outubro 2017

domingo, 29 de outubro de 2017

Bom Fim na Boavista


Jogo complicado no tabuleiro do Bessa, casa dos estimados vizinhos que tanto nos odeiam. O que é uma pena, porque eu gosto do Boavista. Mas adiante.

Catarina Morais / Kapta +

Complicado como habitualmente, pela tal rivalidade, que do lado boavisteiro chega a roçar o doentio, tal a vontade de nos derrubar por todo e qualquer meio disponível - normalmente, à porrada. Mas desnecessariamente complicado por uma estratégia de Sérgio Conceição que nos deixou absolutamente perdidos no meio do terreno, incapazes de ganhar segundas bolas e de ganhar espaços para construir jogo.

Não é preciso muito ciência, qualquer Simão desta vida percebe que perante um meio-campo destes, "basta" pressionar alto na nossa saída de jogo e com isso obrigar a bola a ser batida para a frente, onde dificilmente teremos capacidade para a ganhar nos duelos aéreos e ressaltos. 

Corona e Brahimi estiveram até muito empenhados, mas nenhum tem perfil para as batalhas físicas do meio-campo (note-se que Corona até ganhou algumas bolas de cabeça!), onde a teia axadrezada envolveu por completo Danilo e Jar Jar Herrera.

Sérgio ou não percebeu, ou não quis "dar o braço a torcer" ou - mais provável - manteve-se convicto de que aquele onze seria o melhor caminho para chegar à vitória. No final, provou-se ter razão, mas... porque quase tudo nos correu de feição. Quase, porque Hugo Miguel também conta. Lá iremos.

Após uma primeira parte absolutamente horrível, sem capacidade para criar um lance de perigo e ainda assim exposto às investidas do Boavista, houve claramente mudanças comportamentais, com certeza derivadas das rectificações do treinador ao intervalo. O onze manteve-se, mas a forma de jogar pareceu alterar-se um pouco, com Brahimi (e também Corona, mas menos) a procurar mais o meio para ter bola e libertar espaço na sua ala.

E digo "pareceu" porque o golo chegou apenas cinco minutos após o recomeço, evento que marcou e alterou os acontecimentos em definitivo. O Boavista viu-se obrigado a procurar activamente o golo do empate e nós tivemos um pouco mais de espaço (e tempo) para assentar ideias. Tendo sobrevivido a um par de boas ocasiões do adversário, a equipa foi finalmente recompensada com a entrada do tal terceiro médio - André André - e ganhou quase de imediato o controlo das operações.

Em rigor, só após o segundo golo é que esse controlo se tornou efectivo, dada a margem de segurança que acrescentou ao marcador. O terceiro já foi um corolário desse nosso domínio tardio, aliado ou até incentivado pela valente cagada do excelso treinador adversário. Uma jóia dum moço.

No final, um resultado gordo e saboroso, que não contando a história do jogo, acrescenta alento e confiança a uma equipa já de si bem moralizada (nesta competição). Quarta-feira, a história será outra.




Notas DPcA 


Dia de jogo: 28/10/2017, 20h30, Estádio de Bessa XXI, Boavista FC - FC Porto (0-3)


José Sá (6): Uma defesa importante, daquelas que, quando várias e consecutivas, podem justificar uma titularidade. Menos positivo, as (não) saídas aos cruzamentos. Aguentou-se e sem sofrer golos.

Ricardo (7): Bom jogo, do primeiro ao último minuto. Teve sempre adversários chatinhos (porque rápidos) pela frente, mas nunca se deixou alarmar por isso. E quando chegou a hora, foi à frente fazer o seu papel.

Alex Telles (6): Aguentou-se durante a tempestade e navegou a onda azul quando ela chegou. Mas tranquilamente, quase sem se dar por ele. Continua é sem inspiração nas bolas paradas.

Marcano (7): Impecável. Just.

Felipe (5): Longe de impecável. Muito desconcentrado na primeira parte, teve alguns erros de palmatória, felizmente sem danos maiores. Além disso, abusou do físico sem necessidade. Nada como os sem-vergonha querem pintar, mas, em todo o caso, desnecessário e perigoso. Precisa mesmo de acalmar e de se focar apenas no jogo.

< 90' Danilo (6): Francamente mal na primeira parte, tanto no posicionamento como com a bola, não conseguindo sobreviver à "traição" táctica do treinador. Após o primeiro golo, encontrou-se (tal como a equipa), mas não a ponto de conseguir controlar o adversário. Isso só mais tarde, quando devidamente ajudado por mais um médio. A última meia hora foi de bom nível, sem nunca chegar a brilhar.

Herrera (6): Vou-me abster de comentar a sua primeira parte, dizendo apenas que nem tudo foi culpa dele. No segundo tempo, regressou determinado a manter o registo, chegando ao ponto de, com o seu fulminante sentido posicional, transformar situações de superioridade numérica defensiva em inferioridade... sim, não estou a gozar, aconteceu mesmo. Mas, enfim, é de Herrera que se está a falar, pelo que também se sabe que no meio de tanto disparate, pode sempre surgir um raio de luz. E surgiu, mais do que um até. Um deles, foi chamuscado quando se aproximava do paraíso, naquela jogada individual onde não passou nem conseguiu finalizar. Noutra, foi mestre, fazendo a assistência que se exigia (mesmo, porque a linha de passe era óbvia). Num lance, quase faz autogolo de cabeça; uns minutos volvidos, tem um corte providencial aos pés do isolado Mateus... Tudo somado e against all odds, deu mais frutos o que fez bem do que árvores podres que fez mal. Lucky us.

< 71' Corona (7): Escapou por pouco à tentativa de assassinato desportivo, pelo que só isso já seria uma evolução face ao ano passado. Recompôs-se e "prometeu vingança", passando a desequilibrar os duros rins adversários com mais assiduidade. Foi o primeiro a sair, o que se percebe pelo desgaste e por aquilo que a equipa precisava, mas não saiu por estar a jogar mal. Naquela fase do bate até que fura, foi uma das peças importantes.


Catarina Morais / Kapta +

Melhor em Campo Brahimi
 (8): Quase só se viu na segunda parte, porque antes não havia bola para os meninos de azul. E quando havia, era logo ceifadela ou agarrão. Foi fundamental para o desbloqueio do marcador e acabou ele próprio a marcar, finalmente, o tão desejado golo. A pequena mácula na exibição é a de sempre, continuar agarrado à bola depois de já ter feito o mais difícil e quando bastaria tocar para um companheiro finalizar. Enfim, lá chegará... ou não.

< 86' Aboubakar (7): Desta vez, marcou logo à primeira oportunidade, mas convenhamos que quase não tinha como falhar (alô? quem? Paulinho César? ah...). Antes e depois, foi sempre um mouro de trabalho, abnegado e solidário. Gostei muito de o ver assim.

Marega (6): Muito tempo perdido pelo jogo, sem bola nem "cheiro" dela sequer. Nessa fase, quase se limitou a cumprir o papel defensivo que lhe estava atribuído. "Apareceu" após o regresso do balneário e a partir daí foi sempre em crescendo até ao seu golo de "futsal". Mais um para a sua contabilidade pessoal...

> 74' André André (7): Contra as expectativas criadas pelos primeiros momentos em campo, agarrou no meio-campo e pisou-o com os seus minúsculos pezinhos de fada, o que chegou para os desgastados caceteiros do xadrez.  Esteve directamente envolvido nos dois últimos golos e com isso ajudou a sentenciar o encontro. Pouco importa se coincidiu com o hara-kiri de azei.. Simão, simplesmente fez o que lhe competia e com distinção.

> 86' Maxi (-): Entrou para ajudar o cronómetro a passar. Sem tempo útil de jogo para ser avaliado.

> 90' Reyes (-): idem 

Sérgio Conceição (6): Pode parecer injusta a nota após três secos espetados no Bessa, mas o jogo que eu vi (e com que sofri) deu-me o receio de que o desfecho pudesse ser bem diferente. Já o escrevi acima, acho que foi um erro estratégico lançar Brahimi e Corona de início e deixar o miolo com apenas dois homens de raiz. E tenho toda uma primeira parte para me dar razão. Compreendo que, ao optar por aquela via, Sérgio se tenha tornado "refém" dela, porque mexer (substituindo) um médio por um ala antes de estar a vencer, daria a ideia de estar satisfeito com o empate. Correu-nos bem, porque marcamos logo no recomeço e conseguimos não sofrer. As substituições foram as adequadas (dado o banco), mas a que realmente interferiu com o jogo foi a primeira, em minha opinião decisiva para garantir os três pontos e pecando apenas por tardia.



Outros Intervenientes:



Fraquinha, esta equipa do Boavista. Todos com grande vocação para lenhadores, mas com pouco futebol colectivo nos pés. Ainda assim, souberam explorar bem a nossa táctica e por várias vezes estiveram perto de marcar. Individualmente, chamou-me a atenção o desconcertante e desconhecido Yusupha Njie, bem como o suspeito do costume Renato Santos.


Da arbitragem de Hugo Miguel e sua trupe, digo que esteve razoável a nível técnico e um pequeno desastre no plano disciplinar. Mais do que complacente, foi conivente com o jogo violento de que vários adversários usaram e abusaram. O clímax da coisa foi mais uma vez atingido num lance com Corona, onde o vermelho se ficou pelas lindas camisolas e pelos seus pequenos corações de papoulas. Vá lá que pelo menos no FB, o bom do Hugo não deixa passar nenhuma boca mais agressiva...



E já lá vão nove vitórias e um (injusto) empate. Com este registo, Sérgio iguala alguns monstros sagrados da nossa história. Essa é que é essa, pense eu o que pensar: e que bem que eu vivo com isto!

Quarta-feira temos Champions no Dragão, jogo fundamental e eventualmente esclarecedor quanto ao nosso futuro na prova. Bilhetes aqui (acaba já amanhã).


Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



sábado, 28 de outubro de 2017

Onde Está a Bola? #52


Payback time! Depois da derrota e da forma como nos foi imposta em Leipzig, está na hora de responder à letra e mostrar a esses neófitos touros alados o que é o FC Porto. A desforra acontece já na próxima quarta-feira, 1 de Novembro, e com ela mais uma jornada do Onde Está a Bola? (OEaB?) e mais dois bilhetes para serem ganhos.

Relembro uma vez mais que este ano podem candidatar-se à Edição Especial apenas através do envio das vossas selfies no Dragão para lapisazulebranco@gmail.com

Vamos então à edição #52!


OEaB? #52 - RB Leipzig



Respostas possíveis #52 (RB Leipzig):

A - Bola Azul
B - Bola Verde 
C - Bola Laranja 
D - Bola Púrpura
E - Não há nenhuma bola escondida 


Já descobriu? Então deixe o seu palpite na caixa de comentários, tendo em atenção as seguintes regras de participação:


1 - Escrever a resposta que considera acertada na caixa de comentários deste post, indicando igualmente um nome e um email válido para contacto em caso de vitória.

2 - Entre os que acertarem, serão sorteados os vencedores através da app Lucky Raffle (iOS).

3 - Para ser elegível para receber os bilhetes, deverá fazer o obséquio de:

   a) Comprometer-se a enviar-me duas ou mais fotos da sua ida ao estádio (pelo menos uma selfie) nas 48h seguintes ao jogo, acompanhadas da resposta à pergunta "Como foi a sua ida ao Estádio?" (duas frases bastam, desde que venham do fundo da Alma Portista...);

   b) Registar e confirmar o seu email (nas "Cartas de Amor", na lateral direita do blogue);

   c) Seguir o FB e o Twitter do DPcA (basta clicar nos links e "gostar" ou "seguir"). 
   Quem não tiver conta nesta(s) rede(s) não será excluído, mas... cuidado porque o Lápis vai investigar :-)

4 - Apenas será aceite uma participação (a primeira) por cada email válido.

5 - Cumpridos todos os critérios, o vencedor sorteado será contactado através de um email onde encontrará instruções sobre como e quando levantar os bilhetes.

6 - Se já tiver Dragon Seat ou outro tipo de acesso, poderá oferecê-los a um amigo ou familiar que não tenha a mesma sorte.

7 - A edição #50 deste passatempo termina às 23h00 de 30 de Outubro e o vencedor (a quem será enviado um email logo após o sorteio) terá de reclamar o seu prémio até às 13h00 de dia 31.

8 - Se o vencedor não reclamar o prémio até à data e hora referidas no ponto anterior, será contactado o primeiro suplente. Se o primeiro suplente não reclamar o prémio até ao prazo limite indicado no email de contacto, será contacto o segundo suplente (e assim sucessivamente até que um sorteado reclame o prémio).

9 - A edição especial anual do passatempo tem um novo critério: o da melhor selfie. Todos os vencedores de edições anteriores ficarão automaticamente habilitados. Mas não só: todos os concorrentes de todas as edições podem participar, desde que também enviem as suas selfies no Dragão em dia de jogo (email para envio das fotos: lapisazulebranco@gmail.com )

E é só! Concorra e divulgue, queremos o Dragão sempre cheio de Portistas! 


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Antes de sair para o Bessa, vamos lá encerrar as contas das edições #50 e #51.


#50 - Paços de Ferreira

 

Resposta certa: D - Bola Castanha

 

Vencedor: André Cerejo!



Primeiro, a comparação entre imagem original e modificada.



Agora, os habilitados ao sorteio e respectivo vencedor.

(as minhas desculpas ao André pela adulteração do apelido...)


Por fim, a compilação das fotos enviadas pelo André desta sua ida ao Dragão...


 ...e o que lhe saiu da inspirada pena:

"Goleada à antiga no Dragão,
E com um ambiente contagiante,
Pois todos queremos o nosso Porto campeão,
Ai, este Mar Azul é impressionante!
"

Ah, poeta! :-)



#51 - Leixões SC

 

Resposta certa: A - Bola Azul

 

Vencedor: Bruno Almeida!



Primeiro, a comparação entre imagem original e modificada.



Agora, os habilitados ao sorteio e respectivo vencedor.



Para terminar em beleza, a compilação de fotos enviada pelo Bruno, seguida do seu testemunho sobre esta ida ao Dragão.



"Uma estreia ao qual só faltou o golo da vitória. Uma fantástica experiência para ver o nosso mar azul. Grandes conquistas virão. 

Tenho a agradecer-lhe a oportunidade de ver um jogo do meu Porto. Um muito obrigado mais uma vez.

Continue o fantástico trabalho que faz no blog. Já o acompanho há ano e meio e concordo muitas vezes com a sua opinião. E são vozes como a sua que cativam mais este mar azul em apoio à equipa. 


Fazendo críticas construtivas quando assim se exige como apoiar quando se deve apoiar."


Muito agradecido, Bruno, palavras como as suas são um forte antídoto, que vou tomando, sempre que a preguiça se põe à espreita...


 
Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Embirrações


Temos o mau hábito de a apelidar de tudo: "taça da cerveja", "taça dos correios, "taça lucílio baptista" e coisas ainda piores. Tudo porque nos "habitamos" a desvalorizar a Taça da Liga, não por acaso, a única prova nacional que nunca conquistámos. E sabe-se que o karma tende a ser uma cadela para quem o maltrata, não é assim?

Catarina Morais / Kapta +


Vi o jogo apenas hoje, naturalmente já sabedor do resultado, o que, de forma mais ou menos, acaba por condicionar a percepção com que fico do que se passou em campo. É tudo uma questão de expectativas, não me canso de repetir. 

Neste caso, as expectativas não eram favoráveis para ninguém. Sabendo que não fomos capazes de fazer um único golo ao Leixões, sabendo que nas estatísticas finais aparece um singelo remate enquadrado com a baliza e só na segunda parte, não sobrava muito que esperar de positivo. "Deixa lá ver que espécie de cocó é que estes gajos fizeram...".

Visto o jogo à luz desta baixíssima exigência, as coisas não me pareceram assim tão más. Lá está, expectativas. Tivemos algumas oportunidades para marcar, muitas mais quase-oportunidades (que só não o foram por más decisões no último passe ou desmarcação) e o que realmente falhou foi a bola não ter entrado uma vez na baliza do Leixões. Mas não pode ser assim que se avalia este ou outro jogo qualquer. Somos o FC Porto, temos um patamar inamovível de exigência.

O que faltou então? A comparência em campo da nossa forma de jogar (e golear adversários). O que sobrou? Embirrações:

 - Com o nosso onze. Se até contra o modestíssimo Lusitano aplaudi a apenas parcial descaracterização da equipa, mesmo tendo em conta o mundo de diferença entre ambos os contendores, jamais poderia achar correcta a opção de Sérgio Conceição para defrontar uma boa equipa da segunda liga. É uma embirração muito minha e de longa data, não há nada a fazer. Quando se mudam 5 em 6 dos jogadores-chave (Telles, Ricardo, Danilo, Brahimi, Marega e Abou, na minha modesta opinião), vão-se as rotinas e a tal forma habitual de jogar. Os treinos nunca são substitutos para os jogos neste aspecto.

 - Com a própria competição, até há bem pouco tempo desdenhada pelo próprio Presidente, posição com que sempre discordei, mesmo nos tempos "áureos" de Lucílio Calabote Baptista. Entrar numa competição sem ser para a ganhar é a antítese do que é ser do Porto. Felizmente que o nosso treinador assumiu logo à partida (e ainda mais após este jogo) que é para ganhar, a primeira que temos a oportunidade de conquistar nesta temporada. Falta agora passar das palavras à acção... e que a própria competição deixe de embirrar connosco. Desculpa, Taça da Liga, sim? Sei que fomos mauzinhos contigo, mas já passou... agora já gostamos muito de ti.

- Com a falta de produtividade de alguns jogadores. Não é de empenho que se trata, pelo menos não me pareceu. Vi-os todos comprometidos com o jogo, a esforçarem-se por chegar ao golo. O que não vi foi a qualidade de jogo que se exige a quem joga no Porto. Até que ponto é justo exigir-se aos jogadores que consigam individualmente aquilo que a equipa não consegue, é outra questão. Mas, neste cenário dum onze "virgem", a equipa dificilmente poderia ser mais do que a soma das individualidades.

Excelente moldura do povo leixonense, cujo clube que merece ser de Primeira (Catarina Morais/Kapta+)

Não percebi, portanto, a quem se destinava a mensagem do treinador no final do jogo, ao dizer e repetir que estava muito atento a tudo. Também não sei o que Sérgio pediu a cada jogador, o que dificulta ainda mais essa "adivinhação". Fazendo o raciocínio simplista das substituições, os destinatários poderão ser (pelo menos) Hernani, Galeno e Otávio. Nenhum dos três esteve especialmente inspirado (longe disso), mas quem esteve? Se bem que Óliver também tem muita queda para bode respiratório...

Só de pensar que o último jogo que vencemos nesta competição foi ainda com Lopetegui, fico com calafrios. Não é, de todo, normal. De positivo, realço os 100% de eficácia de passe de Herrera. Nem um falhou. Excelente.


Notas DPcA 


Dia de jogo: 24/10/2017, 20h15, Estádio do Dragão, FC Porto - Leixões SC (0-0)


Nota (6): José Sá, Maxi, Reyes, Óliver, Brahimi (>72'), Corona (> 66')

Nota
(5):
Layún, Felipe, André André, Otávio (<72'), Hernani (<66'), Aboubakar, Marega (>68')   

< 68' Galeno (5): Trapalhão, inconsequente e desacertado, continuo sem vislumbrar o porquê do hype à volta deste jogador, talvez por ser raro ver a equipa B. Mas, como aqui se trata da principal, sinceramente não detectei ainda qualidades que justifiquem a aposta. E não, aqui não é embirração: espero sinceramente estar enganado.

Sérgio Conceição (5): Já adiantei grande parte da justificação da nota negativa, ou seja, a escolha de um onze sem qualquer entrosamento nem garantias de conseguir um futebol fluido e consequente. Resta acrescentar que fez bem ao lançar o peixe graúdo no jogo, consciente da importância de conseguir vencer este primeiro jogo. Só que não foi suficiente, e assim se desperdiçaram os primeiros pontos logo a abrir. 

Catarina Morais / Kapta +

Apesar do histórico, nada está hipotecado, evidentemente. Só que agora torna-se quase obrigatório vencer os dois jogos remanescentes. Um em casa e outro fora, contra equipas da Liga. Mais complicado do que seria suposto, numa competição feita à medida dos três grandes.

De seguida, regressa o campeonato, com a sempre complicada deslocação aos bons vizinhos do Bessa. E aí, a resposta tem mesmo de ser outra, entrar por lá dentro guns blazing, a disparar contra tudo o que mexer e sem ponta de piedade. Porque lá, é comer ou ser comido, já se sabe. Vamos lá, Porto.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



domingo, 22 de outubro de 2017

De Volta ao Lar, Doce Lar


Um eterno e quase-exacto mês depois, estamos de volta a casa. E é sempre bom regressar a casa, não é?

Catarina Morais / Kapta +

Depois de uma semana atribulada, nada como um adversário tenrinho como foi este FC Paços de Ferreira para facilitar a reposição desta nova normalidade. Um adversário que até se esforçou (por uma única vez) por criar alguma dúvida, ao conseguir empatar o jogo logo a seguir ao golo inaugural. Mas foi só isso - e "isso" é muito pouco, em especial para um Dragão intenso e rápido, esfomeado por golos e pontos.

A história do jogo é a dos nossos golos. Quatro na primeira, outros dois na segunda e vários outros por concretizar. Um jogo de sentido único, como vão sendo cada vez mais neste campeonato, dada a colossal diferença de qualidade entre os três maiores e quase todos os demais.

No entanto, é preciso esclarecer que só foi deste modo porque o Porto assim o impôs. Não há como desvalorizar a boa exibição colectiva, muito alicerçada em várias individuais. Deu para tudo, até para tentar relançar André André, Hernáni e estrear Galeno. Só não deu para ver Óliver, mas enfim, boas razões existirão para isso, certamente.


Notas DPcA 


Dia de jogo: 21/10/2017, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - FC Paços de Ferreira (6-1)


José Sá (5): Outra "estreia" ingrata, desta vez no (des)conforto do lar. Logo na primeira intervenção, sofre um golo onde fica a impressão de ser mal batido, aparentemente por ter escorregado no momento de se fazer à bola. Depois, teve ainda um par de más decisões com os pés, mas felizmente sem consequências. Brilhou com intensidade numa boa defesa para canto. A ver o que se segue...

Melhor em Campo Ricardo (8): Um golo, duas assistências e muito, muito jogo de qualidade que poderia ter rendido ainda mais. Uma grande resposta após a ausência (forçada, disse SC) de Leipzig. Quando não tem pela frente um atacante poderoso, solta-se para níveis ofensivos muito difíceis de parar.

Alex Telles (7): Bom jogo, mas para sempre ofuscado pelo brilho do parceiro do outro flanco. A rectificar, o acerto na marcação de livres e cantos, porque apenas num proporcionou verdadeira oportunidade para golo.

Marcano (6): Seguro e tranquilo, num jogo sem grande dificuldade.

Felipe (7): Fez um golaço a ponta-de-lança e ainda marcou por mais uma vez, mas o vídeo-coiso anulou e creio que bem. Teve um par de momentos onde complicou sem necessidade, mas no geral esteve seguro no pouco trabalho que lhe tocou em sorte.

< 71' Danilo (7): Primeira parte de boa qualidade, com uma intensidade que lhe tem andado fugida desde o início da época. Está, finalmente, a aproximar-se da sua forma normal, o que é boa notícia para toda a equipa.

Herrera (6): Tenho de me abstrair dos últimos vinte minutos, durante os quais praticamente não acertou um passe, para me concentrar dos outros setenta, onde atingiu os mínimos para "justificar" uma nota positiva. Enfim, já não me sobra saliva nem paciência para aprofundar. 




< 76' Corona (7): Bem mais solto e "acertado" do que vinha sendo regra, em especial na segunda parte em que foi desequilibrador e conseguiu marcar e assistir. 

Brahimi (7): Mesmo sem conseguir facturar, esteve especialmente bem na construção, com um grau de objectividade bem superior ao que lhe é habitual. Boa exibição, uma das que mais contribuiu "pela calada" para a grandeza final do marcador.

Aboubakar (7): Marcou o seu golo, mas para mim o seu melhor momento no jogo foi a deliciosa assistência para Marega facturar o terceiro da equipa. No demais, esteve envolvido e solidário com o jogo colectivo.

< 80' Marega (8): O outro lado do espelho de Ricardo, com dois golos e uma "meia" assistência. Possante e demolidor como é seu timbre, atropelou e voltou a atropelar a frágil defesa pacense.

> 71' André André (5): Seria porventura injusto responsabilizá-lo em exclusivo por isso, mas a verdade é que o nosso jogo praticamente acabou quando ele entrou. Seja como for, não impressionou.

> 76' Hernani (5): Chegou quando o jogo já tinha "acabado", pelo que não se poderia esperar que fizesse grande coisa sozinho. E não fez.

> 80' Galeno (5): Registo para a estreia e nada mais.

Sérgio Conceição (7): Montou a equipa que achou a mais indicada e essa respondeu-lhe com uma vitória esmagadora e incontestável. Era exactamente do que todos precisávamos para serenar os espíritos e ratificar opções técnicas. Venham os próximos. 



Outros Intervenientes:



Muito frágil este Paços que se apresentou hoje no Dragão, provável candidato à descida se assim continuar. A destacar alguém, só poderá ser Whelton, pelo bom remate e consequente golo e pelo trabalho que ainda conseguiu dar à nossa defesa.


Quanto a Manuel Oliveira e sus muchachos, demasiados erros num jogo simples de conduzir. Foram realmente muitos desacertos, com destaque para um penálti por marcar por mão na bola num remate de Brahimi e uma provável falta de Corona antes de assistir Abou para o sexto e último golo do jogo. Uma arbitragem fraca, bem à sua medida. Felizmente sem margem para sequer tentar influenciar o desfecho final.




Para fechar, uma nota em discurso directo com o nosso venerável treinador.

Caro Sérgio, permite-me um reparo: para não sobrar margem para especulações, só há um caminho possível: explicar cabalmente as decisões mais relevantes. Se Ricardo não estava em condições ou havia necessidade de o poupar, bastava tê-lo dito após o jogo. E quanto a Iker/Sá, já gastei todo o latim disponível. Nenhum Portista de bom senso tem o mínimo interesse em subtrair em vez de acrescentar à nobre causa que é a nossa, mas a confiança é uma avenida de dois sentidos, convém respeitar ambos. E pelo pouco que conheço de V. Exa., não me parece que se regozije com os auto-intitulados baluartes que só dizem amém. Seguimos juntos, sempre e até ao fim, mas com espírito crítico.


Segue-se a estreia na Taça da Liga, contra o Leixões, já na próxima terça. Bilhetes para o jogo aqui. Até já...



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco





sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Autofagia para Dummies


Conhecem aquela sensação de quando tudo parece a estar a correr demasiado bem para ser verdade? Si, si, esa mismo

A alma lusitana carrega no seu ADN esta particularidade de se achar sempre vítima do infortúnio cósmico, de ser eternamente uma pobre infeliz porque nunca abençoada. Vai daí que, se a vida lhe começa a correr bem para lá de um esporádico episódio, começa a desconfiar de tudo e de todos - hum, deve estar para me acontecer alguma... - e especialmente de si mesmo.

Consequência? Trata ela própria de transformar uma cisma patética numa realidade insofismável. E depois, surpreende-se com isso, ao mesmo tempo que se congratula por ter antecipado tal desfecho. Eu sabia que isto não ia durar! Não fui feito para ter sorte - isso é para os outros!

E pronto, assim se explica como se transforma algo bom em algo negativo, sem nenhum motivo para a transformação que não seja a palermice. É estúpido, não é?


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Achava que não seria necessário ou sequer oportuno retomar o assunto Casillas antes do jogo de sábado, contra o Paços. Porque, enfim, tinha a expectativa de ver reposta a normalidade - o regresso de Iker à titularidade - e, com isso, que o episódio de Leipzig se transformasse rapidamente numa ferida curada, de preferência sem deixar cicatriz no corpo (leia-se balneário).




Ao ver a capa de hoje d' O Jogo, sou forçado a mudar de opinião. Sabendo-se da proximidade do jornal com o Clube, não posso crer que uma capa destas saísse para a rua sem haver uma grande certeza sobre o tema. Admito até que o processo da sua formação tenha sido o inverso - do Clube para o jornal.

Assim sendo, deixaremos de ter um assunto para passar a ter um problema. Porquê? Vamos por partes:

1) Sérgio Conceição foi o escolhido para treinador, ou seja, liderar o conjunto de homens que tem à sua disposição com o propósito de obter o máximo sucesso desportivo. Dentro deste pressuposto, deverá agir como muito bem entender ser o mais apropriado para o conseguir.

2) Iker Casillas é um jogador do Clube e, no que a deveres e direitos diz respeito, deve ser tratado exactamente da mesma forma que qualquer outro jogador do plantel. Aliás, ele próprio deverá ter a consciência de perceber que o seu estatuto de estrela internacional lhe exige ainda maior obrigação de ter um comportamento que seja exemplar e inspirador para os companheiros mais novos e menos experimentados na alta roda do futebol.

3) Não creio que Casillas se tenha feito contratar pelo Porto. Foi certamente o Clube que o convenceu a vir para o Dragão, oferecendo-lhe as condições que achou adequadas - incluindo a prerrogativa de renovação "semi-automática". Uma vez assumido o compromisso, só tem de o honrar. Se não o queria fazer - o que poderia acontecer por razões perfeitamente válidas - teria de, em tempo útil, ter conversado com o jogador e assumir publicamente a intenção de quebrar a ligação.

Somadas estas três premissas, temos um treinador que tem como jogador mais caro e mais experiente o guarda-redes Iker Casillas. Começa a época e Sérgio opta por lhe dar a titularidade. Expectável. Por ser o mais caro e experiente? Também, claro, mas sobretudo por achar que é o melhor que tem à disposição.

Daí até Leipzig, esteve Casillas abaixo do que seria exigível entre os postes? Não. Alguém questionou a sua titularidade fruto de um suposto mau rendimento? Não. Então como pode Sérgio justificar a sua mudança de opinião, sabendo-se que os dois últimos jogos onde Iker participou (Mónaco e Sporting) foram de grande exigência e esteve perfeitamente à altura dos desafios?

Nunca com uma "opção técnica". Objectivamente, não há quase nada a apontar às exibições do espanhol, excepto no jogo com o Besiktas. Mas se fosse esse o motivo, então a mudança teria de ter ocorrido logo a seguir ou até no Mónaco, não agora. 

Se quisermos alargar o conceito de opção técnica aos treinos e estágios - e devemos fazê-lo, diga-se, só que não posso opinar porque a eles não tenho acesso -  então admite-se que possam existir motivos para sentar Casillas no banco. Se Sérgio privilegiar a disciplina de grupo sobre as exibições em campo, é compreensível que "castigue" alguém se não treinar intensamente ou não se comportar de acordo com as regras. Não faço ideia se isso se passou, embora seja o que o jornal sugere como motivos para a decisão.

Para mim, o mais importante nisto tudo não é o Sérgio nem o Iker. É o balneário. O espírito de grupo que se vinha construindo e cimentando a cada nova "batalha" ganha em campo. Aquela simbiose que permite que o todo seja muito mais do que a soma das partes. A génese do Mar Azul.

Que tudo isto seja posto em causa é que realmente me aflige. Desejo ardentemente que o treinador o tenha considerado. E correctamente avaliado o impacto no seio do grupo desta sua decisão. E claro, que Casillas saiba estar à altura do seu impecável estatuto. Da sua postura poderá depender a forma como o balneário (ou parte dele) reagirá. E até o próprio Sá.

Por último mas não menos relevante, temos José Sá, o sucessor em quem "a SAD deposita enorme confiança". Que entrou com o pé esquerdo. E que, até agora, não teve ainda oportunidade de demonstrar que tem o que é preciso para se assumir como titular do Porto. Nem sequer de o sugerir, digo eu. Por outro lado, quando se observa o que os mérdia escrevem e dizem sobre o mai'novo GR de sempre a fazer um autogolo na Champions, talvez Sá esteja no caminho certo. Esperemos que sim.


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Visto de fora, parece-me que Sérgio - e por consequência, todos nós - tem mais a perder do que a ganhar com esta opção. Pode correr mal de várias maneiras: balneário fracturado, más exibições de Sá, Mar Azul para o galheiro. Se lhe correr tudo bem, ficará pelo menos a sensação que arriscou sem necessidade. 

Se queria mudar o titular da baliza, esperava que Iker comprometesse - e se não comprometesse, aguentava. Fosse uma questão mais invisível ao público, como o comportamento no treino ou até do foro disciplinar, teria de a assumir frontalmente, para que não sobrasse dúvida sobre o motivo da sua decisão. Assim, fica a dúvida se não está simplesmente a querer mostrar que é o macho alfa da matilha.

Antecipando já comentários do tipo "és do FC Porto ou do FC Casillas?" ou "temos de estar juntos e unidos" (e apoiar tudinho de boca e olhos fechados), poupo-vos o trabalho de teclar explicando que é precisamente por estar preocupado com o sucesso do Clube e em particular desta equipa que estou a abordar este assunto. Porque tem todo o potencial para desestabilizar a paz perfeita que reinou até agora.

Do meu ponto de vista, é autofagia, pura e dura. Espero estar a ver mal.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Reality Check - Take Dois


Noite muito complicada beyond the wall (@Silva), traduzida na segunda derrota em três jogos na Liga dos Campeões, mas bem menos do que ameaçou ser.

Entrada pouco confiante - desconfiada até - do Porto no jogo, algo que os alemães sentiram e aproveitaram para cavalgar desde o início. Uma boa equipa a construir jogo, este Leipzig, alicerçada num meio-campo de muita qualidade e num ataque veloz e tecnicista.



Ainda mal refeito do choque sofrido com a não-titularidade de Casillas, eis que assisto, para grande infelicidade minha e de Sérgio Conceição, o bom do José Sá a meter água logo no primeiro lance mais apertado e a sofrer o primeiro golo. Se a equipa antes já duvidava do que estava a fazer, a partir daí ficou com a "certeza" de não saber onde estava metida e, pior, como sair dali com vida.

Com a bola a queimar, a única solução era aliviar para as couves do vizinho. Total desnorte e total incapacidade quer para travar um adversário com um plano "perfeito" para nos defrontar, quer para construir alguma coisa parecida com uma jogada.

Mesmo assim, os deuses do futebol não nos quiseram abandonar. À primeira meia-oportunidade, Aboubakar foi ultra-eficaz e repôs uma igualdade artificial, porque apenas existente no marcador. 

Um empate que nos deu moral para acreditar em qualquer coisa, ao passo que o Leipzig hesitou um pouco para perceber se havia algo de errado com o seu plano. Não havia. No espaço de três minutos, o resultado passou para 3-1 e tudo se parecia desmoronar rumo a um descalabro pouco simpático para os nossos egos. 

De novo, eis que os deuses decidem interceder a nosso favor, permitindo-nos um segundo golo à segunda meia-oportunidade, mesmo em cima do intervalo. 

Houve tempo no balneário para rectificar e tentar acalmar os espíritos inquietos que equipavam de azul e branco. O regresso foi mais ajustado ao que o adversário nos exigia, já sem Herrera naquela vertigem alucinada de pressionar a par de Aboubakar e sobretudo sem que o excelente Forsberg pudesse ter tanto tempo e espaço naquela terra de ninguém entre Danilo e a linha defensiva.

Pareceu-me que o próprio Leipzig se "auto-acalmou", tentando evitar receber mais golpes sem misericórdia como os dois da primeira parte, procurando o golo um pouco mais a partir de trás e sem tanta gente no último terço. E bem que o poderiam ter conseguido, tivessem mais acerto ou encontrassem menor tenacidade nos nossos centrais.

Convenhamos portanto que não foi por "acalmar" que deixaram de criar perigo ou que, por não terem conseguido concretizar, não poderiam ter sofrido o empate na parte final. Mas isso seria demasiado cruel para uma equipa que foi claramente melhor e, afinal, os deuses do futebol não estavam assim tão loucos.

Foi uma nova e brusca chamada à nossa realidade, demonstrando que os muitos progressos já conseguidos não são ainda suficientes para outras andanças e cenários - nem os da equipa, nem os do treinador. E que o plantel é o que é, nem mais, nem menos...





Notas DPcA 


Dia de jogo: 17/10/2017, 19h45, Red Bull Arena Leipzig, RB Leipzig - FC Porto (3-2)


José Sá (5): Recebeu do treinador um inesperado presente, mas que acabou por se revelar envenenado. Falhou logo no primeiro lance importante e sofreu um golo. Tremeu, o que se percebe, mas lá se conseguiu recompor para uma exibição "normal".

Layún (5): Se a ideia era capitalizar no seu "faro" de golo, o falhanço foi total. Raramente fez um bom passe (nem sequer se pode falar em tentativa de assistência) e a defender foi mais esforçado do que acertado. Tiro ao lado do treinador.

Alex Telles (6): Lutador mas pouco inspirado para sair com a bola, o que também se deve ao mau jogo colectivo. Sem bola, teve muito trabalho com Bruma e Cª e nem sempre respondeu à altura. 

Marcano (7): Não esteve isento de falhas, mas o que fez bem claramente superou o resto. Teve o jogo mais difícil da época, tal como os demais companheiros, e fez quase tudo para estar à altura. Ah, e ainda marcou. 

Felipe (6): Igualmente bem a defender e a socorrer, mas teve um lance que "facilmente" poderia ter acabado em penálti e expulsão. Não marcou, mas assistiu Abou para o nosso primeiro.

Danilo (5): Deve estar ainda a tentar perceber o que é que lhe aconteceu naquela primeira parte, tantas que foram as dificuldades por que a equipa passou com origem na sua zona de actuação. Na televisão, percebia-se com facilidade onde estava o problema - Forsberg sozinho entre o meio-campo e a defesa - mas em campo ninguém conseguiu lá chegar. Ou se perceberam, foram incapazes de se ajustar. A segunda parte foi bem melhor, mas nem assim se conseguiu estancar por completo a "ferida" central.

< 81' Herrera (4): Pronto, it has returned. Absolutamente perdido em todos os momentos, é quase irónico que mesmo assim tenha estado no sítio certo para fazer uma valiosa assistência. Resumindo, só esteve em campo 80 minutos a mais. Foi bom enquanto durou, embora se deva reconhecer que o erro estratégico não é da sua responsabilidade. 

< 58' Sérgio Oliveira (4): Outra vítima "inocente" da boa estratégia do adversário, andou 45 minutos às aranhas, totalmente perdido quando sem bola e sem lucidez quando na sua posse. Estranhei o seu regresso para o recomeço, mas o pouco tempo que lhe restou deu razão à minha estranheza. Se do seu banco ninguém o ajudou a fazer melhor como se exigia, ele próprio também não se desenrascou sozinho.

< 71' Brahimi (5): Na primeira parte quase não participou no jogo, apenas o vislumbrei já no último quarto de hora e pouco. Na segunda já foi mais "Brahimi", mas partiu muitas vezes demasiado de trás para poder fazer a diferença. Alguns lances bem combinados foi o que de melhor ofereceu à equipa, ainda assim mais do que a equipa lhe ofereceu a ele. Tentou, sempre, mas não teve como fazer melhor.


Aboubakar (6): Contra tudo o que tem feito, foi 100% eficaz logo à primeira oportunidade, ainda por cima num lance de elevada dificuldade de execução (then again, o problema dele são mesmo os lances fáceis). No restante, procurou ajudar a equipa a ter mais bola mas poucas vezes foi bem sucedido. Na frente, houve pouca "química" e, como consequência, poucas oportunidades para marcar. E nessas poucas, houve ainda menos clarividência.

Marega (4): O seu pior jogo desta temporada, totalmente incapaz de tirar partido das suas "peculiares" qualidades. Mérito sem dúvida para o Leipzig, mas na realidade isso pouco o pode consolar, porque a sua exibição foi pouco mais do que inócua.

> 58' Óliver (5): Entrou bem, dando algum sentido e ponderação à construção de jogo, mas rapidamente se deixou absorver por um jogo que se partiu em ataques rápidos e contras do mesmo calibre. Ainda assim, viu-se a diferença que poderia ter feito se tivesse alinhado de início, não em vez de Sérgio Oliveira, mas de Herrera.

> 76' Corona (6): Contra o que vem sendo o seu habitual, entrou muito bem no jogo e conseguiu esticar o jogo pelo flanco e chegar a zonas de perigo. Faltou sair aquele passe de morte ou a última finta antes do remate fulminante, mas gostei. Precisamos de um Corona assim, aliás ainda melhor do que isto, para que nem tudo se esgote em Brahimi.

> 81' Hernáni (5): Última cartada desesperada para chegar ao empate, tentou o que pode mas o que pode não chegou.

Sérgio Conceição (3): Continua o carrossel de aprendizagem deste nosso jovem treinador, umas vezes mais em cima, outras mais em baixo. Este foi um evidente baixo, de tão má que se mostrou a estratégia para este jogo e de tão impotente que se revelou para a rectificar antes que o prejuízo se tornasse irrecuperável. Se ao intervalo apenas perdíamos por um golo, isso em nada se deve ao treinador. Foram 45 minutos de gritante incapacidade de vislumbrar como estancar a avalanche ofensiva do Leipzig, demasiado tempo para um treinador de nível Champions. A nota explica-se porque entendo que deve ser distinguido como o principal responsável pelo mau jogo, mais do que qualquer um dos seus jogadores. E nela não está "ponderada" a ausência de Iker, porque não conheço os motivos.



Outros Intervenientes:



Que grande meio-campo tem este RB Leipzig, com Kampl mas sobretudo Keita e Forsberg. À sua maneira, todos grandes jogadores (agora sim, caro Vidente, percebo com que tipo de médios sonha). Se bem posicionados e perante um adversário impreparado, só podem mesmo ser letais. Então se a eles se juntar a velocidade de Bruma e Augustin... receita completa para o desastre dos adversários.


Quanto à arbitragem da equipa liderada por Paolo Tagliavento, nada de relevante a registar, o que só pode ser bom.


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Porquê, Sérgio?

Porquê inventar "desta maneira"? Será mesmo fado luso esta mania do treinador português pensar que redescobre a pólvora a cada novo desafio mais complicado?

Tinha corrido bem no Mónaco, eu sei, mas foi "só" com Sérgio Oliveira. Três jogos volvidos, toca de acrescentar à "construção" com nova invenção. Layún sempre foi troca directa com Ricardo, certamente baseada numa crença nas melhores possibilidades do mexicano sobre o português de fazer um bom jogo - eu discordo, porque quem tem as rotinas é Ricardo, mas enfim, é só o desabafo de um adepto.

Mas Casillas?

O argumento de escolher os melhores onze não convence, julgo que ninguém. Ainda menos depois de se assistir à forma pouco convicta como respondeu às naturais perguntas sobre o o tema, escondendo-se atrás de uma justificação que nem sequer é razoável, porque a posição de GR é diferente de todas as outras e a que menos alterações tende a ter ao longo de uma época.

Algo se passou, obviamente. O quê, só quem assistiu poderá saber. Falta perceber o que se seguirá, porque sendo um dos 25 que constituem o plantel, Casillas nunca será apenas mais um. E Sérgio sabe-o melhor do que eu.

Veremos o que se irá passar nos próximos dias e em especial no jogo com o Paços (bilhetes aqui), mas de onde me encontro, não consigo tirar nada de positivo desta decisão. Continuamos a crescer juntos...



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Nação Falhada e Imortal


Ouvi há pouco Miguel Sousa Tavares classificar o nosso como um Estado falhado, o que me fez reflectir num outro tom sobre mais uma tragédia nacional trazida pelos fogos florestais.

Apercebi-me desta nova desgraça ao fazer zapping ontem ao final da noite e dei por mim a assistir, petrificado, à reportagem da CMTV - sim, da CMTV que eu me recuso a ver - em directo de Tondela, à porta do estádio onde há poucas semanas estive a ver o nosso Porto. Uma cidade cercada pelo fogo e relatos desesperados de várias pessoas que procuravam saber de familiares espalhados pelas aldeias do concelho foi o suficiente para me manter acordado quase até às três da madrugada.



Cedi por fim ao cansaço e à necessidade de acordar cedo com um último pensamento: estamos perante nova tragédia, e Pedrógão ainda foi só ontem. Infelizmente, confirma-se. Sinto muito por todos os que, inocentemente, estão a sofrer ou sucumbiram ao fogo.

Regresso à opinião de MST, para acrescentar: não é o Estado que é falhado, somos nós, todos nós, os cidadãos-eleitores deste quase milenar mas ainda adiado país. A nação é que é falhada, porque as lideranças são lideranças falhadas, os governantes são governantes falhados, eleitas por eleitores catatónicos e autistas, as instituições são instituições falhadas, a imprensa é uma imprensa falhada, os peritos opinadores são uns absolutos falhados e finalmente, porque cada um de nós, no que à mais relevante construção e participação cívica diz respeito, e também falhado.

Parece-me evidente que a responsabilidade assenta sobre muitos outros ombros para lá deste governo, seria ridículo pensar o contrário ao fim de décadas e décadas de incêndios, ano sim, ano sim. Esse é um argumento válido, simplesmente não suficiente para justificar em pleno o que aconteceu ontem ou antes em Pedrógão.

Uma sociedade - um grupo organizado de cidadãos... - elege os seus representantes em democracia para, lá está, os representarem, zelando pela prossecução do bem comum acima de qualquer outra coisa. 

Pedrógão foi demasiado mau. Sabe-se já, publicamente, que parte relevante dessa tragédia se ficou a dever a um cúmulo de falhas técnicas e erros humanos, por parte de quem deveria saber como lidar com estas situações e, com isso, zelar pela segurança do cidadão comum.

E se a informação já é do domínio público, significa que António Costa e o seu governo já há "muito" o sabiam. E se o sabiam, haveria um curso de acção possível para um governante honrado e comprometido com os cidadãos que deveria representar: assumir todas e cada um dessas falhas e demitir todos os por elas responsáveis.

Numa sociedade democrática viável, não interessa que o responsável/titular de um organismo que falha como um todo seja ele próprio directamente responsável por essa falha. NÃO! Basta que essa falha exista e seja suficientemente grave para que esse cargo deva obrigatoriamente passar para outras mãos, totalmente limpas desse evento. É isso que inspira a confiança das pessoas nas instituições.

Feita essa necessária purga democrática, seria tempo de começar, de imediato, o que tem de ser feito para que isto não se repita sendo evitável. Queriam comissões e relatórios de peritos, os mesmos peritos que há anos andam a ser ignorar, que as fizessem - como fizeram - mas rápido. E com consequências claras e publicamente anunciadas, com metas e prazos.

Como sabemos, nada disso aconteceu. António Costa fez o que faz melhor: desviou o assunto do essencial para o acessório, pondo todo o país jornalístico e "opinador" a falar do que não interessa. Não houve culpados que não fossem os fenómenos naturais e os governos passados. Mesmo que os relatórios os apontem sem (ou com ligeira) hesitação. 

E como nada fez, expôs-se aos caprichos dos incendiários e da Natureza e deu-se mal: ontem voltou a acontecer uma inconcebível desgraça.

Sejamos claros, é possível que, mesmo que este Governo tivesse feito o que lhe competia, o que aconteceu ontem tivesse acontecido na mesma. É possível, sim. Porque não se resolve num par de meses um problema estrutural com muitas ramificações a necessitarem de intervenções de fundo.

No entanto, SE o governo de António Costa o tivesse feito, poderia agora, justamente, defender-se com esses mesmos argumentos - os fenómenos naturais e as omissões passadas. Como não o fez, passa a ser o primeiro réu, que deve (só pode) ser julgado pelos seus crimes.

Estou desde ontem à noite a ouvir jornalistas, comentadores, observadores e paineleiros doutores a pedir a cabeça da pobre ministra, como se esse acto sacrifical pudesse devolver algum sentido de Estado ou até algum closure à situação. Não pode, porque não chega.

E por isso, interrogo-me, pasmado: como é possível que ainda ninguém tenha pedido a demissão do próprio governo na pessoa de António Costa, o primeiro e último responsável político pela situação

Como é possível que hoje não tenham existido gigantescas manifestações cívicas nas principais cidades do país a exigir responsabilidades aos nossos eleitos?

Como? Ah, já sei - e o Miguel também: somos uma valente e imortal nação falhada. Que alguém tenha piedade de nós, porque nós claramente não temos.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco