outubro 2018

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Kremlin de Gala, Circo, Taça e Fogaças


Vai de vento em popa a nossa campanha 2018/19 na Liga dos Campeões. Finalizada a primeira volta do grupo D, seguimos na frente com uns meritórios sete pontos e com o bando inteiro na mão para garantir o primeiro lugar no final desta fase.




Já lhes dei conta da falta de tempo e menor disposição para manter a regularidade da escrita nesta fase, pelo que não os vou maçar mais com isso. Avanço directo para o já longínquo jogo caseiro contra o Galatasaray, onde conseguimos talvez o resultado mais importante de todos rumo ao apuramento para os oitavos. Vitória tangencial mas a valer os mesmos três pontos de qualquer goleada. Jogo difícil contra uma equipa talvez menos equilibrada mas seguramente não inferior à nossa, o que ainda valoriza mais o feito. Não são nenhum papão, mas nós também não - nunca fomos e hoje ainda mais distantes de o ser.

Seguiu-se a barraca da temporada (até ver), na ida à Luz. De tão chateado com f que fiquei, não fui capaz de escrever sobre o assunto sem ensaiar um chorrilho de asneiras. Fiquei-me por um singelo tweet e hoje ainda não me apetece escrever muito mais: não jogámos nadinha, eles pouco mais e acabaram por ter a sorte que nós tivemos no jogo da época passada. 

Como quem não sabe perder também raramente sabe ganhar, os criminosos de Carnide que tomaram aquele clube de assalto passaram música de tourada no final do jogo, o que me deixou na dúvida: estariam simplesmente a celebrar à sua maneira ou confundiram com aquela musiquinha muito semelhante que normalmente toca nos circos, acompanhada de palminhas? Vou mais pela segunda, dado o contexto e a enormidade de palhaços que por ali tinham passado.

Saímos de lá vergados pela nossa incompetência e remetidos para um obscuro terceiro ou quarto lugar. Seguiu-se mais uma absurda pausa para Seleções e Taça (e já vem outra a caminho), onde cumprimos a obrigação de seguir em frente contra os briosos amadores do Vila Real. Destaque maior para o inédito poker do zombie Ádrian e side note para o regresso de Fabiano à titularidade.

O regresso à "alta competição" deu-se na monumental e acolhedora cidade de Moscovo, onde tive o prazer de estar a acompanhar ao vivo mais uma vitória na Champions, desta vez contra o Lokomotiv local. Vitória da melhor equipa num jogo onde quase tudo nos correu de feição (San Iker!) e contra um dos conjuntos mais fracos de que tenho memória de defrontar nesta competição. Bem sei que estavam sem vários dos habituais titulares, mas só me posso referir ao que vi neste jogo. Seja como for, cumprimos, vencendo. Ainda sem convencer.

E assim "chegámos a ontem" de volta a casa, ao nosso Dragão. Embalados com a surpreendente derrota dos sem-vergonha às mãos da ex-SAD do Belenenses (melhor definição que encontrei até que arranjem novo nome), arrancámos determinados em recuperar a liderança do campeonato. Do outro lado, o Feirense, uma equipa bem organizada e capaz de estender o jogo ao ponto de criar perigo junto da nossa baliza mais do que uma vez. 

Fomos suficientemente melhores para vencer, mas só perto do final pudemos descansar quanto à distribuição de pontos. Pelo meio, muitas peripécias arbitrais (quase todas em nosso benefício) e o regresso de Óliver às exibições de corpo inteiro, completas e de nível elevado. 

Tudo somado, cerca de um mês de futebol findo o qual mantemos intactas as aspirações em todas as competições e inclusive recuperamos a liderança do Campeonato após derrota na Luz. O nível de segurança que o jogo da equipa transmite é ainda baixo, mas fundamental mesmo é ir ganhando nos entretantos, enquanto se trabalha para melhorar. Convém é não deixar de o fazer (melhorar), porque um dia a "sorte" pode nos virar as costas.



