setembro 2017

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Mónaco Grand Prix


Começou bem a curta estadia no quintal do príncipe Alberto, com o ininterrupto desfile de super e de hiper-carros à porta (e dentro!) do mítico hotel Fairmont, que empresta o seu nome ao "gancho mais famoso" do mundo da F1 e que se estende por cima do não menos famoso túnel do circuito monegasco.


 

Vivido o sonho por empréstimo de um dia, chegou então a hora de voltar a pôr os pés no chão e rumar ao estádio do nosso anfitrião de ocasião, o campeão francês AS Mónaco, que conta com os nossos Moutinho e Falcão nas suas fileiras.

Viagem curta, entrada fácil, tudo a correr bem. Só faltava mesmo era conhecer a equipa inicial e arrancar uma exibição que não "deslustrasse" nem retirasse confiança para o Clássico que se seguiria.

Sérgio Oliveira. Após uma comprometedora derrota em casa na estreia, eis que mister Sérgio se lembrava de ir resgatar o proscrito, o esquecido homónimo, que não somava sequer um minuto na temporada e jamais havia jogado na Champions. 

Logo começaram os whatsapps e os tweets a lembrar "inventores" de outros tempos, como Oliveira e Jesualdo, que de modo análogo decidiram "acabar" com as insípidas carreiras de Costa e Nuno André Coelho. Não temia tanto, porque Sérgio Oliveira já estava mesmo a caminho da porta de saída, mas temi que uma má entrada nos pudesse deixar em maus lençóis no encontro.

O maior de sempre, para todo o sempre
Até porque, além de Sérgio Oliveira, estava também Herrera no onze. Se resistir a um já seria difícil, a dois...

Sendo um apreciador do menino Sérgio, seria fácil e até coerente escrever que sim, que sempre esperei que o desfecho fosse o que foi. Mas não seria honesto, e com isso teria muita dificuldade em conviver.

Antes do o jogo começar, temi o pior. E achei que o mister estava a cometer um (outro) erro.

O que se seguiu, já é história. Uma exibição de raça, sempre de fato-de-macaco, com laivos de qualidade a espaços e muita "crença" nos momentos decisivos. Correu, de facto, quase tudo de feição (incluindo o impedimento de André André...). Mas, que ninguém duvide, fizemos muito por isso. Vencedores incontestáveis, pela força dos números e pelo natural desenrolar dos acontecimentos. 

Grande vitória, sem "ses" nem "mas". À Ayrton Senna da Silva.

E assim se inverte o cenário psicológico no grupo G, nascendo a expectativa (e a esperança) para a conquista de 4 ou 6 pontos no duplo confronto com os alemães de Leipzig e a consolidação num dos dois lugares de apuramento. What a difference a day makes...



Notas DPcA 


Dia de jogo: 26/09/2017, 19h45, Stade Louis II, AS Monaco - FC Porto (0-3)


Casillas (6): Uma mão cheia de hesitações, precipitações e calafrios a salpicarem uma exibição menos trabalhosa do que o esperado.

Ricardo Pereira (8): De longe, o seu melhor jogo de Dragão ao peito. E até nem começou muito bem, algo retraído e talvez receoso da velocidade dos monegascos. Aguentou-se e na segunda parte foi monstruoso a defender e competente a atacar. Para dar continuidade, por favor.

Alex Telles (7): Exibição de bom nível, ainda que menos impressivo do que o parceiro do outro lado. Foi precipitado e desposicionou-se em demasia (Brahimi "ajudou") na primeira meia hora, o que por pouco não se traduziu em golo sofrido. Melhorou e acabou em alta, tal como a equipa.

Melhor em Campo Marcano (8): Uma falha no meio de um jogo enorme, superlativo. Muito, muito bom. Acredito que poucos tenham visto o jogo desta forma, mas eu, que o vi no estádio, é nele que aposto como o mais importante para o resultado final.

Felipe (7): Também muito bem a limpar no centro da área, foram dezenas de cortes, mas teve um lapso grave que poderia ter dado golo que lhe mancham a exibição e a nota.

Danilo (6): Teve muitas dificuldades para se entender com as movimentações adversárias... e com os companheiros, o que até se percebe pela falta de rotina. Mas superou-as com uma vontade inquebrantável e assumiu até um papel "construtivo" mais relevante do que o seu habitual. Muito trabalho, mesmo se nem sempre com grande qualidade.

Herrera (7): É realmente difícil qualificar esta exibição, tantas foram as coisas boas e as más que deu ao jogo. À falta de melhor, insisto na minha imagem da montanha-russa. Com Héctor é assim: tanto faz uma boa jogada ou um corte importante como logo a seguir faz uma trivela que lança o contra-ataque do Mónaco ou tropeça num companheiro. Enfim, nem vou tentar mais do que isto...




< 86' Sérgio Oliveira (8): Eu dizia-vos que ainda não tinha desistido deste menino... e, aparentemente, o mister também não. Em boa hora, porque foi o jogador de que a equipa precisava, em especial para dar alguma lucidez e tranquilidade à nossa posse de bola, começando a construção desde trás, quase sempre com (bom) critério. E lutou sempre. Sim, que normalmente lhe falta intensidade e velocidade de execução, mas ontem esteve num nível superior. Que bom.

< 71' Brahimi (7): Andou desaparecido durante mais de vinte minutos, os primeiros do jogo. Depois, chegou, viu e convenceu. Não conseguiu o seu golo, apesar da oportunidade clara, mas ajudou muito a desestabilizar o adversário, causando-lhe dúvida e receio do que poderia fazer a seguir. Saiu a resmungar, mas creio que rapidamente compreendeu que era preciso preservá-lo para o próximo jogo.

< 71' Aboubakar (7): Marcou dois golos, foi obviamente decisivo, mas não lhe vi grande desempenho. Aliás, no primeiro só marcou à segunda. Mas... marcou. Não me convenceu ainda, espero bem mais dele, em especial no entendimento com os colegas (nem sempre leu bem o que o jogo lhe pedia) e, claro, na finalização.

Marega (8): Desta vez não marcou (e podia... e devia), mas fez duas boas assistências. E foi, ainda outra vez, a locomotiva que leva o jogo para zonas de perigo e põe toda a defesa em sobressalto. Não foi brilhante, mas foi muito competente a desempenhar o seu papel - e decisivo no desenrolar dos acontecimentos. 

> 71' Corona (5): Outra vez o elo mais fraco, sem acrescentar nada de relevante à equipa.  

> 71' Layún (6): É um daqueles jogadores que tem "golo" no sangue. Jogue muito ou pouco, bem ou mal, consegue quase sempre estar no sítio certo para marcar e/ou assistir. Entrou e não encaixou logo na equipa, mas... quando chegou a hora, lá estava ele para facturar. E assim encerrar o jogo.

> 86' Reyes (-): Entrou para ajudar a passar os últimos minutos e cumpriu.

Sérgio Conceição (9): Conhecido o onze inicial, era elevado o risco de ter uma nota muito baixa... ou - menos provável - muito alta. Felizmente, tem nove. Sim, nove. Porquê? Porque foi ele o melhor em campo, porque arriscou alto e foi recompensado. Claro que o jogo nos correu de feição, mas isso faz parte do ofício. O que realmente importa é que foi dele a estratégia e a aposta em Sérgio Oliveira, que lhe devolveu a confiança depositados com juros gordos. E assim ganhou mais uma série de coisas boas: relançou a equipa na competição, descobriu mais uma solução válida no plantel e volta a casa com confiança acrescida para domingo. Era realmente difícil pedir-lhe mais. Bravo. 



 

Outros Intervenientes:



Saudades, muitas saudades de Radamel e Moutinho. De resto, nada a destacar. Bom, talvez a terrível dificuldade de Jardim para engolir os três secos. Mas pronto, custa a todos.

[Já na noite de hoje, houve um jovem desconhecido que me chamou muito a atenção: Oberlin. Será que o garrote financeiro não afrouxa um pouco para se contratar já este menino?]


Quanto à arbitragem da equipa liderada por Slavko Vincic, pareceu-me não nos ter sido nada desfavorável, pese alguns erros "normais" e para ambos os lados. E garantidamente que não será um jagunço viperino como Duarte Gomes a fazer-me mudar de opinião. Positiva, sem dúvida.


- - - - - - - - -

Segue-se a emocionante deslocação a Alvalade, onde estarão em disputa os habituais três pontos, mas mais do que isso: a consolidação da liderança e - em caso de vitória - um passo muito importante rumo ao objectivo principal.

Espero muitas dificuldades, por aquilo que o Sporting já mostrou ser capaz, mas sobretudo por uma das certezas absolutas do futebol nacional: somos sempre, mas sempre prejudicados naquele estádio. Umas vezes de forma mais escandalosa, outras mais discretas, mas sempre prejudicados.

Temos, por isso, de ir com a convicção de que não bastará jogar tanto como eles: neste jogo, teremos sempre de ser melhores para, pelo menos, não perder.

E vamos ser melhores.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



P.S. - Deu Xistra, um dos que se imortalizou emprestando o nome a um dos andamentos do treta. Se dúvidas houvesse sobre o ser sempre prejudicado em Alvalade...

P.P.S. - Parabéns, meu querido Clube! 124 and counting... fight on!




sábado, 23 de setembro de 2017

Easy Riders


Ora viva, meus caros leitores, uma boa noite para todos - para ser mais exacto, continuação de uma.

Sim, porque a nossa noite começou lindamente, garantindo-se mais uma vitória rumo ao objectivo principal nesta temporada. O adversário de ocasião, o brioso Portimonense SC, cumpriu a palavra do seu técnico Vítor Oliveira (um abraço de estima, meu caro) e veio ao Dragão disputar os três pontos.


Catarina Morais / Kapta +

E até começou bem, apesar da nossa entrada voluntariosa. Conseguiu contrariar grande parte dos nossos intuitos e ainda espreitou o golo durante o primeiro quarto de hora de jogo. O que aconteceu depois, foi a primazia da estatística, que nos sugere que em cada dez jogos em casa contra um adversário teoricamente inferior, ganharemos nove... e meio.

Foi Ricardo quem deu o mote aos 15 minutos, com um remate rasteiro cruzado que passou a milímetros do poste, mas teve de ser o capitão Marcano a desbravar território de golo até então intocado, após um canto de Telles mal defendido.

Foi o início de um tornado de futebol ofensivo, curto mas muito intenso, que culminou com mais dois golos - um a cada três (!) minutos. Primeiro, Aboubakar (mas só na recarga...), depois, Marega, que picou a bola sobre o GR com um toque de classe (!!) após boa assistência de Corona.

À meia hora, o jogo parecia decidido e controlado. Só que o Portimonense não desistiu e conseguiu mesmo reduzir num grande lance individual do japonês Shoya Nakajima. Belo golo, sem dúvida...

Até ao intervalo, o jogo foi mais morno, com os nossos a tentarem assimilar o tiro no porta-aviões. No regresso, mentalidade renovada e de novo para cima deles. Não foi imediato, mas em crescendo. Uma brisa aqui, uma rajada acolá e enfim, novo tornado. Uma dessas rajadas valeu mesmo o 4-1 a Brahimi, que assinou a sua melhor exibição da temporada (das duas últimas temporadas, digo eu).

Estava novamente dado o tiro de partida para uns bons minutos de futebol vivo, rápido, com propósito e esclarecido. Sim, deu gosto ver o Porto jogar hoje! Quantas vezes podemos dizer isto de peito feito? (Silva, dispenso a tua resposta, obrigado)

O corolário foi novo golo, o quinto, com Brahimi a bisar na melhor combinação ofensiva do encontro. Por contar, ficam os mais que poderiam ter entrado.

Única nota negativa, o segundo golo sofrido. Se no primeiro há grande mérito ofensivo, neste havia gente a nanar antes do tempo. Um golo sofrido nos Arcos, dois agora em casa... vamos estancar a ferida por aqui, ok?

Ficou a sensação de termos feito o trabalho importante demasiado cedo, para igualmente cedo começarmos a pensar em ir estourar os proventos no Casino de Monte Carlo. Aconteceu que o adversário tinha outra ideia, mas, felizmente, soubemos compreendê-la e voltar à carga para que a coisa se fizesse sem sobressalto. Agora sim, rumo a New Orl... perdão, Mónaco. Born to be wi...nners. Easy does it.

Sete jogos, sete vitórias. Perfeito.



Notas DPcA 


Dia de jogo: 22/09/2017, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - Portimonense SC (5-2)


Casillas (6): Dois golos encaixados sem nada poder fazer para o impedir. Lembro-me de uma boa defesa em cada parte, nada mais. Noite ingrata, que nitidamente o agastou. Aguenta e no llora...

