De onde partimos e onde estamos decorridas sete jornadas do Campeonato e duas rondas da Champions.
Essas são as notas mais relevantes face à transição da anterior para esta época.
Alex Sandro, Danilo, Casemiro, Óliver e Jackson foram embora. E Quaresma também.
Os cinco primeiros, titulares indiscutíveis em 2014/15 e o último, preponderante, ainda que - por opção técnica - não tanto como poderia ter sido. O que, de certa maneira, esvaziou a suposta vantagem de que o Porto beneficiaria por manter o treinador, por oposição aos rivais de Lisboa. Não por inteiro, porque os métodos e as ideias (?!) já são conhecidos dos que ficaram (mais do que os que saíram, em quantidade) e porque o treinador leva já um ano de "testes", de implementação e verificação face à realidade onde se aplicaram.
Alex Sandro, Danilo, Casemiro, Óliver e Jackson foram embora. E Quaresma também.
Os cinco primeiros, titulares indiscutíveis em 2014/15 e o último, preponderante, ainda que - por opção técnica - não tanto como poderia ter sido. O que, de certa maneira, esvaziou a suposta vantagem de que o Porto beneficiaria por manter o treinador, por oposição aos rivais de Lisboa. Não por inteiro, porque os métodos e as ideias (?!) já são conhecidos dos que ficaram (mais do que os que saíram, em quantidade) e porque o treinador leva já um ano de "testes", de implementação e verificação face à realidade onde se aplicaram.
Ainda assim, será apenas bom senso reconhecer que houve obrigatória reconstrução da equipa perante saídas tão importantes.
Danilo e Alex formaram provavelmente a melhor dupla de laterais de sempre ao serviço do clube. Jackson, apesar das oscilações, é um craque e um goleador de nível mundial. Óliver um talento em bruto que tratamos de ajudar a lapidar e por quem mais suspiraram ainda hoje os adeptos e não só. E Casimiro, o menos impressionante do lote, foi ainda assim um dos pilares do meio-campo.
Sobre Quaresma já me expressei o suficiente, pelo que agora resumo a sua saída como a do único - a par com Brahimi, talvez - capaz de resolver um jogo por si só.
Tudo somado, é muita coisa. E como disse, obriga a reconstruir a equipa.
Felizmente, Lopetegui recebeu muitos e bons reforços. Desde logo para a baliza, com a surpreendente contratação de Casillas. Para a defesa entraram Maxi Pereira, Cissokho e Layún. Para o meio chegaram Danilo Pereira, Imbula, André André e Sérgio Oliveira. Para o ataque recrutamos Osvaldo, Bueno e Corona e promovemos o regresso de Varela. Nenhum treinador se poderia queixar de não ter condições para atingir os objectivos propostos - os mesmos de sempre e a Taça da Liga, para meu espanto - e Lopetegui também não o fez. "Agradeceu" publicamente o esforço do clube e tratou de pôr mãos à obra.
Já na altura reforcei a minha convicção de que estávamos curtos de um central de nível internacional e de um pensador-organizador do jogo ofensivo da equipa, face ao que tinha apontado ainda na pré-época. Mas tudo somado, não poderiam ser estas duas insuficiências a condicionar uma boa época - ganhar o Campeonato e passar a fase de grupos.
Assim sendo, tudo o que seria necessário e suficiente para formar uma equipa competente (para o nosso nível de exigência) seria tempo e uma boa ideia de jogo. Ainda sem o primeiro, as coisas não começaram famosas. Ao ponto de, logo após a segunda jornada, me ter queixado do nivelamento por baixo da qualidade da nossa liga, face aos fracos desempenhos dos três candidatos ao título. O Porto tinha acabado de empatar na Madeira, o Benfica de ser derrotado em Aveiro pelo Arouca e o Sporting de empatar em casa com o Paços. Muito pouco, para quem quer ser campeão. Concentrando-me no que me interessa, Lopetegui dava mostras de pouco ou nada ter aprendido com os seus erros passados.
Desde então até "hoje", que evolução se observou no jogo da equipa e nos jogadores individualmente?
Comecemos pelos resultados, os implacáveis juízes que sentenciam a qualidade de uma qualquer época.
Face às minhas expectativas, a média global acaba por ficar em linha com elas. No entanto, todos sabemos que as médias escondem quase sempre os detalhes, que é onde o demónio mais gosta de passar férias. Convém portanto separar a competição interna da externa e analisar cada uma em separado.
Na Liga dos Campeões, a menina dos olhos do treinador (e de muitos jogadores, naturalmente), estaremos porventura melhor do que seria previsível antes do seu começo. Não em termos de pontos somados, porque seriam os mesmos (tinha como expectativa razoável empatar com o Chelsea e vencer em Kiev), mas em termos dos adversários contra quem foram conquistados e da consequente classificação geral do grupo.
Se contava estar nas duas primeiras posições nesta altura? Sim. Se admitia ser com o Dynamo que estaríamos a partilhar a liderança? Obviamente não. E portanto estamos muito bem encaminhados nesta competição, se conseguirmos demonstrar em campo a nossa mais do que óbvia superioridade nos próximos dois jogos contra o Maccabi.