Notas DPcA 

(por ordem cronológica)



Dia de jogo: 03/10/2018, 20h00, Estádio do Dragão, FC Porto - Galatasaray (1-0)




Nota (8): Iker

Nota (7): Militão, Danilo, Otávio (<80'), Marega, Brahimi 

Nota (6): Maxi, Telles, Herrera (<89'), Corona (<69'), Óliver (>69'), André Pereira (>80') 

Nota (5): Felipe

Nota (-): Oliveira (>89')

Sérgio Conceição (7): Vitória fundamental para relançar a nossa candidatura aos oitavos, conseguida muito à custa do coração, aquele que se agigante e nos enche de orgulho. Os turcos tiveram as suas oportunidades para sair do Dragão com pontos e não vejo como o treinador poderia ter feito mais ou melhor para o impedir. Correu-nos bem mas fizemos por isso. Sérgio Conceição já se pode apelidar de treinador com tarimba de Champions...


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Dia de jogo: 07/10/2018, 17h30, Estádio da Luz, SL Benfica - FC Porto (1-0)




Nota (7): Iker

Nota (6): Danilo, Otávio (<52'), Brahimi 

Nota (5): Maxi (<70'), Telles, Militão, Felipe, Corona (>70'), MaregaSoares (<76'), Oliveira (>52'), André Pereira (>76') 

Nota (4): Herrera

Sérgio Conceição (4): Equipa amorfa, sem ideias, irreconhecível do princípio ao fim. Muito diferente da do ano passado neste mesmo jogo? Nem tanto, simplesmente desta vez "caiu" para o outro lado. Esperava muito mais do campeão em título, numa altura em que os sem-vergonha vão sendo cada vez mais expostos pelo bando de criminosos que são. Nesse sentido, foi uma dupla derrota, muito difícil de "perdoar" pela falta de vontade demonstrada. Agora já passou, mas demorou. Que sirva de exemplo do que nunca mais se pode repetir.

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Dia de jogo: 19/10/2018, 20h15, C.D. Monte da Forca, SC Vila Real - FC Porto (0-6)




Nota (9): Ádrian (<73')

Nota (7): Óliver, Bazoer, Soares 

Nota (6): Fabiano, João Pedro, Jorge, Militão, Herrera (<63'), André Pereira (<63'), Corona (>63'), Marius (>63'), Oliveira (>73')

Nota (5): Felipe

Sérgio Conceição (6): Jogo encarado com total seriedade, resultado "normal" e oportunidade aos menos utilizados. Tudo bem feito.


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Dia de jogo: 24/10/2018, 20h00, Estádio Lokomotiv Mockba, FC Lokomotiv - FC Porto (1-3)




Nota (8): Iker 

Nota (7): Telles, Danilo, Óliver (<82'), Corona (<69'), Brahimi (<82') 

Nota (6): Maxi, Felipe, Herrera, André Pereira (>69'), Marega

Nota (5): Militão, Bazoer (>82'), Ádrian (>82')

Sérgio Conceição (6): Vitória fora na Champions é sempre de valorizar, mas houve tanto "acaso" a empurrar-nos para ela que me custaria dar ao treinador uma nota mais elevada. Houve San Iker, houve árbitro amigo, houve bolas de golo que não chegaram a entrar (também por mérito de quem defendia), tudo se conjugou a nosso favor. E ainda bem.


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Dia de jogo: 28/10/2018, 17h30, Estádio do Dragão, FC Porto - CD Feirense (2-0)




Nota (8): Óliver, Brahimi (<86')

Nota (7): Iker, Danilo, Corona (<64') 

Nota (6): Maxi, Telles, Militão, Felipe, Soares, Marega (<89'), Herrera (>64')

Nota (5): André Pereira (>82')

Nota (-): Ádrian (>86')

Sérgio Conceição (7): A equipa não falhou quando o rival se espalhou ao comprido e isso é sempre de louvar. Atitude certa desde o início, pese a dificuldade em chegar ao golo. Quando o conseguiu por vias travessas, a postura manteve-se (tal como a do adversário), o que adiou a decisão do jogo para perto do seu final. Boa leitura dos acontecimentos concretizada nas substituições, em particular a entrada de Herrera. Bem também no pós-jogo.


Outros Intervenientes:


Arbitragem difícil e cheia de erros de Rui Oliveira e do VAR Vasco Santos. Baseado em todas as imagens que vi, afirmo sem hesitar que me parece fora-de-jogo o lance do primeiro golo. É por centímetros, pode ter gerado dúvidas mas nunca certezas (critério único para justificar a intervenção do VAR neste tipo de lance/decisão). Admito também que possa ter sido penálti de Telles já perto do fim, mas não é evidente. Admito como boa a decisão de marcar falta a Marega, embora também não tenha ficado com certezas. Tudo somado, foi o Feirense quem saiu com mais razões de queixa, embora não me pareça que justifique de todo a derrota.


Segue-se o Varzim para a Taça da Liga (obrigatório vencer pelo máximo de golos possível) e depois três jogos complicados para o Campeonato [Marítimo (f), Braga (c), Boavista (f)] com a recepção a Lokomotiv e Belenenses (Taça) pelo meio. Seis jogos que ficariam lindamente pintados com seis vitórias. Vamos a isso?



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



P.S. - as minhas humildes desculpas pelo título à Markl




sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Sociedade Anónima Desgovernada


A prudência recomendava que se evitasse tirar conclusões a partir do comunicado feito ao mercado com um suposto resumo das contas da FC Porto SAD em 2017/18. É normal que os gestores procurem salientar o que lhes parece ter corrido bem (ou menos mal) e deixem o que não é bonito de se mostrar para a auto-recriação de quem tiver a paciência de ler o RCC (relatório & contas consolidado).




Assim fiz. Esperei que o documento ficasse disponível na íntegra e fiz uma primeira e rápida leitura ao documento, com a qual tirei as seguintes notas:


1. Resultados Operacionais excluindo transacções com passes de jogadores

Agravamento do resultado negativo em mais de 20%, atingindo agora os M€27, justificado com a aposta (ganha) na recuperação do título nacional e "compensado" pelas transacções com passes de jogadores. 

Não faz sentido que, de forma recorrente, a conquista de títulos implique o agravamento das contas, embora no caso concreto se "aceite" pela imperiosidade dessa conquista (face ao descalabro desportivo dos quatro anos anteriores). Ou seja, mau mas se fosse apenas "one-time shot", aceitaria. Sabemos que não é, mas também temos a solene promessa da administração de seguir por um caminho de redução drástica dos custos salariais, pelo que só esperando para ver. 

Certo, certo, é que não temos receitas recorrentes para cobrir este tipo de massa salarial. Nem outros tipos de custo, como veremos já a seguir.

1.1. Proveitos Operacionais s/ passes

O crescimento dos proveitos é sempre de saudar, embora globalmente seja modesto porque as rubricas de maior crescimento são também as de menor peso relativo no total. Em todo o caso, no sentido certo. Bom trabalho aqui, em particular da Porto Comercial.


1.2. Custos Operacionais s/ passes

Na rubrica mais importante - Custos com Pessoal - está reflectido o tal agravamento de campeão, sobre o qual já me pronunciei acima. 

Aqui, vou voltar a insistir na segunda mais importante, os FSEs (Fornecimentos e Serviços Externos), que basicamente inclui todo tipo de custo operacional que não seja salários e encargos associados, CMV (custo das mercadorias vendidas), amortizações ou provisões. Ou seja, onde há mais liberdade para se perder o fio à meada dos gastos... Se no exercício anterior se estancou a "desgraça" de 15/16 em FSE's, este ano retomou-se o caminho do despesismo desregrado. Ou assim parece, face ao agravamento de 12% desta rubrica para quase M€44. 

No documento, a parca explicação refere as benfeitorias do estádio e as viagens de pré-época como justificação. E já está, como se não tivesse importância - afinal, FSEs só representam 33% do custo operacional, nada de relevante... 

Globalmente, o agravamento destes custos quase atinge os 10%. Insustentável e com muito por explicar.





2. Resultados com transacções de passes

Tradicionalmente a "salvadora da pátria" neste arriscado modelo de gestão, esta rubrica volta a cumprir as expectativas mas - também de novo - não o suficiente para se conseguir um saldo positivo nos Resultados Operacionais. 

Os "resultados com passes" atingiram os M€14,5, já subtraídas as respectivas amortizações e perdas por imparidades com passes. No relatório, o destaque vai antes para a diferença "simples" entre proveitos e custos com passes, que ascende aos M€50.


