Mais de 1.000 kms num domingo que deveria ser da família devem significar algumas coisas. A primeira, é que sou um bocadinho doente por esta coisa. A segunda, é que a família há-de receber em dobro o que tem "cedido" a esta doença. A terceira e mais relevante para o assunto, é que isto só acontece, neste estágio avançado, porque esta equipa o merece.
O Mar Azul não é um cliché e muito menos uma invenção propagandística (sim, também temos a nossa): é uma realidade, construída com biliões e biliões de gotas de suor dos jogadores, agregadora de cada vez mais Portistas que se revêm e acreditam neles como raramente tem acontecido. É um ser vivo e dinâmico, cada vez maior e menos parável. Alimenta-se da equipa ao mesmo tempo que alimenta: simbiose perfeita.
Ontem em Portimão foi outra vez assim. "Crentes" de todas as paragens afluíram ao "arranjadinho" estádio do Portimonense e ajudaram a equipa a vencer mesmo antes do início da partida. Que mal começou, foi desde logo agarrada pelos colarinhos pelo Porto, que sufocou e não parou até estar a vencer por 2-0, com somente 16 minutos decorridos, sempre com Marega em grande evidência.
Só depois os da casa conseguiram tempo e espaço para tentar explorar o seu jogo, conseguindo algumas "aproximações" perigosas mas sem nunca ameaçar verdadeiramente a baliza de Casillas. Aliás, a sua maior oportunidade ocorreu com o marcador ainda em branco, num momento de completa excepção face ao rumo dos acontecimentos. Sempre em rotação alta, os nossos resistiram a tudo e ainda encontraram o timing perfeito para fazer o terceiro, mesmo sobre o apito para o intervalo. Tudo decidido em apenas 45 minutos, uma vez mais.
A segunda parte serviu para gerir formas e cartões, ampliar a vantagem com duas assistências do benjamim Dalot, ver Soares sair lesionado e ainda sofrer o golo da (malfadada) praxe. Foi um jogo muito fácil de assistir para os Portistas, porque o resultado nunca esteve verdadeiramente em causa, tal a competência que impusemos desde o apito inicial.
Assim sendo, missão totalmente comprida. Depois de uma exibição de gala, apenas microscopicamente manchada por aquele golo sofrido, os quilómetros de regresso até custaram menos, que é como quem diz: valeu a pena! Venha o próximo, que já me cheira a lagarto.
Notas DPcA
Dia de jogo: 25/02/2018, 20h15, Portimão Estádio, Portimonense SC - FC Porto (1-5)
Iker (6): Jogo muito tranquilo e um par de paradas com segurança.
Maxi (7): Apanhou várias lebres pela frente e sentiu naturais dificuldades em acompanhar, mas serviu-se da experiência para evitar danos. Mais do que isso, sobrou-lhe tempo e energia para acompanhar o ataque e acabou por ter sucesso numa das várias tentativas de assistência.
Dalot (7): A qualidade vê-se em muitos pormenores, mas o mais importante talvez seja o de perceber que fundamental é jogar simples e bem, que o resto, mais elaborado, acabará por "sair" na altura certa. Mesmo jogando no lado contrário ao seu, cumpriu lindamente em termos defensivos e a atacar... bem, "apenas" conseguiu duas assistências, uma com cada pé. Parece fácil, não é, Hernáni?
Felipe (6): Uma ou outra desatenção (golo incluído) não mancham uma exibição segura em termos defensivos. Pior foi com a bola no pé - ou, como pareceu, no tijolo. Quem não sabe, não inventa...
Marcano (7): Muito bem a defender e sem sequer se ter arriscado a ver o quinto cartão. Nada mais se pedia.
< 62' Herrera (7): Sempre pouco esclarecido a endossar a bola, mas muito bem no trabalho de marcação e recuperação. Enfim, Herrera.
Sérgio Oliveira (7): O "cérebro" da equipa funcionou bem e tornou simples quase todos os lances em que participou, mesmo sem conseguir finalizar ou assistir. Bem também no trabalho de recuperação.
Otávio (8): Outra belíssima exibição, com a garra indispensável mas com muito bons critérios na altura de decidir o que fazer à bola. O corolário foi mesmo o merecido golo.
Brahimi (6): Está na mó de baixo, embora ontem se tenha notado menos, tal a dominância da equipa sobre o jogo. Sem deixar de ser o habitual "mel" para os adversários, está com dificuldade em decidir bem. Pode ser que o golo o ajude a recuperar o "instinto".
Foto de Kapta+ |
< 69' Melhor em Campo Marega (8): Dois golos, uma assistência e pronto, jogo resolvido quase exclusivamente à sua conta. Claro que nada fez sozinho, mas o seu trabalho individual foi mesmo decisivo e impecável em grande parte do tempo. Saiu contrariado mas muitíssimo bem em termos de gestão de esforço. O hat-trick terá de ficar para outro dia - por mim, pode ser já sexta...
< 71' Soares (8): Muito bem ligado com Marega e Otávio, acabou por ser também ele fundamental na construção do resultado. Mais um golo (e uma assistência) para a sua conta, num momento de forma muito elevado. Rezemos para que a lesão seja apenas um efémero contra-tempo.
> 62' Óliver (6): Veio a jogo para poupar Herrera a um cartão suspensivo e demorou um bocado a entender(-se) com os companheiros de sector. Depois disso, participou de forma discreta no controlo de um jogo que já há muito estava sentenciado.
> 69' Hernáni (5): Não tem capacidade para perceber que o fácil tem de vir antes do difícil, o trivial antes do extraordinário, nem mesmo quando entra num jogo sem pressão de construir o resultado. E assim sendo, continua a desperdiçar oportunidade atrás de oportunidade. Até que se acabem de vez.
> 71' Waris (5): Jogou, a sério? Juro que não o vi...
Sérgio Conceição (8): Estamos imparáveis, não é? Claro que não e muito bem fizeste em dizê-lo no final. Nada de complacências, foram apenas três pontos conquistados. Agora que foram magistralmente conquistados, foram. E quem é o maestro, quem é? Isso mesmo. Well done, sir!
Outros Intervenientes:
É reconhecidamente uma boa equipa este Portimonense de Vitor Oliveira, mas ontem estiveram abaixo do seu normal, muito por culpa da forma avassaladora como o Porto entrou em campo. Tenho distinguido sempre Nakajima como a shoya da coroa, mas ontem, ao vivo, apercebi-me do porquê de tanto hype à volta de Fabrício: é que o moço é mesmo bom de bola. Não sei de "chega" para um grande, mas num clube com ambições uefeiras cabe de certeza.
Arbitragem simples de Jorge Sousa, com os lances de maior dúvida a recaírem sobre os ombros do VAR Hugo Miguel. Do campo, quase tudo me pareceu bem decidido, ficando apenas um par de cartões por exibir a portimonenses. O lance mais mediático terá sido a falta de onde surgiu o golo de honra dos visitados, que é hoje unanimemente considerada inexistente pelo Tribunal d'O Jogo. Em todo o caso, sem influência no desfecho pontual ou impacto nos jogos seguintes.
Mais um lance de beleza indescritível... |
Jornada quase perfeita pelo reino dos Algarves, que garantiu a indispensável vitória após exibição de luxo e nenhum jogador suspenso para o Clássico de sexta, onde teremos oportunidade (e vontade, sem dúvida) de quase despedir o Spó'tin das contas do título. Apenas a lesão de Soares devolveu aquele pequeno pedaço de paraíso a um patamar terreno, espera-se que seja "falso" alarme e o nosso triturador de lagartos preferido fique apto para mais uma caçada impiedosa.
Do Porto com Amor,