Já no Campeonato o cenário é menos agradável. Não no que concerne às nossas intocadas aspirações a vencê-lo, mas sim relativamente à diferença pontual de que já deveríamos dispor. Se o empate na Madeira foi mau, foi-o sobretudo por ter sido contra quem foi e onde foi. Era fundamental rebentar de vez com essa patética superstição da ilha mas ao invés voltamos a encalhar nela. Já o empate em Moreira de Cónegos foi simplesmente horrível. Imerecido, inoportuno, injustificável. Depois da boa e importante vitória sobre o Benfica na jornada anterior, foi quase um crime lesa-clube conceder esse empate. Mas aconteceu. E por sorte sem as consequências mais gravosas, face ao empate do Sporting no Bessa, mas ainda assim decepcionante por permitir imediata reaproximação dos da Luz.
Estamos portanto menos confortáveis do que poderíamos e deveríamos estar, mas melhor do que poderia ter acontecido face ao empate com o Moreirense.
Para além da ditadura dos pontos e resultados, analisemos agora as exibições. É obviamente muito mais subjectivo, mas também por isso mais interessante de analisar.
Se na pré-época "todos" fomos desvalorizando as exibições pouco conseguidas, porque "é normal" e "o que interessa é quando começa a doer", já a entrada em cena na temporada foi pouco auspiciosa. Após uma exibição razoável contra um Guimarães em fanicos, seguiu-se o desastre da Madeira. E depois disso?
Vitórias justas e seguras contra Estoril e Arouca, mas onde nem tudo esteve bem.
Contra os canarinhos, "(...)passado o primeiro quarto de hora, já estávamos de volta àquele jogo sem soluções, que apenas consegue garantir uma posse de bola intranquila e inconsequente." e ainda "No regresso dos balneários, mais uma vez contra o que seria expectável para quem acabou de ouvir as instruções do seu líder, a equipa entrou apática, sem ideias e mesmo confusa nos posicionamentos.".
Contra os canarinhos, "(...)passado o primeiro quarto de hora, já estávamos de volta àquele jogo sem soluções, que apenas consegue garantir uma posse de bola intranquila e inconsequente." e ainda "No regresso dos balneários, mais uma vez contra o que seria expectável para quem acabou de ouvir as instruções do seu líder, a equipa entrou apática, sem ideias e mesmo confusa nos posicionamentos.".
Já em Arouca, isto:
"15' - 45' Acomodação ao
golo, subida de tom do jogo ofensivo do Arouca durante 15-20 minutos e
intervalo. Ah e 3 amarelos para os meninos de branco.
45' - 55' Mau regresso do balneário (será sina?), com jogo muito confuso e "mastigado". Saída inevitável e acertada de Brahimi."
Em ambos os jogos, duas das piores características deste Porto 2015/16: as más entradas em jogo (primeira e/ou segunda parte) e a acomodação a um jogo pastoso e com poucas soluções para chegar com sucesso à baliza adversária.
Seguiu-se o empate de Kiev e a boa vitória sobre o Benfica. Para logo depois voltarmos a falhar contra o Moreirense e derrotarmos categoricamente o Chelsea (ambos os resultados poderiam ter sido diferentes, convenhámos). E a vitória tranquila contra o Belenenses.
Fiquei com a sensação de termos dado um passo em frente contra o Benfica. Descontando o empate seguinte, as coisas pareceram-me melhores em termos de construção de jogo e sobretudo, de estabilização da equipa. Provavelmente numa relação bidirecional de causa-efeito: a estabilização do onze a gerar melhor jogo, resultados e estes a convencerem Lopetegui a rodar menos. Poderemos pensar que a amostra é demasiado restrita para se poder extrapolar em definitivo - o que é verdade - mas os indícios estão lá. Espero que o Porto mantenha e cavalgue a moral em alta para consolidar a confiança nas suas capacidades e continuar a evoluir o jogo colectivo, com cada jogador a libertar-se e progressivamente ir pondo em campo todos os motivos que os fizeram chegar ao Dragão.
Individualmente, é fácil fazer os destaques. Pela positiva, Maxi, Maicon, Rúben, Danilo, André, Brahimi, Corona e Aboubakar. Pela negativa (não necessariamente por culpa própria, entenda-se): Cissokho, Herrera e Tello. Os motivos foram sendo destacados em cada análise às suas exibições (ou inexistência de oportunidades). Todos para rever, obviamente.
O calendário que se segue até nova paragem para seleções é acessível mas interessante, sobretudo pela recepção ao Braga em jornada de dérbi lisboeta, o regresso à Madeira e os dois encontros com os israelitas. Um bom período para dar significativos passos em frente rumo à conquista dos objectivos.
Quanto às minhas expectativas de resultados, creio que a imagem é esclarecedora. Em relação a exibições, reitero o que escrevi acima; consolidar o onze base, a confiança individual e melhorar os processos colectivos (a atacar mas também a defender), com destaque para a profundidade de jogo lateral e lances ofensivos de bola parada. E que jogadores como Sérgio Oliveira e Bueno tenham reais oportunidades de se mostrar, à medida que o onze base se for consolidando.
Já de seguida, a visita ao querido Varzim. Para vencer, claro. Lá estarei, se tudo correr bem.
Do Porto com Amor
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