Depois da agradável digestão da saborosa vitória, a análise - possivelmente, um pouco mais objectiva.
(inspiração profunda)
Por que será que não jogamos sempre assim?
(nova inspiração, um pouco menos profunda)
Porque Chelseas só apanhamos 1 ou 2 por época. Um na fase de grupos e, a correr bem (que não optimamente), outro nos oitavos ou quartos. E regra geral não sobrevivemos ao segundo.
De facto, quanto a "grandes" equipas europeias costuma ser isto. Grandes entre aspas porque o tipo de grandeza varia. Umas são grandes pelo seu historial, outras pelo poderia financeiro e outras ainda (as top dos top), por ambos os motivos.
E no ano da graça de 2015, se há algo que motiva o nómada jogador profissional de futebol, são estes adversários neste contexto de Champions.
" (...) televisionado por muitos MILHÕ€S de espectadores, alguns MILHAR€S de marketeers e umas quantas C€NT€NAS de agentes FIFA e dirigentes de clubes. E é apenas disto que os jogadores N€C€SSITAM para esquecerem tudo o que está para trás e se CONC€NTRAR€M neste jogo.", escrevi na antevisão da partida.
E assim foi.
Um onze inicial quase coincidente com a minha previsão/desejo, apenas diferente na entrada de Indi para o lugar de Layún. Algo que não antecipei mas me pareceu bem pensado. Indi tem mais experiência nas competições europeias e representa uma segurança adicional a nível defensivo, permitindo subidas mais despreocupadas no outro flanco e libertando Brahimi de quase tudo excepto de acompanhar Ivanovic.
Bom pronúncio, pensei eu.
Apesar de ter chegado ao meu lugar no estádio já com mais de 10 minutos jogados, televi posteriormente esse período, em que Casillas se assumiu como o grande protagonista, impondo a revisão em baixa das expectativas geradas por uma entrada impositiva por parte do Chelsea.
Ultrapassado o primeiro quarto de hora, já tínhamos equilibrado a contenda, contra um Chelsea que se deu ao luxo de deixar o maior dos seus craques no banco. Vá-se lá saber porquê... mas agradecidos, senhor "especial um".
Por esta altura, era o árbitro quem mais vontade tinha de sobressair. Muito rigor nas faltas e amarelos aos nossos e contrastante complacência para com os comandados do "amigo" Zé Mário. Ainda assim, paulatinamente fomos ganhando ascendente sobre o adversário (nunca absoluto, obviamente), pelo que o golo de André aos 39 minutos chegou sem espantar ninguém. Não que tivéssemos criado muitas oportunidades antes, mas também não é o que se espera num duelo de equipas grandes. Pelo contrário, espera-se eficácia nas oportunidades que vão surgindo.
Um golo numa boa altura, a poucos minutos do intervalo, deixava-nos em boas condições para abordar a segunda parte com confiança acrescida. No entanto, uma falta bem cavada (terá existido, mas cometida pelo penúltimo defensor, duas ou três eternidades antes do jogador do Chelsea se deixar cair) e um livre superiormente marcado por Willian (com Casillas mal posicionado na baliza) repuseram o empate na partida. E assim chegou o intervalo, com tudo igual ao início.
Festejos do 1-0 por André (39') |
Um golo numa boa altura, a poucos minutos do intervalo, deixava-nos em boas condições para abordar a segunda parte com confiança acrescida. No entanto, uma falta bem cavada (terá existido, mas cometida pelo penúltimo defensor, duas ou três eternidades antes do jogador do Chelsea se deixar cair) e um livre superiormente marcado por Willian (com Casillas mal posicionado na baliza) repuseram o empate na partida. E assim chegou o intervalo, com tudo igual ao início.
Nesta altura, receei os nossos famosos regressos do balneário.
E com alguma razão, porque quem regressou de novo a querer impor-se foi o Chelsea. No entanto, sem concretizar essa pressão em ocasiões de perigo para Iker. E assim sendo, também nós voltamos rapidamente ao jogo. Um canto marcado para o primeiro poste e o segundo golo por Maicon, através de um excelente cabeceamento que Begovic não teve reflexos para defender. Sem ainda ter feito muito por isso, voltávamos a ter vantagem no jogo.
Reação imediata do Chelsea, através de um magnífico remate de Diego Costa que esbarrou com estrondo na barra... um sinal de alerta que funcionou em pleno, porque daí até aos 10 minutos finais, assistimos ao melhor Porto da época. Bem posicionados, corajosos, atrevidos e muito concentrados, fomos parando as pouco esclarecidas investidas inglesas e ripostando com ataques, ora rápidos, ora organizados, que na maior parte das vezes faziam tremer Rui Faria e o mestre. Funcionou muito bem o meio campo a quatro, sobretudo pela abnegação e disponibilidade de todos para compensarem o companheiro, mas também por se irem lembrando de manter os posicionamentos sempre que possível.
A fase final do jogo foi mais complicada, como seria de esperar. Um monstro doente não deixa de ser um monstro. Lopetegui refrescou com o que tinha disponível; primeiro saiu o magnificente Rúben Neves para a entrada de Evandro e logo a seguir André por Layún. Fazia tudo sentido, dada a intensidade e consequente desgaste que ambos acumulavam já nas pernas. Quem teve de se aguentar foi Danilo, que também sugeria estar pronto a ceder o seu lugar. Ainda assim, foi ele que causou nova sensação de golo, ao atirar de cabeça ao poste de Begovic aos 81'.
Daí em diante, o Chelsea puxou dos galões de "colossal spender" e veio para cima do Porto à procura da igualdade. Foram outros 10 (13) minutos à Porto; não os de pressão e massacre ofensivo, mas os de sacrifício e garra para segurar o resultado. E por felicidade, conseguimos. Porque fizemos por isso, é certo, mas também porque os de Londres estavam com a pontaria desafinada e o árbitro de baliza a sonhar com a Sara Sampaio quando Marcano meteu o braço à bola, cometendo uma ostensiva (e idiota) grande penalidade. No entanto, a sorte protegeu os audazes desta vez. E ainda bem, porque repito, fizemos por isso.
Daí em diante, o Chelsea puxou dos galões de "colossal spender" e veio para cima do Porto à procura da igualdade. Foram outros 10 (13) minutos à Porto; não os de pressão e massacre ofensivo, mas os de sacrifício e garra para segurar o resultado. E por felicidade, conseguimos. Porque fizemos por isso, é certo, mas também porque os de Londres estavam com a pontaria desafinada e o árbitro de baliza a sonhar com a Sara Sampaio quando Marcano meteu o braço à bola, cometendo uma ostensiva (e idiota) grande penalidade. No entanto, a sorte protegeu os audazes desta vez. E ainda bem, porque repito, fizemos por isso.
Agradecimentos mútuos numa noite de simbiose perfeita entre público e equipa |
Notas DPcA:
Casillas (7): Uma noite de contrastes, pelo erro de posicionamento no golo sofrido, mas em que a presença decisiva nos momentos críticos se fez sentir e se sobrepôs à falha maior. É um grande portero e é assim que o demonstra. E também no final do jogo, ao reconhecer de imediato que esteve mal nesse lance.
Maxi (7): Começa a ser repetitivo escrever sobre este guerreiro que nos chegou com 8 anos de atraso. Lutador nato, cada lance como se fosse o último e ainda muito futebol nos pés e na cabeça: sabe estar, sabe controlar os momentos de receber, segurar e passar e os de aliviar para Marte. Muy bien.
Martins Indi (6): Não teve jogo fácil, conforme esperado, mas conseguiu sobreviver-lhe. E isto já é muito, parecendo que não. Ainda tem momentos de hesitação que podem comprometer, mas saiu deste jogo com a confiança reforçada.
Maicon (8): Jogo quase sempre autoritário a nível defensivo, tirando mais uma paragem cerebral que quase resultava em lance potencialmente mortífero. No entanto, globalmente muito bem. E mais um golo. Sacana do careca, está a desafiar-me... não pares, por favor.
Marcano (6): Fez boa dupla com Maicon, mas uns furos abaixo. Menos confiante, menos autoritário e com pouco entendimento com o seu lateral Indi ("culpa" de ambos, naturalmente). Ensombrou a exibição com um lance que poderia ter significado o empate, mesmo a fechar o jogo. E nem o facto de ter(mos) passado incólume(s) por ele o isenta da responsabilidade. Tem que melhorar e tem condições para o fazer. Arriba hombre!
<-78' Melhor em Campo - Rúben Neves (8): Bem... que grande, grande, grande jogo do menino! Enorme! Ficou demonstrado que pode ser um 6 de grande nível, daqueles que dispensa o duplo pivot, SE melhorar na recuperação de bolas e agressividade defensiva. Porque com a bola nos pés, é um regalo. E a antecipar movimentos adversários, posicionando-se para interceptar. Terá sempre muito mais dificuldades contras os Moreirenses, é um facto. Mas contra adversários que preferem atacar a defender, é um enorme talento à solta. Esteve em todo o lado até rebentar, exausto. A ovação de pé foi mais do que merecida.
Danilo (7): Mais discreto e menos assertivo que Rúben, mas igualmente importante no desfecho final. Até porque ficou lá até acabar, mesmo com os bofes de fora, a dar tudo o que já não acreditava ter. Complementou muito bem o solo do menino Neves com uma orquestra de suor e presença física.
