setembro 2015

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Dia de jogo: FC Porto - Chelsea FC (2-1)


Depois da agradável digestão da saborosa vitória, a análise - possivelmente, um pouco mais objectiva.

(inspiração profunda)

Por que será que não jogamos sempre assim?

(nova inspiração, um pouco menos profunda)

Porque Chelseas só apanhamos 1 ou 2 por época. Um na fase de grupos e, a correr bem (que não optimamente), outro nos oitavos ou quartos. E regra geral não sobrevivemos ao segundo. 

De facto, quanto a "grandes" equipas europeias costuma ser isto. Grandes entre aspas porque o tipo de grandeza varia. Umas são grandes pelo seu historial, outras pelo poderia financeiro e outras ainda (as top dos top), por ambos os motivos.

E no ano da graça de 2015, se há algo que motiva o nómada jogador profissional de futebol, são estes adversários neste contexto de Champions.

" (...) televisionado por muitos MILHÕ€S de espectadores, alguns MILHAR€S de marketeers e umas quantas C€NT€NAS de agentes FIFA e dirigentes de clubes. E é apenas disto que os jogadores NCSSITAM para esquecerem tudo o que está para trás e se CONCNTRARM neste jogo.", escrevi na antevisão da partida.

E assim foi.

Um onze inicial quase coincidente com a minha previsão/desejo, apenas diferente na entrada de Indi para o lugar de Layún. Algo que não antecipei mas me pareceu bem pensado. Indi tem mais experiência nas competições europeias e representa uma segurança adicional a nível defensivo, permitindo subidas mais despreocupadas no outro flanco e libertando Brahimi de quase tudo excepto de acompanhar Ivanovic.

Bom pronúncio, pensei eu. 

Apesar de ter chegado ao meu lugar no estádio já com mais de 10 minutos jogados, televi posteriormente esse período, em que Casillas se assumiu como o grande protagonista, impondo a revisão em baixa das expectativas geradas por uma entrada impositiva por parte do Chelsea.

Ultrapassado o primeiro quarto de hora, já tínhamos equilibrado a contenda, contra um Chelsea que se deu ao luxo de deixar o maior dos seus craques no banco. Vá-se lá saber porquê... mas agradecidos, senhor "especial um".

Por esta altura, era o árbitro quem mais vontade tinha de sobressair. Muito rigor nas faltas e amarelos aos nossos e contrastante complacência para com os comandados do "amigo" Zé Mário. Ainda assim, paulatinamente fomos ganhando ascendente sobre o adversário (nunca absoluto, obviamente), pelo que o golo de André aos 39 minutos chegou sem espantar ninguém. Não que tivéssemos criado muitas oportunidades antes, mas também não é o que se espera num duelo de equipas grandes. Pelo contrário, espera-se eficácia nas oportunidades que vão surgindo.

Festejos do 1-0 por André (39')

Um golo numa boa altura, a poucos minutos do intervalo, deixava-nos em boas condições para abordar a segunda parte com confiança acrescida. No entanto, uma falta bem cavada (terá existido, mas cometida pelo penúltimo defensor, duas ou três eternidades antes do jogador do Chelsea se deixar cair) e um livre superiormente marcado por Willian (com Casillas mal posicionado na baliza) repuseram o empate na partida. E assim chegou o intervalo, com tudo igual ao início.


Nesta altura, receei os nossos famosos regressos do balneário. 

E com alguma razão, porque quem regressou de novo a querer impor-se foi o Chelsea. No entanto, sem concretizar essa pressão em ocasiões de perigo para Iker. E assim sendo, também nós voltamos rapidamente ao jogo. Um canto marcado para o primeiro poste e o segundo golo por Maicon, através de um excelente cabeceamento que Begovic não teve reflexos para defender. Sem ainda ter feito muito por isso, voltávamos a ter vantagem no jogo.

Reação imediata do Chelsea, através de um magnífico remate de Diego Costa que esbarrou com estrondo na barra... um sinal de alerta que funcionou em pleno, porque daí até aos 10 minutos finais, assistimos ao melhor Porto da época. Bem posicionados, corajosos, atrevidos e muito concentrados, fomos parando as pouco esclarecidas investidas inglesas e ripostando com ataques, ora rápidos, ora organizados, que na maior parte das vezes faziam tremer Rui Faria e o mestre. Funcionou muito bem o meio campo a quatro, sobretudo pela abnegação e disponibilidade de todos para compensarem o companheiro, mas também por se irem lembrando de manter os posicionamentos sempre que possível.

A fase final do jogo foi mais complicada, como seria de esperar. Um monstro doente não deixa de ser um monstro. Lopetegui refrescou com o que tinha disponível; primeiro saiu o magnificente Rúben Neves para a entrada de Evandro e logo a seguir André por Layún. Fazia tudo sentido, dada a intensidade e consequente desgaste que ambos acumulavam já nas pernas. Quem teve de se aguentar foi Danilo, que também sugeria estar pronto a ceder o seu lugar. Ainda assim, foi ele que causou nova sensação de golo, ao atirar de cabeça ao poste de Begovic aos 81'.

Daí em diante, o Chelsea puxou dos galões de "colossal spender" e veio para cima do Porto à procura da igualdade. Foram outros 10 (13) minutos à Porto; não os de pressão e massacre ofensivo, mas os de sacrifício e garra para segurar o resultado. E por felicidade, conseguimos. Porque fizemos por isso, é certo, mas também porque os de Londres estavam com a pontaria desafinada e o árbitro de baliza a sonhar com a Sara Sampaio quando Marcano meteu o braço à bola, cometendo uma ostensiva (e idiota) grande penalidade. No entanto, a sorte protegeu os audazes desta vez. E ainda bem, porque repito, fizemos por isso.


Agradecimentos mútuos numa noite de simbiose perfeita entre público e equipa


Notas DPcA:


Casillas (7): Uma noite de contrastes, pelo erro de posicionamento no golo sofrido, mas em que a presença decisiva nos momentos críticos se fez sentir e se sobrepôs à falha maior. É um grande portero e é assim que o demonstra. E também no final do jogo, ao reconhecer de imediato que esteve mal nesse lance.

Maxi (7): Começa a ser repetitivo escrever sobre este guerreiro que nos chegou com 8 anos de atraso. Lutador nato, cada lance como se fosse o último e ainda muito futebol nos pés e na cabeça: sabe estar, sabe controlar os momentos de receber, segurar e passar e os de aliviar para Marte. Muy bien.

Martins Indi (6): Não teve jogo fácil, conforme esperado, mas conseguiu sobreviver-lhe. E isto já é muito, parecendo que não. Ainda tem momentos de hesitação que podem comprometer, mas saiu deste jogo com a confiança reforçada.

Maicon (8): Jogo quase sempre autoritário a nível defensivo, tirando mais uma paragem cerebral que quase resultava em lance potencialmente mortífero. No entanto, globalmente muito bem. E mais um golo. Sacana do careca, está a desafiar-me... não pares, por favor.

Marcano (6): Fez boa dupla com Maicon, mas uns furos abaixo. Menos confiante, menos autoritário e com pouco entendimento com o seu lateral  Indi ("culpa" de ambos, naturalmente). Ensombrou a exibição com um lance que poderia ter significado o empate, mesmo a fechar o jogo. E nem o facto de ter(mos) passado incólume(s) por ele o isenta da responsabilidade. Tem que melhorar e tem condições para o fazer. Arriba hombre!

<-78' Melhor em Campo - Rúben Neves (8): Bem... que grande, grande, grande jogo do menino! Enorme! Ficou demonstrado que pode ser um 6 de grande nível, daqueles que dispensa o duplo pivot, SE melhorar na recuperação de bolas e agressividade defensiva. Porque com a bola nos pés, é um regalo. E a antecipar movimentos adversários, posicionando-se para interceptar. Terá sempre muito mais dificuldades contras os Moreirenses, é um facto. Mas contra adversários que preferem atacar a defender, é um enorme talento à solta. Esteve em todo o lado até rebentar, exausto. A ovação de pé foi mais do que merecida.

Danilo (7): Mais discreto e menos assertivo que Rúben, mas igualmente importante no desfecho final. Até porque ficou lá até acabar, mesmo com os bofes de fora, a dar tudo o que já não acreditava ter. Complementou muito bem o solo do menino Neves com uma orquestra de suor e presença física.

Imbula (8): Possivelmente, a sua melhor exibição de dragão ao peito. Mais um que beneficiou de jogar contra um adversário "nobre", que por regra defende com cinco ou seis homens na melhor das hipóteses e em que os seus solistas não têm grande disposição para insistir nas marcações, se fintados à primeira. Obviamente que isto não lhe retira mérito, apenas lhe evidencia as características. Àquela locomotiva que leva a bola campo adentro por desfiladeiros que vai inventando para se desviar das montanhas adversárias, só falta adquirir um melhor julgamento na definição final do seu esforço; seja a passar a bola a um companheiro ou a atirar à baliza, precisa de levantar a cabeça mais cedo e ler o que o jogo e os companheiros lhe oferecem como alternativas.  

<-80' André (8): Que chatice André... vou escrever o quê, que não seja repetir-me? Entrega total, morder os calcanhares de todos os adversários dentro do seu longo raio de alcance, construir com critério e ainda por cima fazer golos. O senhor Porto do momento. Que tenha a sorte e a sabedoria de se saber consolidar como tal. Nós agradecemos.

<-86' Brahimi (8): Ah, aquela grave lesão de Moreira de Cónegos, que o impediu de continuar... ok, não vou por aí. Vou-me focar exclusivamente na grande exibição que fez ontem. É o palco dele (o único, infelizmente). E como enorme talento que é, dá tudo e com troco a receber. Não há ninguém que possa gabar-se de o conseguir desarmar duas vezes consecutivas... consecutivamente! Tem uma incrível técnica de finta, que aliada à sua rapidez natural, parte os rins a qualquer um (a não ser que lhe partam as pernas primeiro). E ontem fez isso várias vezes, nas n cabines telefónicas que foi inventando pelo campo fora. Uma delas resultou no ressalto que permitiu o golo de André. Jogo muito bom.

Aboubakar (7): Menos exuberante que em jogos anteriores, mas apenas pelo menor acerto, não só no tiro à baliza, mas principalmente nos passes. Nesse capítulo falhou mais do que seria desejável. No entanto, batalhou como sempre e nunca deu descanso aos centrais e trincos adversários. E com a entrada de Osvaldo ainda teve força e espírito para fechar o lado esquerdo. Há dias em que não se consegue marcar, mas que ainda assim se deixa marca no jogo.

>78' Evandro (6): Rendeu o exausto Rúben e procurou fazê-lo bem. Não teve entrada fácil perante o assalto final do adversário, mas ajudou a manter a fortaleza com apenas um tiro encaixado. Teve um e outro momento onde lhe faltou mais calma para segurar coisa tão preciosa como a bola, mas dado o resultado final, fez o suficiente.

>80' Layun (6): Também rendeu um exausto André e assumiu o seu lugar por inteiro. Esteve em melhor plano do que Evandro, porque mais regular com e sem bola. Foi mais um soldado a segurar os portões do castelo.

>86' Osvaldo (-):  Entrou para quebrar o ritmo (aqui sim, aceita-se!) e refrescar a pressão sobre os centrais, bem como ajudar nas bolas paradas defensivas. E fê-lo por mais do que uma vez, garantindo preciosas golfadas de ar que no final se traduziram em chegar vivos à praia.


Lopetegui (8): Uma estreia, nas notas. Mas que faz sentido e só peca por atraso, porque no fundo ele também joga. E começa assim, em grande, para não dizerem que só sei implicar com o hombre. Ontem esteve muito bem. Ponto parágrafo. Na escolha da equipa inicial, na estratégia, nas alterações. E teve a sorte que fez por merecer. Pena que... nada! Ontem, nada. Tudo o resto não cabe neste post.



Outros intervenientes:



Não foi jogo em que conseguisse estar muito atento aos jogadores adversários, mas ainda assim reparei em Willian, Pedro e Hazard. Craques em absoluto que no Dragão seriam reis. No Chelsea, às vezes nem suplentes. No treinador adversário não vou bater, porque lhe estou grato.


Sobre o árbitro, não tenho muito a acrescentar. Procurou deixar jogar, umas vezes bem, noutras nem tanto. Não foi coerente a nível disciplinar mas no final (mais do que) compensou com o penálti não assinalado.

Adenda: graças ao estimado leitor Verde Protector, tomei conhecimento de uma grande penalidade que ficou por marcar a nosso favor. Quem como eu não se tiver apercebido, pode esclarecer-se aqui.






Perante a vitória do Dínamo em Tel-Aviv, estamos agora no comando mas empatados com eles. E seguem-se dois jogos contra o Maccabi. Se fizermos os seis pontos, ficaremos muito perto dos oitavos, aconteça o que acontecer no duplo confronto entre ucranianos e ingleses.

O que é mais um motivo para nos permitir concentração absoluta no próximo domingo, contra o Belenenses. Mas lá iremos. Por agora, é tempo de continuar a saborear mais uma vitória transcendental. Não foi feito pequeno, digam o que disserem do Chelsea actual.

Quanto a José Mourinho, quando quiser voltar a visitar o museu, que avise que pago eu. É sempre um prazer ajudar um ateu a acreditar na fé portista.




Do Porto com Amor




terça-feira, 29 de setembro de 2015

Simplesmente...


... OBRIGADO por terem sido Porto esta noite!


É goooooloooo caraaagoooo!


Toma lá pinhões, ó coração mole!


Not so f*cking special now, am I?
"Vimos milhares e milhares de cantos do FC Porto, estávamos preparados para isso. O golo, da maneira como acontece, é ridículo. Tivemos um outro erro parecido, em que o Aboubakar acerta no poste. A nossa defesa não teve problemas, apenas três erros ridículos. Pagámos caro com isso. De resto, foi uma boa performance, estragada com dois erros" José Molinho



"Another bad result, another bad Jose Mourinho decision and a whole lot more questions for him to face. When you attempt a squad selection as bold as the Chelsea manager did for this game, and amid a run of performances as bad as this, you really need to get it right. Instead it was just another blunder as an excellent Porto easily won 2-1 in a game that really could have been so much worse for the English champions." ESPN FC


"Mourinho claimed this was a decent performance ruined by a couple of ‘ridiculous’ mistakes – but it sounded like a smokescreen to cloud a strange team selection." Daily Mirror



O resto fica para amanhã, que o Vintage estraga-se ao ar...


Do Porto com Amor


Hoje joga o Porto! (vs Chelsea)


Caldo entornado em Moreira de Cónegos quando já se espreitava o prato forte de hoje. Terá valido a pena?

Adrego Design

Se fosse assim tão linear a relação de causalidade, obviamente que a resposta seria sempre NÃO, fosse qual fosse o desfecho do jogo de hoje. Mas não é. E ninguém exceptuando Lopetegui poderia esclarecer esta questão, que portanto é meramente retórica.

O facto é que chegamos a este jogo vindos de um empate desmoralizante. Felizmente, não haverá nenhum transbordo de um para o outro. Este jogo é contra um dos ricos do futebol europeu, será televisionado por muitos MILHÕ€S de espectadores, alguns MILHAR€S de marketeers e umas quantas C€NT€NAS de agentes FIFA e dirigentes de clubes. E é apenas disto que os jogadores NCSSITAM para esquecerem tudo o que está para trás e se CONCNTRARM neste jogo. Nem é preciso avisá-los da importância do desafio, afinal quem mais do que os próprios se preocupa com a sua carreira?

Este é um Chelsea debilitado, a duvidar das suas reais capacidades (que são grandes, obviamente). Por muito que Mourinho tenha tentado usar da sua psicologia barata, nada poderá fazer esquecer a crueza dos números que apresenta até ao momento neste temporada. Um vitória no Dragão pode ser o catalizador ideal para recuperar o ânimo e a confiança dos jogadores e o Zé Mário sabe-o muito bem. Daí a marmelada toda da visita ao museu, o sentir-se portista e mais uma ou duas tretas.

Tretas.

Mourinho é do Mourinho. Apenas e só. Um ultra ego que nem sequer deixa espaço para um alter ego. O verdadeiro Narciso.

Espero que alguém se tenha dado ao trabalho de explicar isto a Lopetegui. Ou, vá lá, admitindo que não seria preciso (e acredito que não fosse), que ele o tenha feito aos jogadores. Que todos eles tenham percebido que nada daria mais prazer a Mourinho do que golear no Dragão, esmigalhando-lhes os sonhos de uma grande transferência em breve. E por uma vez mais que fosse, imaginar-se sair do estádio como alguém maior que o clube. 


Portanto, hoje o jogo será muito jogado no plano emocional

Uma entrada forte à Porto, acompanhada de um golo madrugador pode abalar toda a estrutura do Chelsea e fazê-los duvidar ainda mais das suas capacidades, levá-los para uma zona de incerteza e absoluto desconforto, receio e desconcentração. E permitir-nos fazer o segundo, o terceiro e sabe-se lá o que mais. Não, não estou a sonhar. Mesmo a jogar apenas aquilo que temos jogado (pouco), isto é possível. Porque o que a cabeça manda os pés não conseguem desmandar.

No reverso desta linda coroa, está a cara que nenhum de nós quer ver sair-nos em sorte. Um Chelsea a entrar no jogo a disfarçar as suas fragilidades, mantendo a compostura e a observar do outro lado uma equipa amorfa e igualmente receosa. E a pensar que se calhar é hoje que começam a reviravolta. A pressionar aqui e ali e a ver-nos encolher, sem responder de imediato e na mesma medida. E então pressionar ainda mais. E acabar por fazer um golo. Afinal podemos, somos mesmo bons, let's show'em lads! E então passamos a jogar contra um Chelsea reabilitado, de novo e por agora confiante, com os nossos cumprimentos...

Evidentemente que no meio pode estar o que de facto se vai passar. Ambas as equipas a manter o respeitinho mútuo, jogo concentrado no meio-campo e mais uma soneca em perspectiva, de quando em vez estremunhada por um qualquer bruá numa das balizas. E talvez um golo. Possivelmente outro. Zero-zero, um-zero, zero-um, dois-um, etc. Se for a nosso favor, eu aceito o cochilo. Mas só porque é contra o Mourinho.

Vamos ao meu onze:



Mais uma rotação (talvez translação seja mais apropriado), com a fava a sair a Varela (porquê, se Tello continua) e a Herrera (finalmente). No sentido inverso, a ressurreição de Sérgio Oliveira (quem, perguntarão os menos atentos), Bueno e Evandro. Se Brahimi não estiver a 100%, será que é desta que jogamos em 4-5-1?


Seja como for, desejo ardentemente que hoje sejamos Porto. Aquele Porto fiel e agradecido aos seus mas implacável com quem o atraiçoou e se julga maior do que o clube. Joguem bem ou mal, mas ganhem a Mourinho. No mínimo, sejam maiores do que ele.


Do Porto com Amor



Onde está a bola? #6 - CF Os Belenenses


Cá estamos de volta com mais 2 bilhetes para oferecer ao leitor mais perspicaz e afortunado, desta vez para o jogo F.C. Porto - C.F. Os Belenenses que terá lugar no próximo domingo, dia 4 de Outubro.


Onde está a bola? #6


Depois do Ricardo Gomes, do Rui Souto e todos os que os antecederam, agora pode ser a sua vez de ir ao mágico Dragão apoiar o nosso Porto, ajudando-o a retomar o nosso único caminho, o das vitórias!


Para se habilitar a ganhar, basta acertar qual das respostas à seguinte pergunta é a correcta:

Onde está escondida a verdadeira bola de jogo?

1 - Bola Castanha (cor natural do excremento de escaravelho)
2 - Bola Verde
3 - Bola Encarnada
4 - Bola Púrpura
5 - Não há nenhuma bola escondida na imagem.


Já tem o seu palpite? Então é só responder na caixa de comentários.


As regras são as do costume:

1 - Descobrir na imagem acima onde está escondida a bola de jogo verdadeira (ou se não está lá de todo) e escrever na caixa de comentários deste post qual a resposta certa, indicando igualmente um nome e um email válido para contacto em caso de vitória (pode comentar como "anónimo" desde que no comentário inclua estes dados).

2 - Entre os que acertarem, será sorteado o vencedor (através de uma app geradora de sorteios).

3 - Para ser elegível para os bilhetes, o concorrente deverá fazer o obséquio de seguir o FB e o Twitter do DPCA (basta clicar nos links e "gostar" ou "seguir"). Sim, quem não tiver conta na(s) referida(s) rede(s), não será excluído por isso... mas cuidado porque o Lápis irá investigar :-)

4 - Apenas será aceite uma participação (a primeira) por cada email válido.

5 - Cumpridos todos os critérios, será anunciado o vencedor, que receberá instruções no seu email sobre como e quando levantar os bilhetes.

6 - Mesmo que já tenha Dragon Seat ou outro tipo de acesso, poderá oferece-los a um amigo ou familiar que não tenha a mesma sorte.

6 - Este passatempo termina às 21h00 de dia 2 de Outubro e o vencedor será anunciado até ao final de dia 3.

7 - Se o vencedor não reclamar o prémio até à data do anúncio, será feito novo sorteio entre todos os que tiverem acertado na resposta (e assim sucessivamente até se encontrar um vencedor que reclame o prémio).


 E é só! Mais simples não podia ser. Concorra e divulgue!


Do Porto com Amor (e bilhetes)


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O Danoninho


Inspirado pela metáfora da Tasca mais gourmet da bluegosfera, segue-se uma abordagem ao que poderá faltar a este Porto de Lopetegui para se tornar numa convincente equipa de sucesso.

Bruno Sousa

O muito prezado Sr. Silva (dono do estabelecimento em causa), se bem percebi a sua missiva, defende que estamos muito perto do sucesso e que serão por esta altura pormenores que nos separam do caminho vitorioso que todos desejamos. E fá-lo no seu delicioso estilo de pôr um "cliente apalermado" (mas pela pronúncia, das boas terras transmontanas, valha-lhe/nos isso!) a satirizar o contrário daquilo que realmente pretende dizer. Só pelo estilo ora antitético, ora afirmativo, mas quase sempre de apurado tempero irónico, já sabe bem ser cliente habitual, mas o conteúdo regra geral é ainda melhor. Trip Advisor, onde andais?


Feito o introito, passemos ao assunto em análise: o danoninho.

O futebol é de facto um jogo muito propenso a ser decidido por danoninhos.

Com todo o profissionalismo de que se constitui a este nível, onde todos os detalhes são curados meticulosamente, sobra pouco espaço para grandes variações entre aquilo que as diferentes equipas produzem como resultado do seu trabalho diário - seu e de toda a entourage que as acompanha, naturalmente. Assim sendo, serão então detalhes ao longo dos 90 minutos que fazem com que o jogo penda para um lado ou para o outro.

Logicamente que há diferenças significativas na qualidade dos jogadores e treinadores, o que à partida coloca os melhores muito mais perto da vitória. Mas todo este aturado trabalho que (todas?) as equipas desenvolvem diariamente tem um efeito atenuante, reduzindo muitas vezes as diferenças do ponto de partida a... danoninhos, detalhes, pormenores. Mesmo quando o orçamento duns é 20x superior ao dos outros, como nós portistas tão bem compreendemos (para o bem e para o mal). É que os orçamentos não jogam, apenas permitem contratar mais ou menos caro e dar melhores ou piores condições de trabalho.


Concretizando, se as equipas de hoje trabalham modelos de jogo de forma exaustiva, estudam os adversários ao pormenor, quais poderão ser esses danoninhos que fazem (ou podem fazer) toda a diferença?


- Sorte: sim, obviamente que sim. Será sempre um factor importante num jogo onde o sucesso depende da capacidade de indivíduos fazerem uma bola entrar num espaço rectangular, cumprindo a regulamentação vigente que obriga a que tal seja feito com os pés, cabeça e tudo o que não seja braços e mãos. Mas todo o treino visa precisamente reduzir o papel deste factor ao mínimo possível. É por isso que se diz que a sorte dá trabalho... Ainda assim, existe e tem influência. Num lance. Num jogo. Mais dificilmente numa competição longa, onde a repetição a torna estatisticamente pouco relevante.


- Atitude: por muito que se treine e estude o adversário, se no jogo não houver predisposição total para se superiorizar ao oponente, muito dificilmente o resultado final será positivo. A atitude também se treina, a nível mental. É uma preparação específica do jogo, por vezes mal abordada e cuja relevância se tende a minorar, mas fundamental. Seja a nível colectivo, seja a nível individual. Ministrada por peritos e pelos próprios intervenientes (pre-match). Mas depois, dentro de campo, será um comportamento eminentemente individual, ainda que muitas vezes influenciado por outros (treinador, companheiros, adversários, público, árbitro). Achas que vais chegar a esta bola antes de mim, não achas? Nem que me f*** todo, cara*ho!


Adaptabilidade: ficou esta, à falta de palavra melhor. O conceito é o de estar preparado para reagir perante qualquer cenário, ter flexibilidade física, psicológica e táctica para se adaptar a novas e imprevistas circunstâncias. Logicamente que quanto melhor preparado for o jogo, menos espaço sobrará para que a equipa se depare com um cenário não previsto, mas tal não invalida que exista sempre uma possibilidade de ocorrer. E esta adaptabilidade depende muito da atitude, da disponibilidade para correr o risco de fazer diferente daquilo que foi previsto e ensaiado.


- Team Added Value (TAV): mais uma expressão carente de outra mais adequada... mas no fundo é simples de explicar: é o valor acrescentado resultante da soma da valia individual dos jogadores, da estratégia e orientações técnicas, da cumplicidade entre todos os elementos e da compreensão e comunhão das ideias de jogo e objectivos colectivos, que quando conjugadas se traduzem em vontade de dar sempre um pouco mais do que adversário, de não desistir até ao último segundo e cujo resultado final é sempre superior à soma individual das partes. É o património imaterial de cada equipa, gerado no seu ventre e catapultador da sua capacidade.

Exemplo perfeito? O Porto de 2004. Não por comparação, que não seria sequer razoável, mas apenas como ilustração. Nós, que assistíamos aos jogos, sentíamos aquela cumplicidade entre eles, a disponibilidade para emendar o erro do colega, o gosto pelo risco, a crença - em determinados momentos - de ser invencível, o prazer de jogar e atingir o que foi treinado, a seriedade de cumprir com os planos por acreditar piamente que iriam resultar. Uma auréola que quase se via à volta da equipa. E não me refiro apenas à Liga dos Campeões, mas também a coisas menores como aquele hat-trick de McCarthy ao Paços na última jornada, condição necessária para se consagrar o melhor marcador do campeonato. Havia um plano e todos acreditavam nele.



Admitindo a existência de outros danoninhos (que gostaria me ajudassem a listar), mas cingindo-me por agora a estes quatro, quantos e quais deles costuma beber este Porto de Lopetegui?


Se contra o Moreirense e Kiev poderemos admitir alguma falta de Sorte pelos golos sofridos perto do fim, lesões e oportunidades desperdiçadas (a que muitos poderão contrapor com falta de engenho, mas adiante), noutros jogos teremos sido favorecidos por ela. O golo tardio ao SLB, por merecido que fosse, pode ainda assim ser considerado de afortunado (tal como a bola de Abou à barra pode ser falta dela). O empate contra o Shaktar na época passada, outro exemplo. Mas o ponto é que regra geral será sempre possível apontar a sorte à falta de engenho e o engenho a alguma fortuna. Creio que não pode ser por aqui que as coisas ainda não nos correm de feição. Olha um de kiwi!


Atitude... já foi um problema, em vários momentos da época passada, como bem nos lembrámos. Exibições medíocres e inadmissíveis neste clube que nem vale a pena voltar a nomear. Esta ano... não tenho sentido isso. Tenho visto os jogadores (regra geral) entregues ao jogo e a procurar o resultado até ao fim. Vontade têm, parece-me. E tentam fazer pela vida. Sai um de morango!


Já flexibilidade e capacidade de adaptação... ainda não estamos lá. De novo, não será por falta de determinação. Mas por incapacidade de reação. Adaptabilidade é um conceito que exige atitude mas também preparação. Quanto à atitude estamos conversados, mas a preparação não é ainda a suficiente para que os jogadores se libertem quando o problema exige uma abordagem diferente à que estava programada. Este jogo de Moreira foi um bom exemplo, pela incapacidade de re-reorganização após conseguirmos o 2-1. Tal como a sorte, a adaptabilidade também dá trabalho e não se desenvolve de um dia para o outro. Claro que aqui poderemos apontar à reconstrução da equipa, inevitável pelas saídas face ao ano passado. Mas mantendo-se o treinador, o modelo deverá ser idêntico e pelo menos uma parte dos jogadores já o deveria saber recitar a dormir. No juice!


Por último e obviamente o mais importante, o TAV. Aqui é que o RGS torce o rabo. Este valor imaterial acrescentado é o que distingue as grandes equipas (não necessariamente as que têm melhores jogadores) das demais. Porque no fundo se trata de uma coincidência espaço-temporal quase perfeita dos vários ingredientes da fórmula do sucesso. 

Não há equipas que se tornam vencedoras sem este TAV? Há, possivelmente até mais do que com ele. Basta por exemplo serem muito melhores do que as demais, seja pela diferença de qualidade dos jogadores ou pela superioridade do seu modelo de jogo (este mais difícil sem a primeira, convenhamos) ou então serem levadas ao #colinho pelo andor. Mas o que é certo é que quando o têm, estão muito mais perto do sucesso. De ganharem títulos. De serem vencedoras. E da superação.

E nós, actualmente, claramente não o temos. O que nos falta?

Parece-me, visto de fora e sem informações de dentro, que o que mais falta é uma religião comum. Uma crença colectiva numa forma positiva e eficaz de encarar o jogo. Um caminho seguro a percorrer para se chegar ao Nirvana futebolístico, se preferirem. Ou por outras palavras, um modelo de jogo em que os jogadores se revejam e acreditem como forma de chegar ao sucesso. É aí que a minha discordância é maior em relação ao estimado Silva. Porque a ideia de jogo de Lopetegui só me parece verdadeiramente exequível por 11 jogadores sobredotados nas várias componentes de jogo e além disso, com características condizentes com essa ideia. E falta Messi, também. O Bayern de Guardiola é uma grande equipa de futebol, não só pela enorme qualidade de grande parte dos seus jogadores, mas porque o bom do Pep soube adaptar-se a uma realidade muito diferente da do seu Barça, algo tão prodigioso como provavelmente irrepetível

E o que sobra de um futebol pensado para esconder a bola do adversário, se lhe falta a componente qualidade estratosférica? Uma pasmaceira, como a que temos vindo a assistir. Um jogo ineficaz, sem soluções para chegar à baliza de forma recorrente. E a consequente descrença dos jogadores (explicará a "ausência" das primeiras partes, por exemplo?), desconcentração e até desespero. E aí surgem os erros. E o medo. E os riscos de insucesso.

Quero com isto dizer que nunca iremos a lado nenhum com esta filosofia?

Não necessariamente. Mas tal implicaria uma adaptação (várias!) de Lopetegui à realidade que é este Porto, o seu plantel e o nosso campeonato. E isso, aparentemente, tarda em acontecer. Mesmo não acontecendo, podemos perfeitamente ser campeões, porque temos os melhores jogadores do campeonato, quando ponderados em termos de planteis. Só não poderemos é esperar sair dos jogos bem dispostos...

Já trabalhei que chegue para o fino de borla, Sr. Silva? É que os L.Caseis Imunitass fazem-me azia... 

Ah, e já agora, parabéns a todos nós.



Do Porto com Amor




domingo, 27 de setembro de 2015

Onde está a bola? #5 - VENCEDOR


E já temos um VENCEDOR da quinta edição de "Onde está a bola?" -  a mais concorrida de sempre - que desta vez ofereceu 2 BILHETES para o grande embate da Liga dos Campeões contra o Chelsea FC.


Mas antes de revelar o vencedor, eis a fotografia "mascarada" seguida da original :

  

  

É certo que a bola haveria de andar algures lá por cima, mas efectivamente não coube nesta imagem, pelo que a resposta certa é "4 - Não há nenhuma bola escondida na imagem".

De entre os muitos que acertaram na resposta, apenas um poderia sair vencedor. E desta vez a Lady Luck favoreceu...






 Ricardo Gomes!


Para quem quiser assistir ao sorteio realizado com a app Lucky Raffle, aqui fica o link do video (amador).


... parabéns Ricardo e agora toca a responder ao email que já seguiu para o contacto fornecido. É fundamental fazê-lo para confirmar e poder reclamar os 2 bilhetes para o grande jogo da próxima terça!


A todos os participantes, o meu agradecimento e um incentivo para continuarem a tentar. Se tudo correr bem, o próximo "Onde pára a bola" vai oferecer 2 bilhetes para o FC Porto - CF Os Belenenses, um jogo fundamental para voltarmos a entrar nos eixos!


Stay tuned!


Do Porto com Amor (e bilhetes)


sábado, 26 de setembro de 2015

O dia seguinte



Bruno Sousa


- Bom dia, dormiste bem?
- Não.

- Então, dores nas costas?...
- Não.

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- Que lindo dia de sol está hoje! Vamos dar um passeio ao parque?
- Não.

- À praia?
- Não.

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 - O que queres almoçar, uma carninha suculenta, a esvair-se em sangue?
 - Não.

 - E então um robalo de mar escalado, acabado de pescar?
 - Não.

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 - Au! Au! Au! Au!
 - Não.

 - Miaaaauuuuuuuuu...
 - Não.

 Hamster em duas patas a olhar-me fixamente
 -Não.

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 - Anda ver na SIC! O Rui Gomes da Silva escorregou numa linha branca e ficou com múltiplas fracturas expostas da cabeçorra aos pés, que os vermes trataram de começar a digerir de imediato, enquanto dançavam ao som do Piçarra!
  - O quê, a sério? Oh, vai enganar o car...

 - Deu para arrancar um sorriso, ao menos?...
 - Não.

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 - Irra, só sabes dizer "não" hoje?
 - Não.
 - É sempre isto quando o Porto não ganha...



É isto, não é?
Não há nada que nos valha nestes dias seguintes.
No caso concreto, só a Rotunda nos poderá aliviar o peso do fardo. Ligeiramente.

Claro que amanhã já tudo voltará ao normal, SOMOS do PORTO, orgulhosamente, com a barriguinha tão cheia de conquistas que ainda está para ser fabricado o lote de Rennie que nos resolva esta digestão.

Até lá, espero que este post ajude a mitigar um pouco o sentimento.
(-Não.)


Do Porto com Amor



Dia de jogo: Moreirense - FC Porto (2-2)


Carga preciosa ao mar. Depois de conquistada a muito custo no clássico, resolvemos deitá-la borda fora. Assim, sem mais nem menos.

Chelsea? Bye, bye, Brahimi... Getty Images


Mais uma vez, achei por bem rever o jogo na televisão quando cheguei do estádio.
Hoje nem francesinha tivemos vontade de comer. Foi zarpar de Moreira de Cónegos a todo o gás, despedidas rápidas e casa.


Vamos ao princípio.

Mais um onze surpreendente, mas no entanto perfeitamente aceitável.
Eu teria duas ou três opções diferentes, mas o treinador é Lopetegui e ele lá saberá porque decide como decide. Mais informação do que eu, tem de certeza.

Uma entrada à Porto de Lopetegui, a querer ter a bola em seu poder, fazê-la circular horizontalmente de um lado para o outro e pelo caminho, ir procurando um espaço livre para ganhar terreno. Nem vale a pena dizer se é bom ou mau, é apenas assim. E seria assim que teríamos de ter vencido o jogo.

Do outro lado, um Moreirense com mau arranque no campeonato, desesperado por pontos. Apesar de hoje ter sido uma equipa eminentemente defensiva (como são TODAS as outras que nos defrontam nesta competição), tem jogadores de bom nível e um treinador que parece perceber da poda. Mas hoje limitaram-se a ficar encostados atrás, a ver o que o jogo dava e se eventualmente "pintava". E "pintou".

Ao minuto 18, golaço de Maicon na cobrança de um livre directo, mas resultante de uma falta forçada sobre Maxi (se já o dizia quando vestia outra camisola, não vou agora dizer o contrário...). Até esse momento, uma ou outra tentativa de chegar à baliza do Moreirense mas sem grande convicção. O jogo estava perfeitamente controlado até ao golo e continuou a estar. Mas é um controlo enganador, porque é também consentido e incentivado pelo adversário. E porque em futebol, um golo de vantagem é apenas uma ilusão de vitória até que soe o apito final.

Aos 25 minutos, a segunda oportunidade, desta vez um remate de Osvaldo sobre a direita a que Stepanovic correspondeu com defesa de grande nível. Um fogacho. De resto, a mesma posse inócua. E como habitualmente, veio a consequência. Tanta posse sem criar perigo leva os jogadores a perderem confiança e ficarem sonolentos. E acto contínuo, retraírem-se e recuarem no terreno de jogo. Agradeceu o adversário, que nos derradeiros dez minutos da primeira parte perdeu parte da timidez e esboçou algumas tentativas de chegar perto de Casillas. Nada de relevante a registar, é certo, tirando a impeditiva lesão de Brahimi, que cedeu o lugar a Varela ainda antes do descanso.

Ao intevalo, a estatística de posse de bola seria suficiente para enganar alguém que tivesse recuperado recentemente de um coma de dois anos e não estivesse a assistir ao jogo: 73% a favor!

Mais uma vez contrariando a tendência inicial da época, não regressamos mal do balneário. Ou melhor, não regressamos pior. Continuamos a querer ter bola e a pressionar alto, com algumas aproximações à baliza do Moreirense nos primeiros minutos.

No entanto, ao minuto 50 surgiu o golo do empate. Sem antes nada ter feito por isso, o Moreirense voltou ao jogo graças a uma boa finalização do sportinguista Iuri Medeiros (devem ter grandes craques em Alvalade, para dispensar este miúdo... ah, já sei, têm o Carrillo...). No entanto, é um golo que antes de tudo resulta de uma absurda falha colectiva, liderada por Maicon que se fez ao lance com inadmissível ingenuidade de um iniciado e a ficar muito, muito mal na fotografia.

Se o empate caiu do céu, também o golo da vantagem tinha chegado pela mesma via. Nada a apontar aos deuses do futebol.

A primeira reacção ao golo sofrido foi demasiado tímida, situação piorada por Herrera, que nada mais fazia do que empastar o jogo e desperdiçar posses de bola. Sem surpresa a substituição aos 58, Tello por Herrera. Mais uma vez, o espanhol foi uma nulidade. Saiu uma, entrou outra. Continuamos a jogar com dez...

Nesta altura, o Moreirense começou a pressionar mais subido e nós sem soluções. Tudo era feito em esforço, com demasiados passes para conseguir chegar a situações de cruzamento ou remate, dando todo o tempo do mundo ao adversário para que tranquilamente acompanhasse o vaivém da bola e não se desposicionasse. Com o passar dos minutos, voltou a encolher, ficando lá atrás à espera do Porto e tentando sair rápido no contra.

Nesta altura voltamos a crescer no jogo. Primeiro foi Corona a rematar já na pequena área aos 68', para grande defesa instintiva do GR. Três minutos depois foi Osvaldo, também ele na área menor, desta vez com a bola a sair à figura de Stepanovic.

O primeiro acto de mais uma "tragédia grega"

Aos 77', a assunção do risco total: sai Marcano e entra Aboubakar. Na bancada, a minha reacção instintiva foi a de aplaudir a audácia. Era um jogo onde não fazia sentido desperdiçar pontos. Passamos a jogar com 3 defesas, com Danilo a juntar-se a Maicon quando perdíamos a bola.

E de facto deu frutos. Passamos a pressionar mais à  frente e a toda a largura do campo. Dois minutos depois, o 2-1 por Corona, e o jogo voltou a estar na nossa mão. Faltavam 10 minutos para os noventa.

Impensável desperdiçar a segunda vantagem, pensaria quem não estivesse a ver o jogo. Mas quem lá estava, podia pressentir que não seria bem assim. Porque se exceptuarmos André e Iker, ficamos a jogar com apenas defesas (Danilo adaptado) e avançados.

Aos 81, o nosso canto do cisne. Osvaldo é  bem desmarcado por Abou, contorna o GR e atira para a baliza deserta... mas sem a força necessária para que entrasse antes do corte de André Micael. Osvaldo esgotou as pilhas nesse esforço e a equipa, incapaz de se reorganizar sobre o tabuleiro com as pedras que tínhamos em jogo, encolheu-se de forma fatal.

Primeiro aviso aos 83, com uma boa defesa de Casillas. O Porto ignorou-o, incapaz de perceber que a única solução que tinha naquele contexto era continuar a pressionar e procurar o terceiro golo.

Perto dos 85, Maicon faz uma entorse, logo após queixas físicas de Tello. Ambos recuperam para o jogo, mas no caso do central, debilitado e em esforço. Talvez por isso tenha sido novamente o vilão no golpe de misericórdia. Canto, bola aliviada para lançamento. Reposição, insistência, cruzamento e golo. Três do Moreirense para três do Porto, Maicon irremediavelmente excluído do lance, Danilo escorrega ao perseguir o seu adversário e André Fontes, que tinha fugido a... Maicon, cabeceou demasiado perto para que Iker conseguisse desviar com sucesso.

Golpe demasiado profundo na moral da equipa, que não conseguiu voltar a incomodar Stefanovic, um dos melhores (se não o melhor) em campo.



Notas DPcA:


Casillas (6): Mais uma boa defesa a evitar um golo. Nos sofrido, fez o que pode e não se podia exigir mais. Deve ter mais calma nas reposições, evitando perdas de bola desnecessárias.

Maxi (7): Não recuperou a forma física (nem tinha como), mas a raça e entrega suplantaram essa debilidade. Foi dos mais esclarecidos com a bola nos pés e cavou a falta que deu origem ao primeiro do jogo.

<-78' Marcano (5): Teve uma falha comprometedora logo a abrir o jogo, nunca recuperou totalmente e continuou errático, o que gerou alguma intranquilidade na equipa. Saiu em nome de um bem maior, sem deixar saudade.

Maicon (6): Um golaço e erros decisivos nos dois golos sofridos. No restante, esteve bem a defender e a atacar. Que raio de exibição!

Layún (6): Esteve discreto, adjectivo que aliás parece ser o que melhor o define. Lamentavelmente, o segundo golo é cruzado do seu lado, ainda que fosse Varela a tentar sair a Sagna.

Danilo (6): Ao vivo fiquei com uma impressão pior do que a seguir vi na televisão. Teve muito, muito jogo a passar-lhe pelos pés. E nem sempre lhe deu o melhor seguimento, sobretudo defensivamente. Está a perder gás, vamos ter Rúben na terça de certeza (ainda que ele também possa jogar).

<-59' Herrera (4): Se na primeira parte conseguiu não estar mal (apenas sofrível), no regresso ao jogo veio o Herrera Mau. Muito mau. Chau!

André (7): Não conseguiu ser decisivo desta vez, mas ainda assim foi dos mais esclarecidos durante grande parte do jogo. Foi-se apagando a partir de meio da segunda parte e já não se reacendeu. 

Corona (7): Começou mal outra vez e melhorou quando mudou de posição (outra vez ). Mas desta vez, invertendo-se a ordem das posições. Hum... Mas desta vez, fez o golo e ajudou no assalto até lá chegar.

<-44' Brahimi (5): "Ele tenta, ele finta, ele chuta. Mas poucas coisas lhe saem totalmente bem por estes dias." E desta vez, lesionou-se. A 3 dias do jogo com o Chelsea. Se o seu Alá apreciar a fina ironia, está explicado... 

Osvaldo (7): Foi para mim o melhor do Porto em campo. Fartou-se de trabalhar até estourar, já perto do final. E mostrou bons pés, posicionamento, inteligência e sugeriu boa finalização. Queremos mais.

>44' Varela (5): Hoje entrou para ser o Varela do costume. Lutador mas trapalhão. Ajudou, mas não desequilibrou. Fico com a sensação que seria ele o responsável por marcar o seu opositor directo naquele lance do empate ao cair do pano.

>59' Tello (3): Começo a perder a paciência com este senhor. Parece um mono (em português ou castelhano, é à vontade do freguês). Assim, fica difícil de compreender porque se senta no banco sequer. Será Bueno assim tão mau?

>77' Aboubakar (6): A sua entrada representou o que seria o assalto final e a verdade é que dois minutos depois chegámos ao golo. Mas não terá sido especialmente por ele. De resto, experimentou jogar a médio e não teve oportunidade para muito mais.




Outros intervenientes:


Miguel Leal, com as armas que tem, deu boa luta. Tirou o marcador do primeiro golo e meteu... o marcador do segundo.

Stepanovic fez uma exibição memorável, Iuri Medeiros voltou a dizer que merece mais, Sagna mostrou talento e pulmão e Palhinha foi uma agradável surpresa.


O árbitro Vasco Santos não se notou em demasia. Foi demasiado condescendente disciplinarmente perante várias entradas duras dos moreirenses. Mas tecnicamente não foi de todo caseiro. Não foi por ele, seguramente.



Conclusão:


A falta de um pensador do jogo ofensivo fez-se mais uma vez sentir. A estatística atribui-nos uma posse de bola esmagadora, mas a realidade é que é uma posse quase sempre inofensiva, inócua e mentalmente desgastante, porque não se traduz em ocasiões de perigo.

Podemos cair na tentação de nos confortarmos com uma resposta afirmativa à pergunta "fizemos o suficiente para ganhar?", tal como Lopetegui nos quis fazer crer no final. No entanto, se abordarmos a questão pela óptica do Moreirense (fizeram o suficiente para não perder?), a resposta terá de ser igualmente afirmativa.

Estamos ainda na sexta jornada, não se podendo obviamente falar de um percalço decisivo. Mas a experiência diz-nos que normalmente o campeão não soçobra nestes momentos. É dificil de engolir este colossal desperdício de vantagem (pelo menos anímica e possivelmente pontual) sobre o Benfica e ficar a depender do outro jogo de Xadrez para saber se, acima de nós, já não estarão apenas os deuses do futebol.



Do Porto com Amor



Adenda cultural: depois de escrever esta minha análise, foi dar um giro pela bluegosfera e não posso deixar de registar o sentimento de consternação e revolta que a atravessa. Curioso. Que se passa com os fervorosos defensores de Lopetegui, tão fervorosos que se atrevem a questionar o portismo de quem não os acompanha nessa quimera? Alguém os desligou da Matrix? Não entendo. Eu preferia não ter razão. Mas não é por este jogo que vou mudar de discurso ou de convicções. Continuo a acreditar piamente que vamos ser campeões. Com Lopetegui.




sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Hoje joga o Porto! (vs Moreirense)


Depois da (sempre) saborosa vitória sobre o Benfica, segue-se a deslocação ao Moreirense F.C. A bonança depois da tempestade? Não creio.


Bruno Sousa

É daqueles jogos perigosos, porque situado entre dois compromissos de nível máximo de exigência. É realmente necessário "fazer ver" aos jogadores - a todos e a cada um deles - que não se pode vacilar neste desafio. Não só porque temos o Sporting com os mesmos pontos, mas porque se desperdiçaria a vantagem recém-conquistada sobre os da Luz.

Curiosamente, é uma jornada onde a liderança se disputa a jogar (contra os de) Xadrez. Os de Alvalade contra o original e nós contra a variante ecológica do tabuleiro. Falta pois saber se alguém ficará em Xeque após esta jornada ou se tudo seguirá inalterado.

Tendo em consideração a surpreendente repetição da última convocatória e aproveitando o embalo xadrezista, debrucemo-nos então sobre a possível disposição das pedras sobre o tabuleiro de jogo de Moreira de Cónegos.

Na baliza, a Rei deverá ser com certeza o mesmo - o de Castela, por supuesto, pelo que o do Carnaval terá que aguardar por uma taça nacional.

Na defesa do rei, penso que o mais provável será a repetição das peças, mas admito que possa ocorrer a entrada de Indi, ainda que sem saber se para jogar a Torre ou a Peão. Teria pensado que seria um boa oportunidade para reabilitar Cissokho, mas ainda não será desta.

No meio do tabuleiro, as (minhas) dúvidas são consideráveis. Por muito que se queira negar, o Chelsea já está naturalmente na mente de Lopetegui e sendo ele amante da (e crente na) rotação, podem acontecer várias coisas. Eu escolheria Danilo, Imbula e André para serem os Cavalos (do motor) da equipa, mas também me parece possível que jogue Herrera ou até Rúben. Por troca com quem e em que lugar, já é demais para a minha bola de cristal. Mas como temo que com o Chelsea voltemos a jogar com quatro médios de combate, o raciocínio para este jogo será desgastá-los o menos possível.

Na ofensiva ao rei adversário, Brahimi deverá manter a titularidade (o que acho mal, uma vez que raramente joga bem antes de um jogo de Champions) mas a surpresa poderá vir da escolha do segundo Bispo, que pode valer a Tello a oportunidade de começar de início, relegando assim os prelados Varela e Corona para o banco. A (fazer de) Rainha, e apesar do que se tem ventilado nestes últimos dias, acredito que deverá ser o suspeito do costume, o Rei Bakar, embora me pareça lógico que saia cedo do jogo, assim o resultado o permita.


Resumindo graficamente, eis a minha aposta para o onze inicial:




Será outro jogo onde mais uma vez não vai faltar apoio à equipa (nas bilheteiras do Dragão, ontem já não havia bilhetes). "Basta" que os jogadores se deixem contagiar pela onda, se entreguem sem reservas ao jogo e a vitória deverá sorrir-nos com mais ou menos dificuldade. 

Eu também vou lá estar, se alguém me quiser encontrar é fácil, vou estar de azul e branco :-)


Mais um passo dado hoje será menos um a dar rumo ao objectivo final. Vamos lá Porto!


Do Porto com Amor