maio 2019

domingo, 26 de maio de 2019

Sérgio Forever...


... in our hearts. Portista convicto, trabalhador e dedicado à causa. Um de nós sentado no banco de treinador. Mas a questão também é essa: porquê ele e não qualquer um de nós?




Não estava a ser irónico. Das últimas coisas que escrevi ainda na fase regular deste blogue, foi este "O Porto de Conceição". Está lá quase tudo, para que não duvidem da minha sinceridade. 

Hoje, cerca de seis meses mais tarde e três troféus perdidos - sim, três troféus nacionais perdidos - sinto necessidade de actualizar o meu sentimento sobre Sérgio Conceição.

Recapitulando, o Sérgio chegou ao Porto após 4 épocas desastrosas que puseram bem a nu o declínio irremediável da liderança do Clube. Incompetência directiva a todos os níveis: desportiva, financeira e "bélica". Incapaz de travar os obrigatórios combates contra o Portugalistão em que vivemos, assistimos impotentes a vários campeonatos nos serem roubados sem se vislumbrar uma nesga daquele vigor que fez deste Presidente o melhor de sempre. Mas por agora não quero continuar por aí, volto a Sérgio Conceição.

Aceitou o complicado desafio (mas também a sua grande oportunidade de carreira) e deparou-se com a impossibilidade de fazer boas contratações (leia-se de jogadores feitos, que oferecessem garantias) e viu-se obrigado a recuperar um bando de proscritos e perdedores-natos para formar um plantel. Foi com eles que formou uma irmandade e construiu uma forma de jogar que surpreendeu tudo e todos, a começar pelo adversário de cada domingo. Nunca um futebol deslumbrante, mas quase sempre determinado e eficaz.

Surpresos mas logicamente felizes, os Portistas acorreram ao chamado e deram corpo a um imenso Mar Azul. Com altos e baixos ao longo da temporada, mas sempre com apenas e só aquele bando de renegados à sua disposição (mais duas ou três comissões jeitosas em Janeiro), Sérgio conseguiu o impensável em ano de desígnio nacional. Sérgio e os seus jogadores sagraram-se campeões nacionais e destruíram os sonhos de pe(n)ta da nação bafienta e corrupta. Foram demasiado fortes até para os árbitros sem-vergonha, graças àquele pontapé de Herrera.

Prestem atenção agora: foi Sérgio Conceição, SOZINHO com os seus jogadores, quem nos devolveu o título e liquidou o desavergonhado penta. Foi ele o homem, foi ele o líder. Ele. Falhou nas outras competições internas, mas venceu a mais importante - aliás, a única que interessava naquela temporada.

Fim de época, continuidade assegurada. Sem garantias de nada, uma vez mais. A tal ponto que esteve para se ir embora mesmo antes de começar. Mais umas trapalhadas e comissões a envenenar o seu projecto, mas lá resistiu e fez ouvir a sua voz. Baixinho.

O balão da superação esvaziou-se e os proscritos relembraram-nos porque o foram. E os perdedores-natos porque estavam no Clube há várias temporadas sem ganhar nada. Voltaram ao seu normal. Ainda assim, deu para cavalgar a onda da época anterior e fomos cumprindo a obrigação de ganhar jogos. Com os árbitros a apitar de forma igual para todos (porque assustados com a aparente ameaça que pairava sobre o estado lampião), chegamos à confortável vantagem que todos conhecemos e garantimos os oitavos da Champions. Tudo se encaminhava para mais uma temporada de sucesso. O que aconteceu então?

Muitos serão os factores e de várias ordens para explicar tudo o que se passou - e não tenho a pretensão de conhecer um décimo sequer - mas o que mais salta à vista é aquilo para que também sempre fui "alertando", mesmo quando ganhávamos: o nosso futebol nunca convenceu ninguém.

Ideia única de jogo, muito dependente da capacidade física dos jogadores, sem alternativas, sem planos de recurso. Futebol previsível e nada, nada entusiasmante. É isto que vejo como adepto e não adianta dizerem-me que não sei e não percebo nada da coisa, porque no final é isto que conta. É o que fica. Este ano, uma Supertaça contra o Aves. E três títulos muito mal perdidos. 

Se é inequívoco que o campeonato foi uma vez mais viciado a favor dos sem-vergonha, também não é mentira que tivemos uma vantagem à prova de vigaristas. Mesmo após aquela escandalosa expulsão perdoada a Bruno Fernandes em Alvalade antes do intervalo, ficamos com cinco pontos de avanço e a vantagem de receber os sem-vergonha no Dragão. Tínhamos de ter feito mais e melhor, porque depois desse jogo em casa, tudo ficou decidido. Já sem ponta de Justiça à vista, os árbitros voltaram a encarreirar e nunca mais permitiram que os sem-vergonha perdessem pontos.

Analisando os jogos decisivos, em especial contra lagartos e lampiões, falhámos quase sempre. A excepção foi mesmo a meia-final da Taça da Liga, porque este último a fechar o campeonato já não valia nada (e não jogamos nada também).

E o falhar aqui não significa ser inferior ao adversário, porque nunca o fomos. E, se calhar, isso ainda custa mais a digerir. Tendemos a dominar a maior fatia dos jogos e a criar mais ocasiões para marcar - mesmo a jogar "assim", lento e previsível. Falhar significa perder no final. Será tudo "culpa" da falta de eficácia? Não creio. Ter um ponta-de-lança de grande qualidade ajudaria muito, mas não resolveria tudo. E já nem consigo abordar a questão dos penáltis, começa a ser doloroso estar a ver o desfecho da meia-final verdes-vermelhos e pensar instintivamente "pronto, lá vamos nós perder nos penáltis". 

É este espírito derrotista e de impotência para ultrapassar o "destino" que se começa a apoderar do Clube (e não digam que a culpa é minha, ok?). É Sérgio o responsável por isso? Não. Mas também não foi capaz de o evitar, antes pelo contrário.

Já sei que sou apenas adepto e coisa e tal, mas em quase todos esses jogos fiquei com a sensação que o treinador não estava a ler bem o jogo, mais durante do que antes de começar. Acho até que tem dificuldade em reagir àquilo que o jogo vai pedindo. A gritante escassez de soluções no banco explica uma parte, mas não pode explicar tudo. Falta alguma coisa ainda.

Além disto, há também a questão da mentalidade. Por muito que se queira pintar de outra cor, a verdade é que esta equipa (nas duas épocas) nunca teve a mentalidade de entrar e esmagar os adversários, de marcar o primeiro e ir de imediato na busca do segundo. Ao invés, um estilo muito contemplativo, permissivo, que dá tempo ao adversário de superar as suas próprias dúvidas e começar a acreditar nas suas possibilidades. Não é um Porto mandão, incisivo, opressor. E isso conseguia-se mesmo sem craques, bastava ter a mentalidade certa!

O meu ponto? Adoro Sérgio Conceição, o Portista. Estou de pé-atrás com Sérgio Conceição, o treinador. Mas as lágrimas dele de ontem são também as minhas e são também por ele. Sobretudo de raiva, porque voltamos a ser melhores e a perder para uma equipa banal com mentalidade de distrital, sempre a fazer de tudo para se jogar o menos possível, com o habitual empurrão daquela triste figura com o apito na boca. Um nojo de equipa, bem à imagem do clube derrotado que sempre serão.

E então, deve ou não continuar no banco do Porto em 2019/20?

Um inequívoco sim. Porque neste momento é a pessoa em quem eu mais confio para defender o Clube do exterior e de si mesmo. De longe, diga-se. E não estou a ver que possa assumir outro cargo qualquer (havia de ser bonito), pelo que terá de ser no de treinador. E ainda acredito que vai conseguir.

No entanto, meu querido Sérgio, tens de evoluir e depressa como treinador. Alargar horizontes, estudar e testar outros modelos e perceber como e quais se podem aplicar aos jogadores que vais ter à tua disposição. O tempo escasseia, eu sei, mas que não te falte audácia. Se falhares, falha a tentar algo diferente! Não cedas perante a exigência daqueles reforços que consideras fundamentais e não aceites refugo comissionista. Ah, e já agora, contrata um bom psicólogo que nos ensine a ganhar nos penáltis, ok?



Sobre o Clube, vou esperar até perceber exactamente quem mente e quem fala verdade sobre a questão do Fair Play Financeiro, porque algo não bate certo e isto seria demasiado grave para ser tolerado. 



