Já está. Falhámos onde e quando não podíamos. De quem é a culpa? Dos dois pinheiros, evidentemente - e esta é a sua história.
O primeiro pinheiro é belga e chama-se Depoitre. A contratação cirúrgica de Pinto da Costa ao seu bom amigo D'Onófrio para atacar o play-off da Champions e que afinal não podia jogar mas era um trunfo importante para o restante da época. Era, mas já (ou ainda) não é.
Laurent, dá cá um abraço... |
Empatado a zero a 16 minutos do final de um jogo onde apenas a vitória era admissível, o nosso flip-treinador achou por bem estourar as duas últimas substituições de uma vez só, dando-se ao luxo de não recorrer a um avançado centro de um metro e noventa e um de altura como último recurso para desbloquear um jogo perfeitamente encravado. É de génio, só pode, porque um idiota simplório como eu é incapaz de compreender a ciência por detrás desse golpe de asa - ainda mais quando um dos que entrou foi Rúben Neves, um médio de pouco pendor ofensivo (nada contra o jogador, obviamente, que mais uma vez foi também ele vítima de más decisões técnicas).
Fica bom de ver que a culpa não é do belga, mas sim de quem o contratou e/ou o aceitou mas não lhe encontra qualidade para justificar a sua utilização, nem mesmo em desespero de causa - ou então era só eu que já estava desesperado a 16 minutos do fim. Haverá quem pense que a diferença entre Brugge e Setúbal foi um árbitro neutro. Se calhar foi, mas não podemos deixar a resolução de um jogo para os descontos e ainda menos para a visão/disposição/inclinação de um árbitro nesse preciso momento e acreditar que vai "cair" sempre para o nosso lado. Evidentemente não vai.
A triste figura de ir reclamar quando já nada há a fazer. Somos (este) Porto? |
O segundo Pinheiro é João, é lampião e é internacional. Deve ser genético na arbitragem: se é João, é lampião e não faz a coisa por menos do que embalar o seu clube no bafiento e vigarista #colinho. Já não bastava nos jogos do Benfica, agora atacam em força e sem pudor nos jogos dos adversários também. Muito se deve estar a rir o Pereira no Brasil, sabendo-se fora do alcance de uma eventual acusação, ao assistir aos bons frutos que o seu trabalhinho continua a dar.
Desta vez nem preciso de me esforçar, porque o Dragões Diário enunciou tudo o que fazia falta:
"O senhor João Pinheiro, um desses internacionais proveta, conseguiu a proeza de transformar um derrube a Otávio na área do Setúbal em cartão amarelo ao nosso jogador. Isto já não é só sorte ou azar, porque tal como em Alvalade, jogo também arbitrado por um desses - segundo o douto Conselho de Arbitragem - árbitros promissores, o FC Porto voltou a ser claramente prejudicado. Agora só falta mesmo pôr Fábio Veríssimo no clássico da próxima semana.
A mudança que se anunciou com o novo Conselho de Arbitragem, que garantia que as competições se voltavam a decidir exclusivamente pelo valor das equipas, está a resultar em mais do mesmo, com estes juízes que foram internacionais antes de serem árbitros a terem um peso inaceitável na classificação.
Se o pecado de João Pinheiro tivesse sido a grande penalidade não assinalada ainda se podia achar que tinha sido um caso sem exemplo, mas quem viu o jogo sabe bem a tendência do sr. árbitro, tanto a marcar faltas a todo o contacto dos jogadores do FC Porto e a aplicar um "critério largo" quando era o contacto era provocado pelo adversário. E depois temos os descontos, um assunto que por si só merecia um estudo, que neste jogo ficaram muito longe do tempo efectivamente perdido, tanto na primeira como na segunda parte".
A mudança que se anunciou com o novo Conselho de Arbitragem, que garantia que as competições se voltavam a decidir exclusivamente pelo valor das equipas, está a resultar em mais do mesmo, com estes juízes que foram internacionais antes de serem árbitros a terem um peso inaceitável na classificação.
Se o pecado de João Pinheiro tivesse sido a grande penalidade não assinalada ainda se podia achar que tinha sido um caso sem exemplo, mas quem viu o jogo sabe bem a tendência do sr. árbitro, tanto a marcar faltas a todo o contacto dos jogadores do FC Porto e a aplicar um "critério largo" quando era o contacto era provocado pelo adversário. E depois temos os descontos, um assunto que por si só merecia um estudo, que neste jogo ficaram muito longe do tempo efectivamente perdido, tanto na primeira como na segunda parte".
Bem, nem tudo. Faltou rematar a exposição com a pergunta do milhão de vouchers: como é possível que o outrora muito perseguido por acusações bem menos fundadas presidente Pinto da Costa profira (sem se rir) declarações a desvalorizar a denúncia (com provas inequívocas) de situações ilegítimas perpetradas pelo Benfica? O que mais será preciso para o presidente se dispor a defender o clube como é sua obrigação? Ou será já pedir demasiado?
Antes do jogo, na unidade hoteleira |
Ah esperem, possivelmente já delegou na descendência esse papel.
É que apesar de não terem nenhum cargo no Clube, filho e neto pródigos vivem colados à equipa mesmo em dias de jogo. Como é que, numa estrutura blindada e altamente profissionalizada, passou a ser permitido a indivíduos sem nenhuma função no departamento de futebol ficarem com a equipa e com ela seguirem na mesma escolta policial? Não faltará quem ache que é apenas um pormenor sem interesse, mas eu afirmo precisamente o oposto: é um sinal inequívoco de que o fim deste percurso já deveria ter acontecido. E de que alguém tem a ilusão de que o Porto é uma monarquia.
Para compor o ramalhete desta curta-metragem de horror, só falta mesmo dizer que fui obrigado a ver o jogo de pé e encostado a uma grade porque os "verdadeiros dragões" entendem que a melhor maneira de apoiar é agitar bandeiras de 5 metros e impedir toda a bancada de ver o jogo. Mérito também para o clube, que teve a genialidade (é só génios nos dias que correm) de apenas disponibilizar um tipo de bilhete. Se o objectivo é ter apenas claques a apoiar o Porto nos jogos fora, mais valia assumir - é que assim eu também poderia fazer-lhes com propriedade um manguito do tamanho do Dragão e passar a comprar os bilhetes fora.
Queres ver o jogo? Isso é para pipoqueiros! |
Notas DPcA
Dia de jogo: 29/10/2016, 18h15, Estádio do Bonfim, Vitória FC - FC Porto (0-0).
Casillas (6):
Jogo sem trabalho e um golo sem hipótese mas felizmente em offside.
Layún (5): Fraco rendimento ao longo de quase todo o jogo, com enorme destaque para o péssimo aproveitamento dos muitos lances de bola parada que executou. Não haverá mais quem "bata" quando o mexicano está em dia não?
Alex Telles (6): Mais acutilante que Layún mas nada de extraordinário. Cumpriu os mínimos.
Felipe (6): Quase sempre autoritário e assertivo nas suas intervenções, com uma e outra excepção. Mal como os demais na altura de atacar a baliza.
Marcano (6): Ipsis verbis
Danilo (7): Senhor e comandante de todo o seu domínio territorial, ganhou bola atrás de bola, tanto na antecipação como "na raça". Grande jogo, dando seguimento à enorme exibição contra o Arouca. Que se mantenha assim, porque bem vamos precisar dele.
< 62' Herrera (3): Ora fornique-se, esgotei o latim.
< 62' Herrera (3): Ora fornique-se, esgotei o latim.
< 74' Óliver (5): Jogo de muita entrega e alguma clarividência mas que fica decisivamente marcado por aquele desperdício do tamanho de um roubo a favor do Benfica. Tinha que ter marcado. Tinha mesmo.
Otávio (6): A lesão ainda subsiste ou pelo menos as suas sequelas. Está com pouco ritmo e ainda menor inspiração. Deveria ter sido um dos primeiros a ser substituído. Foi tocado em falta pelo defesa no lance capital, mas para nosso azar caiu para lado errado.
André Silva (6): Muito trabalho como habitualmente, mas muito menos em jogo. Pareceu até algo distante em certos momentos e nunca dispôs de uma grande ocasião para marcar (nem a conseguiu criar).
< 74' Diogo Jota (5): Jogo globalmente fraco, em grande medida pela gritante falta de aproveitamento. Dispôs de duas oportunidades flagrantes para marcar (uma delas de arrancar cabelos a um careca). Desta vez, nem parceria com AS, nem resolveu por si. Uma sombra.
> 62' Corona (5): Também não foi o Corona que tem sido e de que a equipa precisava. Deixou-se envolver por hordas de adversários até finalmente capitular a posse da bola e também por isso o um-para-um quase não existiu.
> 74' Brahimi (5): Foi o Yacine do costume, convencido de que sozinho poderia resolver o jogo. Infelizmente, "obras-de-arte" são só de longe a longe e assim teve de manter as provocações aos seus adeptos dentro dos calções. Mais uma vez.
> 74' Rúben Neves (5): Até poderia ter sido opção, mas nunca a última e nunca após as que o precederam. Foi quase o mesmo que dizer ao Setúbal que o empate estava bem. Mas disso ele não tem culpa, certo?
Nuno Espírito Santo (1): Já cansa. E já me enerva só de o ouvir com aquelas frases ocas e banais. "Não fomos Porto", "não conseguimos ser a equipa que queríamos", "sabemos que temos que corrigir".. Ó Nuno, ninguém te foi buscar para falar e muito menos para te especializares a reconhecer falhanços. É evidente que não tens ainda qualidade para justificar a aposta que fizeram em ti, mas a pergunta relevante é se tens capacidade para pelo menos "comprar tempo" para sobreviveres até que a qualidade (eventualmente) veja a luz do dia. O desnorte no banco é evidente e a sensação de não ter previstas soluções para as várias cambiantes do jogo é cada vez mais forte. Se não ganhámos em Setúbal, em boa medida foi por sua culpa. Tivemos oportunidades flagrantes, enfrentámos um árbitro do #colinho mas mesmo assim NES tinha que ter feito mais, mais cedo e melhor. Já não há tempo para rodeios, foi uma falha estrondosa que nos poderá custar o campeonato se não vencermos o clássico.
Os outros intervenientes deixaram tanto, mas tanto a desejar que me recuso a dar-lhes (mais) tempo de antena.
O título desta crónica resulta de uma adaptação da obra de Charles Dickens, mas na verdade teria sido muito mais apropriado ter recorrido a Stephen King. No final se farão as contas, mas era capaz de apostar bom dinheiro que este foi um dos momentos decisivos deste campeonato - e não em nosso benefício. A noite de ontem no Bonfim foi mesmo de verdadeiro terror, com os cumprimentos de NES e do lampião do apito.
Lápis Azul e Branco,
Do Porto com Amor