Ricardo (6): Eventualmente, o elo menos forte. Pouco inspirado, apesar do esforço e alguma desconcentração a espaços. Ainda assim, jogo positivo.

Alex Telles (7): Queria fazer mais e melhor e à custa disso foi deixando transparecer algum desespero. Não vale a pena: quem joga assim, acabará por fazer golos e (continuar a fazer) assistências. Importante mesmo é manter a concentração.

Marcano (7): Muito bem atrás e ainda abriu o marcador. Pena ser um dos "réus" no segundo sofrido. Em todo o caso, exemplo de capitão.

Felipe (6): Bem melhor do que vinha sendo habitual, pese um ou outro desacerto. No primeiro golo, fica mal na foto, mas há que relevar o mérito do adversário. Já no segundo, reparte "culpas" com Marcano. É este o caminho, mas com calma...

< 75' Danilo (7): Sim, sim o "velho" Danilo está em vias de regressar... hoje já deu ares. Que seja no Mónaco... ou em Alvalade.

Herrera (8): ***AVISO: CONTEÚDO CHOCANTE*** O jovem Héctor regressou em grande plano, cotando-se como um dos melhores em campo. Pouco foi o que fez mal (só me lembro de uma Herrerice) e muito o que fez bem. Mais importante, soube estar em campo a agir como um (bom) jogador de futebol, em cada momento do jogo. Até cabeceou ao poste e tudo. Ai, se fosse para durar... ***FIM DE AVISO***

< 66' FuerzaMexico (7): Também alguns furos acima da sua "média" desta temporada, com mais objectividade e uma bela assistência. Sim, que pode (e deve) render ainda mais, mas... antes para cima do que para baixo. E Força México!


Catarina Morais / Kapta +


Melhor em Campo Brahimi (8): Hesitei entre ele e Marega para a distinção, mas talvez embalado pelo Mar Azul, deixei-me ir onda... e sem arrependimentos. Ambos estiverem em muito bom plano, mas Brahimi bisou e jogou bem, realmente bem, conseguindo um princípio, meio e fim para grande parte das suas intervenções - o que é (ainda?) muito raro! Brravô, mais dois joguitos assim, por favor. E depois se verá.

< 75' Aboubakar (7): Vá lá, conseguiu marcar. A sério, começa(va) a desesperar-me, ele e os seus falhanços... que os teve, novamente, mas... marcou. E lutou, como sempre.

Marega (8): Continua na sua quimera, aparentemente imparável, de ser um dos jogadores mais valiosos desta equipa. Um golo como ainda não lhe tinha visto e uma assistência oportuna, entre muitas corridas flanco abaixo... e acima, também. Precioso.

> 66' Óliver (6): Gostei muito do sinal que (me parece) SC deu ao elegê-lo como primeira opção para entrar, tendo sido de novo preterido no onze. Não teve oportunidade para corresponder como desejaria, mas mostrou que há coisas que só ele pode dar à equipa. E sim, funcionou bem o meio campo a três, no pouco tempo que durou a experiência.

> 75' Soares (5): Queria muito dizer que entrou e deixou a sua marca, mas não posso. A mim, não marcou. Terá tentado, porque o faz sempre, mas sem sucesso. O banco parece ser a sua nova casa para os tempos que se seguem... até que deixe de o ser (vem aí o Sporting, amigo Tiquinho...).

> 75' Diego Reyes (6): Estreia absoluta na temporada, logo numa posição que, não sendo a sua, não lhe é de todo estranha. Rendeu Danilo e esteve à altura. Ok.

Sérgio Conceição (8): A vitória "exigia-se" neste jogo, em casa e frente a um adversário que luta(rá) pela permanência. Por ela, não será credor de grandes loas. Já pela forma como foi conseguida, em especial durante os vendavais de futebol que passaram pelo Dragão em ambas as partes e durante largos minutos, são merecidos vários encómios. O mais relevante, é a tal evolução no jogo colectivo, numa espécie de regresso à pré-época naquele futebol de tabela curta e progressão, capaz de empolgar qualquer estádio; também significativo foi constatar a passagem por vários sistemas durante a partida, incluindo... o 4-3-3. Durou pouco, mas valeu. Assim, até eu - um típico adepto - consigo ver evolução. Demorou, mas chegou. Que seja para manter.


Outros Intervenientes:


Como já devem ter deduzido, sou um admirador de Vítor Oliveira. Um homem íntegro e que percebe muito de futebol - para mim, chega para me tornar fã. Trouxe o seu Portimonense de modo a disputar o jogo, quase o conseguia, não fossem algumas pequenas traições e a grande inspiração do adversário. Destaque óbvio para o pequeno japonês Nakajima e também para Paulinho, ambos muito mexidos e com sentido de baliza.

Nota: se não houver nada de mais grave a marcá-la, esta será a Liga dos Paulinhos. Mas haverá algum regulamento desconhecido que obrigue cada equipa a ter um? Braga, Chaves, Portimonense... quem mais? Quem mais? A sério, vamos lá cooperar... um fica Paulo, outro Paulito, outro Paulão e enfim, um que se aguente Paulinho. A sério...


Quanto à arbitragem de Luís Ferreira e equipa, alguns erros disciplinares e uma ou outra má avaliação dos lances, mas sem influência alguma no desfecho final. Nota positiva.


No que toca ao campeonato, estamos como queríamos: chegaremos a Alvalade com o pleno de vitórias e pontos. Se eles também o conseguirão, veremos mais logo. O nosso trabalho está feito.

Pese todo o interesse e importância desse clássico, pelo meio há Liga dos Campeões. Sim, seria melhor que não, mas... mais vale ir ao perigoso mas acessível Mónaco do que receber o Barça, certo? Lá estarei, se tudo correr bem. Por agora, é sentar na poltrona e ver o que os outros vão fazer. Feels good...



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

A Mudança Nos Arcos da Liderança


Na tarde solarenga (e sem vento!) dos Arcos, o ovo-surpresa eclodiu assim que me chegou aos ouvidos o onze inicial. Pensava eu que eram águas passadas, de outros carnavais, isto das mudanças radicais de um jogo para o outro... mas afinal, parece que não. 




O que me preocupa, a única coisa que ainda me preocupava após o apito final que confirmou a nossa vitória, é a situação de Óliver. Não percebi o que se passou, nem na quarta, nem ontem. A saída ao intervalo foi estranha, mas, enfim, coisa de treinador impaciente, pensei. 

