Sobre a entrevista de Lopetegui a O Jogo
Para mim, a nota mais forte de toda a entrevista é a assumpção pública de Lopetegui que é a ele a quem compete a gestão desportiva,
que é como quem diz, é Lopetegui que decide quem se deve contratar ou,
em sentido inverso, Quares... dispensar. Evidentemente que logo de
imediato faz questão de salientar que é um trabalho de equipa, de
decisão colegial entre ele e a direção, mas apenas porque sim.
Percebe-se claramente que quem decide é ele. Depois, logicamente cabe à
"estrutura" a palavra final, averiguando se tem condições ou não para
lhe satisfazer os pedidos.
Sobre isto, duas notas:
- Uma claríssima inversão de ordem das coisas no nosso Porto, rompendo com a nossa tradição, ou melhor, com a do presidente Pinto da Costa. Os porquês terão de ficar para outros futebóis, por agora limito-me a constatar
- Por princípio, não só não me parece mal como até me revejo no modelo, mas tal implica (ou deveria implicar) um comprometimento com o clube de "longa" duração (se sai, por exemplo, ao fim de dois anos, os jogadores que contratou ainda ficam com contrato, mas nada garante que o treinador seguinte os queira).
De seguida, gostei de ler que "todas as equipas e treinadores tratam de evoluir e de renovar conceitos, dentro das características dos novos jogadores, para criar soluções que nos permitam responder às exigências. " e, no mesmo comprimento de onde, que "Bueno dá-nos alternativas que não tínhamos antes. É um jogador que pode fazer golos e ser terceiro médio. Mas há outras alternativas que se calhar ainda não encontramos e de que continuamos à procura".
Não
sei se estou a ser demasiado optimista na interpretação (tendo em conta
o que assistimos ainda hoje contra o Nápoles), mas parece-me que Lope
reconheceu por um lado, que também está em processo de aprendizagem (o
que só lhe fica bem), e por outro, que procura outra(s) forma(s) de
jogar para a equipa. Espero sinceramente que sim, porque precisamos.
Uma prova de que Lopetegui evoluiu é que fez questão de vincar que o que procura num jogador é competência, mas com a (grande) ressalva de que se possível, associada à experiência. Uma clara evolução, já vertida nas contratações.
Também gostei da desmistificação que fez do conceito de "mística", dizendo que para ele "mística
para mim é ser um bom profissional, responsável para com os adeptos,
para com a história do clube. Isso vai no coração de cada um, não na
naturalidade. Para mim, mística é tentar ser um campeão todos os dias". Eu concordo mas acrescento, porque me parece ligeiramente incompleta. É tudo isto e também querer sempre mais do que os outros e fazer sempre mais por isso.
Gostei igualmente da abordagem que faz à chegada de Casillas ("O que fizeste antes não te garante nada para o futuro e todos sabem disso"), da grande fé que tem em Rúben Neves, que Alex é para manter (assim o deseja) e de que ainda (des)espera por Óliver.
E por último, gostei de ler que ele é "a favor de todas as iniciativas do meu clube". Taxativo. Tau.
A farpa da entrevista ficou reservada para comentadeiros e média do jornalixo: "Pinto da Costa disse que deu muita conversa aos comentadores
desportivos. “E tem razão. Mas porque não conhecia o circo. Tem razão
absoluta”, reconhece". Lá palhaços não faltam, é certo.
Sobre
a questão Champions Cup, um grande "fico na mesma", porque não quis explicar com detalhes. Não estou
convencido que não seja esse o caminho a trilhar, tal como os maiores
clube o fazem (e o suplente SLB também). Mas admito que eventualmente
nos tivesse calhado a fava da competição em termos de jogos e
itinerários, pelo que é um caso a rever na próxima época.
Não fiquei tão agradado com ideia de que o campeonato não é prioridade sobre as outras competições. É claro que é, e é bom que alguém lhe explique já isso.
Percebo que queira comprometer os jogadores com todas as competições, o
que é positivo. Mas não tem porque negar que a máxima prioridade é
recuperar o título de campeão. Não é segredo para ninguém. Até porque finalmente reconheceu que (pelo menos) "contra Nacional e Belenenses não estivemos à altura". Não chega, mas é um começo. E claro, os votos de que em termos de arbitragem "tudo seja mais equilibrado" este ano. Hear! Hear!
E no mesmo caminho, o enaltecimento do "grande percurso"
que fizemos na Champions no ano passado, comparando investimentos de
uns e de outros (não sei se se referia ao Bayern ou ao Bate Borisov...) e
a patética conversa de que ganhámos 3 partes ao Bayern e perdemos apenas uma. Patético.
Não vou comentar o que disse sobre Quaresma, porque simplesmente se desviou da bala prateada. Para não ir mais longe.
Globalmente, pareceu-me um passo em frente. Falta agora concretizar as suas palavras.
E assim sendo, ficámos por aqui. Parece que já ouço o mar a afagar as areias da praia.
I'll be back. From the Sea, with Love.
É o Ricardo Salgado do F. C. do Porto.
ResponderEliminarPor ser DDT ou por nos levar à ruína? :-)
EliminarPor ter ambas as facetas, não acha?
EliminarNem pensar! Só posso admitir que ENQUANTO cá estiver, nos irá conduzir à GLÓRIA (halleluia, praise the lord)
EliminarGanhamos três partes ao Bayern, essa é de compêndio.
ResponderEliminarNão vão faltar aí escribas de blogs a tentar convencer a carneirada que "ganhamos três partes ao Bayern" devíamos ter sido nós a passar a eliminatória. Malandro do Platini
De facto, sem pés nem cabeça. Mas ainda assim gostei mais do que desgostei, agora falta passar à prática
EliminarPara passar à prática, só falta contratar um Quintero e um Quaresma.
EliminarPois, estavam cá e foram corridos ao preço da uva mijona. Mas poderá ser o "pretexto" para o insucesso, a incapacidade da "estrutura" em conseguir um médio criativo e um bom extremo.
Este ano vai ser diferente, só pode.
EliminarComeça o campeonato no sábado e daí em diante, nada mais do que ir com ele(s) até ao fim. Depois, faremos contas.