Iker Casillas

domingo, 12 de julho de 2015

Iker Casillas


Hesitei em dizer já alguma coisa sobre o novo guardião do templo portista.

O plano era escrever sobre todos os novos reforços quando o mercado fechasse e após observa-los em alguns particulares.

No entanto, acabei por concluir que Iker Casillas justifica um post apenas dedicado a si, agora que está a chegar ao F.C. Porto.

Por ele e pelo que esta contratação pode significar, no imediato e no futuro próximo.

O incrível palmarés de Iker quase fala por si. 25 anos no Real Madrid, 16 desses na equipa principal do colosso madrileno e quase sempre titular indiscutível e depois capitão, até ter a infelicidade de se cruzar com Mourinho. E digo infelicidade porque todos conhecemos o modus operandi de Mourinho, na sua interminável cruzada psicológica pela conquista dos balneários, sacrificando tudo e todos os que entenda que lhe possam estorvar o processo. Não interessa agora aprofundar mais este tema, tendo como certeza que o próprio Iker se pôs a jeito ao não se submeter ao todo-poderoso e, já agora, com uma série de exibições longe de perfeitas. No entanto, neste fantástico percurso que tem sido a sua carreira, este foi apenas um pequeno episódio (e nem sequer o primeiro, diga-se em abono de Mourinho).

O que é (quase) certo, é que foi essa batalha perdida com Mourinho que o trouxe até nós. E isso é que verdadeiramente me interessa, o que vai ser Casillas daqui em diante. Por muito carregado que aqui chegue de louros e conquistas, para os portistas serão realmente relevantes aqueles que conseguir acrescentar ao seu palmarés enquanto vestir de dragão ao peito.

Sou um fã moderado de Helton (um dos tais que me fez mudar positivamente de opinião ao longo do seu percurso), mas Iker está num patamar superior. Diria mesmo sem pestanejar que desde Baía não houve mais nenhum deste nível.

Também devo dizer que nunca fui um enorme fã de Casillas, dentro do contexto dos monstros sagrados das balizas. Por outras palavras, nunca foi dos meus preferidos entre os que se encontram nesse exclusivo patamar superior que é o Olimpo dos guardiões. Nunca foi brilhante em termos técnicos, com as normais dificuldades nas bolas aéreas a que só escapam com regularidade os excepcionalmente dotados. O que mais gosto nele é a sua atitude, a sua crença, a emotividade que acrescenta ao jogo. As ganas portanto. Que em campo muitas vezes se traduziram naquelas defesas impossíveis, no "defende, levanta e volta a defender", no grito de revolta que desperta os companheiros que já se davam por vencidos.

Dentro de campo, é isto que espero dele. Tudo isto, o bom e o menos bom, e que somados dêem um saldo largamente positivo.

Imagem Bruno Sousa

Mas a vinda de Casillas acrescenta mais do que um experiente guarda-redes de classe mundial.

Logo à partida, um orgulho ligeiramente provinciano (de que partilho) de conseguir trazê-lo para o Porto. Não estamos a falar de um GR proscrito que andou exilado pelo Canadá até cá chegar (mas que ainda assim foi uma belíssima contratação). Estamos a falar do capitão do Real Madrid que se transfere para o Porto. Ponto. Carago. Ponto de exclamação.

Com a sua vinda, chegam também milhares de novos adeptos. De Casillas, evidentemente. Mas que enquanto jogar no Dragão, serão por extensão adeptos do Porto. E ainda mais, muitos mais adeptos de todas as partes do mundo, que apenas por se interessarem por futebol e pelas suas estrelas mais cintilantes, terão incontrolável curiosidade em conhecer ainda melhor o F.C.Porto. Quem sabe se entretanto não desenvolvem um ligeiro afecto pelo clube, que os leve a segui-lo com maior proximidade.

Isto pode parecer pouco em termos reais, mas na verdade eu acredito que pode ser monetizado pelo clube. Desde logo pela venda de camisolas, calções, t-shirts, cachecóis e qualquer outro artigo de merchandising. Nem que seja apenas pela curiosidade. E logo de seguida, mais visitas ao museu, sobretudo de espanhóis (mas não só).

Menos directo mas talvez mais importante, este acréscimo de "novos cristãos" um pouco por todo o lado pode ajudar a conseguir melhores contratos de patrocínio, desde o naming do estádio às camisolas. E até ajudar ajudando a própria liga portuguesa a vender os seus conteúdos em novos mercados (se tiverem a competência para desenvolver um produto apetecível, claro está).

E por último, mas também muito relevante, conseguir atrair outros grandes jogadores para o Porto. Não haja dúvida de que a vinda de Iker será como um gigantesco íman de bons jogadores, que de outro maneira desdenhariam aceitar jogar num liga com tão pouca projeção. Isto não é novo, tem acontecido noutras ligas de segunda, com a turca em destaque. Obviamente que na Turquia há muito mais dinheiro, mas por outro lado, em Portugal há mais ocidentalidade, se é que me faço entender.

Portanto, a vinda de Iker Casillas é muito mais do que a vinda de um jogador. É a vinda de uma lenda viva do futebol mundial e com ela novas oportunidades, sejam de negócio, sejam de recrutamento de matéria-prima.

Por tudo isto e pela Sara, que seas muy bienvenido Iker!




6 comentários:

  1. Subscrevo totalmente, acrescentado algumas coisas:

    A mim parece-me que Casillas não vem para ir prá praia, vem para mostrar ao Real que está longe de estar acabado. Também me parece que é a tal "extensão-dentro-do-campo" que faltava a Lopetegui e que vai ser muito feliz aqui, longe dos tubarões mediáticos que assolam o Real, aqui ele é mesmo a estrela da companhia, portanto não há conflitos com ninguém e, principalmente, acho que foi ouro as primeiríssimas palavras de Casillas serem para e sobre o Futebol Clube do Porto!

    Abraço Azul e Branco,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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  2. E mais, a segura mediatização do nosso campeonato, pelo menos dos nossos jogos, será uma pedra no sapato do bi-colinho. Seguro coño. Ainda assim, o que interessa mesmo são as bolas que não entrarem. O resto é lucro... Ena, estamos de acordo :)

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  3. Pessoalmente, o Casillas não é um grande Guarda-Redes. Vai ser de rir quando começar com as suas saídas da baliza sem nexo. É fraco fora dos postes. O Diego Lopez era muito superior, dominava a área por completo. Não invente teorias da conspiração sobre o Mourinho. O Diego Lopez era simplesmente melhor. E não esquecer que o Ancelotti achou o mesmo.

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    1. É uma opinião, válida como a minha.
      No entanto, sempre lhe sigo que estou ansioso pelo primeiro Porto - Sporting da época, a ver quem treme e em que baliza...

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