Sorteio, o não-assunto

domingo, 26 de julho de 2015

Sorteio, o não-assunto


Confirmou-se o cenário mais do que previsível, o sorteio dos árbitros "pedido" pela maioria dos clubes profissionais foi negado pela AG da FPF. Nada menos surpreendente, aliás julgo que até para os próprios clubes que lideraram o processo: tirando talvez Bruno de Carvalho, já não há anjinhos entre as fileiras dos clubes, pelo que este resultado teria sido antecipado desde o início da demanda.

Então porque se deram ao trabalho de o fazer?
É simples. Mesmo sem conseguir o sorteio (desconfio que verdadeiramente nem o queriam), certificaram-se de que todos os olhos mediáticos ficam definitivamente postos em Vitor "imodium" Pereira. Por outras palavras, vai ser muito mais difícil repetir as gracinhas da época anterior e das anteriores a essa. É a chamada marcação cerrada.

Se será suficiente para que os bons árbitros tenham a "liberdade" necessária para fazerem o seu melhor, para que os "aficionados" se coíbam de inclinar os campos e para que melhores sejam nomeados para os jogos mais importantes, não sei. Mas que haverá menos graus de liberdade para "improvisar, não tenho dúvida.

No entanto, isto nada garante. Sem um acompanhamento rigoroso, jornada a jornada, a denunciar o que for denunciável, o andor continuará o seu caminho, ainda que mais lentamente. Até porque LFV já foi muito claro quanto à sua visão de médio prazo. É fundamental que o Porto fale sempre e nos momentos certos, porque passado o timming já pouco importará. E há silêncios que ensurdecem. E consolidam o sistema.

Em paralelo, assistimos ao anúncio de que (finalmente!) todos os jogos das ligas profissionais passarão a ser gravados, ficando assim disponíveis para complementarem a avaliação dos desempenhos dos árbitros. Pelo que se pode ler, será um membro do CAR (Comissão de Análise e Recurso) a visionar cada jogo, "auxiliando" o observador que, aparentemente, também passará a recorrer ao vídeo antes de "finalizar" a nota.

Num mundo de gente séria e competente, esta seria uma boa medida que apenas pecaria por tardia (como aliás prontamente denunciou Marco Ferreira, mas já lá iremos). Sendo com os mesmos artistas, a dúvida instala-se.

Em primeiro lugar, porque não é ainda claro como é que efectivamente será o real processo de avaliação: é o observador que decide, o membro do CAR tem poder para alterar ou é um trabalho de equipa (e neste caso, quem tem voto de qualidade em caso de discórdia)?

Depois, porque voltamos ao velho problema de Juvenal, "Quis custodiet ipsos custodes?" - quem guarda os guardiões? Não havendo total transparência e full disclosure das notas e respectivas justificações, ficará sempre a incómoda sensação de nebulosidade.

Ora, quem mais uma vez não perdeu tempo para mais uma vez atacar VP foi o bom do Marco. Referindo-se a este anúncio de gravação de todos os jogos, o madeirense fez mais umas interessantes revelações sobre o modus operandi deste CA. Se já antes havia dado conta da luta de galos entre VP (o nomeador) e um tal de Ferreira Nunes (o classificador), agora foi um pouco mais longe e trouxe à colação a memória de que já há 3 anos havia sido financiada e testada esta agora novel medida, questionando se haveria sido "exigida" pelo segundo, uma vez que "tinha conhecimento que houve árbitros esta época que pediam aos clubes da II Liga para não disponibilizarem a gravação ao observador no final do jogo" e ainda assim, optou por validar as respectivas classificações.

Além de mais uma acusação gravíssima para juntar à sua coleção pessoal, Marco Ferreira volta a trazer à tona o lodo pantanoso em que a arbitragem se movimenta. E mais uma vez eu pergunto: vai ficar tudo na mesma, ninguém vai fazer nada?




6 comentários:

  1. Bravo.

    Naturalmente subscrito.

    Mas tenho uma suspeita de que isto vai ser dissecado à jornada. E com os olhos do mundo a ver. Ou a esperança. Talvez.

    Abraço Azul e Branco,

    Jorge Vassalo | Porto Universal

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    1. Acredito que sim, esta época. Mas e a próxima? E a seguinte? Eu olho e vejo um plano a médio prazo...

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  2. Pelo menos a questão do sorteio agitou as águas e Vitor Pereira foi e está a ser posto em causa mas está tudo feito para que o colo continue. Oxalá que não seja assim. Foi o Benfica quem manteve Mário Figueiredo na Liga através do seu mandado presidente da AG. Apoiou depois Duque [com o Porto] quando a Liga estava em cacos e pronta a implodir, apresentando-se nessa altura como o salvador do futebol nacional. Com o mesmo processo, aguenta V Pereira e, previsivelmente, irá reeleger Duque com a maioria dos clubes.A triste realidade é que a maioria dos portugueses aceita este futebol viciado e manhoso, alucinada pelo o ópio de papoilas saltitantes. Pois, bem aventurados sejam.

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    1. Caro jnporta, as maiorias seguem sempre líderes... o mal é que nós deixamos de querer (ou de poder) assumir esse papel, abrindo uma auto-estrada para LFV...

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  3. Espero é que não tenhamos de sortear quem a gente sabe...

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