Imbula (8): Possivelmente, a sua melhor exibição de dragão ao peito. Mais um que beneficiou de jogar contra um adversário "nobre", que por regra defende com cinco ou seis homens na melhor das hipóteses e em que os seus solistas não têm grande disposição para insistir nas marcações, se fintados à primeira. Obviamente que isto não lhe retira mérito, apenas lhe evidencia as características. Àquela locomotiva que leva a bola campo adentro por desfiladeiros que vai inventando para se desviar das montanhas adversárias, só falta adquirir um melhor julgamento na definição final do seu esforço; seja a passar a bola a um companheiro ou a atirar à baliza, precisa de levantar a cabeça mais cedo e ler o que o jogo e os companheiros lhe oferecem como alternativas.
<-80' André (8): Que chatice André... vou escrever o quê, que não seja repetir-me? Entrega total, morder os calcanhares de todos os adversários dentro do seu longo raio de alcance, construir com critério e ainda por cima fazer golos. O senhor Porto do momento. Que tenha a sorte e a sabedoria de se saber consolidar como tal. Nós agradecemos.
<-86' Brahimi (8): Ah, aquela grave lesão de Moreira de Cónegos, que o impediu de continuar... ok, não vou por aí. Vou-me focar exclusivamente na grande exibição que fez ontem. É o palco dele (o único, infelizmente). E como enorme talento que é, dá tudo e com troco a receber. Não há ninguém que possa gabar-se de o conseguir desarmar duas vezes consecutivas... consecutivamente! Tem uma incrível técnica de finta, que aliada à sua rapidez natural, parte os rins a qualquer um (a não ser que lhe partam as pernas primeiro). E ontem fez isso várias vezes, nas n cabines telefónicas que foi inventando pelo campo fora. Uma delas resultou no ressalto que permitiu o golo de André. Jogo muito bom.
Aboubakar (7): Menos exuberante que em jogos anteriores, mas apenas pelo menor acerto, não só no tiro à baliza, mas principalmente nos passes. Nesse capítulo falhou mais do que seria desejável. No entanto, batalhou como sempre e nunca deu descanso aos centrais e trincos adversários. E com a entrada de Osvaldo ainda teve força e espírito para fechar o lado esquerdo. Há dias em que não se consegue marcar, mas que ainda assim se deixa marca no jogo.
>78' Evandro (6): Rendeu o exausto Rúben e procurou fazê-lo bem. Não teve entrada fácil perante o assalto final do adversário, mas ajudou a manter a fortaleza com apenas um tiro encaixado. Teve um e outro momento onde lhe faltou mais calma para segurar coisa tão preciosa como a bola, mas dado o resultado final, fez o suficiente.
>80' Layun (6): Também rendeu um exausto André e assumiu o seu lugar por inteiro. Esteve em melhor plano do que Evandro, porque mais regular com e sem bola. Foi mais um soldado a segurar os portões do castelo.
>86' Osvaldo
(-): Entrou para quebrar o ritmo (aqui sim, aceita-se!) e refrescar a pressão sobre os centrais, bem como ajudar nas bolas paradas defensivas. E fê-lo por mais do que uma vez, garantindo preciosas golfadas de ar que no final se traduziram em chegar vivos à praia.
Lopetegui (8): Uma estreia, nas notas. Mas que faz sentido e só peca por atraso, porque no fundo ele também joga. E começa assim, em grande, para não dizerem que só sei implicar com o hombre. Ontem esteve muito bem. Ponto parágrafo. Na escolha da equipa inicial, na estratégia, nas alterações. E teve a sorte que fez por merecer. Pena que... nada! Ontem, nada. Tudo o resto não cabe neste post.
Outros intervenientes:
Não foi jogo em que conseguisse estar muito atento aos jogadores adversários, mas ainda assim reparei em Willian, Pedro e Hazard. Craques em absoluto que no Dragão seriam reis. No Chelsea, às vezes nem suplentes. No treinador adversário não vou bater, porque lhe estou grato.
Sobre o árbitro, não tenho muito a acrescentar. Procurou deixar jogar, umas vezes bem, noutras nem tanto. Não foi coerente a nível disciplinar mas no final (mais do que) compensou com o penálti não assinalado.
Adenda: graças ao estimado leitor Verde Protector, tomei conhecimento de uma grande penalidade que ficou por marcar a nosso favor. Quem como eu não se tiver apercebido, pode esclarecer-se aqui.
Adenda: graças ao estimado leitor Verde Protector, tomei conhecimento de uma grande penalidade que ficou por marcar a nosso favor. Quem como eu não se tiver apercebido, pode esclarecer-se aqui.