3. Resultado Operacional


Com isto se chegou a um Resultado Operacional (passes incluídos) negativo de M€13,35 - ainda negativo e portanto mau para o futuro da sociedade, mas que representa significativa melhoria face ao exercício anterior. Aparentemente no bom caminho, falta aumentar o ritmo a que é percorrido.


4. Situação Patrimonial


De forma simplista, o Capital Próprio (CP) é a diferença entre os activos e os passivos de uma sociedade, pelo que se o CP é negativo significa que o passivo (responsabilidades da empresa) excede o activo (recursos da empresa). 

A FC Porto SAD sofreu um agravamento muito importante neste exercício ao ver o seu CP negativo "aumentar" para M€38 em função da incorporação do resultado negativo do exercício - isto sem incluir a EuroAntas, que por ser detida em menos de 50% pela SAD (não por acaso), não "releva" para a situação patrimonial desta última. Caso assim não fosse, estaríamos a falar de um CP negativo superior a M€90. Um artifício após um outro, que foi o da "compra" de 47% da EuroAntas pela SAD.

Curioso é registar as atenuantes que constam no RCC: a subvalorização contabilística do plantel e o direito de utilização da marca FCP. Se quanto à marca até se aceita com bastante goodwill (e só é pena que "a valorização deste ativo ao valor de mercado é considerada não elegível, para efeitos contabilísticos, à luz das normas internacionais de contabilidade"), a questão do plantel é muito mais delicada.


Valorização do Plantel

Quão irónico, tragicómico até, que no RCC se possa ler que, segundo a KPMG, "(...) os 6 jogadores mais valiosos do FC Porto (Brahimi, Alex Telles, Marega, Danilo, Aboubakar e Herrera), que integram o top 10 dos jogadores com maior valor de mercado a atuar na Liga Portuguesa, valiam, em 1 de setembro de 2018, 128M€." quando em simultâneo o Presidente destrói as ilusiones de muitos Portistas quanto ao amor ao clube do ainda capitão Herrera e quando se sabe que Brahimi provavelmente seguirá o mesmo caminho, o da saída a custo zero. É, lá se vai grande parte do argumento, não é Senhor Doutor Administrador "Financeiro" ? 

E já agora, para não me alongar mais sobre este lamentável assunto, aqui ficam as declarações do mesmo Presidente em Novembro de 2016: "Ofereceram-nos 30 milhões pelo Herrera no último dia do mercado". 

O que aconteceu nestes dois anos? Herrera desvalorizou ou, pelo contrário, fez a melhor temporada da carreira? Já não haverá quem ofereça pelo menos os mesmos 30 milhões? Não justifica o esforço de pagar o tal suposto prémio de assinatura de 6 milhões em vez de o expor publicamente? Ainda que a SAD só recebesse 80% de M€30, parece-me que ganharia mais do que zero. Mas devo estar a pensar mal. Ninguém quer o Pretty Héctor para nada. 

As explicações de Fernanfo Fomes, transcritas hoje n'O Jogo, podem servir para enganar fanáticos e distraídos mas pouco mais. Chavões como "os jogadores já estão amortizados" ou "para renovar, teríamos de aumentar muito os vencimentos e dar prémios de assinatura" são para embalar meninos. Se de facto fosse essa a estratégia, a da redução drástica do nível de custos, já os deveriam ter vendido há muito e não andariam a estourar dinheiro em jogadores que nem chegam a calçar nos treinos. É o que dá navegar à vista e andar ao sabor dos ventos do fair-play financeiro.




4.1. Activo

Nada de muito relevante a não ser o aumento de Cliente a curto prazo, o que será positivo assumindo que não haverá falhas nos pagamentos acordados. Nota para a diminuição do valor contabilizado do plantel, apesar do que se segue já aqui abaixo.


4.2. Passivo 

Um crescimento muito preocupante do Passivo pelo aumento substancial do endividamento não-corrente, essencialmente com empréstimos bancários (factoring) e o adiamento de compromissos obrigacionistas. Afirma-se que é uma vantagem (face ao aumento do passivo corrente), o que é verdade, mas tal não invalida que seja negativo na mesma: em vez de péssimo, é só muito mau. É a velha táctica de ir empurrando com a barriga, com o peso dos encargos sempre a crescer. Por esta boca pode mesmo morrer o peixe.

