Em noite de gala azul e branca, houve também pragmatismo encarnado e providencial mão divina pintada de verde... e azul pastel.
Pela primeira vez assisti a uma gala dos Dragões de Ouro de princípio ao fim. E devo confessar que, contra as minhas expectativas, não dei o tempo por mal empregue.
Primeiro porque teve momentos de verdadeiro portismo. Lamentavelmente, quase limitado aos vídeos exibidos entre troféus, mas houve. Quem viu a divertida reportagem de rua e ouviu portistas como nós a desafinar o hino e a escolher os seus heróis preferidos, não pode certamente ficar indiferente.
Em segundo, porque houve justíssimas homenagens a alguns dos galardoados, desde a nadadora Diana Durães até ao nosso supercraque do andebol Gilberto Duarte, passando pela distinção de carreira ao massagista da natação Manuel Ferreira Pinto e a póstuma recordação do "pai de todos os jogadores", o senhor Domingos Pereira.
Em terceiro, porque houve comédia.
Da boa, pela doce voz radiofónica da grande Joana Marques, que não desperdiçou a oportunidade de, através de fina ironia, malhar forte e feio nos da segunda circular.
E da má, com a entrega dos Dragões de Ouro de futebolista e dirigente do ano a Herrera e Adelino Caldeira. Presumo que por esta ordem, mas se invertida o espanto não seria maior. Patético, para não ir mais longe.
Só não gostei do discurso de Pinto da Costa. Eu que nunca tinha assistido a nenhum nesta circunstância, esperava uma espécie de discurso de estado da nação portista, ao estilo da tradição anual do presidente norte-americano. Esperava renovação de convicções, recados para dentro e para fora e acima de tudo, uma mensagem de mobilização das hostes portistas, que por estes dias desconfiam muito de tudo e de todos e também por isso necessitavam de ser reconfortados pela voz de comando. Mas não, foi um discurso inócuo como o futebol de Lopetegui, divido entre a longa introdução, a nomeação e justificação de cada um dos galardoados e a valorização de um conjunto de infraestruturas, como se fossem estas a porta de acesso a um futuro rumo ao infinito. Como se fosse essa a essência do nosso clube.
Tudo somado, foi um pedaço de noite relativamente bem passado. Ainda que passando por cima (ou ao lado) do paupérrimo momento que o futebol atravessa. But... The show must go on.
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Terminado o nosso espetáculo, fui ver o dos outros.
Começo pelo Braga-Benfica, onde mais uma vez os de Lisboa tiveram o pragmatismo de uma equipa pequena, consciente das suas limitações, e a felicidade de, do outro lado, estar um treinador que se contenta em ser melhor, mesmo perdendo. Para que não me entendam mal, a única crítica que faço é a Paulo Fonseca, que não teve a audácia (eu diria decência) de ter esta postura no jogo do Dragão. O Benfica, felicito por tirar o melhor partido do pouco que tinha para esta partida. Quem não tem águias, caça com pardais. Parar é que não, porque... The show must go on.
Por último, o milagre da noite. Mais um.
Mas desta vez não foi Jesus nem um árbitro a fazê-lo, foi um jogador. Do Sporting? Não, isso era muito fácil... do Belenenses! Razão tem quem diz que jogar no clube dos viscondes deixa marcas para toda a vida. Quando o jogo estava irremediavelmente empatado a meio dos descontos... eis que surge o milagre. E uma adivinha: sabe o estimado leitor o que é que Liedson e Tonel têm em comum? Ambos resolvem. No final, quem tinha razão era JJ: os campeonatos também se ganham assim. Ai não que não se ganham. The show must go on.
Do Porto com Amor
Também vi a Gala e pareceu-me mais conseguida que a do ano passado, apesar de tudo, é sempre um momento de Portismo. Não dou grande relevância à entrega dos Troféus, pela sua subjectividade não é consensual. Neste caso, é mais a curiosidade que me move integrada no tal momento de Portismo que é a Gala em si. Sobre o discurso do Presidente o meu caro LAeB já disse tudo, nota-se algum desgaste, (prefiro esta classificão) seja lá pelo que for, ficando a ideia que dificilmente voltaremos ter o Pinto da Costa de combate que conhecemos em tempos não muito distantes.
ResponderEliminarSobre o espectáculo dos outros, direi apenas que o Manaca já tem um digno sucessor.
Um abraço
Tudo passa (mas a memória do presidente continua impecável)...
EliminarTão bom numa gala do Porto, falar-se do Sporting. Somos tão grandes!
ResponderEliminarImagino que sim, o sonho (ou a ilusão) não paga imposto. Mas olhe que não é necessariamente positivo, mesmo que tivessem uma outra espécie de primata à frente do seu clube, ainda assim falaríamos dele... Eu não partilho da tese de que "bem ou mal, o importante é que falem de nós".
EliminarE para terminar, o que tem feito esse seu primata desde que foi eleito que não seja falar dos 2 grandes de Portugal? :-)