Perante a vitória do Dínamo em Tel-Aviv, estamos agora no comando mas empatados com eles. E seguem-se dois jogos
contra o Maccabi. Se fizermos os seis pontos, ficaremos muito perto dos
oitavos, aconteça o que acontecer no duplo confronto entre ucranianos e
ingleses.
O que é mais um motivo para nos permitir concentração absoluta no próximo domingo, contra o Belenenses.
Mas lá iremos. Por agora, é tempo de continuar a saborear mais uma
vitória transcendental. Não foi feito pequeno, digam o que disserem do
Chelsea actual.
Quanto a José Mourinho, quando quiser voltar a visitar o museu, que avise que pago eu. É sempre um prazer ajudar um ateu a acreditar na fé portista.
Do Porto com Amor
Orgulho.
ResponderEliminarEstá mais que provado que temos jogadores.
Brahimi e Aboubakar, são estrelas em qualquer lugar do Mundo.
Imbula e quiça Danilo, se não os castrarem para lá caminharão.
Casillas, decisivo em momentos importantíssimos, o que levou o arrogante treinador do Chelsea a pensar que bastava acelerar um pouco que resolvia o jogo, enganou-se para seu Hazard.
Tremendo Porto dos velhos tempos depois do 2-1 e até aos 15 minutos finais.
Caótica tremideira final.
Virtudes e defeitos desta equipa bem revelados neste jogo. Inspiração de alguns jogadores a contagiarem outros para se superarem.
Desta vez não concordo consigo em algumas notas a jogadores, mas é tempo é de saborear e comemorar esta boa vitória.
Abraço Portista
Perfeitamente, foi dos jogos em que estive mais envolvido emocionalmente e como tal, menos lúcido a observar cada jogador.
EliminarNo que interessa, estamos de acordo: foi bom e soube ainda melhor!
Abraço portista
O Lápis tem razão, ainda não vi o jogo na televisão, só pequenos resumos e só temos aquela sensação emocional do Dragão e não há o desprendimento ainda para uma análise mais racional. Se na primeira parte com os meus amigos era comum para os melhores e piores jogadores em campo, no fim do mesmo as opiniões já divergiam muito. Veja lá que até chegamos a pedir Tello ( e o Herrera não estava!!!)!!!!! para o lugar do André o mais rápido possível!!!
EliminarComo a azia de Moreira de Cónegos durou até ontem, também quero saborear condignamente este triunfo e voltar a ver mais tarde.
Abraço Portista
Excelente vitória, mas continuo a achar que tivemos demasiado respeito ao Chelsea na 1ª parte, e nenhum respeito na 2ª, excepto os minutos finais onde a equipa jogou a defender o resultado mais com o coração que a cabeça.
ResponderEliminarAgora uma coisa é certa. Este FC PORTO é realmente bipolar: uma coisa na liga interna e outra na liga dos campeões. Brahimi é o espelho fiel disso mesmo.
No que toca à bipolaridade, concordo... parcialmente.
EliminarPorque a questão não será apenas de atitude, mas também de adversário. Ou melhor, de uma forma de jogar que favorece jogos como o de ontem e se complica contra equipas defensivas.
Brahimi será mesmo a excepção, porque claramente joga "por favor" no campeonato. Coisa que não é fácil de resolver, excepto se partir dele próprio.
Já sobre a excelência do resultado final, estamos de acordo (independentemente da forma de o conseguir).
Abraço portista
Lapis,
EliminarContra o Chelsea o Brahimi esteve n vezes um para um com o defesa (Ivanovic). Na liga estao sempre 2 ou 3 em cima dele. Logo o output do desempenho sera sempre pior mesmo que ele jogue o mesmo.
É verdade, caro Pancas, já o havia salientado quando falei na diferença de adversários.
EliminarMas uma coisa são as dificuldades causadas pelo adversário, outra é a atitude. E nesta última, há muito por onde melhorar. Sobretudo nos jogos que antecedem os da Champions. E já agora, espetacular recuperação da lesão, não foi? It's a kind of magic...
Noto algum desconforto face à grande penalidade cometida por Marcano que daria outro resultado final, provavelmente.
ResponderEliminarMas eu ajudo-o. Ficou uma grande penalidade por marcar a favor do Porto aos 80minutos: https://www.facebook.com/PortoCampeaoSempre1/videos/469968613174995/?fref=nf
Cumprimentos
É deste fair-play que eu gosto! Já vou fazer adenda ao post.
EliminarJá agora, boa vitória hoje frente ao PSV :-)
Mais a sério, boa sorte para amanhã... apesar do Burro de Carvalho.