Detalhando, "em 30 de junho de 2018, o valor nominal em dívida destes empréstimos, registado no passivo não corrente, é reembolsável como segue:

2019/2020 - 61.554.211
2020/2021 - 64.127.069
2021/2022 - 31.218.264
2022/2023  -27.713.450
"

Dois ricos anos pela frente.


Nota final: EBITDA

De forma simples, o EBITDA dá uma ideia dos recursos libertados (gerados) pela actividade operacional da empresa, sendo muitas vezes uma "medida" utilizada para o cálculo do valor da empresa. Acontece que aqui estamos a falar de um relatório consolidado, o que significa que várias empresas distintas se agregam e apresentam um resultado final conjunto.



Como fica fácil de ver pela imagem acima, o que "engorda" este indicador são as contribuições das outras sociedades, porque tratando-se apenas da SAD (Segm.A) o resultado seria apenas de M€16.

Há, seguramente, outros pontos dignos de destaque neste RCC, mas o tempo e a sanidade não me permitem mais. Sugiro aos interessados nestas coisas "menores" que leiam o RCC e salientem outros temas pertinentes para análise e discussão.



Conclusão

Há um caminho de inversão do modelo de gestão que parece estar a ser trilhado e que se observa a vários níveis neste RCC, mas cujo impacto acaba por se perder ou diluir em função dos erros acumulados no passado e de algumas opções muito duvidosas do presente (to say the least), que comprometem esse esforço de recuperação da sustentabilidade económica e financeira da sociedade.

A gestão dos activos - leia-se plantel - denuncia aquilo que aparenta ser uma catadupa de erros e/ou más decisões, seja pela quantidade de jogadores importantes que entram no último ano de contrato sem renovação assinada ou pelo menos bem encaminhada, seja pela incapacidade de contratar valores jovens mas seguros (futebolisticamente falando), optando antes pelo velho entreposto de jogadores que já se sabe à partida que não vão jogar (seja pela falta de valor, seja por não se adequar ao que o treinador pretende). 

Como Portista e até que me sejam facultadas explicações cabais, tenho vergonha do que se passou com Waris, Janko e Ewerthon (mesmo se por "empréstimo-relâmpago") e provavelmente mais alguns (a comprovar no futuro). É inadmissível que se contratem jogadores que não têm qualquer hipótese de jogar, hoje ou no futuro, independentemente do custo que lhes esteja associado e muito menos contrariando o homem escolhido para liderar a equipa de futebol. É simplesmente inconcebível e só pode obedecer a outros critérios que não o da boa gestão.

Por outro lado, a gestão financeira parece ser a de empurrar os problemas com a barriga na esperança de que as coisas melhorem entretanto. O endividamento continua a ser muito preocupante, mesmo que no imediato possa parecer menos grave do que realmente é, e a falta de soluções para o endereçar mais preocupante ainda. 

Não há milagres, todos sabemos que se há uma dívida para pagar, é preciso conseguir rendimentos para tal. E se os rendimentos não vão aumentar na necessária proporção, então a única solução é reduzir (drasticamente) os custos. 

Sucessivos empréstimos (a diversos tipos de credores) para ir pagando empréstimos anteriores pode até ser uma boa decisão de gestão de curto prazo, mas implica que se vislumbre uma solução definitiva mais adiante. Não o fazendo, é apenas empurrar com a barriga e ver o custo com a dívida aumentar sem fim à vista.

É que essa redução drástica de custos seria sempre vista como perda de competitividade desportiva e isso a Administração não quer nem pode arriscar, porque é a sua continuação que ficaria em xeque. Continuaremos a viver assim, a gastar mais do que temos, na expectativa de ir ganhando campeonatos e estar todos os anos na Champions. 

Um dia isto acaba, provavelmente mal, mas talvez nesse dia já sejam outros a ter de lidar com o problema. Entretanto, o que a malta quer mesmo é ir aos Aliados com mais regularidade, não é assim?



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



terça-feira, 2 de outubro de 2018

125 Azul


Tivesse escrito este texto nas primeiras horas após o encontro com o CD Tondela e quase todo ele seria sobre Sérgio Conceição, porque ou estou a ler mal a situação ou a sua teimosia está a empurrá-lo para um caminho demasiado perigoso e possivelmente sem retorno. Mais precisamente, para um caminho com pseudo-retorno.




A falta de tempo assegurou-se que não o faria até hoje. E ainda bem.

A esta distância, já me consigo focar no essencial: no centésimo vigésimo quinto aniversário do Clube e no jogo que a equipa do Porto fez dentro de campo. Ao intervalo, comentei que tinha assistido aos melhores 45 minutos da época e prontamente fui questionado pelo jogo contra o Chaves e a goleada. Sim, não fomos eficazes nestes 45 minutos, mas pelo menos jogamos futebol com nexo e alguma qualidade. Arrisco mesmo dizer que mais do que contra o Chaves. 

Frente ao Tondela, equipa bem orientada, fomos uma equipa que quis impor a sua superioridade teórica na relva, pressionando alto e bem e fechando espaços a cada portador da bola adversário, conseguindo assim recuperá-la depressa. Com bola, mesmo mantendo as habituais dificuldades de penetração, soubemos "rodá-la" com a paciência suficiente para encontrar uma brecha na muralha e depois explorá-la.

Chegamos ao intervalo sem golos mas com boas oportunidades para os ter conseguido. E, contra o que vem sendo norma, algumas não entraram por mero acaso - azar para os mais crentes - e não por "falta de jeito". Estava, portanto, confiante que a vitória acabaria por aparecer.

A segunda parte foi menos exuberante no futebol jogado mas nem por isso menos intensa na emoção. O justíssimo golo só chegou já perto do final, com a ajuda do melhor adversário, mas chegou. E pelos pés do regressado Tiquinho, que se refez antes do esperado mas não a tempo de estar inscrito na Champions. Uma lástima, sabendo-se agora o que aconteceu a Aboubakar - aquele abraço mon ami. Conforme o treinador explicou, foi a opção que considerou mais acertada com os dados de que dispunha no momento de decidir. Há que aceitar.

No dia em que comemorava(mos) 125 anos (não me cansem com as datas de fundação, get over it!), o Futebol Clube do Porto venceu. Dizem que desde 1893 que o andámos a fazer... não será exactamente assim, mas pelo menos nos últimos 40 anos tem sido um fartote. Que assim se mantenha nos próximos 125... ou 40, vá. Parabéns meu Clube!





Notas DPcA 


Dia de jogo: 28/09/2018, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - CD Tondela (1-0)



Iker (6): Espectador atento e motivador de ocasião. Numa palavra, líder.

< 80' Maxi (6): Menos intenso e "expressivo" do que é seu hábito, mas cumpriu.

Alex Telles (6): Ainda sem recuperar a sua chama ofensiva, esteve melhor no plano defensivo.

Éder Militão (7): Líder... da defesa. Mesmo sendo mais novo da quadra. É aproveitar enquanto cá dura...

Felipe (6): Começou bem, marcando cerrado, mas deixou-se envolver nas provocações dos adversários (aquele 15 merecia mesmo que lhe partissem os dentes, eu sei) e por pouco não ficou fora da Luz. Tem de se controlar mais e melhor.

< 59' Sérgio Oliveira (6): Foi a "surpresa" no onze, substituindo Danilo que nem convocado foi. Regressou "benzinho" e teve de lidar com um certo mexicano desastrado, tendo mesmo oportunidade de marcar. Está mais perto do nível exigido para continuar na equipa.

Herrera (5): Ai, ai, tanta coisa mal feita, Héctor Lindo... está mesmo a precisar de ir à Luz para atinar...

Otávio (6): Andou muito tempo pela irrelevância, quebrada a espaços com uma e outra arrancada com bola. Quando a "coisa" apertou e a equipa sofreu alterações, apareceu e ajudou mais no esforço de guerra.

Brahimi (6): Desta vez, além de tentar criar e atrair adversários, conseguiu mesmo ser decisivo, porque foi dele o remate que Tiquinho recargou para golo. Espera-se melhor a qualquer momento...

< 64' Aboubakar (6): Primeira parte bem envolvido com os companheiros, tendo até a mais flagrante oportunidade, à qual chegou... torto. Na segunda foi desaparecendo até que o azar terrível lhe bateu à porta. Volta depressa.




Marega (5): Está mais perto do "cepo" que foi dispensado do que do craque que desbravou o caminho para o título 17/18. Se sonha com voos mais altos, vai ter mesmo de fazer reset naquele cabecinha e reencontrar a mesma motivação que o trouxe até aqui. Caso contrário, cepo continuará.

> 59' Corona (5): Entrou apagado e parecia apenas mais uma substituição falhada quando, de repente, "acordou para o jogo" e ainda fez uns últimos 15 minutos positivos de envolvimento ofensivo.

> 64' Melhor em Campo Soares (7): Marcou o golo da vitória quando o cronómetro já fazia as malas e sorria de malvadez. Enough for me.

> 80' Hernáni (6): É o jogador fetiche do mister - uma espécie de antítese de Óliver - e como tal continua a ter todas as hipóteses do mundo, até a lateral. Sim, eu sei que alternativas escasseiam no plano ofensivo, mas desta vez até as tinha no banco. Seja como for, entrou para o último assalto e foi já no seu consulado que a equipa marcou. Coincidência? Temo bem que sim.

Sérgio Conceição (5): A nota ao treinador constrói-se, em grande medida, pelas suas opções e pelo impacto que elas têm no que a equipa faz dentro de campo. Nesse capítulo, o mister esteve mais feliz neste jogo do que em quase todos os anteriores. A opção de deixar Danilo de fora correu bem, a equipa mostrou o melhor futebol da temporada na primeira parte e as substituições correram bem no sentido em que ganhou o jogo já com as três feitas e foi mesmo a segunda quem desferiu o golpe decisivo. E realço também a boa decisão de trocar o defesa Maxi pelo extremo Hernáni.
No entanto, a nota do treinador também reflecte - em menor medida - o que diz antes e depois do jogo. E aí, voltou a estar horrivelmente mal, insistindo na ridícula demanda dos "pseudo". Seria bom que se lembrasse de quem o meteu nesta alhada e que mantivesse as armas a ele(s) apontadas. Ou, melhor ainda, deixasse de ser menino amuado e soubesse conviver com as contrariedades, venham elas de onde vierem. 

Ninguém quer criar problemas onde não existem, mas só um tem a obrigação de os evitar. Get a grip Sérgio. E parabéns a nós e a quem teve a ideia de ir buscar os miúdos para os cantar junto aos ídolos.




Outros Intervenientes:



Soube a pouco a nível ofensivo este Tondela de Pepa, mas parece-me que a culpa foi muito do Porto, que obrigou a que se concentrassem quase em exclusivo na defesa da sua baliza - por convicção e por falta de possibilidade de fazer mais que isso. Cláudio Ramos ficou negativamente ligado à derrota da sua equipa por ter falhado no lance do golo, mas... por quantos mais teria o Tondela perdido não fosse pelas suas defesas? 

E o "15", aquele imbecil do 15 de que nem quero escrever o nome, era mesmo quem lhe enfiasse uma murraça no nariz, provocador de m. Até parecia que alguém lhe tinha oferecido uma mala para arrancar algumas expulsões.

Quanto a Luís "continuas a correr de costas... porque gostas" Godinho, nada de muito relevante, embora os anti-corpos recíprocos tendam a exacerbar qualquer pequena insignificância. Segundo o tribunal d'O Jogo, parece ter ficado um segundo amarelo por mostrar a um tondelense já perto do final, mas confesso que não tenho memória do lance.




E assim nos colocámos como queríamos antes de visita à Luz: à frente deles. Que esta "conquista" sirva apenas para nos motivar a dar tudo para sair de lá com 4 pontos de avanço e NUNCA para nos fazer adormecer à sombra do "empate basta". Não só porque é estúpido em si mesmo, mas também porque tende a induzir o pior resultado de todos.

Nota final para o Braga, que venceu categoricamente no Jamor (para variar) e subiu ao primeiro lugar isolado com todo o mérito. Não sou fã do trolha nem do "livro foleiro de auto-ajuda", mas reconheço o bom trabalho que têm feito e a oportunidade histórica de lutarem pelo título.

Isto para nos relembrar que lampiões há em todo o lado, com nomes e cheiros diferentes, mas sempre lampiões. E que teremos, uma vez mais, de os derrotar a todos para voltar a festejar nos Aliados em Maio de 2019. Vamos a isso?



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco