Com o Pé Direito

sábado, 13 de agosto de 2016

Com o Pé Direito


Começou de forma inusitada o "meu" jogo. O primeiro lance que vi, ainda a espreitar entre cabeças, foi o passe com olhinhos de Otávio para a cabeçada de André Silva (AS) à figura de Cássio. E porquê? Porque a gente boa do Rio Ave FC não sabe como organizar um jogo de futebol. 


Dois dos homens do jogo


É duro mas é mesmo assim. Eu e muitas centenas de adeptos pagámos bom dinheiro pelo bilhete (€20 no meu caso) e apesar de chegar à porta de acesso ao estádio uns bons minutos antes do início, não conseguimos entrar antes dos 20 minutos de jogo. Eu entrei aos 23... Simplesmente inaceitável, uma vergonha para a competição e que deveria merecer especial atenção à entidade que a organiza, a Liga. Não é assim que se convence as pessoas a trocar o sofá pelo estádio.

Creio já nem ter visto o primeiro amarelo a Alex Telles, porque só me "lembrei" dele quando chegou o segundo e consequente vermelho - mal mostrado, diga-se. Vi sim um Porto com vontade mas sem grande intensidade. A repartir o jogo com o adversário e com dificuldade em colocar muitas unidades em acção ofensiva. Uns fogachos da época passada, a que não será alheio o meio-campo composto por Danilo, André André (AA) e Herrera. Muito músculo mas pouca cabeça para pensar e organizar o jogo.

Para complicar, o Rio Ave adiantou-se ao minuto 36 com um lance de canto bem estudado. Tarantini bloqueou Herrera logo no início da movimentação de trás para a frente de Marcelo que chegou de rompante ao primeiro poste e cabeceou certeiro entre Felipe e Marcano, sem hipótese para Casillas.

Simplesmente vergonhoso e inadmissível


Felizmente nem houve tempo para temer o pior. Quatro minutinhos depois, Corona repôs a igualdade e a justiça no marcador. Boa iniciativa de Telles pela lateral com o cruzamento a ser desviado pelo defesa do Rio Ave para o centro da área, onde imparável AS saltou mais alto e mais forte do que ambos os centrais adversários e tocou para Corona fazer um belo golo de moinho. Ainda antes do descanso, novo lance individual de Corona, a dominar muito bem de peito e a rematar ao poste esquerdo de Cássio. 

No regresso, foram os da casa que entraram melhor... difícil de compreender, mas enfim, início de época com resquícios de um passado recente. Mas, aos 52', Herrera fez um golaço vindo do nada e virou por completo o bico ao prego. Para melhorar ainda mais, cerca de cinco minutos depois saiu-nos duplo jackpot: penálti sobre Otávio e expulsão de Marcelo. AS bateu mal mas teve a sorte de poder recarregar a culatra e fazer golo. O terceiro, que com um homem de vantagem, só poderia significar ter o jogo ganho.

No entanto, houve ainda a expulsão errada de Telles, que deixou as equipas de novo empatadas em jogadores. O Rio Ave nunca desistiu mas o Porto soube gerir bem, incluindo as substituições. Primeiro Layún por Otávio para refazer a defesa e depois a estreia de Depoitre e novo voto de confiança em Adrián.

Quantos aos primeiros 23 minutos, que só vi posteriormente e já em casa, gostei da entrada impetuosa e afirmativa. Pena só ter durado dez minutos. Depois o Rio Ave equilibrou, porque nós afrouxámos o ritmo.

Valeu sobretudo pela capacidade de reagir bem à desvantagem, pelos bons golos e pelos três pontos. Há ainda muito para afinar, incluindo o próprio plantel. Em campo, é preciso quem comande a equipa. E que os jogadores não percam os posicionamentos em situação defensiva, foram demasiadas as possibilidades de remates concedidas à entrada da área. Mas foi bom. É sempre bom começar a ganhar. Já veremos o que farão os outros.


A festa de mais um golo numa bancada cheia de dragões



Notas DPcA: 

Dia de jogo: 12/Ago/2016, 20h30, Estádio dos Arcos. Rio Ave FC - FC Porto (1-3).


Casillas (6): Uma boa defesa a remate de meia distância e um disparate com os pés. Típico Iker. 

Maxi (6): Comentei (sem graça) que a espaços parece puxar um arado, tal a dificuldade com que se locomove face aos demais. Não sei se é da idade que não perdoa ou um passageiro momento de (má) forma. Mas se não melhorar, vai ter dificuldade em continuar indiscutível no lugar... Em todo o caso, fez o seu papel como seria suposto.

Telles (6): Esteve bem em todos os terrenos, com destaque para os dois passes que acabaram por acabar em golos mais adiante (primeiro e terceiro). Não o vou penalizar pela expulsão forçada, mas tem obrigatoriamente de ser mais cuidadoso quando tiver um cartão.

Marcano (6): Esteve certinho, não meteu água (mas tentou uma e outra vez). Para mim basta. Shhhhh...

Felipe (6): Exibição com oscilações, intercalando domínio total do jogo aéreo com passes consecutivos para o adversário. Precisava mesmo da ajuda do Prof. Doutor Ricardo Carvalho para um doutoramento rápido em futebol europeu.

Danilo (6): Esteve menos bem do que aquilo a que nos habituou, especialmente com bola, onde exibiu alguma lentidão e indecisão. Está a recuperar o atraso na preparação, conto (espero) vê-lo um pouco melhor já com a Roma.

Herrera (7): Já estava pronto para soltar o meu preconceito de estimação quando... PUM! Tiraço de longe e a inesperada vantagem no marcador oferecida com sal e tequilla. Isso tem sempre que ser valorizado. Mas sendo justo, o resto também não foi mau. Foi oscilante, como sempre é com este hombre. Será que Nápoles e Juventus tinham olheiros em Vila do Conde?

André André (6): Nota-se que está a tentar ajustar-se aos novos requisitos do treinador e também se nota que ainda não lá chegou. Eu acho, cada vez mais, que ou joga ele ou Herrera. E ontem, o mexicano foi bem mais decisivo.


O momento do penálti falhado e "recargado"


< 82' Melhor em Campo Corona (8): Muito bom início de época de Tecatito, esperemos que dure mais do que na época de estreia. Muito mexido, confiante e disposto a ajudar Maxi. Golo muito bom, pleno de oportunidade (e qualidade) e sempre a pôr em água as cabeças dos defesas contrários. Muito bem, bom de início ao (seu ) fim.

< 68' Otávio (8): Decisivo mais uma vez, ao sofrer o penálti que ditou a expulsão e resultou no terceiro golo. Mas antes já tinha feito muita coisa boa, sempre a procurar ganhar sobre o marcador directo e à procura de um companheiro em zona de finalização. Muito bem. 

< 78' André Silva (8): Grande jogo, para lá da assistência para Corona e do golo na recarga ao penálti (a rever, obviamente). Lutou muito, ganhou muitas bolas e desgastou todos os que o tentaram parar. O verdadeiro trabalhador para a equipa. 

> 68' Layún (6): Demorou uns minutos a entrar no jogo, assim que o conseguiu foi o que costuma ser, com o bichinho do ataque dentro dele e sem grande vontade de se "chatear" a defender. Cumpriu ainda assim. 

> 78' Depoitre (5): E assim se estreou o nosso pinheirinho, sem oportunidade para mostrar muito, mas com vontade. E já se viu que sabe fazer uso do seu metro e noventa e um. Pode ser útil, sim senhor.

> 82' Adrián (5): Voto de confiança renovado... e correspondido. Cerca de 10 minutos em campo, ajudando a equipa a gerir o resultado e tentando sair sempre que possível.

Nuno Espírito Santo (7): Começou a ganhar, não se podia pedir mais. Em especial porque começou a perder no jogo e conseguiu a reviravolta. O jogo correu sempre bem, é verdade, mas disso não tem culpa. Depois do terceiro e da nossa expulsão, geriu com cautela e doseou esforços. Bem.




Outros intervenientes:


Fixem este nome: Gil Dias. Muito interessante o jogo deste menino, desinibido e cheio de intencionalidade nas suas acções. Abusou no apego à bola, mas a paixão é mesmo assim. De resto, uma equipa ainda com bastante por fazer.

Fábio Veríssimo teve um critério largo mas pouco uniforme, mas tal não seria suficiente para ter nota negativa não fosse o erro na expulsão de Telles, onde se deixou levar pelo teatro do palhaço Heldon. Bem no penalti e expulsão. Ao contrário da maioria dos Portistas, não desgosto da sua forma de arbitrar. Precisa de ser mais equilibrado nas decisões, apitar de forma igual o que é igual. 


Venha de lá a Roma. E a Champions.



Do Porto com Amor


 

2 comentários:

  1. Viva Lapis,
    Ca estamos de novo para uma nova epoca que se espera melhor que as ultimas!

    Deixe-me fazer dois pequenos reparos - acho que o AS nao tocou na bola no cruzamento para o primeiro golo. Apesar do grande salto, julgo que a bola lhe passa por cima e ressalta no ombro do adversario. E no golo do Rio Ave, o marcador salta entre Filipe e AS, nao Marcano.

    Quanto ao jogo:
    Temos jogador - este Otavio vai ser uma maravilha... Envolvido em quase todas as jogadas de perigo, cabeca levantada, passes em que a bola parece que tem olhos... absolutamente brilhante.
    AS muito bem tambem com movimentacoes melhores do que o que mostrava no ano passado. Ainda talvez lhe falte a capacidade de rematar de primeira, ja que o seu primeiro toque muitas vezes o embaraca. Para continuar a titular e a marcar!

    Na defesa, Marcano claramente o melhor - a jogar simples, concentrado e sem recorrer a falta, ao contrario de Filipe que fez lembrar Maicon com muito bom e muito mau e a confundir agressividade com dureza...

    No ataque nao achei que o Corona tivesse tido tao bom jogo. Fez um bom golo e uma jogada logo a seguir mas de resto esteve muito abaixo do que pode.
    Gostei do Depoitre e do NES meter o Adrian para jogar num 4-3-2 quando estavamos com 10. so fiquei surpreendido pela falta de cruzamentos quando tinhamos 1x1 ou 2x2 na grande area adversaria (e com um pinheiro como Depoitre).

    Deixei o meio campo para ultimo porque aqui esta o busilis da questao... Mas o que esta NES a pensar? Meter 3 jogadores que juntos nao tem uma grama de criatividade?
    claro que nao e de admirar que depois esses jogadores so tenham estado envolvidos em 3-4 jogadas decentes (e porque o Otavio os obrigou a isso).
    Eu ate ia comentar que achei que o Danilo cobriu o adversario bem, excepto numa vez em que ele marcou um golaco do meio da rua... Pois, para mim o Danilo e o Herrera passaram o jogo todo a marcar-se um ao outro...
    O meu meio-campo seria, neste momento, Ruben Neves, Evandro e JCT. Capacidade tecnica, inteligencia, criatividade. Espero que ao menos haja o bom senso contra a Roma de substituir pelo menos um...

    E claro que se vier Oliver ou Rafa, viriam para titulares. Julgo que a vinda de qualquer deles vai depender do play-off. Se nao passarmos (vade retro) julgo que simplesmente se seguira a integracao do Sergio Oliveira. E ainda falta resolver Brahimi, Abou e Indi. Nao me desgostava ver Brahimi e Otavio ao mesmo tempo em campo...

    ah, e nota - nao culpo o arbitro pela expulsao ridicula do Alex, mas sim o fiscal de linha que estava em cima do lance e mesmo assim nao viu (ou nao quis ver) o teatro.

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  2. Caro Pancas, cá estamos (como sempre).

    Dois reparos acertados e aceites, naturalmente. Na TV só vi mesmo o que não consegui ver no estádio, os primeiros vinte e tal minutos.

    Aceito a sua visão sobre os centrais mas Marcano para mim já não dá - esgotou tudo na final da taça. Pelo contrário, Corona surpreendeu-me (mais uma vez neste início de época) pela duração das pilhas. Vi-o sempre ligado ao jogo, quer a atacar quer a defender, até ser substituído. Sempre achei que há ali muito jogador, por baixo daquela camada de gajo com jeito - que NES o saiba esculpir.

    Quanto à falta de serviço para o pinheiro, deve ser mesmo falta de hábito.

    No meio, o diagnóstico é igual ao meu, mas não veja essa sugestão a resultar. Eu só tirava Herrera ou André (ficava um) e adicionava um Óliver (JCT tem muito que correr, começando pela atitude...). Danilo, Otávio, AS e Corona são os meus intocáveis do momento.

    Quanto à questão reforços/ playoff, abordei-a no post seguinte. Em qualquer caso, já é tarde...

    Abraço e vamos a eles carago

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