Dia de Taça. Confesso que gosto.
Mas gosto especialmente em dias como este, em que vamos jogar fora contra uma equipa de uma divisão inferior.
É uma espécie de viagem no tempo que me faz recuar a um passado que quase não conheci mas sobre o qual construí uma clara imagem no meu imaginário. É o regresso a um tempo que em boa medida continua a fazer parte deste presente anacrónico.
A milhas de distância do profissionalismo absoluto que nos caracteriza, onde tudo é pensado, programado e preparado ao milímetro e executado o mais próximo possível da perfeição. Longe dos centros de estágio ultra-modernos, dos treinos auxiliados por GPS e analisados por software, dos equipamentos meticulosa e impecavelmente dobrados, deixados nos luxuosos balneários à disposição de cada jogador. Longe da observação exaustiva dos adversários, longe da tecnologia ao serviço do desporto.
Mas de regresso às origens do jogo. Aos odores que invadem os balneários vindos da lavandaria anexa, do snack-bar da esquina ou até da pequena habitação do "curador" do recinto. Ao cimento e betão das bancadas. Às cadeiras de plástico desbotado. Aos WCs improvisados e aos bares da sande e do refrigerante. Aos megafones dos imperceptíveis anúncios e da K-7 da moda.
Não será exactamente o caso do meu querido Varzim, por quem desde sempre nutro uma simpatia especial, como se fosse mais um dos nossos. Bem sei que não e que apesar de ser a filial nº 1 do Porto, é apenas e só dos varzinistas. No entanto sempre o vi assim, sem saber porquê. Já são muitos os anos que distam desde a minha última (e creio que única) ida ao Estádio do Varzim Sport Club (assim mesmo), pelo que certamente terá hoje condições bem diferentes. Mas o espírito, esse acredito que ainda sobreviva, em paralelo com as naturais ambições de crescer e um dia regressar ao primeiro escalão.
Aproveito para saudar a decisão da Federação em alterar o regulamento da prova no sentido de nesta terceira ronda todos os clubes da I Liga jogarem fora. Peca ainda por escassa - na minha opinião deveria ser uma constante sempre que clubes da Liga NOS defrontassem equipas de divisões inferiores - mas é um bom primeiro passo.
No sentido inverso, não posso deixar de criticar de forma veemente a porcaria do horário. 20h15, a sério? Por que carga de água? Uns míseros trocados da transmissão televisiva? Péssima, péssima gestão. Porque não jogar a meio ou ao final da tarde? Definitivamente, alguém responsável (FPF neste caso, Liga no campeonato) tem que assumir esta questão e enfrentá-la, em nome do futebol. E da economia local também. Vejamos neste caso, a Póvoa é um sítio gastronómico por (e de) excelência, de quantos jantares ou almoços adicionais não poderia beneficiar à custa deste jogo? Com este horário, nem se vai almoçar porque é muito distante, nem se janta antes porque é cedo e nem depois porque as cozinhas já estarão a fechar! Ridículo. Ganham as francesinhas portuenses, como sempre.
E de resto, é um jogo de Taça. Para ganhar, por supuesto.
Quanto ao onze, sempre fui contra alterações radicais apenas porque se defronta uma equipa menos cotada. Para mim, qualquer competição em que entramos é para respeitar (ou seja, jogar para a vencer). Não interessa se é a Taça de Portugal, a Taça da Liga (registo com satisfação o desejo público do presidente de a vencer, finalmente) ou um torneio de verão, é sempre para ganhar. Dito isto, obviamente que há espaço para mudanças. Aliás, é salutar e necessário. Tendo o lote de convocados em consideração, já me parece faltar gente a mais... a defesa toda nova é sempre um risco... mas enfim, com o que temos disponível eis a minha proposta para hoje:
Hélton, logicamente. Lich e Angel, aliás Cissokho, para ver se ainda vivem. Bueno primeiro e Evandro mais tarde, pelos mesmos motivos. E Varela, para se redimir. E já agora, Sérgio Oliveira é para enterrar vivo?
Vamos lá!
Do Porto com Amor
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