maio 2016

terça-feira, 31 de maio de 2016

Acerto de Contas (& Post Scriptum)


Na eminência do anúncio do novo treinador do FC Porto, aproveite-se o vazio para encerrar as contas da época 2015/16.


Dia do Juízo Final da época - Apocalipse Now?


Reconheço correr o risco de ser cansativa esta minha insistência, mas para terminar em beleza não posso deixar de o repetir, reportando-me à origem de todos os males: a manutenção de Lopetegui à frente dos destinos da equipa em Junho de 2015.

Já me cansei de enumerar as evidências recolhidas em 2014/15 que, em minha opinião, seriam mais do que suficientes para concluir pela inadequação do treinador basco para orientar o Porto. Mesmo assim, cansado, aqui ficam as palavras-chave: teimoso, obstinado, petulante, alienado, inadaptado, impreparado, estagnado, cristalizado e consequentemente, ostracizado.

Pinto da Costa e seus pares assim não o entenderam. Optaram pela sua continuidade. Pois bem, que assim fosse. Mas até ao fim. Não tendo sido, cometeu-se novo erro colossal, o de deitar fora o que estava feito (bom ou mau que fosse, estava feito) sem ter nada alinhavado e preparado para o substituir, e logicamente, só poderia ser por algo previsivelmente melhor.

Consumado o segundo erro, seguiu-se uma interminável espera pelo novo timoneiro, entretanto remendada por Rui Barros. Já tive oportunidade de o fazer no momento certo, mas repito-o agora: todos os portistas deveriam sentir gratidão pela disponibilidade e altruísmo de Rui Barros ao aceitar dar o peito às balas naquelas (e em muitas outras) circunstâncias.

Do remendo instantâneo passamos ao remendo de curta duração, José Peseiro. O automóvel portista tinha furado um pneu,  Rui Barros foi o spray para chegar à primeira oficina e Peseiro um daqueles pneus de dimensões reduzidas e velocidade muito limitada, apenas para continuar até à oficina habitual. E reparem na felicidade e fina ironia desta analogia: tipicamente, são soluções alternativas - ou se tem uma, ou se tem a outra, nunca as duas em sequência. E ambas longe do ideal, que é ter um pneu novo e uma equipa de mecânicos da F1, para uma substituição indolor e imediata.

Foi entre o choque e a incredulidade que recebi a notícia da vinda de Peseiro. Um perdedor nato da escola sportinguista, que nada de relevante apresentava no currículo para além de nos limpar uma final da Taça da Liga... Com o Braga. Mas veio e passou a ser o treinador da minha equipa. Começou bem mas durou pouco. Conforme o esperado. Depois seguiu-se o descalabro, que terminou em apoteose na final da Taça de Portugal... Contra o Braga.

José Peseiro não pediu para vir. Antes, aceitou e bem o convite que lhe foi dirigido, aproveitando aquela que, na sua perspectiva, poderia ser a última possibilidade de ascender à ribalta do futebol europeu. Certamente tinha noção dos riscos, ainda que admita perfeitamente que de boa parte deles só se tenha apercebido quando já em funções. E aí, já era tarde. 

A nível profissional, não sai melhor do que chegou. Também não sei se pior (pelo menos, todos nos relembramos da sua existência...), mas pouco importa. O que quero expressar é a minha convicção de que José Peseiro é um homem decente e dedicado ao seu trabalho. Falhou aqui mas não foi por não ter tentado. Deu o que tinha ou o que podia. E foi leal, ao contrário de Lopetegui. Registo pois a dignidade de um homem que vestiu e sentiu as nossas cores e como tal merece o meu respeito. E por isso me retracto pelos eventuais excessos de linguagem nos períodos de maior desilusão. Um abraço e até sempre (que também é até nunca), meu caro Peseiro.

Em suma, a época 2015/16 foi das piores de sempre de que tenho memória.

Além de não termos vencido nenhuma competição, falhámos o fundamental acesso directo à Champions e deixamos uma péssima imagem daquilo que somos, que sempre fomos e do que queremos continuar a ser, ao ponto de terminarmos ridicularizados por uma tragicomédia no anfiteatro do Jamor.

Somando esta às duas anteriores, é fácil concluir que este foi o pior mandato de Pinto da Costa como presidente do clube. Um desfecho perfeitamente previsível por altura das eleições de Abril. E nem assim houve quem avançasse na defesa do clube. Algo vai muito mal no reino do Dragão - e somos nós, os portistas, os únicos responsáveis por esta inércia.


Quanto à provável chegada de Nuno Espírito Santo, deixo-vos com a pergunta que considero mais pertinente: se já estava disponível aquando da saída de Lopetegui, por que motivo não serviu na altura (com tempo para analisar o plantel e preparar está nova época) e serve agora?



Do Porto com Amor




Post Scriptum


Mesmo a propósito do acerto de contas, foram entretanto divulgados os resultados consolidados do terceiro trimestre do corrente exercício. Infelizmente (mas sem surpreender), totalmente alinhados com os desportivos. Realço apenas a delapidação dos capitais próprios decorrente do resultado líquido negativo, que promete recolocar-nos em apuros quanto ao fair play financeiro a muito breve trecho - e agora já não há estádio para incorporar na SAD. Muito preocupante.


Noutro capítulo, teve seguimento a pequenez diária da nossa comunicação. Ontem ainda me consegui conter, mas como hoje voltam à carga contra MST, não consigo deixar passar em claro. Mais uma vez um portista (ninguém, de boa fé, pode duvidar disso) é visado por um órgão oficial do clube, incluindo ataques de baixo nível que nos devem envergonhar a todos. MST "fala" frequentemente com o coração, sem estar informado dos factos e possivelmente sem pensar sobre o que diz, mas é um direito que lhe assiste, tal como o de cada um de nós gostar ou não da sua "prosa". Daí a se justificar ser perseguido em estilo inquisitório pelo clube, vai uma grande distância. De nada valeram as promessas feitas na última AG, continua tudo na mesma.

Teria sido muito mais interessante ocupar o espaço dedicado a MST a desmentir as declarações de Marco Silva. Ou as de Ricardo Carvalho. A não ser que não haja nada para desmentir. Apenas incompetência e desnorte. Tirem-me deste filme. Ou melhor, que os tirem a eles.



segunda-feira, 30 de maio de 2016

Treinadorómetro 2.0 (edição JN)


Publiquei há dias o meu "sentimento" em relação aos principais nomes apontados ao cargo de treinador do FC Porto, resumido num pequeno quadro ordenado por níveis de "apreço" (e ignorantemente apelidado de "treinadorómetro").


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Julgo que a imagem é suficientemente esclarecedora, mas em todo o caso aqui vai: os "verdes" incluem as opções que considero interessantes, os "amarelos" encerram em si (e em mim!) muitas dúvidas (mas poucos preconceitos) e os "vermelhos" (como teria de ser) suscitam em mim um vasto leque de sensações que vão desde a fúria incontida aos espasmos musculares alternados com pontadas dilacerantes.

E avancemos assim, em tom humorístico e descontraído (procurando evitar novos espasmos), para a versão 2.0 do Treinadorómetro, que sofreu importante actualização graças à capa de hoje do Jornal de Notícias ("confirmada" por uma chamada de capa de última hora d'O Jogo). 

Nela consta um nome que propositadamente deixei de fora da versão inicial, por considerar estar já definitivamente arredado das cogitações da SAD: o de Nuno Espírito Santo (*espasmo*). Ele que há dias foi apontado ao Braga de Jorge Mendes para suceder a Paulo Fonseca (*espasmo*) - e daí o tê-lo descartado com o rótulo "deste já nos livrámos". 

Sem me alongar em comentários ainda injustificados, deixo apenas um breve resumo da sua carreira de treinador (*outro espasmo*): 2 temporadas no Rio Ave de Jorge Mendes (6º e 11º classificado) e 1 temporada e meia no Valência de Jorge Mendes (4º e 9º ao fim de 13 jornadas).

Bem sei que já temos o pai e o filho, mas será mesmo necessário completar a estranhíssima trindade? Tenham juízo, se ainda forem a tempo disso.


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O Vitorioso Voo do Mo(n)cho!


Falando agora de coisas boas, muitos parabéns ao nosso basquetebol pela estrondosa conquista do campeonato nacional, precisando apenas de 4 jogos para derrotar o Benfica na final da competição. É mesmo verdade, mal acabamos de subir de divisão e já somos campeões! Sem pretender desmerecer ninguém, sobretudo os grandes homens que são os nossos jogadores, a principal palavra de apreço tem mesmo de ir para o galego Moncho López, que aceitou percorrer a via-crúcis, sem se conformar com o destino, e dela conseguiu regressar, mais vivo do que nunca. Muitos, muitos parabéns por esta grande conquista. À Porto.





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Termino com isto, em modo Euronews (versão Euskara): "No Comment".


"FC Porto é o clube que eu amo"










Do Porto com Amor



sexta-feira, 27 de maio de 2016

100 Horas Depois...


... da final da Taça, continua tudo na mesma. Pelo menos, no que é de domínio público.

E é difícil de acreditar que havendo alguma resolução, ela não tenha ainda sido tornado pública. Refiro-me ao novo treinador do Porto, obviamente - a decisão mais importante que Pinto da Costa e a sua administração têm para tomar no que concerne ao nosso futuro próximo.


"Não há nada para ver aqui"


Recuemos alguns meses, até ao despedimento de Lopetegui.

Disse-o antes, disse-o depois e volto a dizê-lo agora: Lopetegui deveria ter sido dispensado no final da temporada passada. Não o tendo sido, deveria ter sido "obrigado" a ficar até final desta época, salvo se houvesse já um novo treinador assegurado - um treinador para finalizar a época em modo "controlo de danos" enquanto preparava a próxima (e seguintes). Não havendo e tendo Lopetegui sido (principescamente) despedido, Pinto da Costa cometeu um erro duplo.

José Peseiro foi uma solução de recurso, para não dizer de desespero. Posso imaginar sem dificuldade que na altura tenham sido feitos contactos com vários outros técnicos e que por um motivo ou por outro, não se reunissem as condições para que viessem de imediato para o Porto. Ou pelas cláusulas contratuais ou por estarem envolvidos em conquistas importantes ou por ambas.

Entretanto veio Peseiro, que até não começou mal (mesmo sendo baixa a expectativa), mas por alturas do pós-eliminatória com o Dortmund, já deveria ser mais do que evidente que o homem não servia para o Porto. Se para mim era, certamente que para Pinto da Costa e seus pares também.

E como bom gestor que sempre foi, só posso conceber que desde essa altura, mais semana, menos semana, tenha iniciado de imediato o processo de selecção do novo treinador, seguido do seu recrutamento. Refiro-me apenas ao presidente porque desde sempre que fez questão de assumir sozinho essa pasta. Relembro que o jogo da segunda mão se realizou a 25 de Fevereiro, há três longos meses atrás.

A época avançou, sempre de fundo em fundo até ao abismo em que finalmente nos deixamos cair no passado domingo. 

Eu não esperava outra coisa que não fosse o anúncio do novo treinador na segunda-feira seguinte, há 3 dias atrás. Tivesse Peseiro ganho ou perdido a Taça, o seu destino e o do clube já tinham que estar perfeitamente traçados. Entretanto já passaram 100 horas e... nada. Absolutamente nada.

Será possível que tenhamos mesmo caído num grau de amadorismo tal que, no momento em que escrevo estas linhas, ainda não esteja contratado o treinador para a próxima época? Se está, por que raio não é anunciado? Só posso concluir que não está.

É mais um golpe terrível em quem, como eu, teima em manter a esperança num último acto de glória e numa saída triunfal de Pinto da Costa. Depois da sucessão de entrevistas, confiei que se iria passar das palavras aos actos. Voltei a acreditar. Ainda não desisti, mas confesso que começa a ficar difícil.


Os meus two silly cents




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Segue-se um acto de serviço público.

O jornal A Bola é liderado por dois crápulas (um deles em especial), que são coadjuvados por uma trupe de aspirantes a crápula. Esse maltinha reúne-se diariamente em modo brainstorming para escolher a melhor forma de tentar prejudicar o Porto nesse dia. É uma espécie de ritual, de profissão de fé, a que religiosamente dedicam uma parte das suas odiosas vidas. Todos sabemos que 95% do seu tempo é gasto a cozinhar a eterna propaganda benfiquista, pelo que 5% é o máximo a que "podemos aspirar". Ainda assim, consta que são 5% à Porto - de luxo, portanto.

Portanto, tudo o que lerem (ou virem e ouvirem) vindo de lá sobre nós, em especial se vier na capa, já sabem que apenas tem um objectivo: prejudicar o Porto. Nada interessa se é verdade ou mentira, se o destaque é sobre o Porto ou sobre um dos rivais. Nada. O objectivo é que conta. E é sempre o mesmo. De mim, levam um fardo de palha e um copo de água - parece que ajuda ao funcionamento do intestino, em especial o delgado.



Do Porto com Amor

 

terça-feira, 24 de maio de 2016

O Abismo


É inútil continuar a falar de fundos e de novos fundos, cada um sempre mais profundo, e de neles bater, um por um, consecutivamente. Por agora, não há fundo à vista. Resta então o abismo.




O Porto, o clube Porto, o meu Futebol Clube do Porto é nesta altura uma faca em queda. Qualquer tentativa de lhe amparar a descida resulta sempre em novos ferimentos, mais ou menos graves conforme a ousadia da tentativa.

Ontem foi dia de fazer uma tentativa "a sério" de parar a queda. Olhando para trás, para a época que agora termina, foi mesmo a mais importante e ousada tentativa de agarrar a faca e reverter o destino. Tão ousada que acabamos, todos nós portistas, esventrados sem dó nem piedade.

Assim que Goiano converteu o penálti decisivo, as tripas e as miudezas começaram de imediato a sair-nos ventre fora, tal a severidade e amplitude do corte infligido. Foi uma coisa linda de se ver, mais de vinte mil portistas a esvaírem-se em sangue, que impiedoso manchou de encarnado o azul da nossa alma. Uma orgia de Walking Dead, em pleno Jamor. Pelo menos, foi assim que eu o (vi)vi.


Os dois números circenses que marcaram o jogo e que só por milagre não nos derrotaram ao fim de 90 minutos, não carecem de qualquer descrição ou tentativa de explicação. Aconteceram por responsabilidade exclusiva dos protagonistas e pronto. Numa final, sobretudo contra uma equipa que nunca quis jogar, oferecer dois golos tende a ser definitivo. E então quando a equipa que os oferece não tem pingo de confiança em si mesma nem ponta de organização no seu jogo, só mesmo um milagre a pode salvar.

Esse milagre aconteceu e dá pelo nome de André Silva. Devidamente ajudado pela crença de alguns dos seus companheiros que se recusaram a desistir antes do tempo, lá nos abriu as portas do prolongamento e com isso, a esperança inequívoca de justamente aniquilar um adversário psicologicamente destroçado. Nesse momento, não houve portista que não sentisse que a Taça iria ser nossa. Mas não foi.

Porque no prolongamento, não houve pernas. Nem alma suficiente. Nem grande vontade de arriscar sofrer a tentar marcar. Mas sobretudo não houve pernas. Porque Aboubakar entrou apenas para estorvar, porque André André esteve (mais uma vez) longe de ser o jogador decisivo de que precisávamos e porque André Silva (já sem pernas) não teve a clarividência necessária para completar o merecido hat-trick. Nos penáltis, ganhou quem não falhou. E o crime lesa-futebol compensou.





Notas DPcA:


Dia de jogo: 22/Mai/2016, 17h15, Estádio do Jamor. FC Porto - SC Braga (2-2; 4-6 após g.p.).


Hélton (0): Culpa maior no primeiro golo e, não satisfeito, quase ofereceu outro. Nem nos penáltis conseguiu a absolvição. Tenho muita estima e apreço por ele, mas neste jogo não merece nada.

Maxi (6): Além de jogar bem na sua zona de acção (e de ser repetidamente provocado e "tocado"), foi um dos que nunca desistiu. Agradecido por isso, mesmo tendo falhado o seu penálti.

Layún (6): Se ao intervalo era o que mais exteriorizava o seu inconformismo, durante o jogo tratou de o demonstrar. Nem sempre com acerto, mas tentou. Agradecido por isso.

Marcano (0): Não sobra ponta de humor para abordar isto. Saída imediata do clube. Sem mas.

< 45' Chidozie (3): Parceiro e cúmplice de Hélton no primeiro crime e disso nunca se recompôs. Era o único jogador que tinha a carreira em risco ontem no Jamor e temo que a possa ter mesmo comprometido.

Danilo (6): O meio-campo inicial não funcionou, tanto pela falta de plano próprio como pelo sobre-povoamento braguista, mas sobrou o seu empenho. Foi mais importante quando recuou para central, apesar de um e outro lance "arriscados".

< 74' Sérgio (5): Escolheu mal o jogo para não estar à altura das exigências. Tinha grandes expectativas para a sua exibição e congratulei-me quando o vi confirmado no onze inicial. Infelizmente andou quase sempre pelos locais errados e quando teve bola, teve pouco acerto. Lutou como sempre, mas não chega.

Herrera (6): Outra exibição mal conseguida, ainda que muito esforçada. Logicamente não lhe cobro nada pelo penalti falhada, mas "q.b." pelo falhanço do meio-campo.

Brahimi (4): Foi o primeiro a sucumbir às dores, o que de facto se enquadra perfeitamente com o que nos habituou. Até lá, muito "agitação" mas quase nenhum resultado positivo. Espero bem que alguém dê alguma coisa por ele, detestava voltar a vê-lo com a minha camisola.

< 79' Varela (5): Nada de relevante em termos da sua produção futebolística, mas enquanto esteve em campo, não deixou de tentar.  Mal, mas tentou.

Melhor em Campo André Silva (9): Brilhante, lutador, incansável, lutador, brilhante. E absolutamente decisivo a adiar a derrota. Merecia ter tido a "sorte" de fazer o terceiro e com isso, receber a nota da perfeição.

> 45' Rúben (7): Entrou bem no jogo e achei a sua acção a "seis" (mesmo não sendo um) melhor do que a de Danilo. E porquê? Porque o Braga não quis jogar e com isso, sobrou-lhe mais tempo e espaço para pensar na saída com bola. Não foi brilhante, mas foi portista. E isso tem valor.

> 74' André André (5): Entrou a quinze minutos do final e ajudou ao assalto que culminou com o golaço do seu homónimo. No entanto, depois disso, esperava muito mais dele. Estava fresco e tinha "obrigação" de carregar a equipa (que pergunte ao pai como se faz) para o terceiro golo que nos salvasse do mata-mata final.

> 79' Aboubakar (1): Que entrada miserável. Terá por certo atrapalhado q.b. nos lances dos dois golos de André Silva, admito que sim, mas que diabo, um bidão também atrapalharia. De resto, uma perfeita nulidade. Que miséria.


Peseiro (3): Pode parecer cruel "disparar" sobre um treinador que é forçado a assistir impotente a duas coisas daquelas. Fez-me lembrar aquele senhor de tez escura com a bola laranja na boca em Pulp Fiction... Ele que até escolheu o onze que eu escolheria, excepto Chidozie. Mas, uma vez que tinha alinhado esta "dupla" no jogo anterior, não lamentei a coerência da sua manutenção. Pareceu-me lógica, o raio da batata. Ele que até teve que defrontar um adversário que não queria jogar. Pode parecer cruel... mas é da mais elementar justiça. Peseiro é um absoluto flop. No fundo, personifica na perfeição o que é ser do Sporting - que é a antítese de ser do Porto. Desde que chegou, mesmo descontando as imensas dificuldades que encontrou, quase só fez cagada. Ontem não destoou, apresentando mais uma vez onze jogadores que aparentavam não fazer a mínima ideia de como jogar em conjunto. E isso só pode ser responsabilidade do treinador. 




Quanto ao Braga, divida-se a "coisa" em dois planos.

Primeiro que tudo, sinceros parabéns a todos os braguistas, que por esta altura ainda saboreiam esta grande conquista  (em módulo) do seu clube. Aos demais, aos bracarenses lampiões (infelizmente ainda em maioria), que se afoguem na saliva da sua pequenez. O Sporting Clube de Braga venceu a Taça de Portugal frente ao Futebol Clube do Porto e os seus verdadeiros adeptos só têm que se congratular com isso. Nada mais. De novo, parabéns.

Depois, esta equipa do Braga que venceu a Taça. Como nos demais jogos em que nos defrontaram esta época, foram uma equipinha tacanha, fechada, sem uma ideia e muito menos um plano para nos causar dano. Bem à imagem do seu treinador, que ao contrário do muito que se balbucia por aí, ontem só confirmou o terrível erro que foi a sua contratação para o Porto. Pequenino, muito pequenino. Minúsculo.

Onde e porquê se esconde aquele Braga ousado, que joga olhos nos olhos com os da segunda circular e é invariavelmente goleado, sem ponta de vergonha ou arrependimento? Têm-nos assim tanto respeito (ou coisa pior) que os impede de tentar jogar futebol contra nós? Nem era preciso escacharem-se como contra o Benfica, bastava tentarem jogar. 

O anti-jogo que fazem contra nós deveria ser alvo de estudo psicanalítico. Uma das coisas que mais me custou ontem foi ver aquele ordinário, batoteiro e reles "guarda-redes" que me recuso a nomear converter-se no herói do dia. Às vezes, ser miserável resulta. Esta época foram três vezes, e cerca de 10 minutos por jogo no chão, a defraudar todos os que assistiram aos jogos. Mais cedo do que tarde, há-de ter a sorte que merece.


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A época finou-se, graças a todos os santos. 

Mais uma vez, sem novos títulos. 

Mais uma vez, sem Supertaça para disputar no início da próxima.

Paupérrima, para lá dos meus piores pesadelos. Tal como o mandato já cessado de Pinto da Costa, entretanto reeleito sem oposição. 

Muito mal vai o Porto. Mas eu não me esquecerei de quem não deu a cara, quando o Porto deles precisava. E não deixarei que ninguém se esqueça, também.


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De domingo 22 de Maio de 2016, sobram-me duas coisas. 

A memória do estupendo apoio que os portistas dispensaram à saída dos jogadores para o intervalo, após um golo oferecido e 45 minutos miseráveis. 

E um extraordinário convívio com amigos de sempre, que se estendeu pela noite dentro e que nem o descalabro vespertino conseguiu arruinar. Momentos menos frequentes do que outrora, por motivos de força maior... e melhor. Talvez por isso os valorize mais agora. Obrigado meus amigos, até daqui a nada. Que pena não ser já na Supertaça.


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Neles inspirado (nos meus amigos), deito-me a imaginar um Porto novo. E que este tenha sido mesmo o fundo do abismo. E que Jorge Nuno Pinto da Costa tenha ainda um último sopro de vida clubística e com ele nos consiga devolver ao caminho certo, para também ele sair como merece. Nada tem de mais decisivo nos próximos dias do que a escolha do novo treinador. Que o seu Deus, seja ele qual for, o ajude a escolher bem.



Do Porto com Amor




domingo, 22 de maio de 2016

Scouting Ahead - Reforços para 2016/17



Comecei a pensar sobre este artigo há já algumas semanas e desde então, pouco a pouco, tenho recolhido alguns dados que podem ajudar a perceber como e onde o Porto se poderia reforçar, tendo em vista a próxima época e seguintes.




Numa das suas mais recentes entrevistas, o presidente Pinto da Costa prometeu uma espécie de regresso às (nossas) origens, as origens do Porto que tudo e todos conquistou (nota mental: mentecaptos não são susceptíveis de serem conquistados) no que concerne à filosofia que preside à construção dos plantéis. Abandonar a política actual de entreposto comercial de amar e partir (ou nem isso) e regressar ao modelo que tantos títulos nos valeu: comprar bom (e barato, sempre que possível), tirar partido desportivo dos jogadores, valorizar e vender uns anos mais tarde.

Foi dentro deste novo (ou será velho) enquadramento que procurei em alguns dos locais mais óbvios por possíveis reforços. Não sou, nem de longe nem de perto, um desses freitas lobos desta vida que conhecem até a cor da plumagem dos periquitos do ponta-esquerda dos iniciados do Colo-Colo (o do Chile, não confundir com o Benfica). Não. Sou um mero amante de futebol mas casado com o meu Porto, cujos jogos representam seguramente 51% de todo o futebol a que assisto. Portanto, e para além da observação dos jogadores dos nossos adversários, é na observação dos 49% restantes que procuro decifrar o potencial de jogadores que me chamam a atenção. Sem complicação nem pretensiosismo, apenas lançar o debate.

Comecei pelo Campeonato da Europa de Sub-21, que tive o prazer de assistir de princípio ao fim, apesar do (habitual) amargo de boca na final. Mesmo sabendo de antemão que a grande maioria dos jogadores já estavam na altura em clubes relevantes, creio que vale a pena porque ainda são muito novos e muitos deles têm ainda preços "acessíveis" (em teoria, pelo menos).

Avancei depois para as provas europeias de clubes (Champions e Europa), procurando talentos emergentes e valores seguros, de novo teoricamente acessíveis ao orçamento do Porto. Incluí também um ou outro que seriam extravagâncias (ou loucuras), mas porque se tratam de jogadores que realmente gosto de ver jogar.

Por último, a realidade nacional. Não tenho sequer pretensões de pensar que conheço quem joga na segunda liga, apenas vi (parte d)os jogos do Porto B e pouco reparei nos adversários, pelo que me refiro à I Liga, com enfoque sobre os destaques que fui fazendo aos adversários nos jogos contra nós.

Devo reconhecer que não dei grande relevo ao plantel actual, o que significa que não fui à procura especificamente de defesas centrais ou pontas de lança, por exemplo, mas antes listei todos os que me pareceram interessantes, independente da sua posição. Não incluí jogadores nossos que estão emprestados, precisamente porque já são nossos. Essa análise fica para daqui a uns dias, possivelmente cruzada com esta.


Começando pela defesa:

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Assinalei a bold as minhas apostas preferenciais (neste e nos quadros seguintes). Todos os valores são de referência e retirados de um site especializado, o que significa que podem ser muito conservadores quanto à aceitação de venda por parte dos detentores do passe.

O sector mais carenciado da equipa, requer apostas seguras em qualidade e quantidade. Se tivesse que escolher apenas um desta lista, seria Raphael Guerreiro. Gosto muito de o ver jogar e assentava que nem uma luva. Destaque também para o lateral do Marselha e para os centrais de Brugge e Sion. Incluí também o mais que provável Felipe.


E agora o meio-campo:


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Sendo o sector mais recheado (até com excesso de jogadores de características similares), a maior necessidade recai sobre um médio criativo, com capacidade de liderar o processo ofensivo e de fazer a diferença. Óliver seria a minha primeira aposta, por apresentar menor risco e pelo indiscutível talento. Os médios do Olympiakos são interessantes, bem com o jovem ucraniano e o sueco Lewicki (que no entanto, esbarra no excesso de oferta). Um jogador da classe e experiência de Dzagoev seria sempre uma brilhante aquisição, mas como sabemos não é fácil chegar a um jogador desse calibre. 


Segue-se o ataque:

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Irresistivelmente, o sector com maior número de propostas. Porque, no fundo, todos queremos é ver a bola entrar nas balizas adversárias. Luuk de Jong seria o meu grande alvo para ponta de lança. Um jovem mas brilhante goleador, uma máquina. Noutro registo, de maior mobilidade, agrada-me muito o avançado do Sion Konaté. O menino Embolo seria outra grande aquisição, mas já deverá ter um preço proibitivo, para além de concorrência de muitos tubarões. Para as alas apostaria no "dispensado" Bruma ou em Derlis González (reconhecendo que este é difícil de trazer) e no talento franco-camaronês de N'Koudou. A cereja no topo do bolo seria mesmo Yarmolenko, um jogador que adoro ver jogar. Eu sei, é quase impossível.


Para terminar, a minha shortlist do nosso campeonato:



Considerando que Jota e Medeiros não estão no mercado, apostaria tudo na contratação de Rafa. Acredito realmente no seu potencial e parece-me que teríamos craque logo à chegada. Perde-lo para o estrangeiro seria mau e difícil de compreender, dada as várias proximidades entre clubes e intervenientes. Perdê-lo para um rival nacional seria uma tragédia dupla. Também do Braga, gostaria de perceber se Boly tem o que é preciso para se afirmar num clube como o Porto.

 O objectivo deste pequeno estudo é lançar a discussão, pelo que todas as vossas contribuições (e observações, validações ou rejeições a esta lista) são muito bem-vindas.


Nota final: por coincidência, saíram ontem "notícias" em vários merdia que dão conta da grande proximidade de Rafa (e também Diogo Jota) do Benfica. A ser verdade, é o que se chama começar a nova época com o pé esquerdo (de um destro). Estes dois jogadores são em minha opinião a primeira e segunda escolha do draft do campeonato agora terminado e assistir ao ingresso de ambos no nosso principal (e único?) rival, é um tremendo golpe nas partes baixas. Sobretudo em relação a Rafa, que deveríamos ter trazido em Janeiro passado para o Dragão, custasse o que custasse. É evidente que é um daqueles jogadores que promete "não ter condições" para ficar muito tempo em Portugal e portanto, a mais-valia estaria quase garantida. SE for verdade, é o primeiro (e colossal) falhanço da direcção do Porto em 2016/17. 


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Não tive o prazer de assistir ao primeiro jogo da final do Basket, mas ainda assim aqui fica a referência a uma excelente vitória sobre os "senhores" absolutos da modalidade em Portugal na última década, ainda mais quando no final do primeiro período perdíamos por 29-13. Muito bem rapazes, agora vamos lá tentar ganhar o segundo ainda lá no galinheiro. Sem pressão.


Daqui a minutos arranco rumo ao Jamor e de lá só admito voltar com a Taça. E uma goleada sem espinhas, se possível. E já agora o Rafa, em papel de embrulho. Amanhã darei conta do que vi(vi). Até os comemos, carago!



Do Porto com Amor




quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Primeira Volta ao Sol


E de repente, já lá vai um ano de DPcA. Parece que foi ontem.




E na verdade, foi mesmo. Ontem, quero dizer. Que o blogue completou o seu primeiro ano de vida.

Devo confessar que iniciei o caminho com uma ambição bem maior em termos de conteúdo "programático". Mesmo tendo sempre como música ambiente o Futebol Clube do Porto, pretendia que o blogue não se esgotasse nele. Que fosse realmente do muy nobre Porto, de todo o Porto, do clube, da cidade e das suas gentes. Em alguns momentos ainda consegui extravasar a órbita do Futebol Clube, mas muito menos do que desejava. Porque o Tempo - esse bandido - não esteve de acordo. E assim fui ficando pelo essencial, ou talvez pelo superficial, ou ambos. Mas prometo não desistir. Porque o Porto e o país assim o exigem.

Escreveu Miguel Sousa Tavares na sua mais recente Nortada: "(...) nunca hei-de perceber que estranha perturbação de personalidade leva alguém do Porto a ser benfiquista... Talvez a explicação mais lógica seja a daquele jovem benfiquista que se chegou ao microfone da repórter e declarou: "Bou-lhe contar uma coisa: eu era espermatozoide e já era do Benfica". Ah, ok, então é defeito de fabrico.". Já somos dois, caro Miguel.

Parabéns portanto a "todos nós": um nadinha a mim, Lápis Azul e Branco, que neste espaço vou exorcizando alguns dos demónios que me atormentam; mas sobretudo a todos vocês, que estão em Portugal mas também nos Estados Unidos, no Brasil, em França, no Reino Unido, na Irlanda, na Alemanha, na Rússia (!), na Suiça e no Canadá (se estiver num outro local, diga-me onde!), fazem o favor de me ler, em especial os que se dão ao trabalho de me dar troco.

Vamos ao segundo, pois então. Com mais Amor, se possível.


Virando a agulha, aproveito o momento para divulgar a mais melhor boa iniciativa da bluegosfera, um encontro anual de portistas onde se debate tudo e mais alguma coisa sobre o universo azul e branco, que este ano se designa por V DIA DO CLUBE e ocorrerá a 11 de Junho. Todos os detalhes aqui, as inscrições são gratuitas mas limitadas!



Do Porto com Amor



terça-feira, 17 de maio de 2016

E Pluribus Gatunum


Está oficialmente encerrada a Liga NOS 2015/16, com a confirmação do campeão Benfica na derradeira jornada. Como habitualmente, será apenas isto que ficará para a história. Tal como o Benfica campeão europeu em Hóquei. E provavelmente em Andebol. E o Benfica B que se mantém na II liga.


"Eminência..."


Mas não é o que ficará na nossa memória colectiva. Porque felizmente haverá sempre quem denuncie, não por despeito ou maus fígados, mas porque se tratam de fraudes, mais ou menos explícitas, mais ou menos evidentes. E hoje já não é possível agrilhoar a verdade através da opinião publicada nos media "profissionais".


Antes de avançar para os factos, duas notas prévias muito importantes:


1 - Por muito que custe a muita gente (de todas as cores clubísticas), eu tenho bastante respeito pela grande instituição que é o Sport Lisboa e Benfica. Mais do que reconhecer a sua grandeza enquanto clube desportivo, congratulo-me pela sua existência enquanto tal. 

No entanto, jamais aceitarei ou deixarei de denunciar os favorecimentos ilícitos com que é bafejado desde que o senhor Oliveira concluiu que essa seria uma forma barata e terrivelmente eficaz de manter os portugueses felizes na sua ignorante miséria. Ele, que detestava o caos e até somente um imprevisto, garantiu que tudo fosse feito a régua e esquadro, conseguindo uma geometria tão singela quão denunciadora dos seus propósitos. 

Felizmente o senhor caiu da cadeira, a régua e esquadro foram para o lixo e uma nova ordem, de contrapoder, nasceu com a liberdade, com tremendo prejuízo para o Benfica. Sem vitórias por decreto e com líderes fracos, vaidosos e/ou vigaristas, viu-se totalmente esmagado e secundarizado perante uma liderança portista anos-luz mais competente, a todos os níveis. 

Até que chegou o actual presidente Vieira, alicerçado na sua rica experiência enquanto empresário de sucesso, com a lição bem estudada e um plano bem definido, que aliás não se coibiu de exibir: dominar as instituições que governam o futebol português. "Honra" lhe seja feita, conseguiu-o. Mesmo depois de consentir, no seu consulado, que o Benfica sofresse as maiores humilhações da sua história às mãos do Porto (nem é preciso enunciar, pois não?); sobreviveu-lhes e montou a teia que no domingo lhe garantiu um novo tricampeonato, 39 anos depois, com o mesmo fio condutor de há quatro décadas: o de ser falso como Judas.


2 - Ao longo de muitos meses tenho exposto e trazido a debate aquelas que considero ser as nossas falhas, que em conjunto nos têm enfraquecido ao ponto de não conseguirmos evitar a actual hegemonia encarnada. Portanto, não sou dos que enfiam a cabeça na areia e se escudam exclusivamente nos favorecimentos ilícitos aos adversários para justificar os insucessos do Porto. 

No entanto, há um mito que subsiste até nas mentes de muitos portistas e que deve ser erradicado de vez. Erros próprios e favorecimentos alheios não são mutuamente exclusivos. O Porto tem feito más opções em contratações de treinadores e jogadores e a consequência é não apresentar o nível competitivo que a todos habituou, que inclusive chegava para superar o nacional-benfiquismo e os seus obstáculos de sarjeta.

Os favorecimentos ilícitos ao Benfica são uma realidade paralela, que coexiste com a nossa menor competência na gestão desportiva. Sem eles, seria muito provável que mesmo cometendo todas estas falhas, o Porto (ou terceiros) continuasse a festejar campeonatos. Nuns casos de forma mais gritante (como na época passada e no campeonato do Estorilgate), noutros menos (todos os demais títulos do Benfica desde 1993/94). E não se escandalizem as virgens ofendidas e os paladinos da boçalidade: foram só cinco desde então.

E há também vários tipos de falhas próprias. As que dizem respeito às escolhas do departamento de futebol, as de cariz económico-financeiro e as que concernem à falta de combatividade ao poder instituído que, à falta de melhor palavra, está simplesmente capturado e corrompido em favor do Benfica. Em todos eles temos que melhorar, urgentemente e em simultâneo.



Avancemos então para os factos que sustentam a minha tese (que, na verdade, não é minha mas sim de domínio público) e que, mais uma vez, me impede de poder em consciência, sem hipocrisia e de boa vontade congratular os meus amigos benfiquistas pela "sua" conquista - precisamente porque não foi "só" deles. Fica para a próxima. Ou não.


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Isto reflecte simplesmente um pequeno e breve trabalho de recolha dos indícios mais evidentes, não é de forma alguma exaustivo. Aliás, parte desta recolha baseou-se no vídeo que circula por aí da "Liga Voucher 2015/16", criado por um sportinguista (o que à partida tende a descredibilizar a obra). No entanto, está bem estruturado como tese e serve de apoio. Escusava era de desviar as atenções para o fait-divers dos vouchers. Evidentemente que são ilegais e deveria por isso o clube ser punido, mas concentrar os holofotes nesse ponto desviou-os das nomeações, observações e classificações, onde fariam maior falta.

Mas ainda assim serve o seu propósito: demonstrar que, mais uma vez, o S.L.Benfica foi decisivamente beneficiado pelas arbitragens e que, mais uma vez, "conquistou" um título também alicerçado em ajudas ilícitas.

Na frase anterior, o "também" é de relevo. Porque existe também mérito próprio.

A começar e a acabar em Rui Vitória, que conseguiu sobreviver a um funeral que já tinha a cova aberta e passou de bobo da corte a rei da populaça. Apesar do seu incurável ar de pavão inchado, soube quase sempre comportar-se com elevação e conseguiu transformar as ofensas de Jorge Jesus num activo para o seu grupo. E foi até ousado na forma como se apresentou em vários jogos da Champions.

Pelo meio, um conjunto de jogadores que foi dando o que tinha. Jonas, Mitroglou e também Jiménez formaram uma máquina de fazer golos, que tantas vezes camuflou com goleadas exibições sofridas e erros de arbitragem. Pizzi, Samaris e Renato dividiram as suas atenções entre a bola e as canelas adversárias (porque indevidamente protegidos pelas arbitragens). E Gaitán, evidentemente. Na baliza, primeiro Júlio César e depois Ederson provaram ser de grande nível, ao ponto de conseguirem terminar jogos a fio sem sofrer golos, mesmo com uma defesa de toscos, onde só se aproveita o miúdo Semedo e uma dupla de centrais mediana (mas ainda assim melhor que as nossas). E claro, o novo Maxi da Luz, que assumiu em pleno o papel do uruguaio e deu pancada suficiente para passar mais tempo na bancada do que em campo. Quantas vezes mesmo foi expulso Eliseu?


Somar 88 pontos será sempre um bom desempenho num campeonato com 34 jogos. A questão é que vários desses pontos não foram conquistados pelo mérito desportivo mas sim pelo favorecimento arbitral. O segundo classificado Sporting, que também teve a sua quota-parte de favorecimentos - desde logo nos dois jogos contra nós, fora e em casa - mas em menor escala, ficou a apenas dois pontos e logo por aí, já se percebe da viciação do resultado final.

Até o Porto poderia lá ter chegado, mesmo a jogar "tão mal" como fizeram questão de escrever até acabar a tinta nos tinteiros, não tivesse sido prejudicado em tantos jogos e sobretudo nos momentos decisivos. Como favorecimento claro tivemos o jogo na Madeira contra o Nacional, como prejuízo... Marítimo (fora e casa), Rio Ave (casa), Arouca (casa), Tondela (casa), Sporting (fora e casa), Paços (fora) e claro, o jogo decisivo, em Braga, com os cumprimentos do "senhor" Xistra.

No entanto, reconheço que perante tanta irregularidade exibicional, é impossível adivinhar se mesmo sem estes prejuízos teríamos conseguido acabar em primeiro. Já em relação ao Sporting, é mais difícil contestar.



Quem melhor resumiu a época benfiquista foi Rui Costa: "Não andámos a falar, mas sim a trabalhar para ganhar". E de que maneira, acrescento eu.


Mas o polvo de Luís Filipe Vieira já se sente tão confortável nos meandros do "futebol de primeira" que lhe sobra tempo para estender os seus tentáculos a (quase?) todas as modalidades e escalões. Sem muitas palavras, ficam as imagens.



Tó Neves: "Saio daqui envergonhado com a modalidade"





Ricardo Costa acusa dupla de árbitros de 'roubo' na Luz


Todos os que ficaram surpreendidos com as palavras de Ricardo Costa, que comentou o afastamento nas meias-finais do playoff de andebol com a frase: ‘A mim não me roubaram a carteira. Entraram-me dentro de casa’, basta visitar esta página



E o azeite virgem no topo do polvo (à lagareiro):

Farense perde dois pontos por utilização irregular de Harramiz contra Benfica B


Porquê? Até um calimero conseguiu explicar. Aqui.

E como ficou a classificação final da II Liga?

"Ó pai, quanto é 54+2 ?"



Por onde andarão Maria José Morgado e Ricardo Costa, entre outros zelosos paladinos da justiça zarolha? Aposto que continuam no mesmo sítio onde já estavam quando se soube da Porta 18 (parte final do post) e das sucessivas declarações de Marco Ferreira.



Para terminar, bem sei que o título deste texto não me faz nenhum favor, que milhões (ou mais...) de benfiquistas se sentiriam ofendidos se o chegassem a ler e coisa e tal. Mas na verdade deu-me jeito precisamente pela brejeirice e cumplicidade fonética. E já agora, "E Pluribus Unum" não é originalmente do Benfica mas sim dos Estados Unidos da América. A não ser que os Founding Fathers fossem ali de Carnide ou arredores...



Do Porto com Amor



domingo, 15 de maio de 2016

Xeque-Mate


Acabou o campeonato.


Mais que mil palavras


Na realidade, para nós já tinha acabado há umas valentes jornadas atrás, mas, enfim, havia ainda que cumprir o calendário com dignidade. Que tivemos em alguns jogos, mas não em Paços ou contra o Sporting.

Ontem acabámos bem, apesar de termos passado metade da primeira parte encostados atrás, com o Boavista a pressionar alto... é verdade, aconteceu mesmo, entre o primeiro golo e quase o intervalo. Mas no final e para a história ficam os 4-0. Acabámos bem, portanto.

Da nossa parte, foi um jogo completamente orientado para a final do Jamor. As escolhas do onze, as substituições, tudo foi planeado a pensar no Braga. Ainda assim, não entendi a ausência de Sérgio Oliveira do jogo. Está numa fase de afirmação, a jogar bem e melhor de jogo para jogo, para quê interromper esse processo?


Impossível não fazer referência à estreia de André Silva a marcar pela equipa principal. Um golo tão desejado como desesperado, que chegou quando chegou, como tudo o resto na vida. Só é pena que a época esteja agora no fim. Sobra-lhe a final da Taça para fazer miséria na defesa minhota.

Gostei da estreia matinal, acho que é um bom horário (passível de ser ajustado, meia-hora para trás ou para a frente) que liberta o resto do dia das questões futebolísticas. E aquele ar da manhã, ainda que já avançada, fez-me lembrar as muitas vezes que saía de casa cedo para ir jogar futebol. Gostei mesmo. Repita-se, pois.


Os festejos da estreia



Notas DPcA:


Dia de jogo: 14/Mai/2016, 11h45, Estádio do Dragão. FC Porto - Boavista FC (4-0).


Casillas (6): Uma boa defesa por instinto a evitar o empate e um resto de jogo relativamente tranquilo. Até com os pés esteve acertado... 

Maxi (7): Termina a época em crescendo, numa espécie de pré-época para a Copa América. Sempre muito interventivo no seu corredor, ainda teve tempo para arrancar um penálti para Brahimi converter.

Layún (8): Regressou a habitual alegria e tremenda produtividade que o seu jogo transporta. Ponto extra pelo belo golo.

Marcano (6): Esteve sereno o Ivan, talvez por se sentir amparado pela falange de apoio dedicada com quem confraternizou, já o Dragão estava quase vazio. Não foi nunca testado "a sério" e desde que assim seja, o bom do Ivan não se espalha.

Chidozie (6): Menos sereno do que o parceiro, ainda assim sem comprometer em definitivo. E acrescenta impetuosidade à dupla. Será que Indi vai assistir do banco de suplentes à final do Jamor?

< 45' Danilo (7): Esteve bem como quase sempre, embora mais discreto. Fez o primeiro da manhã e saiu em "gestão de esforço".

< 69' André André (6): Melhorou ligeiramente face ao jogo anterior, mas continua a preferir navegar pelas águas mais seguras das sombras do jogo. Tenho dificuldade em perceber a insistência nele neste final de época, mesmo tendo presente a questão do Euro, sobretudo quando temos um Sérgio em boa forma e a crescer de jogo para jogo... quando joga.

Herrera (6): Foi o regresso do Héctor trapalhão, ainda que em dose reduzida. Correu muito mas nem sempre a propósito e foi menos incisivo do que vinha sendo habitual.

< 45' Corona (5): O elo mais fraco de ontem. Esteve até bastante envolvido no jogo colectivo mas quase sempre decidiu ou executou mal, desperdiçando boas ocasiões para desenvolver ataques de perigo. Alguém que te ensine, hombre, e depressa...

Varela (6): Também menos consequente do que em jogos recentes, mas pelo menos nunca deixou de atrapalhar (fosse quem fosse). 

Melhor em Campo André Silva (8): Já está! Custou mas foi, meu menino. Agora é só... marcar muitos mais. Claro que o golo seria sempre o destaque ansioso da sua exibição, mas reduzi-la a isso seria tremendamente injusto. Até porque também assistiu Layún (mesmo que o mérito do concretização seja o mais relevante) e jogou muito bem durante 90 minutos na sua missão de avançado. Segurou e tocou, desfez os centrais do Boavista com cargas de ombro e correu atrás de todas as bolas (todas mesmo!). Porque pode, pela idade, e porque quer, pela ânsia de conquistar o seu lugar ao sol. E fico a pensar: mantendo este trajecto, acrescentando experiência e deduzindo impetuosidade, que avançado fenomenal não poderá ser aos 26 anos...


Homem do Jogo também para os adeptos que estiveram no Dragão


> 45' Brahimi (7): Entrou bem outra vez, acrescentando agora um golo e uma gloriosa assistência para o menino se estrear. Muito menos do que poderia dar, mas mais próximo...

> 45' Rúben (6): Bons 45 minutos, porventura até melhores do que os de Danilo. Beneficiou da pouca pressão dos adversários sobre si e da saída de André, que entretanto lhe disputava desnecessariamente os terrenos pisados. Também mais perto do Rúben que todos queremos, mas... não é um seis...

> 69' Evandro (6): Entrada positiva e mais uns pontos conquistados rumo à sua participação na final da Taça.


Peseiro (6): Vitória gorda e limpa que não espelha as dificuldades que o Boavista nos causou até ao golo de Layún, já perto da hora de jogo. E perante isto, não posso senão considerar positiva a sua acção neste jogo. Tal como não posso "ir-me embora" sem questionar a ausência de Sérgio Oliveira do jogo. Está cansado? Medo do Xistra? Nada me satisfaz a curiosidade de entender por que motivo se quebra o ritmo e o processo de afirmação de um jogador que finalmente começa a despontar para o grande futuro que precocemente lhe adivinharam. Em todo o caso, foi o seu último jogo no Dragão e a última imagem que fica é positiva.


Os (únicos) campeões


Outros intervenientes:


Ser pequenino não é fácil. Até porque a pequenez normalmente mora dentro das cabecinhas (ou cabeçorras, tanto faz). Quando a malta da rotunda, já a perder por três, começou a cantar alegremente "outra vez, outra vez, campeonato com o car(v)alho outra vez" dei por mim a pensar em que raio de psicologia é que os gatinhos escuros se movimentam. "Ah e tal, nós somos meia-dúzia de gatos pingados, mas pelo menos vocês - que são da nossa cidade e sofrem diariamente e ano após ano o mesmo que nós - também não ganham aos lagartos e lampiões de Lisboa (onde se decide o nosso sofrimento)!". É isto, gente? Ou será apenas um instinto básico pavloviano? Enfim, ontem nem Renato Santos se evidenciou no Boavista, apesar da boa réplica que, como equipa, deram durante largos minutos da primeira parte.


A desfaçatez de Vítor Pereira atingiu ontem um novo patamar. Nomear para o último jogo (ainda por cima em casa) o apitador Xistra que sentenciou a nossa despedida do campeonato, só prova que o imbecil acredita mesmo que nada do que faça lhe provocará dissabores. E neste contexto, chocou-me a "leveza" com que Peseiro abordou esta nomeação, na antevisão da partida, como se nada de muito grave e decisivo se tivesse passado em Braga. Ou então será consciência peseirosa, não sei.


E foi assim, com o primeiro derby matinal, que demos por concluída a nossa vergonhosa participação neste campeonato, o terceiro consecutivo que descansará noutro museu qualquer.

Sobra apenas a final da Taça. Tal como escrevi há dias, "resta-nos ganhar com categoria, nada mais". Até lá.



Do Porto com Amor