Já a relegação para o banco contra o Rio Ave não "encaixa", extravasa o jogo da Champions e sugere algo mais. Não sei se sim ou se não, mas preocupa-me. Por Óliver, mas principalmente... pelo resto. Já veremos o que nos reserva o próximo capítulo.

Nos Arcos, onde a bola rolou, jogava-se um encontro fundamental para a época Portista. Depois do circo ter ardido no Bessa e da vitória confortável do Sporting, a nossa resposta tinha de ser uma vitória. Apenas e só uma vitória.

Sérgio Conceição apostou numa mudança "radical" e deu-se bem. Além do espanhol, também Corona foi preterido no onze. Quem subiu ao palco foram Otávio... e Herrera. Sim, Herrera. No lugar de Óliver. 

Como seria de esperar, o nosso jogo não foi pensado. Não havia quem. E também não foi pausado, controlado, com bola, quero dizer. Não havia quem. E assim sendo, o plano só poderia ser um: pegar na bola e zarpar rumo à baliza de Cássio. Tudo rapidinho, a toque de caixa... a bola estava pouco tempo em nossa posse, porque o plano era outro. Quer dizer, só podia ser.

Após uma primeira parte repartida mas com as escassas oportunidades a serem essencialmente nossas (a mais flagrante por Brahimi, logo ao minuto 8), a equipa regressou mais determinada em conquistar os três pontos. Sentia-se pela forma como os jogadores se entregaram desde o apito do recomeço. Não (me) surpreendeu portanto o golo ao minuto 54, excepto pelo marcador: o totalmente fora de forma Danilo respondeu da melhor maneira a um canto de Telles e abriu a contagem. Melhor ainda, ele próprio se serviu desse estimulante para subir de rendimento.

O jogo continuou repartido, com o Porto a procurar o segundo. Que chegou treze minutos depois, pelo inultrapassável Marega, concluindo uma jogada individual de Brahimi, que recebeu a bola após um passe falhado de... Marega.

Com dois golos de vantagem, suspirei finalmente de alívio. Já não escaparia a vitória. Só que... o Rio Ave não desistiu (e muito bem) e a dupla substituição não resultou conforme seria esperado. Ricardo subiu no terreno, entrando Maxi para a lateral direita por troca com Otávio; e o perdulário Abou deu o lugar a Soares

A equipa quis então controlar o jogo, controlando a bola, mas não tinha como. A pressão alta do Rio Ave, que entretanto também mexeu (bem), quase que nos obrigava a subir sem hesitar, procurando o ataque em cada possibilidade para evitar perder a bola perto dos domínios de Casillas. O "plano" parecia estar a resultar - estava a resultar, porque o adversário não conseguia criar reais situações para marcar - até que Telles se lesionou e foi obrigado a sair. 

Na sequência, ainda Ricardo estaria a reprogramar o chip para defesa esquerdo, deu-lhe um "ecrã azul" e permitiu que Nuno Santos recebesse a bola à vontade nas suas costas e batesse o indefeso Casillas. E o coração lá voltou a bater forte, pois que ainda sobravam dez minutos mais os (previsivelmente longos) descontos. Soubemos gerir a vantagem sem grandes sobressaltos e ainda espreitamos o golo da tranquilidade.

No final, vitória justíssima e missão cumprida. Uma vez mais. Siga!




Notas DPcA 


Dia de jogo: 17/09/2017, 18h00, Estádio dos Arcos, Rio Ave FC - FC Porto (1-2)


Casillas (6): Jogo sem grande trabalho, o que teve de fazer foi sobretudo pelo ar - o que não o favorece, como sabemos - e cumpriu. Sem hipótese de defesa no golo.

Ricardo Pereira (5): Foi-lhe pedido muita coisa diferente durante o jogo e - por azar - falhou de forma grave numa dessas mudanças de papel. O resto do jogo foi positivo, mas esse lance marcou-lhe a exibição.

< 80' Alex Telles (7): Mais um jogo de vai-vém, não excepcional mas seguro. E mais uma assistência de bola parada. Que recupera a tempo do próximo jogo... ou do seguinte - sem precipitações!

Marcano (7): Jogo complicado para os centrais, a exigir muita concentração e disponibilidade física. Cumpriu bem em ambas, bom jogo

Felipe (7): O mesmo que Marcano, ainda que num estilo mais rude. Sem problema.

Danilo (6): Andava entre o mau e o sofrível, até que... golo. Uma bela tolada ao primeiro poste, a inaugurar o marcador. A forma efusiva como festejou foi um prenúncio de um resto de jogo a um nível superior, mesmo sem deslumbrar "como dantes". Que tenha sido o primeiro passo nesse caminho.

Herrera (6): A surpresa maior no onze, entrou com vontade de justificar a aposta, apesar da habitual trapalhice quando se trata de lidar com a bola. Descontando esses "detalhes", esteve bem no jogo, inclusive no transporte de bola e no passe (!). Se eu não soubesse, ficaria esperançado...

< 68' Otávio (6): Não resultou em pleno a aposta, mas também não foi "tempo perdido". O espírito combativo permite-lhe ir disfarçando a presente falta de inspiração, em especial quando outros acabam por assumir esse protagonismo e os resultados aparecem. Mas... é preciso arribar, só "isto" não chega.

Brahimi (7): Teve uma perdida logo a abrir que não deveria acontecer, mas não se deixou afectar e continuou igual a si próprio. Subiu de rendimento na segunda parte, com destaque para a assistência para Marega, após boa jogada individual.

< 68' Aboubakar (5): Mais uma falha "escandalosa", que põe em causa todo o outro trabalho que foi desenvolvendo, porque se trata do corolário desejado e necessário de um ponta de lança. Não foi ontem que voltou a cair nas boas graças de todos os adeptos...




Melhor em Campo Marega (8): All abord...The Might(y) Train! É uma verdadeira locomotiva este mousso, daquelas com milhares de cavalos para puxar centenas de vagões de carga... impressiona vê-lo cavalgar campo afora, abalroando (legalmente!) quem se atrever a cruzar-se no seu caminho. Um poço de força, que dura todos os 90 minutos. Cereja no topo do bolo: um golo... de bico! Marega é isto, não se lhe peça outras coisas. E "isto", neste jogo, foi fundamental para garantir os três pontos.

