá-lhe Mario: Arrivederci, Roma!


Do Porto com Amore




6 comentários:

  1. Poverinos, não tiveram sorte nenhuma. Calimeros mesmo. Uma pena, porque o Totti merecia despedir-se na Champions. Azar, velhote, já foste.
    Abraço

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  2. Eh pá!!! Calhou o FC PORTO á Roma!!!!

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  3. Não que tenha muito interesse, mas o campeonato de 99/2000 passou-se inteiramente no século XX, um vez que o século XXI só começou em 2001 (e isto faz do Boavista o primeiro campeão do milénio. Início de milénio futebolístico com algumas estranhas coincidências: Nice em França e Roma em Itália (infelizmente em Espanha o Depor Coruña perdeu o campeonato por uma unha negra).

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    Respostas
    1. Claro que tem interesse, agradeço a correção e a coincidência :-)

      Abraço portista

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