Um pequeno passo no campeonato. Um salto de gigante (vá lá, grandito) na recuperação da confiança perdida.
Devo começar por me desculpar pela falta da habitual antevisão, mas não foi de todo possível entregá-la em tempo útil.
Começando por aí, esperava observar um crescimento da equipa (a todos os níveis) face ao sucesso psicológico (e pontual) que significou a vitória da última quarta feira na Madeira, onde acertamos contas com o calendário e com a treta da maldição da ilha.
De regresso a casa, onde todos os jogos são sempre para ganhar, mas face a um adversário que vinha apresentando um bom futebol (e cuja classificação o reflectia) dificilmente seriam favas contadas.
Em relação ao onze inicial, mais mexidas significativas, dentro dessa inexorável folie que é a rotatividade de Lopetegui. E desta vez, isoladas até faziam sentido. Abou seria obrigatório, Danilo compreensível e Maicon aceitável. Mas em conjunto, representam mudar - uma vez mais - quase 30% da equipa. Tem sempre impacto e as rotinas (ou o prazo em que virão a ser adquiridas) são sempre a primeira vítima.
De fora (dos convocados) voltou a ficar Imbula. Não vejo nenhuma injustiça nisso face ao que (não) vinha jogando, mas o facto é que Lopetegui sentiu a necessidade de relativizar a questão publicamente. É que estas coisas não matam, mas moyen.
Mas como sempre digo, sejam quais forem os onze (a quatorze), têm sempre mais do que condições para vencerem, pela qualidade intrínseca que cada um tem.
Avancemos pois para o jogo.
O Paços de Ferreira veio ao Dragão para jogar futebol (excepto quando se viu a ganhar e era sua prerrogativa repor a bola em jogo...) e mostrou-o desde o início. Defesa bem subida e movimentações ofensivas sempre muito apoiadas, envolvendo regularmente seis ou sete homens em cada ataque. Excelente postura!
Coincidência ou não (sim, é irónico o tom), a sua audácia foi bafejada pela sorte logo aos 8 minutos, com Bruno Moreira a aproveitar bem na cara de Iker, após um erro de palmatória de Indi na abordagem a uma bola pingada na área. A mesma sorte que tivemos no último jogo, teve-a o Paços neste. Só não tinha era argumentos para fazer mais dois de seguida.
O Porto não entrou mal no jogo, ainda que demasiado tímido para uma equipa atrevida como esta. Não sentindo aquela pressão que nem os deixa respirar, trataram logo de mostrar ao que vinham. E mostraram...
A nossa resposta não foi imediata, mas chegou. Demorou cerca de 10 minutos a ser planeada, enquanto os jogadores se recompunham do susto e se reajustavam à nova circunstância. Mas quando chegou, foi muito interessante. Arrisco-me até a dizer que terá sido um dos melhores períodos da equipa nesta temporada, aquele que mediou entre o minuto 20 e o intervalo. Convicção, pressão e garra - ainda que com alguma descoordenação pelo meio - devolveram-nos o controlo do jogo e empurraram o adversário para trás, que ainda assim não deixou de tentar atacar quando pode. Perto da meia hora, chegou o empate através de um bom golo de Corona, após passe de Brahimi. Até ao intervalo, mais algumas coisas interessantes e uma ou duas boas ocasiões para passar para a frente no marcador.
Já o regresso não foi o mais interessante, perdendo-se intensidade e alguma convicção. Mas continuamos por cima, exercendo uma pressão suave, que no entanto foi crescendo com o passar do tempo. Já o Paços regressou expectante, à espera de ver qual seria o nosso próximo passo.
Esse crescimento gradual culminou com o penálti - bem convertido por Layún - que consumou aquela que viria a ser a nossa primeira reviravolta (foguetes, por favor). Bem assinalado, num lance difícil de ajuizar. Dois erros consecutivos do mesmo jogador, o segundo dos quais a falta evidente dentro da área.
Quem não ficou pelos ajuste foram os pacenses, que de imediato voltaram a querer jogar, procurando reconquistar o empate. Já o disse e repito, são uma equipa que joga bom futebol - porque está bem orientada e porque tem bons jogadores.
Esta avanço do Paços abriu muitas avenidas nas suas costas, que várias vezes foram exploradas por Corona, Abou, Brahimi e depois Tello (porquê?) mas sem nunca conseguirem chegar à meta - em duas situações, de forma i-n-a-c-r-e-d-i-t-á-v-e-l. E com isso, acabámos o jogo com o credo na boca, encolhidos atrás com medo que o céu desabasse sobre as nossas cabeças. E esteve quase para desabar, mas felizmente aguentou-se. Como o que não mata, engorda, confio que este sofrimento final venha a servir para aumentar a autoconfiança dos meninos.
No final, uma vitória tão justa quanto suada. Boa para nos fazer crescer.
Neste jogo, mais do que nos anteriores, senti claramente aquela que considero a nossa maior insuficiência a nível de plantel: a inexistência de um estratega que pegue no jogo e marque os ritmos, aquele que seria o verdadeiro maestro desta orquestra semi-desafinada.
Casillas (6): Noite
tranquila (mais uma). Procurou ajudar a equipa a recuperar do prejuízo com reposições rápidas e incentivos.
Layún (8): Começa a ser um caso sério este señor. Nesta fase, parece que não há jogo em que não seja decisivo. Desta vez, além de um jogo pressionante, voltado para o ataque, teve a frieza para marcar bem o penálti que acabou por ser decisivo para garantir a vitória. Qualquer dia, é Layún e mais dez...
Maxi (6): O exemplo do jogo passado parece ter sido uma excepção. Voltou a mostrar que não está na plenitude das suas capacidades atléticas e assim sendo, não consegue ser aquele Maxi que conhecemos e gostámos. Já veremos como responde em Stamford Bridge.
Maicon (6): Regresso à titularidade sem nenhum lance comprometedor. Para mim basta!
Martins Indi (5): Ando eu farto de te elogiar, pá... e tu pimba! Mas que erro tão iniciático aquela, Bruno! Deixar a bola bater no chão, na nossa área... é mesmo de nabo que não teve escola. Azar o teu, deu golo. Tirando este lance, esteve bem como tem estado. Não se deixou afectar (espero que por ser forte e não por não ter consciência do erro) e isso é positivo.
Rúben (7): Tal como Danilo, também consegue explanar melhor o seu jogo actuando sozinho na posição 6. De diferente, tem a vantagem de também saber jogar (muito) a oito, pelo que a incompatibilidade entre os dois só acontece quando Lopetegui insiste em inverter o triângulo. Fez um bom jogo, sendo sempre o mais esclarecido e determinado dos médios na cavalgada rumo à reviravolta. Perdeu gás com a tal inversão...
<-87' Herrera (6): Mais um jogo bem razoável, sem muitos daqueles disparates que o definem. Assim, até pode crescer ao ponto de se tornar útil para a equipa em full-time.
<-66' André (5): Depois de ter carregado com a equipa durante três meses, está agora a perder gás. Perfeitamente natural, contando que recupere em breve. Precisamos de ti, rapaz, mas a jogar tudo o que sabes. Rápidas melhoras.
Melhor em Campo Corona (8): Cá está o jovem virtuoso mexicano de volta. É verdade que teve uns apagões pelo caminho, mas a gestão que se fez deles não foi a melhor. E a prova são estas suas exibições, a mostrar que apenas precisa de tempo e carinho para conseguir soltar a franga. Gracias!
<-78' Brahimi (6): Alguém distraído ou desconhecedor da personagem, poderia pensar que o argelino esteve menos inspirado do que o seu normal. Seria então necessário que alguém informado lhe dissesse que na próxima quarta há Liga dos Campeões. E logo em Londres. Brahimi é isto, enquanto lhe permitirem. E ainda por cima sai de cara torta, quase no final do jogo. A**h***.
Aboubakar (4): Meu caro Abou, mete dó ver-te assim abandonado, nesse timbre pardacento, nesse teu jeito fechado, de quem mói um sentimento. E a falhar golos daqueles também. Levanta a cabeça como a seleção e forward, marche!
->66' Danilo (6): Entrou para render o desinspirado André, mas também para apaziguar os medos do treinador. Cumpriu bem.
->78' Tello (4): Quinze minutos em campo foram suficientes para mais uma vez demonstrar que nem nos convocados merece estar. Já não há paciência para tamanha displicência e falta de convição. O melhor que fez foi recuperar uma bola que infantilmente tinha perdido. Nem vou adjectivar aquele falhanço frente a Marafona.
->87' Evandro (-): Sem tempo útil para ser avaliado.
Lopetegui (6): Ganhámos. Com reviravolta no marcador. Que tal foi perder a virgindade, Julen? Fica a sensação que já podia ter sido antes, não? Tipo, na puberdade da época. De positivo também o crescimento da qualidade exibicional da equipa, apesar do apagamento de André. No entanto, os "erros" continuam a ser os mesmos. Em minha opinião, mexer tanto e tantas vezes no onze provoca muito mais danos do que benefícios. Continuámos assim a adiar aquele entendimento de olhos fechados que define as grandes equipas. E depois, as alterações após o 2-1. Lopetegui ainda não percebeu que não se pode permitir jogar de igual para igual no campeonato, tem que ser sempre mandão e não deixar os adversários crescer à nossa custa. Ainda por cima este Paços, que joga bem à bola. Mesmo sendo inegável que tivemos várias grandes oportunidades para ampliar, ao recuar Rúben para o lado de Danilo contribuímos para que o assalto final do adversário tivesse mais força. E a insistência em Tello, que não encontra suporte em lado nenhum, não só por não jogar uma pevide, mas ontem também porque se pedia um jogador com maior vocação para a cobertura defensiva, alguém como Varela. Por tudo isto, fica-se pela nota de serviços mínimos.
Outros intervenientes:
Uma bela equipa é este Paços de Ferreira. Afirmo sem qualquer risco que foi a equipa que melhor jogou no Dragão esta época. Sem qualquer risco de ser corrigido. Pena que o mestre-de-obras Jorge Simão tenha a elegância de um trolha a coçar o rabo. Não sei que espécie de iluminado se julga, mas aviso-o que o nosso futebol já tem mestres da táctica trogloditas de sobra. E já agora, para o seu próprio bem, recomendaria que nem sequer abrisse a boca depois dos jogos. É que aquele colete de campino já diz quase tudo.
Nos jogadores, destaque para o jovem Diogo Jota, um verdadeiro talento que rapidamente estará a ensaiar vôos maiores. E também para a velocidade de Édson Farias.
Quanto ao árbitro Carlos Xistra, teve uma noite com lances difícies de ajuizar, desde a entrada de André que acabou por lesionar Romeu até ao lance da grande penalidade, com os seus vários andamentos, mas creio que acertou em todos os mais relevantes. Não posso no entanto deixar de dizer que se alguém se poderá ter sentido incomodado pelo árbitro terão mesmo sido os pacenses, uma vez que foi uma arbitragem muito pró-Dragão, naqueles lances divididos "em caso de dúvida". Globalmente, positiva e sem influência no resultado.
Segue-se o jogo decisivo da Champions em Londres, onde se irão separar os homens dos meninos. E os treinadores dos destreinadores. Até lá, saboreemos o nosso primeiro turn-over.
Do Porto com Amor
Do Porto com Amor
Com os falhanços escandalosos de Abou, Tello e até Herrera, não há treinador que resista. Daí o FC PORTO jogar á Paços nos ultimos minutos devido á intranquilidade do nosso mister...
ResponderEliminarO treinador pacense quis-se armar em José Mota...
Espero e acredito numa vitória em Stamford Bridge...
De acordo em tudo!
EliminarCaro LAeB
ResponderEliminarBoa noite.
Eu até gostei do jogo do FC Porto. Podia e deveria ter goleado o P.Ferreira, tantas e tão claras foram as oportunidades de golo desperdiçadas. A serem concretizadas, ter-nos-ia evitado algum sofrimento e poupar-nos-ia certamente, às declarações imbecis do treinador adversário, evocando a pouca idade para, com aquele sorriso pretensamente inocente tentar justificar o injustificável. Resumindo, o FC Porto logrou o fundamental: A vitória e os respectivos 3 pontos. Justíssima e sem mácula.
Aproveito a oportunidade, se me permite, para manifestar a minha satisfação pelo regresso do FC Porto ao Ciclismo. Uma modalidade com tradições e historial riquíssimo no nosso Clube, talvez muitos Portistas não saibam que somos o Clube com mais vitórias na Volta a Portugal. Na parte que me toca, durante a longa travessia no deserto no que ao futebol diz respeito, o Ciclismo foi das modalidades que alimentou o meu fervor Azul e Branco. Quantas noites, à época, o meu falecido Pai me chamava para, ouvidos colados ao rádio, ouvirmos e vibrarmos com os feitos dos nossos heróis de então, Carlos Carvalho, Mário Silva, Sousa Cardoso, José Pacheco, Joaquim Leão...graças ao "Serviço Ultramarino da Emissora Nacional". Vivia então eu em Benguela/Angola. E já agora, também o Hóquei em Campo e o Andebol de Onze, modalidades que também compensavam, pelos Títulos conquistados, a míngua do futebol e ajudaram na minha fidelização ao nosso FC Porto. Confesso que ao recordar esses momentos, sinto saudades, porque foram momentos que contribuíram para sedimentar o meu amor ao FC Porto.
Um abraço
Eu e todos os leitores DPcA agradecemos o seu testemunho, caro Fernando Pinto.
EliminarTal como eu, certamente que muitos portistas não têm a exacta noção do que o ciclismo já representou para as nossas cores e a sua vibrante descrição cativará desde já muitos corações azuis e brancos para a modalidade.
Pessoalmente, lembro-me vagamente de os ver passar na Praça Velasquez, por equipas, e pouco mais. Tudo o resto são testemunhos do meu pai, avô materno e de outros familiares e amigos mais "experientes".
Hóquei em campo e andebol de onze também só sei de ler os feitos e de ouvir testemunhos de quem os praticou.
Esses tempos em que pouco ou nada ganhávamos no futebol abriram espaço para o acarinhamento de outras modalidades que entretanto se extinguiram (ou quase). Na actualidade (leia-se últimas décadas) assistimos aos nossos rivais a apostarem tudo no atletismo, ping-pong, ciclismo e futsal. Porque será? :-)
Abraço portista
Caro LeB,
EliminarCompreendo o seu raciocínio do último parágrafo e sem dúvida que as ultimas décadas do FC Porto, apesar de alguns hiatos, naturais, têm sido de êxtase para nós Portistas e não só no futebol. Mas por certo também compreenderá as saudades que sinto daqueles tempos e daqueles momentos, não confundir com saudosismo, porque, como referi anteriormente, ajudaram a manter bem viva esta paixão pelo FC Porto. E olhe que não era fácil naquela altura. De entre todos os meus amigos e colegas de Escola eu era o único Portista.
Abraço
Compreendo perfeitamente, até porque cresci com testemunhos não só de quem também passou por esses tempos, como também de quem jogava e sentia na pele o que significava "passar a ponte" e defrontar Eusébios e Calabotes.
EliminarE compreendo também porque me imagino a vibrar com o Porto até nos distritais. Pese embora a sorte de ter nascido e vivido os melhores tempos do nosso futebol, não é por ganhar que me motivo.
Por isso vou sempre dizendo que o Porto não é de ninguém, mas apenas de todos os portistas. Em qualquer circunstância.
Lopetegui amua quando lhe apontam os defeitos e a miséria exibicional dos Ferraris que lhe colocaram em mão e não percebe as críticas. É um insulto à sua estúpida arrogância. Essa arrogância e coragem que revela nas conferências de imprensa, transforma-se em covardia e timidez, no rectângulo de jogo. Para as funções para que foi contratado é um passarinho, mas, de paleio, é um herói.
ResponderEliminarClaro que depois ouvimos um treinador adversário de trazer por casa, dizer que no Dragão qualquer equipas impõe o seu futebol, porque sabe como o Porto joga.
E muitos ainda ficam admirados!
EliminarSem voltar ao assunto Lopetegui, nada justifica a boçalidade do Palerma que treina o Paços excepto... a própria boçalidade. É um bronco que foi longe demais e caso não se retracte rapidamente, deverá ficar marcado e bem marcado.
É impressionante que num jogo em que até podíamos ter goleado, chegámos ao fim do jogo e ficámos com a impressão que não vimos futebol algum, pois temos uma equipa completamente desorganizada tacticamente, com lacunas gravíssimas na construção, marcação, organização de jogo , um dos piores Portos que me lembro, até bem pior que o ano passado. Só vejo um culpado nisto: o treinador. Vive-se da inspiração individual de um dos nossos craques, do pontapé para frente e do aproveitamento do atrevimento do adversário. Do resto, não se vê nada. Lentidão, passes mal executados, tudo tão previsível. Não se nota trabalho na equipa. Quase uma nulidade.
ResponderEliminarE dei por mim a imaginar o que faria o técnico contrário com a nossa equipa, quando com um Paços de Ferreira consegue instalar o pânico em pleno Dragão sempre que ia à frente. Era um "ai Jesus", com os nosso jogadores completamente perdidos. Inacreditável.
Creio que já tivemos essa experiência com o Foca Fonseca.
EliminarPor muito que não se goste de Lopetegui, não caiamos no erro de pensar que qualquer campino saloio teria capacidade para treinar o Porto. Essa teoria de que qualquer um é campeão no Porto já foi chão que deu uvas.
Quando mudarmos, tem que ser indiscutivelmente para melhor.
Abraço portista
Amanhã contra o Chelsea, não é dos jogadores que vou ter medo. Vou ter medo do medo que o Lopetegui tem nos jogos decisivos!!!
ResponderEliminarAndou todo um universo azul-e-branco a contestar, insultar e despedir Paulo Fonseca por o homem usar 2 trincos! Pois bem, Lopetegui quando inventa ou que é que faz? Exactamente igual! Aliás, espero bem que amanhã não se entre em campo com Danilo e Imbula ao mesmo tempo. Reforçar o meio campo, sim. Atafulhar, não!
Tal como já referi, não será Lopetegui que vai fazer do Fonseca alguém que deixou saudades. Na pior das hipóteses, sairão os dois da mesma forma...
EliminarQuanto ao jogo de amanhã, sejamos objectivos. A história e os bookmakers dizem-nos que objectivamente será sempre muito improvável ganharmos (amanhã ou noutro dia qualquer, entenda-se).
No entanto, ser portista é acreditar sempre, contra todas as probabilidades. E se necessário, contra treinadores e dirigentes também. Eu acredito.