(foto retirada de asdcavir.com)
"It was the best of times, it was the worst of times, it was the age of wisdom, it was the age of foolishness, it was the epoch of belief, it was the epoch of incredulity, it was the season of Light, it was the season of Darkness, it was the spring of hope, it was the winter of despair, we had everything before us, we had nothing before us, we were all going direct to Heaven, we were all going direct the other way - in short, the period was so far like the present period, that some of its noisiest authorities insisted on its being received, for good or for evil, in the superlative degree of comparison only."
Charles Dickens, A Tale of Two Cities
Ainda reflectindo sobre a contratação de JJ para o Sporting por Bruno de Carvalho.
É frequente ouvir-se que o Sporting, no final do consulado de Godinho Lopes, se encontrava literalmente à beira do abismo: falido, sem crédito, sem activos, sem títulos, sem nada.
E o motivo por que se ouve tal sentença com tanta frequência é quase sempre o mesmo: enaltecer o "brilhante" e heroico trabalho do D. Sebastião de Alvalade, também conhecido por Bruno de Carvalho, que contra "ventos e marés" tomou em seus fortes braços a frágil donzela Sporting e em dois andamentos (como quem diz 2 anos), recuou bravamente e afastou-a do abismo uns bons 10 metros.
Pois com o mais recente desenvolvimento JJ, sofregamente surripiado ao rival do outro lado da estrada, sou levado a concluir que não se tratou de afastar o Sporting do abismo sem fim onde estava prestes a mergulhar, mas antes de ganhar lanço para o arremessar em grande estilo para o imenso vazio.
Independentemente da preferência clubística e do grau de idolatria de uma ou de outra personagem (numa escala que também inclui números negativos), os factos parecem apontar para um caminho sem retorno.
Por mais que BdC diga que o Sporting tem agora novo fôlego e recuperou a confiança dos fiadores e credores (onde é que eu já ouvi isto?), todos sabemos que não é assim. Nem de perto, nem de longe.
A única diferença é que está a vender a SAD aos pedaços, numa estratégia de curtíssimo prazo que ninguém pode prever onde vai parar (chamemos "privatizações" ao fenómeno, para dar seguimento à analogia com o país e facilitar a compreensão). Não só porque ninguém pode garantir que os novos donos tenham interesses alinhados com os do clube, mas também porque não se sabe se a meio do percurso não se vão desinteressar e simplesmente abandonar o "projecto", possivelmente vendendo a desconto (stop loss...) a sua participação na SAD a terceiros, sobre os quais o Sporting dificilmente terá direito de voto ou de veto.
Ora a loucura financeira que a contratação de JJ e tudo o que ele por certo exigirá, agora e sobretudo quando não conseguir ganhar por não ter "armas iguais" aos rivais, é a verdadeira definição da "fuga para a frente".
Apenas se o Sporting conseguir passar a ser a força dominante do campeonato português, vencendo 3 campeonatos em cada 5 anos e estando todos os anos na Liga dos Campeões e a fazer boas figuras, é que esta estratégia poderá ter (algum) retorno financeiro, seja pelas receitas da Champions, seja pela venda de jogadores que lá se valorizarem. E mesmo neste cenário idílico não é garantido que o retorno seja suficiente para que o Sporting possa assentar a sua estratégia financeira e desportiva num modelo deste tipo.
Qualquer outro cenário, parece-me que acabará em desgraça, mais ou menos demorada, mais ou menos agonizante.
Que é como quem diz, voltando a D. Sebastião de Carvalho e à donzela Sporting: ou lhe crescem asas durante o "voo", ou se vai esbardalhar sem clemência no fundo do abismo.
E eu aqui, a assistir de cadeirinha.
Agradeço ao autor a preocupação financeira com o Sporting. Não sei se o seu clube está muito melhor nesse aspecto.
ResponderEliminarMas no ano passado, o Sporting contratou Slavchev e Gauld, cada um por 2,7M€, o que é mais do que o salário de Jesus, que também não se sabe ao certo quanto é, e não vi ninguém preocupado com a questão financeira do Sporting. Foram custos que não foram rentabilizados.
O FCP tem necessidade de vender jogadores todos os anos por questões de tesouraria de curto prazo, mas a comunicação social não questiona a "saúde financeira" do clube. O que diria a imprensa se Pinto da Costa tivesse contratado Jorge Jesus? Que era um génio. Já sobre Bruno de Carvalho, quer-se passar uma imagem negativa, recorrendo a entrevistas a todos os seus opositores internos.
Em termos de troca de treinadores, o SCP dá um "salto" qualitativo grande.
O que me preocupa é se vamos ter dinheiro para dar a Jesus jogadores de qualidade para que possa efectivamente "ombrear" com Benfica e Porto e também como será o coabitação entre presidente e treinador, 2 personalidades vincadas e egocêntricas, que tenho receio possam chocar.