Começou bem a curta estadia no quintal do príncipe Alberto, com o ininterrupto desfile de super e de hiper-carros à porta (e dentro!) do mítico hotel Fairmont, que empresta o seu nome ao "gancho mais famoso" do mundo da F1 e que se estende por cima do não menos famoso túnel do circuito monegasco.
Vivido o sonho por empréstimo de um dia, chegou então a hora de voltar a pôr os pés no chão e rumar ao estádio do nosso anfitrião de ocasião, o campeão francês AS Mónaco, que conta com os nossos Moutinho e Falcão nas suas fileiras.
Viagem curta, entrada fácil, tudo a correr bem. Só faltava mesmo era conhecer a equipa inicial e arrancar uma exibição que não "deslustrasse" nem retirasse confiança para o Clássico que se seguiria.
Sérgio Oliveira. Após uma comprometedora derrota em casa na estreia, eis que mister Sérgio se lembrava de ir resgatar o proscrito, o esquecido homónimo, que não somava sequer um minuto na temporada e jamais havia jogado na Champions.
Logo começaram os whatsapps e os tweets a lembrar "inventores" de outros tempos, como Oliveira e Jesualdo, que de modo análogo decidiram "acabar" com as insípidas carreiras de Costa e Nuno André Coelho. Não temia tanto, porque Sérgio Oliveira já estava mesmo a caminho da porta de saída, mas temi que uma má entrada nos pudesse deixar em maus lençóis no encontro.
O maior de sempre, para todo o sempre |
Até porque, além de Sérgio Oliveira, estava também Herrera no onze. Se resistir a um já seria difícil, a dois...
Sendo um apreciador do menino Sérgio, seria fácil e até coerente escrever que sim, que sempre esperei que o desfecho fosse o que foi. Mas não seria honesto, e com isso teria muita dificuldade em conviver.
Antes do o jogo começar, temi o pior. E achei que o mister estava a cometer um (outro) erro.
O que se seguiu, já é história. Uma exibição de raça, sempre de fato-de-macaco, com laivos de qualidade a espaços e muita "crença" nos momentos decisivos. Correu, de facto, quase tudo de feição (incluindo o impedimento de André André...). Mas, que ninguém duvide, fizemos muito por isso. Vencedores incontestáveis, pela força dos números e pelo natural desenrolar dos acontecimentos.
Grande vitória, sem "ses" nem "mas". À Ayrton Senna da Silva.
E assim se inverte o cenário psicológico no grupo G, nascendo a expectativa (e a esperança) para a conquista de 4 ou 6 pontos no duplo confronto com os alemães de Leipzig e a consolidação num dos dois lugares de apuramento. What a difference a day makes...
Notas DPcA
Dia de jogo: 26/09/2017, 19h45, Stade Louis II, AS Monaco - FC Porto (0-3)
Casillas (6): Uma mão cheia de hesitações, precipitações e calafrios a salpicarem uma exibição menos trabalhosa do que o esperado.
Ricardo Pereira (8): De longe, o seu melhor jogo de Dragão ao peito. E até nem começou muito bem, algo retraído e talvez receoso da velocidade dos monegascos. Aguentou-se e na segunda parte foi monstruoso a defender e competente a atacar. Para dar continuidade, por favor.
Ricardo Pereira (8): De longe, o seu melhor jogo de Dragão ao peito. E até nem começou muito bem, algo retraído e talvez receoso da velocidade dos monegascos. Aguentou-se e na segunda parte foi monstruoso a defender e competente a atacar. Para dar continuidade, por favor.
Alex Telles (7): Exibição de bom nível, ainda que menos impressivo do que o parceiro do outro lado. Foi precipitado e desposicionou-se em demasia (Brahimi "ajudou") na primeira meia hora, o que por pouco não se traduziu em golo sofrido. Melhorou e acabou em alta, tal como a equipa.
Melhor em Campo Marcano (8): Uma falha no meio de um jogo enorme, superlativo. Muito, muito bom. Acredito que poucos tenham visto o jogo desta forma, mas eu, que o vi no estádio, é nele que aposto como o mais importante para o resultado final.
Felipe (7): Também muito bem a limpar no centro da área, foram dezenas de cortes, mas teve um lapso grave que poderia ter dado golo que lhe mancham a exibição e a nota.
Danilo (6): Teve muitas dificuldades para se entender com as movimentações adversárias... e com os companheiros, o que até se percebe pela falta de rotina. Mas superou-as com uma vontade inquebrantável e assumiu até um papel "construtivo" mais relevante do que o seu habitual. Muito trabalho, mesmo se nem sempre com grande qualidade.
Herrera (7): É realmente difícil qualificar esta exibição, tantas foram as coisas boas e as más que deu ao jogo. À falta de melhor, insisto na minha imagem da montanha-russa. Com Héctor é assim: tanto faz uma boa jogada ou um corte importante como logo a seguir faz uma trivela que lança o contra-ataque do Mónaco ou tropeça num companheiro. Enfim, nem vou tentar mais do que isto...
< 86' Sérgio Oliveira (8): Eu dizia-vos que ainda não tinha desistido deste menino... e, aparentemente, o mister também não. Em boa hora, porque foi o jogador de que a equipa precisava, em especial para dar alguma lucidez e tranquilidade à nossa posse de bola, começando a construção desde trás, quase sempre com (bom) critério. E lutou sempre. Sim, que normalmente lhe falta intensidade e velocidade de execução, mas ontem esteve num nível superior. Que bom.
< 71' Brahimi (7): Andou desaparecido durante mais de vinte minutos, os primeiros do jogo. Depois, chegou, viu e convenceu. Não conseguiu o seu golo, apesar da oportunidade clara, mas ajudou muito a desestabilizar o adversário, causando-lhe dúvida e receio do que poderia fazer a seguir. Saiu a resmungar, mas creio que rapidamente compreendeu que era preciso preservá-lo para o próximo jogo.
< 71' Aboubakar (7): Marcou dois golos, foi obviamente decisivo, mas não lhe vi grande desempenho. Aliás, no primeiro só marcou à segunda. Mas... marcou. Não me convenceu ainda, espero bem mais dele, em especial no entendimento com os colegas (nem sempre leu bem o que o jogo lhe pedia) e, claro, na finalização.
Marega (8): Desta vez não marcou (e podia... e devia), mas fez duas boas assistências. E foi, ainda outra vez, a locomotiva que leva o jogo para zonas de perigo e põe toda a defesa em sobressalto. Não foi brilhante, mas foi muito competente a desempenhar o seu papel - e decisivo no desenrolar dos acontecimentos.
> 71' Corona (5): Outra vez o elo mais fraco, sem acrescentar nada de relevante à equipa.
> 71' Corona (5): Outra vez o elo mais fraco, sem acrescentar nada de relevante à equipa.
> 71' Layún (6): É um daqueles jogadores que tem "golo" no sangue. Jogue muito ou pouco, bem ou mal, consegue quase sempre estar no sítio certo para marcar e/ou assistir. Entrou e não encaixou logo na equipa, mas... quando chegou a hora, lá estava ele para facturar. E assim encerrar o jogo.
> 86' Reyes (-): Entrou para ajudar a passar os últimos minutos e cumpriu.
Sérgio Conceição (9): Conhecido o onze inicial, era elevado o risco de ter uma nota muito baixa... ou - menos provável - muito alta. Felizmente, tem nove. Sim, nove. Porquê? Porque foi ele o melhor em campo, porque arriscou alto e foi recompensado. Claro que o jogo nos correu de feição, mas isso faz parte do ofício. O que realmente importa é que foi dele a estratégia e a aposta em Sérgio Oliveira, que lhe devolveu a confiança depositados com juros gordos. E assim ganhou mais uma série de coisas boas: relançou a equipa na competição, descobriu mais uma solução válida no plantel e volta a casa com confiança acrescida para domingo. Era realmente difícil pedir-lhe mais. Bravo.
Outros Intervenientes:
Saudades, muitas saudades de Radamel e Moutinho. De resto, nada a destacar. Bom, talvez a terrível dificuldade de Jardim para engolir os três secos. Mas pronto, custa a todos.
[Já na noite de hoje, houve um jovem desconhecido que me chamou muito a atenção: Oberlin. Será que o garrote financeiro não afrouxa um pouco para se contratar já este menino?]
[Já na noite de hoje, houve um jovem desconhecido que me chamou muito a atenção: Oberlin. Será que o garrote financeiro não afrouxa um pouco para se contratar já este menino?]
Quanto à arbitragem da equipa liderada por Slavko Vincic, pareceu-me não nos ter sido nada desfavorável, pese alguns erros "normais" e para ambos os lados. E garantidamente que não será um jagunço viperino como Duarte Gomes a fazer-me mudar de opinião. Positiva, sem dúvida.
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Segue-se a emocionante deslocação a Alvalade, onde estarão em disputa os habituais três pontos, mas mais do que isso: a consolidação da liderança e - em caso de vitória - um passo muito importante rumo ao objectivo principal.
Espero muitas dificuldades, por aquilo que o Sporting já mostrou ser capaz, mas sobretudo por uma das certezas absolutas do futebol nacional: somos sempre, mas sempre prejudicados naquele estádio. Umas vezes de forma mais escandalosa, outras mais discretas, mas sempre prejudicados.
Temos, por isso, de ir com a convicção de que não bastará jogar tanto como eles: neste jogo, teremos sempre de ser melhores para, pelo menos, não perder.
E vamos ser melhores.
Espero muitas dificuldades, por aquilo que o Sporting já mostrou ser capaz, mas sobretudo por uma das certezas absolutas do futebol nacional: somos sempre, mas sempre prejudicados naquele estádio. Umas vezes de forma mais escandalosa, outras mais discretas, mas sempre prejudicados.
Temos, por isso, de ir com a convicção de que não bastará jogar tanto como eles: neste jogo, teremos sempre de ser melhores para, pelo menos, não perder.
E vamos ser melhores.
Do Porto com Amor,
Lápis Azul e Branco
P.S. - Deu Xistra, um dos que se imortalizou emprestando o nome a um dos andamentos do treta. Se dúvidas houvesse sobre o ser sempre prejudicado em Alvalade...
P.P.S. - Parabéns, meu querido Clube! 124 and counting... fight on!