Na eminência do anúncio do novo treinador do FC Porto, aproveite-se o vazio para encerrar as contas da época 2015/16.
Reconheço correr o risco de ser cansativa esta minha insistência, mas para terminar em beleza não posso deixar de o repetir, reportando-me à origem de todos os males: a manutenção de Lopetegui à frente dos destinos da equipa em Junho de 2015.
Já me cansei de enumerar as evidências recolhidas em 2014/15 que, em minha opinião, seriam mais do que suficientes para concluir pela inadequação do treinador basco para orientar o Porto. Mesmo assim, cansado, aqui ficam as palavras-chave: teimoso, obstinado, petulante, alienado, inadaptado, impreparado, estagnado, cristalizado e consequentemente, ostracizado.
Pinto da Costa e seus pares assim não o entenderam. Optaram pela sua continuidade. Pois bem, que assim fosse. Mas até ao fim. Não tendo sido, cometeu-se novo erro colossal, o de deitar fora o que estava feito (bom ou mau que fosse, estava feito) sem ter nada alinhavado e preparado para o substituir, e logicamente, só poderia ser por algo previsivelmente melhor.
Consumado o segundo erro, seguiu-se uma interminável espera pelo novo timoneiro, entretanto remendada por Rui Barros. Já tive oportunidade de o fazer no momento certo, mas repito-o agora: todos os portistas deveriam sentir gratidão pela disponibilidade e altruísmo de Rui Barros ao aceitar dar o peito às balas naquelas (e em muitas outras) circunstâncias.
Do remendo instantâneo passamos ao remendo de curta duração, José Peseiro. O automóvel portista tinha furado um pneu, Rui Barros foi o spray para chegar à primeira oficina e Peseiro um daqueles pneus de dimensões reduzidas e velocidade muito limitada, apenas para continuar até à oficina habitual. E reparem na felicidade e fina ironia desta analogia: tipicamente, são soluções alternativas - ou se tem uma, ou se tem a outra, nunca as duas em sequência. E ambas longe do ideal, que é ter um pneu novo e uma equipa de mecânicos da F1, para uma substituição indolor e imediata.
Foi entre o choque e a incredulidade que recebi a notícia da vinda de Peseiro. Um perdedor nato da escola sportinguista, que nada de relevante apresentava no currículo para além de nos limpar uma final da Taça da Liga... Com o Braga. Mas veio e passou a ser o treinador da minha equipa. Começou bem mas durou pouco. Conforme o esperado. Depois seguiu-se o descalabro, que terminou em apoteose na final da Taça de Portugal... Contra o Braga.
José Peseiro não pediu para vir. Antes, aceitou e bem o convite que lhe foi dirigido, aproveitando aquela que, na sua perspectiva, poderia ser a última possibilidade de ascender à ribalta do futebol europeu. Certamente tinha noção dos riscos, ainda que admita perfeitamente que de boa parte deles só se tenha apercebido quando já em funções. E aí, já era tarde.
A nível profissional, não sai melhor do que chegou. Também não sei se pior (pelo menos, todos nos relembramos da sua existência...), mas pouco importa. O que quero expressar é a minha convicção de que José Peseiro é um homem decente e dedicado ao seu trabalho. Falhou aqui mas não foi por não ter tentado. Deu o que tinha ou o que podia. E foi leal, ao contrário de Lopetegui. Registo pois a dignidade de um homem que vestiu e sentiu as nossas cores e como tal merece o meu respeito. E por isso me retracto pelos eventuais excessos de linguagem nos períodos de maior desilusão. Um abraço e até sempre (que também é até nunca), meu caro Peseiro.
Em suma, a época 2015/16 foi das piores de sempre de que tenho memória.
Além de não termos vencido nenhuma competição, falhámos o fundamental acesso directo à Champions e deixamos uma péssima imagem daquilo que somos, que sempre fomos e do que queremos continuar a ser, ao ponto de terminarmos ridicularizados por uma tragicomédia no anfiteatro do Jamor.
Somando esta às duas anteriores, é fácil concluir que este foi o pior mandato de Pinto da Costa como presidente do clube. Um desfecho perfeitamente previsível por altura das eleições de Abril. E nem assim houve quem avançasse na defesa do clube. Algo vai muito mal no reino do Dragão - e somos nós, os portistas, os únicos responsáveis por esta inércia.
Quanto à provável chegada de Nuno Espírito Santo, deixo-vos com a pergunta que considero mais pertinente: se já estava disponível aquando da saída de Lopetegui, por que motivo não serviu na altura (com tempo para analisar o plantel e preparar está nova época) e serve agora?
Do Porto com Amor
Do Porto com Amor
Post Scriptum
Mesmo a propósito do acerto de contas, foram entretanto divulgados os resultados consolidados do terceiro trimestre do corrente exercício. Infelizmente (mas sem surpreender), totalmente alinhados com os desportivos. Realço apenas a delapidação dos capitais próprios decorrente do resultado líquido negativo, que promete recolocar-nos em apuros quanto ao fair play financeiro a muito breve trecho - e agora já não há estádio para incorporar na SAD. Muito preocupante.
Noutro capítulo, teve seguimento a pequenez diária da nossa comunicação. Ontem ainda me consegui conter, mas como hoje voltam à carga contra MST, não consigo deixar passar em claro. Mais uma vez um portista (ninguém, de boa fé, pode duvidar disso) é visado por um órgão oficial do clube, incluindo ataques de baixo nível que nos devem envergonhar a todos. MST "fala" frequentemente com o coração, sem estar informado dos factos e possivelmente sem pensar sobre o que diz, mas é um direito que lhe assiste, tal como o de cada um de nós gostar ou não da sua "prosa". Daí a se justificar ser perseguido em estilo inquisitório pelo clube, vai uma grande distância. De nada valeram as promessas feitas na última AG, continua tudo na mesma.
Teria sido muito mais interessante ocupar o espaço dedicado a MST a desmentir as declarações de Marco Silva. Ou as de Ricardo Carvalho. A não ser que não haja nada para desmentir. Apenas incompetência e desnorte. Tirem-me deste filme. Ou melhor, que os tirem a eles.