setembro 2016

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Perder em Inglaterra - What Else is New?


Uma vez mais, saímos de Inglaterra sem vencer. Pior do que isso, com uma derrota nada convincente, ao contrário de outras anteriores.


O momento sempre mágico do hino oficial da competição


Ponto prévio: o Leicester City FC é o campeão inglês. Para os mais desatentos, isto significa que na época transacta terminou no primeiro lugar de uma competição com 38 jornadas, deixando atrás de si potências futebolísticas como o Man. City, Chelsea, Arsenal, Tottenham e Man. United. Da equipa campeã apenas saiu um indiscutível - N'Golo Kanté, para o Chelsea - e reforçaram-se com jogadores como o excelente Mendy (ainda lesionado), Ahmed Musa, Luis Hernandez e o sacana do arruaceiro argelino Slimani, investindo mais de 80 milhões de euros na equipa para fazer boa figura na Champions deste ano. Não é uma desculpa, é um facto. 

Posto isto, ontem, como sempre, foram onze contra onze. E no final ganharam eles.

Os anfitriões não conseguiram disfarçar o nervosismo e a ansiedade provocada pela estreia na mais importante competição de clubes do mundo. A actuarem em casa, num estádio renovado e à medida das suas ambições, temeram não fazer boa figura. Para sorte deles, o seu modelo de jogo é relativamente fácil de executar e está bem consolidado nas mentes dos seus jogadores, relativizando a questão dos nervos. E para ainda maior sorte deles, estrearam-se em casa frente a este Porto de Nuno Espírito Santo.

Devo confessar que vi dois jogos diferentes entre si, quando comparo o que assisti no estádio com o que vi hoje já no conforto do sofá. Ontem saí do King Power mais angustiado e desiludido do que após ter revisto o jogo.


Panorâmica exterior do estádio

E uma das diferenças mais significativas entre ambos foi a questão da disponibilidade e da atitude dos jogadores. Ao vivo fiquei com a sensação de que não estavam a dar tudo o que deviam, em particular a nível dos embates físicos. Em revisão, acho agora que não foi esse o caso. Creio que os jogadores (tirando uma ou duas excepções) se entregaram sem grandes reservas, mas depararam-se com quatro grandes obstáculos.

O primeiro, a tal "fisicalidade" do jogo dos de Leicester. Estão habituados, aliás só sabem jogar assim. Até um finguelinhas como Mahrez teve de aprender a dar luta a quem tem mais cabedal do que ele (basicamente, todos). São duros, brutos e felizes - à imagem e semelhança dos seus adeptos. Mas não foi por isto que não saímos de lá com um resultado positivo. Os nossos foram à luta, deram e levaram, arriscando enfrentar o adversário num campo onde se sente como peixe na água. Um dos nossos finguelinhas, Otávio, foi dos mais visados e o seu cambalear ao longo do aeroporto era a prova viva disso mesmo. Mas todos os outros trazem marcas para contar a história.

O segundo e bem mais decisivo, o nosso estimado treinador. O onze foi o mesmo que enfrentou o Boavista, como bem sabemos caceteiros do "B" até ao "a", pelo que aposta fazia algum sentido. O pior dos nossos havia mesmo sido dos melhores nesse encontro e seria o candidato óbvio a explorar a dureza de rins dos centrais dos ingleses. Podem-se exigir muitas coisas a um treinador, mas não que seja adivinho.


Ainda durante o aquecimento (não faço ideia quem seja o caixa d'óculos).

No entanto, ao manter esse onze, manteve também outros "desacertos". O recuo de Óliver, em destaque face aos demais. Não é muito avisado manter longe da zona de decisão o jogador que maior capacidade tem para decidir a nível do último passe. É assim que se desperdiça o potencial do reforço mais sonante. E, mais importante mas também mais persistente e transversal a sistemas e modelos de jogo, a incapacidade de dar profundidade e largura ao jogo a não ser pelos laterais

Não se pode esperar vencer muitos jogos (em particular na Champions) quando isto acontece, ainda para mais quando os nossos laterais têm nas missões defensivas o seu foco principal de atenção. É quase inconcebível que, ou os extremos (quando se joga com eles...), ou os médios ala não sejam tantas ou até mais vezes solicitados para ir à linha cruzar ou criar desequilíbrios no meio, tendo como fito servir condignamente os avançados. Mas é isto que acontece neste Porto. É factual, conforme se pode ver pela imagem.


Dados recolhidos durante o jogo de ontem


É gritante a falta de soluções com que o portador da bola se depara a cada momento. Porquê? Perguntem a quem os treina sff.

O terceiro foi a falta de sorte e de pontaria. Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Quando um jogador tem uma possibilidade "fácil" de marcar e não o faz, não se pode falar de sorte mas sim de aselhice. Mas quando um remate como o de Corona esbarra com estrondo no poste após desvio num meco inglês, podemos reconhecer que estamos com pouca sorte.

O quarto e último foi, como vem sendo habitual, o conjunto de arbitragem liderado pelo eléctrico turco Cuneyt Cakir, que, neste como noutros jogos, não conseguiu "evitar" a sua tendência para o caseirismo. Poderemos ter tido alguma sorte na decisão de não dar segundo amarelo a Danilo, mas quase tudo o resto foram decisões pró-Leicester em caso de dúvida. O mais gravoso, o agarrão ostensivo a Marcano, já nos descontos, que deveria ser apitado como grande penalidade. Recuando ao ponto três, foi falta de sorte...

Como nota final positiva, saliento o regresso dos nossos à pressão sobre o árbitro perante decisões incompreensíveis. Já tinha saudades de os ver rodear o senhor do apito perante as suas traquinices. Há que ter tino e avaliar com equilíbrio esses protestos, mas continuarmos mudos e mansos é que não! Espero que esta atitude se transfira já para o próximo jogo da Liga e ainda com mais... intensidade.


Home of The Foxes



Notas DPcA 

Dia de jogo: 27/09/2016, 19h45, King Power Stadium, Leicester City FC - FC Porto (1-0). 


Casillas (6): Cento e não sei quantas presenças na Champions... uau... e nem assim conseguiu aprender que bolas aéreas na pequena área têm de ser suas? Também já não vai aprender agora, suponho. Entre os postes esteve bem, menos num passe de risco, perfeitamente evitável.

Layún (7): Grande entrega e caudal ofensivo do mexicano, aquele que na nossa equipa melhor sabe como se dever jogar contra equipas inglesas. Tentou por várias vezes a sua habitual assistência mas não teve nos finalizadores a devida correspondência. E quase marcava de livre directo.

Alex Telles (6): Não posso deixar passar em claro a má abordagem no lance em que Mahrez cruzou para os cornos do caceteiro argelino, porque esse acabou por ser o lance decisivo do jogo. Mas também seria injusto não valorizar o resto da sua partida, muito combativo e de entrega total.

Felipe (7): O melhor jogo de Dragão ao peito, sem margem para dúvidas. Foi também mal batido no lance do golo (apesar da excelência do cruzamento), mas foi um (bom) gigante nos duelos individuais com os avançados. É assim que se cresce (e o tempo urge...).

Marcano (7): Outra grande exibição apesar do pecadilho no golo (deixou Vardy totalmente só para finalizar). Muitos cortes, muitas dobras e apenas um ou outro disparate menor à Marcano. Fosse sempre assim... mas já sabemos que não.

Danilo (6): Teve muito, muito que fazer perante o jogo directo dos ingleses e correspondeu bem. Não se superou mas cumpriu na sua zona mais reduzida de acção, que ontem abrangeu também o centro da defesa para travar o caceteiro argelino.

< 63' André André (5): Outro jogo mal conseguido. É impossível jogar contra uma equipa inglesa com aquela falta de intensidade e ter sucesso. E por isso falhou, saindo já tarde do jogo. Está a merecer o banco e espero que o tenha já na Madeira (alô Rúben?).

< 78' Óliver (6): Continua algo desfasado do resto da equipa, sem dúvida pelo posicionamento "estranho" que é compelido a assumir. Mesmo assim, lutou muito pela posse de bola e quando a teve conseguiu desenhar algumas boas jogadas. Acabou sacrificado, justamente. Enfim...


Esperem lá... esta foto não pertence aqui. Olha, paciência, agora fica.
 

Otávio (7): Outra vez o melhor dos nossos, desta vez apenas dos nossos e não do jogo. Uma entrega inatacável a que se junta a qualidade e a coragem para tentar desequilibrar a defesa adversária, seja no um-para-um, seja através de passes de ruptura. Hoje, é para mim o único titular indiscutível da equipa. 

André Silva (6): Jogo muito difícil perante dois gorilas e vários outros "macacos" furiosos. Não se escondeu, ajudou a construir alguns dos nossos melhores lances e teve a sua oportunidade (ainda que complicada) de fazer o golo.

< 63' Adrian (4): Regressou o pior Adrian, sem convicção, displicente e desligado. Uma nulidade durante intermináveis 63 minutos. Já chega? Não me parece.

> 63' Diogo Jota (6): Entrou tardiamente mas ainda a tempo de ajudar a transformar a equipa em "algo" capaz de conseguir chegar ao empate. Não foi particularmente brilhante, mas contribuiu.

> 63' Herrera (6)Ganha força a teoria de que do banco é que ele entra bem... mesmo se dos primeiros 6 passes, falha 3 de forma inacreditável. Não se ressentiu e empurrou o Leicester para trás, promovendo condições para o assalto final.

> 78' Corona (6): Entrou muito tardiamente mas também a tempo de provar o valor acrescentado que tinha para dar à equipa. Foi dele a grande oportunidade, após um remate de primeira que se esfumou no posto. Merecia... e nós também.

Nuno Espírito Santo (4)Já escrevi quase tudo sobre a forma como vi o seu desempenho neste jogo. A nota seria sempre negativa porque perdemos, mas poderia ser pior ou melhor conforme fosse sofrida a derrota. Teve lógica a aposta inicial (em função do que se vinha observando e do próprio adversário), mas nada disfarça a incapacidade da equipa para criar situações abundantes (ou pelo menos algumas) de perigo para o adversário. E isso, I'm afraid, só pode ser atribuído ao treinador. Se a aposta inicial não resultou (e ficou claro que não desde muito cedo), tinha que ter mudado mais cedo. O regresso de Adrian (e até de André) após o intervalo é muito difícil de entender.


Agradecimentos finais a quem nunca deixou de apoiar


Outros Intervenientes: 


Desiludiu-me um pouco este Leicester. Entendo o tal nervosismo da estreia, mas esperava mais intensidade e sobretudo mais capacidade para criar perigo para lá de bombear bolas para a zona de intervenção de Casillas. No final, provaram ter adoptado a estratégia certa, porque venceram. E para tal, muito devem ao seu pequeno génio argelino de seu nome Ryhad Mahrez - que craque. E que saudades de um outro génio argelino...

Sobre a equipa de arbitragem, nada mais a acrescentar. Caseiro, mal auxiliado (como no lance do penalti) e arrogante (como exemplo, decidir terminar a primeira parte sem deixar marcar o canto). Não foi ele que nos derrotou, mas o seu trabalho prejudicou-nos bem mais do que aos da casa.


Conforme tinha já escrito em antecipação, esta derrota não compromete em nada as nossas aspirações de seguir em frente. Temos a sorte de o grupo ser muito acessível e nem sequer me passa a cabeça ficar pelo caminho. Obviamente temos de vencer os dois jogos com o Club Brugge e fá-lo-emos - caso contrário, não estaríamos na Champions a fazer nada. 

Mas para já, e bem mais importante, temos um jogo para vencer ou vencer na Choupana. Livrem-se de não o conseguir...



Do Porto com Amor


sábado, 24 de setembro de 2016

Derby Day


Hoje foi dia de derby, do nosso derby. Do Porto, cosanostra (vão lamber sabão, línguas viperinas). É bem verdade que o nosso "querido inimigo" têm andado pelas ruas da amargura, mas um derby portuense é sempre até ao osso, seja em que circunstância for (e quem perder paga as Tripas).


"Can't stop, won't stop": a atitude certa.


Infelizmente os da Boavista (rotunda e avenida, atenção!) levam isto demasiado à letra. É raro o jogo que fazem contra nós em que não tentam provocar pelo menos uma fractura exposta a um dos nossos. Quando os árbitros não lhes põem travão, é o salve-se quem puder entre os de azul e branco.

Noutros tempos e durante muito tempo, respondíamos a esta estranha forma de vida com a qualidade do nosso futebol e com a raça de Dragão que não dá a outra face. Davam duas, levavam uma pelo menos. Mais dois encostos e uma cabeçada à socapa. E o rosnar de quem se cruzava com o agressor, como que a avisar que da próxima ia buscar a canela à sucata que encimava a superior norte.

Noutros tempos. Hoje não há Broas, nem Paulinho, nem Couto, nem Bicho, nem nada. Há um grupo de bailarinas mártires que respondem a cada pisadela com um altruísta "thank you sir, may I have another?". E por regra, levam mesmo. Sob o olhar enternecido do apitador de serviço. Foi a isto a que chegámos. Como foi possível?

Engrandecimento. Deslumbramento. Complacência. Desleixo. E agora, impotência?

Hoje, ainda o jogo mal tinha começado e já estávamos a perder. INADMISSÍVEL falha de marcação colectiva permitiu que o boavisteiro Henrique cabeceasse à vontade entre Felipe e André Silva. Ah, e um pequeno pormenor: o golo não deveria ter sido validado porque o marcador estava em fora-de-jogo. Mais um erro grosseiro, com influência no resultado, a nosso desfavor. Não foi por muito, é verdade, mas estava. A saturação já é tanta que qualquer erro em nosso prejuízo provoca o mesmo sentimento que o Xaninho, já ninguém o quer ver à frente.

O jogo foi quase sempre morninho, sem espectacularidade e de sentido único, mas conseguimos o essencial: a reviravolta no marcador e consequentes três pontos. Primeiro AS entrou com a bola pela baliza dentro, depois bisou de grande penalidade. Já na segunda parte, houve parceria entre Telles e o KFC Azeri no golo que encerrou o marcador. Três-a-um. Feito. Vamos às notas.


O exacto momento em que sabes que vais ser feliz (se não fores boavisteiro, lampião, lagarto, etc.)


Notas DPcA 

Dia de jogo: 23/09/2016, 19h00, Estádio do Dragão, FC Porto - Boavista FC (3-1). 


Casillas (6): Tirando o golo indefensável, noite tranquila, sem nada a registar que não fosse uma das suas travadinhas com a bola nos pés. 

Layún (5): Jogo fraquinho do mexicano, nunca por falta de empenho mas sim de inspiração. Acontece... (mas Maxi está quase de regresso). 

Alex Telles (6): Chegou a "positivos" essencialmente pelo golo da tranquilidade, porque tal como o parceiro do flanco contrário, não esteve em dia de grande acerto. 

Felipe (6): Parece que acordou hoje para a vida, começando finalmente a distribuir lenha pelos adversários. Convém é ser um nadinha mais discreto... Muito mal no golo, mas não se deixou abater e  certificou-se que os de xadrez saíssem do Dragão com vários recuerdos seus. A "votação" que o elegeu como MVP só pode ser piada... 

Marcano (6): Discreto, como sempre espero que seja. Porque quando não é, asneira. E o jogo na Choupana está já aí à porta, só não se vê ainda por causa do nevoeiro... 

Danilo (7): Voltou às boas exibições e para isso muito contribuiu o íman que usou por baixo do belo traje azulebranco; a certa altura da segunda parte, parecia que qualquer bola perdida ou passe mal medido ia inexoravelmente parar aos seus pés. Foi pena não ter concretizado as duas toladas. Que seja para manter e melhorar ainda mais.

< 75' André André (5): Parece querer dar razão à crítica do momento que o acusa de excesso de Soflan: é tão macio que faz alergia. Senhor André pai, é nestes momentos que a sua voz pode valer ouro ao pequeno Andrezinho. Vamos lá dar-lhe uns conselhos e uns calduços? 

Óliver (5): Muito abaixo do que se espera e exige de um jogador tão dotado. Pouca confiança, jogo muito lateralizado ou atrasado e alguns passes sem consequência. Um dia mau (apenas um, por favor).

< 81' Melhor em Campo Otávio (8): O pequeno artista voltou a ser o mais esclarecido e absolutamente decisivo, com uma grande assistência e o penalti sofrido a destacarem-se de um conjunto muito bom de coisas bem feitas. E desta vez com a "agravante" de não ter tido em Oli um parceiro à altura. Muito bem. 

André Silva (8): Dois golos valem sempre "ouro", independentemente do que mais fizer em campo. E até fez muito, mais em quantidade do que em qualidade, mas fez. Sempre assim seria sempre bom. Sem "mas". 

< 70' Adrian (6): Possivelmente, o seu jogo mais consistente de Dragão ao peito. Não marcou, não assistiu, mas mostrou alguma confiança e determinação, adjectivos raros no seu reportório. Já veremos se é desta que encarreira... Se entretanto NES não o atirar de novo para a bancada, claro. 

> 70' Diogo Jota (6): Entrou para o lugar de Adrian, "mais à sua medida" pela menor distracção com tarefas defensivas. Outra vez a mostrar pormenores, dos que sugerem que muito em breve poderá começar a ser um jogador importante nesta equipa. É uma questão de acertar o primeiro... 

> 75' Herrera (6): Veio do banco e até parecia um bom jogador de futebol. Creio que só falhou meio passe... Tudo dito por hoje (shhhh)... 

> 81' Brahimi (6): Cerca de 14  minutos em campo para mostrar a sua conhecida qualidade técnica e promover alguns lances ofensivos interessantes, com destaque para a meia-assistência no terceiro. 

Nuno Espírito Santo (7): O futebol não deslumbra nem para lá caminha, mas também não seria expectável que tudo mudasse de Tondela para o Dragão. Esperava-se sim que o treinador começasse finalmente a estabilizar o onze principal e a forma de jogar da equipa. Teremos que esperar pelos próximos jogos para confirmar ou não a tendência, mas entretanto conseguiu que a equipa desse a volta ao jogo e assim garantisse os três imperdíveis pontos em disputa. Por hoje, chega. 



Outros Intervenientes: 


Muito humilde este plano de jogo do Boavista, possivelmente amplificado pelo inesperado golo madrugador. Pouco, muito pouco para quem queria conquistar pontos. Sanchez queixar-se do árbitro é tragicómico. Ou ridículo, como preferirem.

Já o soldadinho de chumbo encarnado Nuno Almeida e sus muchachos tiveram na validação do golo do Boavista o seu pecado mortal, mas não o único. Muitas faltas duras por sancionar, uma possível expulsão e vários cartões de aviso por mostrar (em contraste com o ridículo mostrado a Brahimi por quase nada). Poupadinho o rapazote. Vá lá que não estava a dar de comer ao pastor alemão quando Otávio foi rasteirado dentro da área.Três pontos, como sempre deveria ser em jogos caseiros do campeonato.


Seguem-se Leicester e a Choupana, duas saídas complicadas que em muito irão condicionar o estado das águas em que navegaremos nos tempos mais próximos. Esperemos que sejam calmas. 



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor




terça-feira, 20 de setembro de 2016

Bernardino Barros e o Prémio


Já não é de agora. Vem desde a sua parceria com o Carlos "Lampião de Paredes" Daniel nos relatos da TSF a empatia que nutro por Bernardino Barros. Na altura não sabia que ele era tão Portista quanto eu e, para ser honesto, também não adivinhei que o Daniel fosse (ou se viesse a tornar) aquilo que é hoje.




Não conheço Bernardino Barros. Já no cruzámos em várias ocasiões, mas sem mais do que palavras de circunstância. Escrevo, portanto, sem que haja qualquer outro elo de ligação entre nós que não seja o amor ao Porto.

Esse sim, incontestável e inegável, quer nele, quer em mim. 

Recentemente regressou ao clube - ou melhor, ao Porto Canal - e lá se tem (re)afirmado como uma das vozes mais eloquentes e assertivas na defesa do clube face aos muitos inimigos externos que acumulamos. Noutros meios, nomeadamente na TVI, nunca o vi virar a cara ao desaforo ou dar a outra face perante mais uma injustiça ou calúnia. É aliás o único Portista em que, a espaços, me consigo rever, de todos esses programas de comentários e paineleiros. Talvez tenha sido por ele que esse programa acabou, dando lugar ao circo de abutres amestrados que é o MaisTabaco.

E digo "a espaços" porque nas últimas épocas, em particular no consulado basco, o achei demasiado comedido nas críticas, que a cada jornada que passava mais fundamento ganhavam. Percebo muito bem o dilema de "querer apontar os problemas/não querer dar o flanco perante os bobos da corte da segunda circular", mas chega uma altura em que é preciso decidir o que é mais importante e benéfico para o clube: criticar o que deve ser criticado, apesar dos riscos inerentes; ou ser conivente e assistir à delapidação do nosso património genético.

No entanto, mesmo em relação aos problemas internos, vejo-o hoje mais disponível para os abordar e colocar os dedos nas feridas, ainda que ao de leve para não as aprofundar. A sua última aparição no Porto Canal é um exemplo perfeito do que é hoje Bernardino Barros. E do muito que pode fazer em prol do Futebol Clube do Porto

Apesar de tudo isto, a nossa comunicação continua entregue não se sabe muito bem a quem nem com que objectivos.

Há Rui Cerqueira, que aparentemente não faz muito mais do que assumir as relações com a imprensa (com os resultados que todos conhecemos) e acompanhar os jogadores às conferências de imprensa.

Há a newsletter Dragões Diário, aparentemente liderada por Francisco Marques (Revista Dragões), que dá mostras de ter finalmente encarreirado na direcção certa, mas que obviamente nunca será suficiente enquanto único canal de comunicação.

Em resumo:

Estão à espera de quê para dar a Bernardino Barros o papel que ele merece e que, pelo que se observa, pode desempenhar melhor do que ninguém neste momento?


Que se aproveite quem ainda se mostra disponível para ir à luta ao lado desta direcção.


Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



P.S. -  Tiago Martins foi premiado com a nomeação para o Chaves-Benfica da próxima jornada, após a magnífica exibição no clássico de Alvalade. Quem disse que o crime não compensa? Estou curioso sobre o que o meu clube irá dizer acerca disto...




Onde Está a Bola? #26 (e vencedores #24 e #25)


Nova edição do "Onde Está a Bola?", desta vez para oferecer 2 bilhetes para o FC Porto - Boavista FC a disputar na próxima sexta-feira, dia 23 de Setembro.


Onde Está a Bola? #26


Para se habilitar a ganhar os bilhetes, o estimado leitor apenas terá que observar com atenção a imagem acima e decifrar onde está escondida a verdadeira bola da imagem original (ou se não está lá de todo).


Respostas possíveis:

A - Bola Azul
B - Bola Laranja
C - Bola Preta
D - Bola Púrpura
E - Não há nenhuma bola escondida


Antes de responder, tenha em atenção as seguintes regras de participação:

1 - Escrever a resposta que considera acertada na caixa de comentários deste post, indicando igualmente um nome e um email válido para contacto em caso de vitória (atenção: comentários anónimos já não são permitidos no blogue). 

2 - Entre os que acertarem, será sorteado o vencedor através da app Lucky Raffle (iOS).

3 - Para ser elegível para receber os bilhetes, deverá fazer o obséquio de:

   a) Comprometer-se a enviar-me duas ou mais fotos da sua ida ao estádio (com pelo menos uma selfie) nas 48h seguintes ao jogo;

   b) Registar e confirmar o seu email (nas "Cartas de Amor", na lateral direita do blogue);

   c) Seguir o FB e o Twitter do DPcA (basta clicar nos links e "gostar" ou "seguir"). 
   Quem não tiver conta nesta(s) rede(s) não será excluído, mas... cuidado porque o Lápis irá investigar :-)

4 - Apenas será aceite uma participação (a primeira) por cada email válido.

5 - Cumpridos todos os critérios, o vencedor sorteado será contactado através de um email onde encontrará instruções sobre como e quando levantar os bilhetes.

6 - Se já tiver Dragon Seat ou outro tipo de acesso, poderá oferecê-los a um amigo ou familiar que não tenha a mesma sorte.

7 - A edição #26 deste passatempo termina às 15h00 de 22 de Setembro e o vencedor será anunciado até às 14h00 de dia 23.

8 - Se o vencedor não reclamar o prémio até à data e hora referidas no email que lhe será enviado, haverá novo sorteio entre todos os que tiverem acertado na resposta (e assim sucessivamente até se encontrar um vencedor que reclame o prémio).

E é só! Concorra e divulgue, queremos o Dragão sempre cheio!


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Falta ainda dar nota dos resultados da dose dupla que antecedeu este concurso, os passatempos #24 e #25 do Onde Está a Bola?.


Edição #24 (V. Guimarães)

A grande vencedora foi a Catarina Machado, uma "velha" concorrente deste passatempo que na época passada havia sido presenteada com uma edição especial que reconheceu o concorrente que mais vezes participou. Desta vez, o sorteio sorriu-lhe...




...após ter acertado na resposta...


... a bola Azul!



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Edição #25 (Copenhaga)

Outra vez uma senhora dragona a vencer, estão endiabradas (salvo seja!) as nossas Portistas! Desta vez foi a Maria Oliveira a "sortuda", ainda que depois a nossa equipa nos tenha presenteado com um belo balde de água gelada...

Eis o resultado do sorteio...


... e a comparação de imagens...


 ... e mais uma vez, a cor certa era o azul, mas o azul certo: o Azul e Branco!




Parabéns a ambas as concorrentes e obrigado pelas fotografias, são exactamente aquilo que se pretende!



Do Porto com Amor




segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Febre de Domingo à Tarde


Bola ao centro, sai o Tondela. Esperem lá, se a bola é dos visitados, então fomos nós quem escolheu o campo, certo? E escolhemos jogar contra o Sol? WTF? Alguém achou que na segunda parte ia ser pior? Socorro... Alguém que ponha o estádio de quarentena, que a Febre Amarela está a contagiar toda a gente.


Dá-lhe que está de costas! Era tudo canela até à ponta dos cabelos...

É só um pormenor, mas foi uma espécie de preview para  a "contaminação" que se seguiu. A história deste jogo resume-se com rapidez: três ou quatro oportunidades soberanas para marcar desperdiçadas  (e uma evitada) no epílogo de hora e meia de apatia, sem ideias nem soluções - em estado aparentemente febril - contra uma equipa de caceteiros sem punição.

O onze voltou a ser vítima de revolução, devolvendo o formato "Guimarães" à equipa mas com variação nos protagonistas. Brahimi ganhou a titularidade (porquê?), tal como Rúben, e para o banco foram Óliver (porquê?) e Danilo. Salvou-se a ausência de Herrera...

Estamos perante mais um belo exemplar dessa nova "escola" de treinadores que são muito incentivos e julgam não haver limites no seu laboratório experimental mas que devem ter faltado a algumas das aulas essenciais. Creio até que vêem a sua criatividade à semelhança do próprio Universo, em permanente expansão. Só que não. A criatividade deve ficar reservada aos jogadores, devidamente enquadrada por um modelo de jogo e por rotinas: as tais que só se adquirem pela repetição. É bom ter alternativas e planos B e C, mas só depois de ter o A consolidado, pode ser ??

Em vez de se concentrar em descobrir como conseguir ganhar espaços através do desposicionamento dos defesas contrários e que os nossos recebam a bola de frente para a baliza, parece que NES prefere apostar no desenvolvimento de um novo modelo híbrido através de um enxerto de 4-4-2 no 4-3-3. Uma coisa assim assimétrica, mal fecundada e feia de ser ver. Talvez o mundo tenha perdido um génio da botânica, mas duvido que tenha ganho um génio da táctica. Adiante.

Quanto ao desperdício de oportunidades, em particular por André Silva, relembro o que afirmei antes do fecho do mercado, inclusivamente alertando ilustres companheiros de escrita pela euforia de ter (apenas) AS: "(o que eu não vi:) um avançado capaz de me tranquilizar quanto à sua capacidade actual de fazer muitos e variados golos. André Silva é uma grande aposta, coerente, acertada e para manter mas precisa de alguém mais maduro para lhe dar espaço para crescer". Não há milagres.

Nota final para a preocupante subserviência a que assisti no final do jogo, com Layún a ser obrigado (sem aspas) a ir dar explicações ao líder dos Super (grande apoio à equipa durante os 90 minutos), tendo Herrera por companhia, talvez como intérprete. Acho importante que os jogadores se preocupem com o sentimento dos adeptos, mas há limites, ontem claramente ultrapassados. Ou então sou só eu, que tenho pesadelos de o meu clube estar capturado por algum tipo de interesses paralelos. 


A perdida mais flagrante do jogo: era "só" tocar para o Adrian, senhores...


Notas DPcA 

Dia de jogo: 18/09/2016, 18h00, Estádio João Cardoso, CD Tondela - FC Porto (0-0). 


Casillas (7): Talvez o melhor da equipa, pela importância e acerto das suas intervenções. Exemplo perfeito de que às vezes menos é mais. Assim sim. Dá-se bem com os ares de Tondela, pronto.

Layún (6): Mais discreto e com menor acerto, cumpriu os mínimos sem dar nas vistas. 

Alex Telles (6): o.m.q. Layún... sort of. 

Felipe (5): Várias antecipações falhadas, uma delas salva apenas por Casillas, sobressaem numa exibição tremida. 

Boly (6): Estreia com altos e baixos. Bom toque de bola, passes bem medidos, dominador no jogo aéreo... E alguns lances perdidos em zona proibida. É preciso ver mais para formar uma primeira opinião. 

Rúben (7): Bom regresso do menino Porto, ainda que uma vez mais a seis. Ok, neste jogo aceita-se pela menor intensidade do adversário na sua zona de acção, mas desperdiça-se uma das suas melhores qualidades, o passe. 

André André (6): Melhor na segunda parte, tal como contra o Guimarães, mas com menor exuberância. Foi a tal formiga de trabalho, mas nem sempre esclarecido ou eficaz. Apenas suficiente, espero sempre mais de qualquer jogador do Porto. 

< 56' Brahimi (6): Regresso à titularidade sem nada ter feito por isso (talvez nos treinos...) e correspondeu, sem ser brilhante. Talvez a "fé" num monumento semelhante da época passada tenha inspirado Nuno a apostar nele de início, mas se a teve, cedo a perdeu. Saiu demasiado cedo, em minha opinião. Era mesmo Depoitre ou um médio quem estava a mais.

< 77Otávio (6): Foi o alvo principal dos carniceiros de Tondela e disso naturalmente se foi ressentindo com o passar dos minutos e o acumular das nódoas negras. Sempre muito envolvido no jogo, nem sempre esclarecido na altura de decidir. Saiu exausto.

André Silva (4): Duas perdidas gritantes aos 81' e aos 82' (na segunda tinha Adrian para encostar) serão sempre o resumo deste exibição esforçada mas com muito desacerto, não apenas na finalização mas também no auxílio da construção ofensiva e no baixar a cabeça até perder a bola. Até agora tem sido o abono de família, que ninguém se esqueça disso antes de sequer considerar assobiar. Nem da idade e currículo deste jovem prodígio. Arriba André, que melhores dias virão... Já a seguir!

< 69' Depoitre (5): Depois de alguns jogos a "crescer", segue-se agora o segundo com pouco de positivo para assinalar. Terá mesmo sido o pior desde que chegou. Ineficaz e inconsequente, se fosse russo seria o Soestrova... A rever (outra vez).

> 56' Óliver (6): Outra vez recuado e mais longe das zonas onde faz a diferença. Ainda assim, descobriu um espaço vazio de luxo para AS finalizar, entre outras acções com menor relevo ou acerto. Por favor não desperdicem o talento que têm à disposição.

> 69' Adrian (6): Não entrou mal, "ligou-se" rapidamente ao jogo e ajudou no assalto final. Foi pena não ter conseguido marcar na última oportunidade do jogo. Foi mesmo pena. Mesmo (mas surpresa seria se o tivesse feito).

> 77' Corona (6): Chegou tarde ao jogo, mas ainda a tempo para desequilibrar a defesa adversária. Não conseguiu arrancar aquele passe com açúcar que nem o AS de ontem conseguiria falhar, mas foi útil e uma boa aposta - e tardia.

Nuno Espírito Santo (4): Anda perdido o Nuno - nas suas dúvidas e hesitações. Se tivéssemos feito um golo a perspectiva seria diferente, mas a conclusão não. É verdade que tivemos oportunidades flagrantes para sair de Tondela com os 3 pontos e que nenhum treinador pode marcar golos, nem mesmo os "fáceis", mas a produção foi demasiado fraca contra o último classificado da Liga. É preciso fixar e treinar até à exaustão um modelo de jogo, aquele que Nuno entender ser o melhor tendo em consideração a matéria-prima que tem à sua disposição. Mas é preciso fazê-lo já. Outro resultado destes simplesmente não é admissível. Tic-tac, tic-tac...


Medo, muito medo...
 

Outros Intervenientes:


Petit é o estrume que todos sabemos (futebolisticamente falando, obviamente). Discípulo de Jaime Pacheco e cirurgicamente aprimorado na forja da impunidade do Estádio da Luz, passa todo o seu "don't know-how" para a horda que tem sob o seu comando. Há quem "calado seja um poeta", Petit numa mina de carvão seria um grande treinador. Pobre Pité.

Não há desculpa possível para a permissividade de Hugo Miguel perante a violência com que os caceteiros de Tondela nos fustigaram. Além do óbvio perigar da integridade física dos jogadores, haveria lugar a expulsões com o acumular de cartões, o que alteraria o jogo. Como exemplo, o bárbaro que tinha o 14 nas costas deveria ter deixado o jogo ao minuto 25. E como ele, outros. Ou é mau ou fá-lo de forma intencional e em nenhum dos cenários interessa à arbitragem. No lance que o DD hoje contesta, parece-me que a decisão foi boa. O fiscal de linha marcou offside e o árbitro assinalou a falta imediatamente anterior, porque o Porto não tinha beneficiado da vantagem do jogo prosseguir. Para compensar, não "viu" um agarrão claro a AS a menos de um metro da área, já nos descontos, de onde deveria ter resultado um cartão e um livre perigosíssimo. E mais isto, ainda na primeira parte. Outra jóia de uma exibição arbitral em jogos nossos, portanto.




Tivemos sorte com o desfecho do jogo que se seguiu, que atenuou o impacto deste empate-derrota. Não vi mais do que os últimos 20 minutos, mas nem por isso hesito em dar os parabéns a Capucho e companhia - é um grande resultado sob qualquer perspectiva. Ah, e a um tal de Gil Dias, lembram-se?

No entanto, não é provável que tal se repita, pelo que outro resultado destes simplesmente não é admissível. Regressamos à competição na próxima sexta, em casa contra o Boavista. Bilhetes para o jogo já de seguida.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor 





quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Dois Passos Atrás


Há dias em que não tenho a mínima vontade de escrever e hoje é um deles. Só o faço porque sei que, como eu, há muitos Portistas que não entendem por que motivo se estragou o que já estava (bem) feito. E que, como eu, ficaram estupefactos/apreensivos (riscar a que não interessa) com o regresso de Herrera e ao 4-3-3 do costume. Sábado demos um passo em frente, hoje demos dois atrás.




É por eles que escrevo, porque mesmo não havendo consolo possível após um empate caseiro com o FC Kobenhavn como consequência de um jogo tão mal conseguido, ficam a saber que não estão sozinhos e que há mais alguém a sofrer por igual.

Não vou gastar muitas linhas com o jogo. Entrámos relativamente bem, perante a normal expectativa dum adversário a reconhecer a nossa superioridade. Marcámos na primeira oportunidade, um belíssimo golo de Otávio após combinação com AS. A partir daí, o que se passou foi incompreensível. Descompressão ou receio? Não sei, talvez ambos. O certo é que baixámos as linhas e o ritmo - que já não era alto por sinal. Os da Dinamarca agradeceram e começaram a fazer o seu jogo, simples e directo. Até ao intervalo pouco mais, excepto um possível penalti por marcar sobre Corona

O regresso foi ainda pior. Lento, sem pressão, sem profundidade, sem nada. Tudo previsível. Um deserto de ideias. Pelo contrário, o Copenhaga entrou com vontade de fazer um golo e com mais vontade terá ficado ao constatar a nossa postura em campo. Não tardou a chegar o empate, perante o encolhimento e um incompreensível receio dos nossos. Um desvio infeliz de Danilo a um cruzamento sem oposición da esquerda deixou Alex Telles fora da jogada e Cornelius aproveitou para fazer um golo caricato, tal a inoperância defensiva do Porto após o primeiro contacto do avançado com a bola.

Tiveram de passar mais dez minutos para que Nuno se decidisse a mexer na equipa, tirando um ala (Corona) para meter Depoitre - um amigo que via o jogo comigo comentou "vendemos a TV para comprar o leitor de DVD". Deve ter sido algo do género, porque apostar num jogo mais afunilado perante uma equipa que defendia com onze dificilmente traria bons resultados. Entretanto Otávio conseguiu arrancar o segundo amarelo a um adversário e o jogo ficou 10 contra 10. Sim, 10 contra 10. A nulidade chamada Herrera continuava em campo, incrivelmente. Foram precisos 70 minutos - setenta - e vários coros de assobios ao mexicano para que ele fosse finalmente substituído.

Aqui abro um parêntesis. Sou seguramente dos maiores detractores do futebol de Héctor Herrera - o historial é longo e não me vou repetir uma vez mais. O que interessa é que não entendo como o mexicano continua a jogar no Porto. Sei que é um excelente rapaz, amigo do seu amigo e que promove o bom ambiente no balneário, mas isso não chega. Para mim, não tem condições para ser jogador do Porto, muito menos titular. Dito isto, acho inacreditáveis os assobios. Compreendo a frustração - também a partilho - mas não é assim que se ajuda quem quer que seja. Mal, senhores assobiadores, muito mal. Ponham por favor a mão na consciência e reflictam. No entanto, era previsível. Era uma questão de tempo para que este dia finalmente chegasse. Triste, lamentável mesmo, é ter sido necessário chegar a este ponto. Nem Herrera merecia "acabar" assim. Não estava tão bom de ver? Fecho parêntesis.

Com a entrada de Brahimi ficamos então em superioridade numérica, mas de nada nos valeu. E aqui está para mim o ponto fulcral e a maior ilação que se retira deste jogo. Os jogadores tentaram, os jogadores queriam mas simplesmente não sabiam como. O problema maior deste jogo chama-se Nuno Espírito Santo. Fez quase tudo mal, de princípio ao fim, e não soube como derrotar uma equipa da Dinamarca em superioridade numérica durante vinte e poucos minutos. E isso é muito preocupante.


Nem um pano tão grande conseguiu disfarçar a ausência de público no Dragão. Preguiça ou premonição?


Notas DPcA

Dia de jogo: 14/09/2016, 19h45, Estádio do Dragão, FC Porto - FC Kobenhavn (1-1).


Casillas (5): Um par de cruzamentos aos papéis, como é seu hábito, e absoluta ineficácia na abordagem ao lance do golo sofrido. Fora isso, pouco mais a registar.

Layún (6): Foi dos que mais tentou, mas poucas vezes bem. Desinspirado e sem soluções perante a muralha defensiva dinamarquesa. Mas tentou, muitas vezes.

Alex Telles (5): À imagem de Layún mas com menor intensidade. Muitos cruzamentos, quase todos mal feitos e inofensivos. Jogo globalmente fraco, tem valor para muito mais e melhor.

Felipe (6): Não foi por ele que não ganhámos.

Marcano (6): Anormalmente simples e eficaz a limpar os lances e as bolas mais quentes. É assim que se faz, quem não sabe não inventa. Jogo positivo.

Danilo (5): É, não está mesmo no seu melhor. Não joga propriamente mal, mas também não acrescenta valor ao jogo da equipa. E defensivamente, é apanhado muitas vezes com as calças na mão (leia-se fora de posição).

< 70' Herrera (4): Com a maior das honestidades, prefiro não comentar. Primeiro toque na bola, ainda no primeiro minuto de jogo, foi um passe fácil quase falhado numa zona já complicada. Perante os primeiros assobios, chegou a ser confrangedor (e perigoso para a equipa) ver os seus dois compatriotas a forçarem passes para que pudesse "brilhar". E adivinhem quem não estava a marcar o homem que centrou para o golo sofrido. E pronto, já chega. Mesmo.

Óliver (5): Entrou em campo nitidamente amarrado às instruções do treinador. Durante muito tempo, jogou mais recuado do que Herrera, o que acaba por ser um golpe duplo nas aspirações da equipa. E quando pode, sobretudo no segundo tempo, não esteve esclarecido como é seu timbre.


A festa do golo na estreia de Otávio ao jogo 200 do clube na Champions

< 82' Melhor em Campo Otávio (7): Boa primeira parte, apesar dos solavancos da equipa, e um grande golo. Decaiu com o avançar do jogo e saiu naturalmente (embora não tivesse sido essa a minha opção, numa altura em que precisávamos de marcar).

André Silva (5): Esteve especialmente bem no lance do golo e lutou sempre. Mas muitas vezes mal, fruto de muita coisa e da sua juventude, em especial quando era mais preciso - no assalto final à baliza dinamarquesa.

< 62' Corona (5): Outra exibição apagada e pouco ligada ao jogo. Irritante intermitência, qual luzinha de Natal. Foi o primeiro sacrificado, mas havia outro mexicano a fazer muito menos.

> 62' Depoitre (5): Desta vez não acrescentou quase nada, em termos práticos. E já pareceu um pouco mais tosco, além de alto. Nunca seria fácil, no meio de tantos jogadores a defender, muitos deles da sua altura.

> 70' Brahimi (5): Voltou o Al-Sebastião, para gáudio da populaça. Não compreendo a euforia, juro. Voltou com o al-rabinho entre as pernas, porque ninguém lhe pegou. É evidente que temos que o recuperar, nem que seja para o tentar vender de novo. Mas não merecia aquela recepção tão efusiva - e provou-o em campo.

> 82' Diogo Jota (5): Entrou tardiamente, já na fase do desespero e não conseguiu empurrar a equipa para a vitória, apesar de algumas boas decisões.


Nuno Espírito Santo (1): No jogo passado teve "8" pela coragem e resolução em arriscar um novo sistema de jogo que resultou. E por ter deixado Herrera fora desse novo esquema. Previsivelmente (mas nem assim mais aceitável), hoje recuou para a forma anterior. Regrediu para o 4-3-3 do costume e recheou-o de Herrera. Golpe duplo nas nossas aspirações. Aliás, golpe triplo: ao devolver o mexicano ao seu vagabundear aleatório pelo campo, amarrou Óliver às tarefas defensivas, afastando-o das zonas onde mais pode fazer pela equipa, as de decisão ofensiva. Mas enfim, começar mal não implicaria acabar mal. Poderia e deveria ter rectificado ainda na primeira parte ou no máximo ao intervalo. Não o fez e foi penalizado quase de imediato. Mais grave: depois do empate, não conseguiu claramente encontrar soluções para chegar com perigo à baliza adversária. Abandonou os jogadores ao seu talento e um treinador serve precisamente para o contrário: dar nexo e potenciar as qualidades individuais de cada jogador. Muito mal, espero que tenha aprendido tudo para que não se repita.


NES meteu tanta água que cada um salvou-se como pode...

Um mau começo, felizmente num grupo com margem para errar. O próximo jogo vai ser muito complicado, com muito (tradição incluída) em nosso desfavor. Mas face a este resultado, era bom não perder em Leicester. Perder não significa muito, mas implica cair para terceiro ou quarto. Nada que não se possa rectificar a seguir, mas deixem-me dar-vos um conselho, querida equipa: não deixem o apuramento a depender de uma vitória no último jogo - convém carimbá-lo na ida a Copenhaga.

Agora toca a digerir esta banhada e aliviar a tripa logo pela manhã. Corpo são em mente sã é o que se precisa, porque já no domingo regressa a nossa prioridade, em Tondela.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor