Mais uma vez, derrotados nas grandes penalidades.
Chamem-lhe sorte, chamem-lhe azar. Para mim o problema é sempre o mesmo: mentalidade. Ou melhor, fraca atitude mental.
Não tem a ver com a entrega, nem com o querer. Tem quase tudo a ver com o crer.
Nesta final foi demasiado evidente essa falta de crença, pela postura corporal dos jogadores mesmo antes de ser marcada o primeiro penalti. Enquanto os suecos se "energizavam" abraçados numa roda a ouvir os incentivos de um e outro jogador, os portugueses iam-se encostando uns aos outros, praticamente em silêncio, como se estivessem a ser alinhados frente a um pelotão de fuzilamento. Quase todos pressentiam que ia correr mal: não o disseram alto, mas transparecia dos seus olhares e posturas.
Como se irremediavelmente amarrados a um fado inescapável...
Bullshit!
É tudo uma treta isto do fado. O que falta é preparação mental adequada. Tecnicamente, não somos inferiores a ninguém (muito menos à Suécia). Faltou, como falta quase sempre, um trabalho mental adequado para preparar os jogadores para este desfecho.
É certo que a mentalidade se constrói desde o berço, e que esta é influenciada quer pelo espírito colectivo dominante, quer pela educação específica que cada um recebe. Não é fácil mudar em dias a mentalidade de uma vida, por isso é que se tornou essencial entregar a preparação psicológica das equipas a especialistas.
Sim, porque nem todos os treinadores têm essa componente bem desenvolvida, começando neles próprios os primeiros acordes desse triste fado. E isto explica porque alguns vendedores da banha da cobra têm tanto "sucesso", mesmo sendo personagens nada recomendáveis e que de futebol pouco percebem: conseguem como que inebriar os jogadores com os seus dotes mobilizadores durante curtos períodos de tempo, o suficiente para ganhar jogos e, às vezes, até competições.
Voltando ao jogo de hoje, creio (sim, eu creio) que Rui Jorge esteve particularmente mal, ao não antecipar (também ele) a possibilidade de o jogo ir para prolongamento e penáltis. Foi com demasiada "gula" ao pote, talvez com excessiva soberba, ao fazer as substituições tão cedo (a terceira foi aos 70 minutos). Terá acreditado que o jogo se resolvia nos 90 minutos e depois, quando precisou de ir ao banco, já não pode. Disto resultou um prolongamento arrastado da nossa seleção, onde aliás os suecos tiveram boas ocasiões para evitar os penáltis do seu contentamento.
Acho que o Ricardo e sobretudo o Sérgio saíram demasiado cedo e o Cavaleiro demasiado tarde. Quem entrou, não entrou mal, não foi por aí. Mas se Rui Jorge tivesse sido mais prudente e planeado para 120 minutos de jogo, talvez os escolhidos tivessem sido outros. Ficou bem à vista a falta de experiência do selecionador, a quem obviamente tem que ser dado o mérito de ter liderado este grupo até esta final. Não estou a questionar o seu valor, apenas a constatar a fase precoce do seu desenvolvimento enquanto treinador.
Nada disto seria diferente se tivéssemos ganho nos penáltis, excepto claro, a nossa alegria e o caneco a viajar para cá. Sorte teve Pinto da Costa, que ao ser tardiamente convidado, livrou-se de uma pesarosa viagem de regresso.
Os meus destaques desta seleção:
- José Sá: o melhor do torneio. Ponto.
- Raphael Guerreiro: mesmo sem ter estado em grande rotação, mostrou ter muito futebol e entender a posição. Seria um potencial substituto (ou concorrente) para o Alex
- Sérgio Oliveira: a maior surpresa, mostrou qualidades defensivas e de equilíbrio que lhe desconhecia. Quero ver mais...
- Bernardo Silva: não sei se será o novo Maradona, mas que tem muito talento, ninguém duvide. Bem fez o Mónaco que o comprou ainda baratinho...
- Iuri Medeiros: gosto, gosto muito. Segui-o à distância no Arouca e já o tinha bem referenciado. Neste torneio mostrou uma capacidade que é pouco comum: entrar tarde no jogo mas ainda a tempo de o agitar e fazer a diferença. Curiosamente, quando jogou mais (hoje), foi quando menos brilhou. Fico a aguardar uma futura dispensa do Sporting.
Nota final para a "academia Sporting base da seleção": são realmente bons a formar jogadores, mas se calhar desistiam de competições profissionais. É que quando as coisas começam a ficar sérias, falham quase sempre.
Recebo com agrado a opinião sobre o Iuri Medeiros, que não conheço bem. O Sporting bem precisa de extremos de qualidade, com a saída de Nani, possivelmente Mané e com Carrillo a não renovar, para já. Espero que o Mestre Jesus extraia máximo rendimento deste e doutros jovens talentosos da Academia.
ResponderEliminarE o melhor jogador do torneio não merece destaque? Fosse ele do Porto ou Benfica e tinha outro tipo de tratamento da imprensa portuguesa "especializada"
ResponderEliminarPara mim o William não foi o melhor do torneio. Além disso, não me mostrou nada de novo, foi igual ao que já lhe conhecia. Para o bem e para o mal.
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