> 68' Soares (5): Rendeu Abou sem ganhos evidentes. Creio ser um caso onde ambos beneficiam com a presença um do outro... e se ressentem quando a solo. Empenhou-se, teve uma meia-oportunidade e pouco mais.

> 68' Maxi Pereira (5): Entrou para a sua posição natural e cumpriu, apesar de algumas dificuldades para conter a velocidade dos avançados do Rio Ave.

> 80' André André (5): Entrou para render um lesionado e acabou também ele lesionado. No entretanto, esforçou-se para manter a sua zona de acção estanque e cumpriu. Com bola, nada de relevante.

Sérgio Conceição (7): Quis abanar a equipa depois da primeira derrota da época, mexendo na zona nevrálgica da equipa, o que - em minha humilde opinião - é sempre arriscado. O jogo correu de feição, também porque a equipa fez por isso, em particular Herrera que respondeu bem à aposta nele. Mexeu e venceu. Pouco importa se não me convenceu. Mas importa (a todos) uma voz que nos tranquilize quanto ao que se passou com Óliver, seja por palavras, actos ou... omissões. Venha o Portimonense, que já hoje deu um belo espectáculo de futebol, em conjunto com o Feirense. 



Outros Intervenientes:



Muito bem este Rio Ave de Miguel Cardoso - para mim, (ainda hoje) um ilustre desconhecido - a justificar o porquê deste bom arranque de época. Joga um futebol positivo e bem elaborado, o que é bonito de se ver e de se saudar. Mesmo perante a ausência de Geraldes, a equipa bateu-se muito bem, fruto do jogo colectivo e das boas exibições de Nuno Santos, Barreto e Rúben Ribeiro.

Quanto à arbitragem da equipa liderada por Jorge "p*t@ da baliza" Sousa, não me apercebi de nada relevante a destacar. O que só pode ser bom sinal. Os meus parabéns, portanto, por esta boa arbitragem. Não é assim tão difícil, pois não??



Segue-se a recepção ao Portimonense, já na sexta, na antecâmara de Alvalade. Fundamental, portanto. Bilhetes para o jogo aqui.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



Onde Está a Bola? #49


Na sequência da saborosa vitória em Vila do Conde, segue-se a recepção ao Portimonense SC e com ela, mais uma jornada do Onde Está a Bola? (OEaB?) e mais dois bilhetes para serem ganhos. O jogo realiza-se na próxima sexta, dia 22, às 20h30.

Já sabem que este ano podem candidatar-se à Edição Especial apenas através do envio das vossas selfies no Dragão para  lapisazulebranco@gmail.com. O melhor é começar já...  

Vamos então à edição #49!


"Onde Está a Bola? #49 - Portimonense


Respostas possíveis #49 (Portimonense):

A - Bola Azul
B - Bola Verde 
C - Bola Laranja 
D - Bola Púrpura
E - Não há nenhuma bola escondida 


Já descobriu? Então deixe o seu palpite na caixa de comentários, tendo em atenção as seguintes regras de participação:


1 - Escrever a resposta que considera acertada na caixa de comentários deste post, indicando igualmente um nome e um email válido para contacto em caso de vitória.

2 - Entre os que acertarem, será sorteado o vencedor através da app Lucky Raffle (iOS).

3 - Para ser elegível para receber os bilhetes, deverá fazer o obséquio de:

   a) Comprometer-se a enviar-me duas ou mais fotos da sua ida ao estádio (pelo menos uma selfie) nas 48h seguintes ao jogo, acompanhadas da resposta à pergunta "Como foi a sua ida ao Estádio?" (duas frases bastam, desde que venham do fundo da Alma Portista...);

   b) Registar e confirmar o seu email (nas "Cartas de Amor", na lateral direita do blogue);

   c) Seguir o FB e o Twitter do DPcA (basta clicar nos links e "gostar" ou "seguir"). 
   Quem não tiver conta nesta(s) rede(s) não será excluído, mas... cuidado porque o Lápis vai investigar :-)

4 - Apenas será aceite uma participação (a primeira) por cada email válido.

5 - Cumpridos todos os critérios, o vencedor sorteado será contactado por email, recebendo instruções sobre como e quando levantar os bilhetes.

6 - Se já tiver Dragon Seat ou outro tipo de acesso, poderá oferecê-los a um amigo ou familiar que não tenha a mesma sorte.

7 - A edição #49 deste passatempo termina às 23h00 de 20 de Agosto e o vencedor (a quem será enviado um email logo após o sorteio) terá de reclamar o seu prémio até às 14h00 de dia 21.

8 - Se o vencedor não reclamar o prémio até à data e hora referidas no ponto anterior, será contactado o primeiro suplente. Se o primeiro suplente não reclamar o prémio até ao prazo limite indicado no email de contacto, será contacto o segundo suplente (e assim sucessivamente até que um sorteado reclame o prémio).

E é só! Concorra e divulgue, queremos o Dragão sempre cheio de Portistas! 


- - - - - - - - -


Vamos agora ao acerto de contas das duas últimas edições, a #47 (Chaves) e a #48 (Besiktas).


#47 - Chaves

 

Resposta certa: D - Bola Púrpura

 

Vencedor: Rafael Pereira!



Primeiro, a comparação entre imagem original e modificada.



Agora, os habilitados ao sorteio e respectivo vencedor.



Por fim, as fotos já editadas pelo próprio Rafael, seguida do seu testemunho sobre esta ida ao Dragão:


"Foi incrível voltar a casa e assistir mais uma vez ao nosso GRANDE PORTO!
 
Não podia estar mais feliz... a equipa continua a demonstrar que está mais forte que nunca e nada nem ninguém nos vai conseguir parar, este ano é NOSSO!
 
Também fico muitíssimo feliz por este Mar azul continuar e espero que se prolongue por muito mais tempo. Só tenho que agradecer pela oportunidade.
 
Muito obrigado, Do Porto Com Amor"


Muito bem, Rafael, até me poupa trabalho e tudo!


- - - - - - - - - 


#48 - Besiktas

 

Resposta certa: D - Bola Púrpura

 

Vencedor: Cláudia Cardoso!



Primeiro, a comparação entre imagem original e modificada.



Agora, os habilitados ao sorteio e respectivo vencedor.



Por fim, a compilação das fotos enviadas pela Cláudia e o seu relato escrito desta experiência:

"É sempre com grande emoção que se vive as noites europeias no Dragão! Infelizmente não estivemos ao nível que devíamos e acabamos por cometer demasiados erros. 

Mas nada está perdido, com este Mar Azul incrível a apoiar, esta equipa, com a garra e vontade que tem demonstrado, ainda nos vai dar muitas alegrias.
 
Obrigada, Do Porto Com Amor!"


Excelente, Cláudia, até à próxima!


 
Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco
 



sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Vídeo Ga Ga, Vídeo Goo Goo


No meio de todo este chinfrim à volta dos desempenhos pouco transparentes do Video Assistant Referee, por cá mais conhecido por VAR ou vídeo-árbitro, importa fazer uma breve reflexão, tão desapaixonada quanto possível.

Não, meus caros, não me estou a desdizer nem a embarcar no conto do candeeiro vigário. Relembro que escrevi isto aqui. E que o reafirmo.

Estou simplesmente a procurar raciocinar sobre uma ajuda tecnológica à equipa de arbitragem que, em tese, tem tudo para ser relevante e bem acolhida por todos.


- Alguém viu onde pousei o apito?

Vamos por partes, começando pelo princípio.

O VAR foi introduzido à pressão (para não dizer às três pancadas) em Portugal. Não houve planeamento suficiente, selecção adequada de recursos humanos nem muito menos o fundamental treino para os futuros VARs e AVARs.

A FPF avançou à pressa com esta medida para tentar aliviar o ar quase irrespirável que pairava sobre a liga portuguesa, graças à revelação da enormidade do polvo sujo que tem deturpado o desenrolar e desfecho final das competições nacionais. No fundo, tratou-se de uma oficialização daquilo de que já todos desconfiávamos. Mas o discurso directo e televisivo, assumido pelo Clube pela voz de FJM, tornou o assunto incontornável. Sort of, anyway.

Tudo o que é introduzido à pressão, corre sério risco de ser expelido com o dobro dessa pressão. Pois, não soa lá muito bem, mas percebem onde quero chegar. Não é um nado-morto, mas nasceu torto. E o que nasce torto...


Vídeo-Captura



Havendo este vazio de preparação e planeamento, é fácil de entender o que se passou a seguir. Toca de preencher as vagas com os amigalhaços do costume, entre os quais se incluem os "meninos bonitos" dos "meninos queridos" do primeiro-ministro (o que não leva caril na receita). Tinha que dar borrada, obviamente.

Figuras autoritárias dentro de campo - porque pouco resolvidas e inseguras fora dele, de que é exemplo paradigmático Jorge Sousa e o seu outburst com um jovem GR lagarto - os árbitros lusos têm agora um palco adicional onde "exibir" as suas fracas personalidades: um mini-estúdio de televisão, isolado do mundo e sobretudo da populaça dos estádios, onde podem livremente dar asas à imaginação, "dinamizar" as carreiras e expurgar as frustrações.

O "Agueeenta! Agueeenta!" não tem nenhuma relevância per si. Aliás, é perfeitamente compreensível, à luz do que se sucedia dentro do campo: um golo acabado de marcar suscitava dúvidas no início do lance, pelo que era importante alertar de imediato o árbitro principal desse encontro.

O tom, as palavras escolhidas, a suposta emoção que delas retiram, não valem nada. São giras para parodiar, são fáceis de desvirtuar (eventualmente), mas não têm qualquer valor intrínseco. Atribuir-lhes esse valor é próprio dos mestres propagandistas, no fundo, aquilo que se pretende criticar - e com total propriedade.

O problema aqui é que ninguém se preocupou em "ensinar" aos novos VARs como se deveriam comportar, que tipo de linguagem utilizar e evitar e como proceder. Há um conjunto de indicações, sim, mas parece-me que suficientemente vagas ou "abertas" para permitirem desempenhos quase antagónicos por parte dos diferentes VARs. No fundo, ao sabor das suas personalidades - que, como já vimos, não são muito recomendáveis.


- Fora de jogo! Fora de jogo!


Ultrapassadas as questões da aparência, vamos ao que realmente importa: a essência.


Same Old, Same Old



Aqui é que está, obviamente, o cerne do problema. Os VARs são os árbitros, os mesmos árbitros que andam há (pelo menos) quatro épocas a inclinar estádios sempre a favor do mesmo - este Benfica dos sem-vergonha. Seja por amor, carreirismo ou incompetência; seja intencional, subconsciente ou por mero azar; o facto é que o fizeram e continuam a fazer. Não sei se são todos ou apenas alguns, sei sim que são em número suficiente para desvirtuar o desfecho final das competições. É factual.

E sendo os mesmos, o que esperavam que acontece? Que se transformassem ao entrar no bunker, despindo as suas vestes sujas à porta? Que lá dentro, como que por milagre, fossem diferentes do que são quando estão no campo? Claro que não.

Havia quem achasse que, estando agora perante imagens e repetições sem fim, se inibiriam de ajuizar "mal". Qual quê... a discussão de lances de futebol é uma demanda interminável, raramente há duas cabeças de cores diferentes que vejam o mesmo (até da mesma cor, caramba!), pelo que haverá (quase) sempre "espaço" para a leitura própria do VAR, seja ela qual for.

Os mais pessimistas dizem que agora "são dois a roubar", cada um pelo seu lado. Os menos, apostam na referida inibição. Mas ninguém sério se tranquiliza com o VAR. Porquê?


Eu transmito, tu confias, ele dá o jeito



Porque as pessoas são as mesmas. Porque os vícios são os mesmos. E também porque há um clube - o dos sem-vergonha, claro - que goza de uma prerrogativa única: controlar as transmissões dos seus próprios jogos. Decidir, a seu bel-prazer e sem qualquer supervisão, que imagens mostrar e que imagens sonegar. Que câmaras utilizar nas repetições de cada lance duvidoso, que linhas virtuais aplicar e com que precisão.

É tão absurdo que, contado lá fora, ninguém acredita. Como foi possível? - perguntam.

Foi possível porque andamos todos a dormir ou a fazer de conta, enquanto as coisas se faziam, em particular a direcção do nosso Clube, preocupados antes sabe-se lá com quê. Acordaram "agora", muito tarde, pelo que a tarefa de desmontar esta teia insalubre será muito mais hercúlea.

Foi possível porque vivemos num país de gente pobre - não (só) de dinheiro, mas sobretudo de ideias e formação. Gente essa muitíssimo bem representada nas direcções de quase todos os clubes. Os mesmos que se vergam, que se sujeitam aos caprichos dos grandes (de um deles em particular, claro) a troco de um prato de lentilhas. E que, vai-se a ver, até festejam a derrota do seu clube em prol de um bem maior.

Foi possível porque o nosso futebol vive ainda no Portugalistão.


Concluindo, tenho sérias dúvidas de que, neste contexto, o VAR tenha vindo para ajudar o futebol. Ou melhor, que tenha condições para o fazer. A única solução que vislumbro para o viabilizar e credibilizar é o recrutamento de um quadro totalmente novo, isolado destas sacristias e missas cantadas, convenientemente treinado e avaliado regularmente pelos seus desempenhos. Estrangeiros, se possível.

Caso contrário, enquanto for o polvo quem mais ordena (padres e vídeo-padres), o VAR acabará por ser mais um dos seus tentáculos. O que é uma pena, porque poderia de facto ser um passo em frente para este jogo magnífico que é o futebol.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Reality Check


Dizia o bom do Jorge Vassalo, um dos três Cavanisqueteiros, no mais recente episódio do novel mas já notável podcast, que o Lápis já começou com o seu discurso "miserabilista", baseado na análise que fiz ao jogo contra o Chaves. 

Pois que não, meu caro Cavani Universal, não sou sequer pessimista, muito menos miserabilista (fiquei até com a impressão que não leste com atenção...), apenas me parece que a equipa estabilizou num nível de jogo ainda imberbe e pouco desenvolvido e desde então pouco evoluiu - pelo menos, naquilo que se consegue ver no campo. Gosto de pensar que sou um realista sonhador: "hope for the best, prepare for the worst".


Catarina Morais / Kapta +


E foi assim que fui ontem para o Dragão. Literalmente. Para nossa infelicidade, deu worst.

E poderia ter dado best? Dificilmente. Ou melhor, só tendo bem mais sorte do que o Besiktas, que é nesta fase uma equipa melhor do que a nossa em quase todos os vectores: qualidade, quantidade e experiência.

Estávamos a jogar em casa, ok? Convém não esquecer.

Pese uma entrada confiante e a boa-vontade de todos, o que eu vi foi uma equipa a ser "facilmente" controlada e até manipulada pela outra, o que se agravou com o primeiro golo, metade do qual deveria ser atribuído ao para sempre nosso Quaresma

(O inevitável parêntesis: agradeço, do fundo do coração, a quem o escorraçou de cá, ficou mais uma vez provado que não tinha já qualidade para cá estar. Nem espírito, credo!)

A inferioridade do nosso meio-campo "a dois", agravada pela má forma de Danilo, deu as luzes necessárias ao treinador adversário para puxar um dos  médios interiores para as alas, criando um party of three que, ou causava superioridade imediata na ala, ou arrastava um dos nossos dois médios e abria avenidas para um outro médio e o ala contrário cavalgarem.

Sim, Sérgio Conceição também se estreou hoje na Champions como treinador. Isso não é nada despiciendo. Deve é ser reconhecido e aceite, na expectativa de que, também ele, tire as devidas conclusões e evolua depressa.

Se o empate nos levou para o nosso melhor momento no jogo, o segundo golo sofrido quase nos matou ainda "novos". A equipa sentiu em demasia o golo, algo pouco razoável considerando o tempo que ainda havia para jogar. De tal forma que, até ao intervalo, estiveram os turcos mais perto de ampliar do que propriamente nós de chegar ao empate.

Ao intervalo, nova dose de inexperiência (digo eu). Percebo e aplaudo a necessidade de mudar de imediato, mas a mudança em si não foi a mais produtiva. Óliver, tal como Danilo, não tem quem o substitua neste momento, esteja a jogar bem, mal ou assim-assim. 

A boa-vontade (sempre ela) de André André e Otávio não chegaria nunca para compensar o que se perdeu com a saída do espanhol - que esteve mal na construção mas bem na recuperação da bola - mas poderia (teria que!) melhorar de rendimento após o descanso.

A melhoria que a equipa registou deveu-se quase em exclusivo à alteração do sistema, porque reduziu o desequilíbrio no meio e injectou alguma confiança para ir atrás de prejuízo. Mas não nos iludamos, porque foi também consentido pelo Besiktas, que (muito bem) preferiu deixar-nos ainda mais a iniciativa e contra-atacar sempre que possível.

Aos 60 minutos, deu-se o momento decisivo do jogo: muito bem isolado por Brahimi, Soares não conseguiu bater Fabri em duelo individual. Senti que ali se tinha perdido a possibilidade de alterar o rumo aos acontecimentos.

Assim foi, de facto. O terceiro golo sofrido acentuou desnecessariamente o fosso, talvez de forma injusta até, mas as coisas são como são. Talvez venha a ser a derrota mais importante da época, se servir para nos posicionar a todos na nossa realidade actual. Porque hoje, perdemos o jogo contra uma equipa melhor. Espero poder dizer sensivelmente o oposto em Istambul.





Notas DPcA 


Dia de jogo: 13/09/2017, 19h45, Estádio do Dragão, FC Porto - Besiktas JK (1-3)


Casillas (4): Não fez tudo o que podia no segundo golo, pese o desvio de "última hora" que a bola sofreu. No terceiro, não sei. E pelo meio, andou aos papéis num canto de RQ7.

Ricardo (5): Tentou mas não esteve inspirado, desperdiçando vários cruzamentos contra os adversários. A defender, foi dos melhores. Pareceu algo nervoso. Not enough.

Alex Telles (6): Procurou estender-se pelo flanco e chegou a fazê-lo bem. Fez até a única assistência a nosso favor, mas foi pelo seu lado que o primeiro e o terceiro se fabricaram. Não que seja o único ou principal responsável, mas seguramente um deles.

Marcano (5): "Comido de cebolada" no primeiro, ao deixar-se antecipar por Talisca, tem a atenuante de ter sido um excelente cruzamento. No resto, esteve muitas vezes bem e algumas menos bem.

Felipe (5): Cresceu com a importância do jogo, chegando até a jogar feio como um central deve fazer quando apertado, mas também teve algumas falhar relevantes na marcação e na abordagem aos lances. Em sintonia com o resto da defesa.

< 82' Danilo (4): A sério que jogou? Eu demorei a descobri-lo em campo. Francamente mal. Uma pena.

< 46' Óliver (6): Não consultei as estatísticas, mas era capaz de apostar que foi o maior recuperador de bolas da equipa enquanto esteve em campo. Já naquilo que supostamente melhor faz, começou razoável mas evoluiu para o medíocre. Creio até que sei em que momento o treinador decidiu que o ia tirar do jogo, mas ainda assim penso que foi uma precipitação.


Catarina Morais / Kapta +


< 46' Corona (5): A intermitência no seu esplendor, com franco destaque para os momentos off. Apesar disso, teve sim algumas boas intervenções, deixem-se de o rotular sem ver com atenção o que faz. Mas... not enough.

Brahimi (7): Saí do estádio com uma impressão menos positiva do que ele merecia, valeu-me a televisão. Sim, que teve muitos lances perdidos sem "seguimento", como é seu hábito, mas também teve passes de qualidade na segunda metade, onde merecia ter sido creditado com (pelo menos) uma assistência. No resto, é quase sempre ele a tentar, conseguindo ou não fazê-lo. E isso tem algum valor, dado o "deserto" que o rodeia. 

Soares (5): Momentos e detalhes definem jogadores e carreiras. Tiquinho, que até fez um jogo razoável, não conseguiu fazer a diferença quando foi realmente preciso. E isso também fez a diferença. Continuo sem perceber o que vale ou pode valer realmente este jogador.

Marega (6): Não sucumbiu sob o peso da responsabilidade, começando desde cedo a criar alguma perturbação na defesa contrária. No entanto, não demorou muito para que se apercebessem do tipo de jogo "rudimentar" de que se serve e então passou a ser mais difícil provar a sua utilidade. Lutador como sempre tem sido até agora, encontrou pela frente outro tipo de adversário, que nos possibilitou mais um reality check quanto ao que pode e não pode dar.

> 46' André André (4): Não concordei com a sua entrada e ele fez o desfavor de me dar razão. Apático, lento (muito lento) e desligado do jogo. Hoje sim, senti-me compelido a dar razão ao nosso Anónimo quando afirma que é um jogador vulgar. Felizmente, já o vi jogar antes e sei que pode dar muito mais. 

> 46' Otávio (5): Começam a ser muitos os "falhanços" a partir do banco. Um caso preocupante, tendo em conta a finura do plantel.

> 82' Hernáni (-): Nem tempo nem contexto para tentar ser relevante.

Sérgio Conceição (4): Terá sempre de ser um dos principais responsáveis pelo desfecho do jogo, como aliás fez questão de assumir no final. Teve o seu baptismo de fogo na Champions e saiu chamuscado. Duplamente. Pela estratégia inicial e pelas substituições. Faz parte da vida. O importante é a forma como vai reagir e "reinventar-se" depois disto. Não creio que a sua ideia esteja em perigo a nível interno, pelo menos não ainda, mas para a Europa tem de evoluir para outro plano de jogo.


Catarina Morais / Kapta +


Outros Intervenientes:



Uma (des)agradável surpresa este Besiktas, pela maturidade que exibiu em campo. Mérito sem dúvida do treinador Çenal Gunes, bem como de jogadores como Quaresma, Ozyakup e Talisca. Uma equipa com legítimas pretensões a seguir em frente. Por agora, anyway.


Terá cometido os seus erros (um cartão perdoado a Adriano, por exemplo), normais em qualquer arbitragem, mas para mim esteve impecável o senhor Anthony Taylor e restante equipa. É assim que se apita, sem pedantismos nem folclore. Será que o clero luso assistiu? Clero que não...


- - - - - - - - -


A finalizar a tal análise ao jogo com o Chaves, escrevi que estes dois jogos seguintes - Besiktas e Rio Ave - iriam servir para "medir" o nível dessa progressão da equipa. O que não disse, é que são duas medidas distintas. 

Ontem, tratava-se de avaliar o actual nível europeu da equipa. Ficou provado que é baixo, incapaz de se bater com uma equipa de classe média/alta, composta essencialmente por jogadores de bom nível já no inverno das suas carreiras, mais do que compensando com tarimba uma eventual menor disponibilidade física (que, não por acaso, nem se notou). 

Estamos então irremediavelmente arrumados da Champions? Não, meu caro Cavani Silva, não estamos. Temos ainda cinco jogos para disputar e qualquer um dos quatro lugares possíveis na classificação ao nosso alcance. Teremos é de evoluir - treinador, equipa e jogadores - para conseguir estar à altura do desafio. E teremos de o fazer depressa. Impossível? Não. Difícil? Sim.

O que fica bem à vista, em minha opinião, é a fragilidade do plantel para o nível europeu. A qualidade escasseia em quase todas as posições, quando se trata de procurar uma alternativa. Só encontro conforto nas laterais, de resto, tremo sempre que imagino castigos e lesões. Para este nível, repito. (E não, meu caro Silva, hoje Mikel nunca seria alternativa válida a Danilo, só para mencionar o caso mais flagrante de insubstituabilidade.)

No próximo domingo, em Vila do Conde, o teste será completamente diferente. Tratar-se-á de aferir como reage esta equipa perante um adversário mais forte... ao nível da nossa liga. Ou seja, onde teremos obrigatoriamente de dar uma resposta muito melhor - jogadores, equipa e treinador. Não estou a pressionar, apenas a ser objectivo. Porque o nosso grande objectivo (quase diria único) é mesmo o de ser campeão nacional. Lá estarei, se tudo correr bem. 


- - - - - - - - -


Já vai muito longo o texto, mas não posso terminar sem deixar duas notas finais.

Nota 1: Compreendo a indignação dos Portistas que se manifestaram contra a estrondosa ovação que Quaresma recebeu do Dragão ao ser substituído. Compreendo, porque estávamos a perder e em nenhum momento houve uma vibração tão forte no apoio à equipa. No entanto, como um dos que o aplaudiu de pé, tenho a dizer-vos que, se fosse um dos jogadores do Porto em campo naquele momento, o que me passaria pela cabeça seria "quem me dera um dia merecer todo este carinho". E depois, fazer por isso. Volta sempre, Ricardo!

Nota 2: Não compreendo de todo a indignação de outros Portistas (ou talvez os mesmos, não sei) perante um vídeo que um jogador do Besiktas publicou, em confraternização perfeitamente normal com o seu ex-companheiro Aboubakar, ainda no balneário. Não vi mal absolutamente nenhum e tudo o que se invente à conta disso servirá apenas para criar uma confusão onde ela não existe. Imaginem a quem é que isso aproveita...



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco