Inspirado pela metáfora da Tasca mais gourmet da bluegosfera, segue-se uma abordagem ao que poderá faltar a este Porto de Lopetegui para se tornar numa convincente equipa de sucesso.
Bruno Sousa |
O muito prezado Sr. Silva (dono do estabelecimento em causa), se bem percebi a sua missiva, defende que estamos muito perto do sucesso e que serão por esta altura pormenores que nos separam do caminho vitorioso que todos desejamos. E fá-lo no seu delicioso estilo de pôr um "cliente apalermado" (mas pela pronúncia, das boas terras transmontanas, valha-lhe/nos isso!) a satirizar o contrário daquilo que realmente pretende dizer. Só pelo estilo ora antitético, ora afirmativo, mas quase sempre de apurado tempero irónico, já sabe bem ser cliente habitual, mas o conteúdo regra geral é ainda melhor. Trip Advisor, onde andais?
Feito o introito, passemos ao assunto em análise: o danoninho.
O futebol é de facto um jogo muito propenso a ser decidido por danoninhos.
Com todo o profissionalismo de que se constitui a este nível, onde todos os detalhes são curados meticulosamente, sobra pouco espaço para grandes variações entre aquilo que as diferentes equipas produzem como resultado do seu trabalho diário - seu e de toda a entourage que as acompanha, naturalmente. Assim sendo, serão então detalhes ao longo dos 90 minutos que fazem com que o jogo penda para um lado ou para o outro.
Com todo o profissionalismo de que se constitui a este nível, onde todos os detalhes são curados meticulosamente, sobra pouco espaço para grandes variações entre aquilo que as diferentes equipas produzem como resultado do seu trabalho diário - seu e de toda a entourage que as acompanha, naturalmente. Assim sendo, serão então detalhes ao longo dos 90 minutos que fazem com que o jogo penda para um lado ou para o outro.
Logicamente que há diferenças significativas na qualidade dos jogadores e treinadores, o que à partida coloca os melhores muito mais perto da vitória. Mas todo este aturado trabalho que (todas?) as equipas desenvolvem diariamente tem um efeito atenuante, reduzindo muitas vezes as diferenças do ponto de partida a... danoninhos, detalhes, pormenores. Mesmo quando o orçamento duns é 20x superior ao dos outros, como nós portistas tão bem compreendemos (para o bem e para o mal). É que os orçamentos não jogam, apenas permitem contratar mais ou menos caro e dar melhores ou piores condições de trabalho.
Concretizando, se as equipas de hoje trabalham modelos de jogo de forma exaustiva, estudam os adversários ao pormenor, quais poderão ser esses danoninhos que fazem (ou podem fazer) toda a diferença?
- Sorte: sim, obviamente que sim. Será sempre um factor importante num jogo onde o sucesso depende da capacidade de indivíduos fazerem uma bola entrar num espaço rectangular, cumprindo a regulamentação vigente que obriga a que tal seja feito com os pés, cabeça e tudo o que não seja braços e mãos. Mas todo o treino visa precisamente reduzir o papel deste factor ao mínimo possível. É por isso que se diz que a sorte dá trabalho... Ainda assim, existe e tem influência. Num lance. Num jogo. Mais dificilmente numa competição longa, onde a repetição a torna estatisticamente pouco relevante.
- Atitude: por muito que se treine e estude o adversário, se no jogo não houver predisposição total para se superiorizar ao oponente, muito dificilmente o resultado final será positivo. A atitude também se treina, a nível mental. É uma preparação específica do jogo, por vezes mal abordada e cuja relevância se tende a minorar, mas fundamental. Seja a nível colectivo, seja a nível individual. Ministrada por peritos e pelos próprios intervenientes (pre-match). Mas depois, dentro de campo, será um comportamento eminentemente individual, ainda que muitas vezes influenciado por outros (treinador, companheiros, adversários, público, árbitro). Achas que vais chegar a esta bola antes de mim, não achas? Nem que me f*** todo, cara*ho!
- Adaptabilidade: ficou esta, à falta de palavra melhor. O conceito é o de estar preparado para reagir perante qualquer cenário, ter flexibilidade física, psicológica e táctica para se adaptar a novas e imprevistas circunstâncias. Logicamente que quanto melhor preparado for o jogo, menos espaço sobrará para que a equipa se depare com um cenário não previsto, mas tal não invalida que exista sempre uma possibilidade de ocorrer. E esta adaptabilidade depende muito da atitude, da disponibilidade para correr o risco de fazer diferente daquilo que foi previsto e ensaiado.
- Team Added Value (TAV): mais uma expressão carente de outra mais adequada... mas no fundo é simples de explicar: é o valor acrescentado resultante da soma da valia individual dos jogadores, da estratégia e orientações técnicas, da cumplicidade entre todos os elementos e da compreensão e comunhão das ideias de jogo e objectivos colectivos, que quando conjugadas se traduzem em vontade de dar sempre um pouco mais do que adversário, de não desistir até ao último segundo e cujo resultado final é sempre superior à soma individual das partes. É o património imaterial de cada equipa, gerado no seu ventre e catapultador da sua capacidade.
Exemplo perfeito? O Porto de 2004. Não por comparação, que não seria sequer razoável, mas apenas como ilustração. Nós, que assistíamos aos jogos, sentíamos aquela cumplicidade entre eles, a disponibilidade para emendar o erro do colega, o gosto pelo risco, a crença - em determinados momentos - de ser invencível, o prazer de jogar e atingir o que foi treinado, a seriedade de cumprir com os planos por acreditar piamente que iriam resultar. Uma auréola que quase se via à volta da equipa. E não me refiro apenas à Liga dos Campeões, mas também a coisas menores como aquele hat-trick de McCarthy ao Paços na última jornada, condição necessária para se consagrar o melhor marcador do campeonato. Havia um plano e todos acreditavam nele.
Exemplo perfeito? O Porto de 2004. Não por comparação, que não seria sequer razoável, mas apenas como ilustração. Nós, que assistíamos aos jogos, sentíamos aquela cumplicidade entre eles, a disponibilidade para emendar o erro do colega, o gosto pelo risco, a crença - em determinados momentos - de ser invencível, o prazer de jogar e atingir o que foi treinado, a seriedade de cumprir com os planos por acreditar piamente que iriam resultar. Uma auréola que quase se via à volta da equipa. E não me refiro apenas à Liga dos Campeões, mas também a coisas menores como aquele hat-trick de McCarthy ao Paços na última jornada, condição necessária para se consagrar o melhor marcador do campeonato. Havia um plano e todos acreditavam nele.
Admitindo a existência de outros danoninhos (que gostaria me ajudassem a listar), mas cingindo-me por agora a estes quatro, quantos e quais deles costuma beber este Porto de Lopetegui?
Se contra o Moreirense e Kiev poderemos admitir alguma falta de Sorte pelos golos sofridos perto do fim, lesões e oportunidades desperdiçadas (a que muitos poderão contrapor com falta de engenho, mas adiante), noutros jogos teremos sido favorecidos por ela. O golo tardio ao SLB, por merecido que fosse, pode ainda assim ser considerado de afortunado (tal como a bola de Abou à barra pode ser falta dela). O empate contra o Shaktar na época passada, outro exemplo. Mas o ponto é que regra geral será sempre possível apontar a sorte à falta de engenho e o engenho a alguma fortuna. Creio que não pode ser por aqui que as coisas ainda não nos correm de feição. Olha um de kiwi!
Atitude... já foi um problema, em vários momentos da época passada, como bem nos lembrámos. Exibições medíocres e inadmissíveis neste clube que nem vale a pena voltar a nomear. Esta ano... não tenho sentido isso. Tenho visto os jogadores (regra geral) entregues ao jogo e a procurar o resultado até ao fim. Vontade têm, parece-me. E tentam fazer pela vida. Sai um de morango!
Já flexibilidade e capacidade de adaptação... ainda não estamos lá. De novo, não será por falta de determinação. Mas por incapacidade de reação. Adaptabilidade é um conceito que exige atitude mas também preparação. Quanto à atitude estamos conversados, mas a preparação não é ainda a suficiente para que os jogadores se libertem quando o problema exige uma abordagem diferente à que estava programada. Este jogo de Moreira foi um bom exemplo, pela incapacidade de re-reorganização após conseguirmos o 2-1. Tal como a sorte, a adaptabilidade também dá trabalho e não se desenvolve de um dia para o outro. Claro que aqui poderemos apontar à reconstrução da equipa, inevitável pelas saídas face ao ano passado. Mas mantendo-se o treinador, o modelo deverá ser idêntico e pelo menos uma parte dos jogadores já o deveria saber recitar a dormir. No juice!
Por último e obviamente o mais importante, o TAV. Aqui é que o RGS torce o rabo. Este valor imaterial acrescentado é o que distingue as grandes equipas (não necessariamente as que têm melhores jogadores) das demais. Porque no fundo se trata de uma coincidência espaço-temporal quase perfeita dos vários ingredientes da fórmula do sucesso.
Não há equipas que se tornam vencedoras sem este TAV? Há, possivelmente até mais do que com ele. Basta por exemplo serem muito melhores do que as demais, seja pela diferença de qualidade dos jogadores ou pela superioridade do seu modelo de jogo (este mais difícil sem a primeira, convenhamos) ou então serem levadas ao #colinho pelo andor. Mas o que é certo é que quando o têm, estão muito mais perto do sucesso. De ganharem títulos. De serem vencedoras. E da superação.
E nós, actualmente, claramente não o temos. O que nos falta?
Parece-me, visto de fora e sem informações de dentro, que o que mais falta é uma religião comum. Uma crença colectiva numa forma positiva e eficaz de encarar o jogo. Um caminho seguro a percorrer para se chegar ao Nirvana futebolístico, se preferirem. Ou por outras palavras, um modelo de jogo em que os jogadores se revejam e acreditem como forma de chegar ao sucesso. É aí que a minha discordância é maior em relação ao estimado Silva. Porque a ideia de jogo de Lopetegui só me parece verdadeiramente exequível por 11 jogadores sobredotados nas várias componentes de jogo e além disso, com características condizentes com essa ideia. E falta Messi, também. O Bayern de Guardiola é uma grande equipa de futebol, não só pela enorme qualidade de grande parte dos seus jogadores, mas porque o bom do Pep soube adaptar-se a uma realidade muito diferente da do seu Barça, algo tão prodigioso como provavelmente irrepetível.
E o que sobra de um futebol pensado para esconder a bola do adversário, se lhe falta a componente qualidade estratosférica? Uma pasmaceira, como a que temos vindo a assistir. Um jogo ineficaz, sem soluções para chegar à baliza de forma recorrente. E a consequente descrença dos jogadores (explicará a "ausência" das primeiras partes, por exemplo?), desconcentração e até desespero. E aí surgem os erros. E o medo. E os riscos de insucesso.
Quero com isto dizer que nunca iremos a lado nenhum com esta filosofia?
Não necessariamente. Mas tal implicaria uma adaptação (várias!) de Lopetegui à realidade que é este Porto, o seu plantel e o nosso campeonato. E isso, aparentemente, tarda em acontecer. Mesmo não acontecendo, podemos perfeitamente ser campeões, porque temos os melhores jogadores do campeonato, quando ponderados em termos de planteis. Só não poderemos é esperar sair dos jogos bem dispostos...
Já trabalhei que chegue para o fino de borla, Sr. Silva? É que os L.Caseis Imunitass fazem-me azia...
Ah, e já agora, parabéns a todos nós.
Do Porto com Amor
Ah, e já agora, parabéns a todos nós.
Do Porto com Amor
Bem, só no primeiro parágrafo ficámos conversados com o fino à borla. Até dois :)
ResponderEliminarQuanto à sorte, não será tão despicienda, mesmo estatisticamente, num campeonato resolvido...digamos que com 3 pontos de diferença. De acordo que podemos sempre subjetivar o conceito.
Mas danonemos:
Danoninho Sorte na Madeira, porque bateu na trave. Ninguém evitaria aquele golo e o jogo acabou a seguir. Ganharíamos.; E em Kiev, porque havia mesmo fora-de-jogo e porque todo o lance foi um bambúrrio. Nenhum tempo para reagir. O trabalho estava feito.
Danoninho Adaptabilidade em Moreira. Está visto que discordamos, porque eu cá acho que ficou mesmo provado que estamos a um...Danoninho. Adaptámo-nos às circunstâncias e com sucesso. Depois quisemos andar para trás. Errado. Danoninho.
Quanto ao modelo, não nos poremos de acordo. Não acho entediante, não acho inconsequente, menos ainda o acho inexistente. E sim, já o vi funcionar no FCP. Na segunda parte, e não na primeira!, contra o Bayern, por exemplo.
E sim, é injusto comparar com 2004. Mourinho utilizava 4 médios muitas mais vezes :) Agora a sério, essa "cumplicidade" é irrepetivel. E não nego que seria mais provavel reproduzi-la com Mourinho do que com Lopetegui. O Mourinho de 2004.
Sabe que mais, o que eu gosto que você goste de virar finos na Tasca. Made my day old chap. :) Muito obrigado.
Abraço.
Não tem que agradecer, da minha parte é sincero, porque merecido.
EliminarMas aproveitemos para aprofundar... a sério, ó Silva, não é entediante este futebol sem rumo nem nexo de causalidade? Em que desperdiçamos uma parte do jogo ou voltamos do balneário a dormir? Onde o golo resulta quase sempre da qualidade e inspiração dos jogadores? Então é o quê, intelectual, cubista? Impressionista é que não é! Já vi demasiado futebol para me contentar com isto...
"Já o vi a funcionar no FCP": wait... é tipo um cometa? Um eclipse? O próximo só em 2033? Não seria suposto fazer uma passagem pelo campo a cada jogo que disputamos? Carago, é de futebol que falamos, homem!
Eu sei que usei o exemplo maior (2004) visto da nossa perspectiva, mas houve (há) outros, a cada época. O Atlético campeão de Simeone, vários Bayerns, muitos Barças, o Inter de Mourinho, o Blackburn campeão, sei lá, e muitos que até não ganham nada mas acabam por se superar.
Eu não me importo que goste (do futebol) de Lopetegui, só gostava de um dia perceber porquê... ou melhor, de poder concordar consigo por força da razão.
Eu acho que concordará. Se me perguntar, não encontro outro jogo para alem do blitzkrieg em que tenha achado: ok, estes gajos jogaram mais que nós (ou nós menos que eles) e perdemos bem. Que empatar, as mais das vezes, é perder (que não em Kiev!). Isto significa que o (futebol) de Lopetegui, para mim, nos tornou mais fortes que quase todos os adversários até hoje (e a esta hora! Espero que logo pense igual...). Pronto, gosto disso! E não, não é um cometa, nem um eclipse, é com esta constância mesmo. Por força da razão, estarei pronto a mudar de opinião se me mostrarem o contrário. Ainda não aconteceu. Fomos melhores que o Maritimo na Madeira e que o Moreirense no Minho e que o Dynamo em Kiev. O que não é mais que normal, somos mesmo melhores que eles. É disso que gosto, era isso que não tinha.
EliminarMas não tinha quando, com Paulo Fonseca? É esse o horizonte temporal da nossa exigência?
EliminarA sério que não tem saudades de se entusiasmar com o jogo da equipa?
E ser ser realmente superior, de princípio a fim, contra os Moreirenses e Marítimos desta vida?
Eu tenho... desde AVB, que às vezes entusiasmava e dava aos cinco de cada vez.
Um abraço e let's go get them!
Até acredito que este futebol de Lopetegui,entusiasme quem serve um fino com um pires de caracóis ao cliente e está de costas para a televisão.
EliminarMas para quem vai ao futebol..........no me gusta.
Epa, que se passou? Não vi, estava de costas para a tv, a servir caracóis. Mas aposto que os jogadores ganharam contra o treinador. De certeza! Ora, poupem-me.
EliminarMuita facturação, caro Silva. Não se pode engordar a conta bancária e ao mesmo tempo, de costas, dar uma olhadela à televisão. Na matemática da informação, e sem qualquer espécie de vassalagem estamos cá para o informar. O Colosso Mundial F. C. do Porto jogou com uma equipa inglesa rica e apesar de tudo, ganhou. A gravação já está disponível no You Tube para ver mesmo, com os olhos.
EliminarAh, é verdade! Não há Danoninhos de kiwi! POUS!
ResponderEliminargot me there...
EliminarHá uns bons anos atrás, era habitual deslocarmo-nos a um "tasco" na Póvoa, cujo horário de fecho, era literalmente quando estivéssemos cansados. Malta amiga, ambiente familiar. Numa dessas quintas-feiras, antevéspera dum Porto-Benfica, num horário que o guarda republicano da estrutura, Octávio Malvado, consideraria pornográfico, encontramo-nos com o "mestre" da já grande nau portista. Enquanto aviavamos umas bebidas energéticas de Leça do Bailio, conversa futebolês. "dassss... grande estágio, Mestre, a digerir os hidratos de carbono para enfrentar o mouro alto, loiro e tosco? Hidrat......quê? Estou é a digerir uma sardinhada que fizemos com a rapaziada do mar. Ides ver que não sou eu a marcar o "armário" e vai ser ele a fugir a sete léguas de mim. Palavra de mestre, o tosco dos iogurtes e dos bifes de rena, nem se viu.
ResponderEliminarNessa altura não faltavam danoninhos, a não ser que os veraneantes da nossa costa os lançassem ao mar e fizessem parte da dieta das sardinhas.
Sorte precisam os homens do mar, os outros, que façam por isso.
Excelente testemunho, serviço público, agradecido!
EliminarE já agora, de acordo quanto ao corolário.
Abraço portista
E tudo se resume a um ponto: os jogadores não acreditam no Julien.
ResponderEliminarExcelente trabalho! Parabéns de um leitor portista, mas, não portuense!!
Eu também tenho essa suspeita, caro Tiago... pelo menos duvidam, é o que me parece.
EliminarAgradecido, volte sempre que aqui não se discrimina ninguém pela origem! Somos todos iguales :-)
Abraço Portista
Muito bem resumida aqui a competência de Lopetegui.
ResponderEliminar"Uma pasmaceira, como a que temos vindo a assistir. Um jogo ineficaz, sem soluções para chegar à baliza de forma recorrente. E a consequente descrença dos jogadores (explicará a "ausência" das primeiras partes, por exemplo?), desconcentração e até desespero. E aí surgem os erros. E o medo. E os riscos de insucesso."
Acreditemos que hoje algo diferente vai acontecer...
EliminarHoje é o Nosso Campeonato onde o brio de envergar aquela camisola, manda às malvas qualquer táctica medrosa e de equipa pequenina.
ResponderEliminarEra bom que assim fosse, mas nem sempre o brio chega para ganhar os jogos.
EliminarAbraço portista