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




segunda-feira, 13 de maio de 2019

JÁ CHEGA


Não era este o regresso à escrita que tinha planeado. Na verdade, nem planeio voltar, apenas ir voltando sempre que inevitável. Estava a guardar-me para o pós-Jamor, para discorrer sobre a época, Sérgio Conceição e o Clube.

Regressei há pouco da Madeira, onde estive muitíssimo bem e - logicamente - assisti ao vivo ao Nacional - Porto. Não tenho nenhuma intenção de escrever sobre o jogo nem sobre qualquer jogo de futebol deste pardieiro em que se transformou o "Futebol Português".




O "Futebol Português" é quase tudo menos uma competição desportiva - daquele desporto que todos adoramos e que se chama... futebol! O "Futebol Português" é um esgoto a céu aberto para onde desaguam e onde prosperam toda a espécie de delinquentes, vigaristas e criminosos.

Hoje, o "Futebol Português" é somente:

- Uma Federação e respectivo presidente capturados pelos desígnios dos sem-vergonha (a.k.a. Benfica de Vieira), que se limita a fazer de conta que tutela as competições profissionais, quando na realidade se esquiva a assumir as suas claras responsabilidades de regular e fazer cumprir esses regulamentos, resumindo-se às Seleções (outra pouca vergonha, mas que na verdade pouco ou nada me interessa);

- Uma Liga que simplesmente não existe enquanto entidade independente e supra-clubes e se limita a gestão corrente, assegurando a função básica de organizar os jogos (sort of);

- Um campeonato onde pelo menos 80% dos clubes participantes são entrepostos dos sem-vergonha, vivendo à custa de subsídios ilegais (em género e em espécie), alinhando em fila e prestando-se a todo o tipo de negociata para finalmente receber as suas migalhas bolorentas;

 - Um campeonato onde, mesmo nos clubes não-alinhados, há sempre jogadores que cometem erros básicos, têm deslizes infantis, são, em suma, infelizes quando defrontam os sem-vergonha. Os dez que o Nacional levou de uma vez só e o Braga em duas prestações são apenas os exemplos mais vergonhosos desta farsa, porque em quase todas as jornadas é possível detectar um ou vários casos destas infelicidades;

- Um Conselho de Disciplina sem pingo de isenção ou seriedade, comprovadas pelas estapafúrdias decisões e omissões desta temporada, sempre em benefício dos sem-vergonha;

- Um Conselho de Arbitragem sem o mínimo de credibilidade, incapaz de se auto-gerir, impotente e incompetente para dar aos fracos árbitros o mínimo de condições e garantiras para que apitem de acordo com a sua (pouca) capacidade, sem estarem sujeitos a pressões fortíssimas por parte dos sem-vergonha face a decisões que não os beneficiem em toda e qualquer circunstância. 

- Um grupelho de Árbitros, composto maioritariamente por gente medíocre, sem o mínimo perfil para comandar um jogo de futebol, absolutamente temeroso de cometer algum erro que prejudique os sem-vergonha. Viram e registaram como fado inescapável o que aconteceu a ex-colegas quando se atreveram a não os favorecer à margem das Leis do jogo. Sabem que não há futuro na arbitragem (nem fora dela...) sem promiscuidade e vassalagem absoluta aos sem-vergonha;

- Uma corte de "jornaleiros", paineleiros, peritos e arautos da carapinha e do fair-play que se submetem, ora com resignação, ora com fervor, à gigantesca manipulação mediática que diariamente contamina os portugueses, bombardeados non-stop com factos falsos, opiniões insidiosas, palpites insultuosos e tentativas de desestabilização do Porto, única equipa que se mostrou perfeitamente capaz de os derrotar em campo durante uma temporada completa e de, com toda a justiça - a única justiça possível, vencer o campeonato. Sim, apesar de todos os erros próprios. Mesmo assim, melhores.

- Um exército de trolls disseminados pelas redes sociais, que mais não pretendem do que criar diversões para desviar o foco das vigarices realizadas por ou a mando dos sem-vergonha.

No final, sobram os lampiões, esse desvio de personalidade que toma de assalto a consciência até do vulgar cidadão, que no restante procura viver uma vida digna e (vou arriscar agora) honrada. Saem à rua, vangloriam-se, agridem indefesos, destroem propriedade alheia, tudo por conta de uma "vitória" que nunca, mas nunca foi nem será deles - apenas um logro, uma vigarice, bem à vista de todos e fácil de descortinar, mas que essa infecção maldita os "impede" de o ver. Ou então não, são apenas tão vigaristas como quem os lidera.


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Que eles queiram chafurdar neste lodo, eu entendo. Que nós - todos os não-lampiões, mas em concreto os Portistas e em particular o Presidente Pinto da Costa, enquanto líder e representante da direcção eleita, NÃO. Não compreendo e não aceito mais. Isto tem de ser o limite, JÁ CHEGA. 

É evidente que ninguém nos liga, ninguém com responsabilidades, dentro ou fora da pocilga, está interessado em ouvir e compreender o que se passa e agir em conformidade. Como se viu nos últimos meses, a Justiça portuguesa está (também ela, como a política e muitos outros sectores da sociedade) parcialmente capturada pelos meninos e meninas bonitas dos sem-vergonha, que a troco de um prato de lentilhas e desse fervor doentio se deixam corromper e assim traem os seus princípios e "juramentos" e os nossos direitos e garantias constitucionais. UEFA e FIFA, nem vale a pena tentar, só lidam com corrupção de alto perfil - a sua própria.

É por isso tempo de, nós Portistas, nos lembrarmos do que somos feitos, de onde viemos e de quais são os valores basilares sobre os quais assenta esta nossa jura de amor eterno. A luta do Clube é a luta da Cidade que lhe deu o nome. A defesa do que é nosso, por direito, porque criado com o nosso suor e contra a usurpação sistemática do nosso provento pela e para a ostentação da capital. 

Não podemos continuar a assistir de braços cruzados ao retomar da vigarice dos anos do Treta, agora ainda mais às claras e sem qualquer reserva de pudor (como se eles soubessem o que isso é). Esta farsa, esta fraude gigantesca a que chamam "Futebol Português" está prestes a falsificar mais um "campeão" (sempre o mesmo "campeão"), após mais um andamento da vigarice em Vila do Conde (tal como Braga, Feira e Moreira).

Eu, sócio e accionista, exijo que o Porto tome uma medida definitiva, independentemente das consequências que daí advierem. Não digo que não sejam ponderas, pelo contrário, mas chegados a este ponto, não vejo o que poderia ser pior do que participar (e assim validar) esta vigarice imunda e sem fim à vista. 

Se o presidente e seus pares não têm interesse ou simplesmente não partilham desta visão, então devem dizê-lo e serem julgados por isso. O silêncio é que não é aceitável, porque ensurdece. E prefácios de revistas e tweets também não valem quase nada, porque não resolvem nada. Eles não têm vergonha na cara e não se importa do que se diz sobre eles, em especial se for verdade. 

Pinto da Costa tem uma última missão, se a mais não se propuser: reacender o combate sem tréguas contra o nacional-lampionismo que se julga intitulado a vencer por direito próprio e à margem de todas as regras.

E eu que proponho em concreto? Sabendo que os Estatutos não o prevêem mas admitindo que não o proíbem, marcar uma Assembleia Geral Extraordinária para a próxima sexta-feira, com ponto único para discussão: como deve o Clube reagir a este estado de coisas. 

Por mim, defendo como mínimo a não-comparência ao último jogo do campeonato, equacionando também faltar ao Jamor, a convocação de todos os Portistas para uma manifestação massiva na sede que se julgar mais conveniente, fazer campanha para punir nas urnas todos os responsáveis políticos (sempre, agora uns, depois os próximos, é-me indiferente) e uma nova exposição à UEFA (mesmo sabendo o resultado) bem divulgada nos media internacionais.

Podemos perder o segundo lugar, podemos ser relegados para uma divisão inferior, podemos até falir e ter de recomeçar de novo. Meço as palavras, não as atiro da boca para fora. Sou Portista e continuarei a ser, seja em que divisão for, em que campo jogar. Não ganho nada com o Clube que não seja a alegria de ver as nossas equipas jogar e vencer sempre que somos melhores. Mas tenho muito a perder: a minha identidade, os valores com que fui educado e que em boa parte partilho com o Clube e a minha alma Portista. Mas isso só poderia acontecer se ficasse (eu e o Clube) quieto, amorfo, resignado a esta podridão que tomou de assalto o desporto nacional. Se lutarmos, nunca perderemos, nunca.
 


Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco