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Notas prévias:
- Não sou daqueles que fecha os olhos ao descaramento que foram as arbitragens nesta (e noutras) temporada, mas também não acredito que se possa reduzir tudo ao companheirismo encarnado dos Capelas & Cia. Se é factual que sem essas prendas a classificação seria seguramente diferente, também é verdade que oferendas à parte, também houve futebol e mérito de jogo. Neste conjunto de posts, vou tentar analisar o futebol jogado e os números por detrás dele. Sobre a arbitragem, voltarei mais tarde.
- Considerei a disposição 4-3-3 como referência, porque efectivamente bate certo com os 11 jogadores mais utilizados em cada uma das equipas. Isto não significa que os emparelhamentos no meio-campo e no ataque sejam perfeitos, isto é, que cada par de jogadores em "confronto directo" jogue exactamente na mesma posição ou sequer tenha as mesmas funções em campo - mas a ideia é aproximá-los tanto quanto possível e razoável;
- Considerei a disposição 4-3-3 como referência, porque efectivamente bate certo com os 11 jogadores mais utilizados em cada uma das equipas. Isto não significa que os emparelhamentos no meio-campo e no ataque sejam perfeitos, isto é, que cada par de jogadores em "confronto directo" jogue exactamente na mesma posição ou sequer tenha as mesmas funções em campo - mas a ideia é aproximá-los tanto quanto possível e razoável;
- Adicionei um suplente adicional para conseguir incluir o Abou, que me parece ter relevância própria no contexto do plantel do Porto.
- Não esquecer que cada plantel contém mais jogadores além dos analisados, tendo muitos deles igualmente participado em jogos do campeonato.
Análise Global:
A primeira diferença que salta à vista é que o onze mais titular do SLB soma quase mais 2.000 minutos do que o do FCP, o que revela maior estabilidade da equipa vermelha e branca. Este é sempre um factor decisivo em provas de longa duração, e no caso concreto vem somar ao acumulado de várias épocas anteriores, assentes no mesmo núcleo duro (mudando 1 ou 2 por temporada).
O jogador mais utilizado do FCP foi Danilo (29 jogos, 2569 minutos) e perto dele apenas ficaram Jackson (30 jogos, 2552 minutos) e Alex Sandro (28 jogos, 2507 minutos). Por comparação, 4 jogadores do SLB jogaram mais do que Danilo: Lima, Jardel, Luisão e o "recordista" Maxi (32 jogos, 2874 minutos).
Isto remete para um sub-tópico, que será detalhado na análise sectorial: a estabilidade do sector defensivo. Eu sou dos que defendem acerrimamente que uma boa equipa começa na sua defesa (mesmo tendo Messi, Neymar e Suarez, embora estes 3 suavizem a questão...) e uma boa defesa requer duas coisas: 1) bons jogadores e 2) tempo de jogo conjunto.
Análise dos "Onzes" Titulares: Baliza
Fabiano acaba por ser o GR mais utilizado, só tendo perdido a titularidade para Hélton na parte final da temporada. Nos 27 jogos em que participou, encaixou 11 golos (3 dos quais em casa, incluindo os 2 contra o SLB) do total de 13 que a equipa sofreu, o que lhe deu uma média de 0,41 golos sofridos por jogo.
Já Helton sofreu 2 golos em 7 jogos (entrou contra Arouca após expulsão de Fabiano), ambos resultando em empates na Choupana e em Belém. Média de 0,29 golos por jogo.
No SLB, houve maior repartição da baliza, com Artur a começar a época realizando 12 partidas e encaixando 7 golos, o que representou uma senhora média de 0,58 golos sofridos.
Talvez por isso (e outras coisas mais), JJ tenha aproveitado a oportunidade quando ela surgiu e deu a titularidade a Júlio César, que indiscutivelmente veio dar grande serenidade à defesa do Benfica. O veterano brasileiro fez 23 jogos e sofreu 9 golos, conseguindo uma média de 0,39 golos por jogo.
Análise dos "Onzes" Titulares: Defesa
O quarteto defensivo mais utilizado pelo SLB (é só juntar o Eliseu aos 3 referidos acima) somou no total 10.631 minutos, enquanto que o nosso quarteto que mais jogou (os laterais referidos, Maicon e Martins Indi) totalizou apenas 9.366 minutos. Dir-me-ão que houve rotatividade e se somarmos os 1.577 minutos do Marcano
as coisas mudam de figura: pois eu digo que não, porque não só se
requer grande cumplicidade entre os centrais (algo que só se ganha
jogando juntos), como também houve do outro lado um André Almeida que somou 1.291, muitos dos quais na lateral defensiva.
Em termos ofensivos, o quarteto portista contribuiu com 9 golos e 5 assistências, enquanto que o do Benfica deu à equipa 17 golos e 9 assistências. Acredito que aqui está uma das chaves do desenlace final da competição (arbitragens à parte): a contribuição ofensiva do sector defensivo.
Análise dos "Onzes" Titulares: Meio-Campo
Sem surpresas, o trio mais utilizado pelo Porto foi composto por Casemiro, Herrera e Óliver (ainda que o Rúben tenha igualmente uma contribuição muito significativa), totalizando 6.522 minutos contra os 6.181 de Samaris, Gaitán e Talisca.
Em termos de números ofensivos, o trio portista contribui com 13 golos e 14 assistências, exactamente o mesmo que o trio vermelho deu à sua equipa.
Bem sei que a inclusão de Talisca no meio do terreno não é pacífica, não só porque muitas vezes jogou em funções mais ofensivas, como seria mais apropriado incluir o Pizzi no seu lugar. Mas a realidade é que o "dumbo" somou mais minutos do que o "zarolho" (desculpem mas não resisti) e portanto a lógica de análise mantém-se.
Mas se quisermos ser picuinhas, adicionemos então aos trios o Rúben e o Pizzi e as diferenças em termos de minuto serão ainda menores (7.723 vs. 7472). Já no que concerne às estatísticas de ataque, as 7 assistências de Pizzi contribuem para o desequilibrar da balança, ficando o quarteto do Porto com 14 golos e 15 assistências e o do Benfica com 15 golos e 21 assistências.
Análise dos "Onzes" Titulares: Ataque
Mais uma vez, o emparelhamento dos jogadores não é fácil e muito menos será consensual. Mantive a lógica da maior utilização e tentei aproximar as contribuições que cada par dá ao jogo (no par Brahimi-Lima não seria de todo possível, acabou por ser o par "residual").
Neste sector a diferença de minutos somados pelo trio benfiquista (Sálvio, Jonas e Lima) é acentuada (7.473 vs 6.331), apenas Jackson rivaliza em termos de tempo de jogo. Mas se na defesa a "assiduidade" é fundamental, no ataque não o será tanto. É verdade que é igualmente importante os jogadores conhecerem-se e as suas movimentações individuais, mas a um nível diferente da defesa, onde todas as acções devem ser coordenadas ao milímetro.
Em termos de produtividade, é caso para dizer que "apenas Jackson não chegou". O Porto beneficiou de 34 golos e 14 assistências por parte do seu trio ofensivo mais utilizado (Quaresma e Brahimi acompanham o colombiano), enquanto que o do Benfica somou 48 golos e 18 assistências. Se é verdade que não é necessário golear para ganhar campeonatos (como aliás sabemos muito bem), também não é mentira que quantos mais se marcar, mais perto se estará de ganhar os jogos (o mesmo se aplica a não sofrer golos, obviamente).
Relativamente ao Porto, é importante salientar a elevada utilização de Tello (que não tem paralelo nos encarnados), bem como a sua produtividade ofensiva. Somando os seus números ao trio mais utilizado, teremos 41 golos e 20 assistências, ao passo que seguindo o mesmo raciocínio com Ola John, o SLB fica com 51 golos e 23 assistências, reduzindo-se a diferença de produtividade entre ambos os conjuntos.
Análise dos Suplentes (oito mais utilizados)
Do lado do Porto, destaque para Marcano, Rúben Neves e Tello pela "quantidade" e Aboubakar pela "qualidade" (média de 0,29 golos por jogo - superior à de Tello por exemplo - mas ainda mais relevante o número de minutos de que necessitou para marcar 1 golo: 144 minutos, superior a Lima e apenas batido por Jonas e Jackson).
Na barricada encarnada, destaque para a fraca contribuição de golos e para a utilização mais intensiva de André Almeida, Pizzi e Ola John, sendo que o do meio ("herdeiro" de Enzo Pérez) foi mesmo o mais influente no desempenho da equipa.
Em resumo, o banco do Porto aparentemente trouxe maiores benefícios à equipa do que o do rival, possivelmente em parte devido à maior qualidade dos seus elementos, mas a que também não será alheia a maior utilização face ao banco vermelho.
E por hoje ficamos assim, em breve voltarei com a análise à disciplina (ou falta dela), à produção ofensiva e por último, ao comparativo DPcA (posição a posição e global) das duas equipas. No finalzinho, os factos sobre as arbitragens.
Stay tuned,
Do Porto com Amor
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