maio 2017

quarta-feira, 31 de maio de 2017

Dislates de Sonso Pança



Compreendo que aos jogadores seja mais difícil aperceberem-se da dimensão da roubalheira, porque afinal, são eles que estão dentro de campo a correr e suar para conseguir ganhar. E quando o conseguem, não deixam de pensar que ganharam pelo seu trabalho, relativizando os "favores" como sendo apenas detalhes sem os quais ganhariam na mesma. É obviamente errado, mas compreensível.



Dos treinadores já espero outra postura. Pese embora também viverem intensamente o jogo, estão do lado de fora e conseguem ter uma visão diferente, mais abrangente. Mesmo que não o consigam durante o jogo, têm à sua disposição pequenos exércitos de informadores e tecnologia sem fim para poder revisitar as suas primeiras impressões e corrigi-las, se for o caso. 

De um treinador dos sem-vergonha (para quem não se lembre, o subproduto em que Benfica actual se tornou), não espero nada de positivo. Nem mesmo de Rui Vitória, por quem nutria alguma simpatia e respeito antes de se transformar no que é hoje.

Supostamente (digo-o assim porque a fonte é o pasquim record), Dom Sonso Pança disse isto:

"Acho que não. Mas lembrem-se lá de um jogo em que o Benfica ganhou por causa do árbitro. Não vejo nenhum jogo em que eu diga 'houve um penálti, ganhámos 1-0, foi um erro'"

Isto a propósito de (supostamente) ter sido questionado se alguma vez havia reconhecido ter sido beneficiado por uma arbitragem.

Se não queria reconhecer os evidentes benefícios de que a sua equipa foi alvo, ao menos tivesse o decoro de se manter em silêncio sobre o assunto. Desviar a conversa, como tantas vezes o fez perante assuntos incómodos ao nacional-candeeirismo.

Responder desta forma é simplesmente ridículo e uma afronta a qualquer pessoa de bem que acompanhe o futebol.

Isto não é proteger o seu grupo. Isto não é valorizar os seus méritos (que também existem, como sempre disse). Isto nem sequer é ser solidário para com a entidade empregadora.

Isto é assumir ser um dos tentáculos deste polvo salazarento. Isto é querer agradar à turba lampiânica que apenas quer ter motivos para partir cabeças no Marquês, sem se importar como lá chegou. Isto é ser parvo por pensar que faz de nós todos parvos. 

Pois não faz, Dom Sonso Pança. Aqui não há quixotes alienados atrás de moinhos de vento. Aqui há gente séria que se recusar a conviver com uma farsa de dimensões épicas.

Nem só de penáltis mal assinalados a favor se ganham jogos de forma viciada. Também com o muito que se subtrai aos adversários se chega ao mesmo desfecho. Offsides mal assinalados, expulsões perdoadas, faltas não assinaladas (algumas dentro da área), enfim, é só escolher.

Segue-se uma pequena amostra, mas suficiente só por si para que o campeão já fosse outro. Apesar de NES!

FC Porto - Benfica (1-1): dois penaltis claríssimos por assinalar contra o slb
Feirense - Benfica (0-1): um penalti por assinalar contra o slb
Moreirense - Benfica (0-1): duas expulsões perdoadas ao slb, a primeira ainda com 0-0
Rio Ave - Benfica (0-1): penalti por marcar contra o slb

Ou seja, só nestes quatro jogos o Porto ficou sem dois pontos e o Benfica surripiou 1+2+2+2= sete. É só fazer as contas, Dom Sonso!

Sem tempo nem paciência para mais, aqui fica um possível resumo em vídeo:




Provavelmente não lhe perguntaram a seguir se o facto de o principal adversário ser constantemente vilipendiado nos seus jogos não o beneficia indirectamente. Suponho que mesmo que o tivessem feito, Dom Sonso teria respondido "Acho que não", sem perder a compostura.

Creio que já fez o suficiente para merecer um cognome.

Ouvi todos! Ouvi todos! Doravante, por decreto real, o ilustre coxo de Vila Franca de Xira deverá ser anunciado em todas as cortes e cantos do reino como 

Dom Sonso Pança, o Desavergonhado

No que as pessoas se transformam...


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A propósito de metamorfoses, o mui meritório Universo Porto - Da Bancada parece estar numa crise de identidade, agora que a época findou e Bernardino saiu de cena.

Apesar de tardio (demasiado tardio, como se comprovou), foi ainda assim a única voz do Clube durante a temporada contra a espetentacular campanha salazarenta que culminou com mais um título da treta. Mau por ser a única, bom por existir.

Já sem o futebol profissional jogado, sobram por estes dias as modalidades - também elas, vítimas deste octopus orelhudus - na fase decisiva para atribuição dos títulos. Neste capítulo, continua atento o agora empobrecido painel, ainda que a reboque de trabalhos anteriores de outros jornalistas da casa. Tudo bem.

A exposição de um alto quadro da PIDE como visita de casa do Benfica também faz sentido, dadas as inúmeras tentativas da prole em branquear esse inegável passado, que aliás se fez também presente, como fica fácil de ver. Muito bem.

O problema começa quando se deixa de falar dos erros dos outros e se começa a deflectir os nossos, como se aliás nem sequer existissem.

A questão do treinador é paradigmática. Primeiro, em relação à saída de NES, e agora, na questão do recrutamento do novo timoneiro.

Compreendo que o Clube tenha uma posição oficial que salvaguarde os seus interesses e bom-nome. Aliás, exijo-o. Mas não se "estiquem" em tentativas esfarrapadas de justificar o injustificável.

Se Nuno saiu por comum-acordo (nem demitido, nem rescisão unilateral da sua parte), eu entendo. Mas não entendo como é que a administração liderada pelo "Senhor Presidente" não tinha já o veredicto traçado em relação ao treinador. Como é que não era já assumido entre-portas que ele não servia. E não era, porque se fosse, obrigatoriamente já teriam de estar à procura do sucessor antes do final da época.

Não estavam.

Tendo iniciado o processo após o "divórcio" com Nuno, tenho também dificuldade em entender que se tenha permitido todo aquele circo à volta de Marco Silva. Se o queriam, deveriam tê-lo assumido publicamente. E se de facto foi o treinador que não quis vir, deveria o Clube tê-lo dito, passando todo o ônus da "nega" para os ombros dele. Ninguém de bom-senso entende uma recusa dessas sem motivos muito fortes.

Arrumada essa hipótese, continuamos à espera. O mal não está na espera em si, mas na navegação à vista que tem caraterizado esta administração. Ao sabor dos ventos e das correntes, aparentemente sem rumo próprio.

Vir Francisco J. Marques dizer que se soubéssemos dos nomes oferecidos ao FC Porto ficaríamos espantados, não vale nada. Zero. Se queria provar um ponto, tinha de citar alguns desses nomes. Assim, funcionou ao contrário, mais valia não ter dito nada.

E o pior de tudo, é aquela sensação de que nos têm a todos, os sócios e adeptos do Porto, por lerdos. Aquele carrocel de dicas e conselhos unionistas, paternalmente passados em catadupa por cada um dos comentadores, chega a ser confrangedor. Não vão por aí, meus caros, a franja de adeptos que se deixa levar por essa ladainha já está ao lado de quem nos dirige, haja o que houver. Forever and ever, suponho.

Já o disse em "discurso directo" e repito aqui: credibilidade exige coerência. Que não se perca o Norte, porque este trabalho é muito meritório e decisivo para que o futuro próximo possa ser um pouco mais azul-e-branco.




Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



segunda-feira, 29 de maio de 2017

Qui Vendere?


Tenho ouvido e lido muito boa gente - na verdade, quase toda má, reles e viperina - preocupada com as inadiáveis vendas de verão que o FC Porto terá obrigatoriamente de fazer para escapar a uma penalização da UEFA, a propósito do incumprimento do Fair-Play Financeiro.

Vai daí, resolvi fazer uma análise sofisticada e aturada ao quadro de jogadores do Clube e, decorridos uns longos cinco minutos, descobri que afinal é fácil de conseguir. Melhor do que isso, consegue-se sem sacrificar os dedos: basta abdicar de uma jóia argelina, uma pedra por lapidar, uma taça de guacamole, um tronco de pinheiro e um saco cheio de bugigangas variadas.

Querem ver como se inventam €115 Milhões? Assim:




Não há motivo algum para deixar sair Danilo. Nem sequer André Silva ou Corona

Brahimi será uma perda considerável? Sim, em termos de talento e entertenimento puro das bancadas. Mas considerando o futebol jogado e os seus resultados prácticos, nem tanto.

A saída de Felipe obrigará a reconstruir a defesa? Sim. E a investir para o fazer. Nada de atalhos. Mas, enfim, fazível.

Ainda sobram pedras mais ou menos preciosas, como Layún, caso seja necessário ou conveniente.

Viram como é fácil? Estão preocupados porquê, ó profetas da desgraça? (Quão deficiente tem de ser um treinador para não aceitar treinar o Porto, sendo-lhe convenientemente explicado o plano para colmatar estar saídas?)

Somewhere, over the rainbow...
 


Preocupemo-nos é em ir para a rua gritar contra esta escandaleira que é o nacional-candeeirismo, que se prepara para fabricar mais um título. Não estou a brincar. Começa a ser tempo de os fazermos sentir quem realmente somos. A bem ou a mal, como (eles) preferirem.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco 



sexta-feira, 26 de maio de 2017

Palácio de Cristal, Telhados de Vidro


Não há como contornar a questão: hoje em dia, até um qualquer badameco ainda com tudo para provar, prefere arriscar num clube que joga para não descer na Premier League do que vir para o FC Porto.





Sim, eu sei que o destino de Marco Silva deverá ser o Watford e não o Crystal Palace, mas não me dava jeito para o título do post. E sinceramente, é a mesma coisa.

Sem saber ainda quem será o próximo treinador, sei que os erros se repetem e novos fundos se vão descobrindo.

Nuno Espírito Santo saiu. 

Foi surpresa para alguém? Não era o desfecho mais do que previsível? Mais do que exigível?

Foi necessária aquela derrota confrangedora em Moreira de Cónegos para que a ADMINISTRAÇÃO da SAD se apercebesse dessa inevitabilidade? Ou esperam que nos façamos todos de idiotas e acreditemos que Nuno só saiu por sua iniciativa? 

Se assim fosse, seria pior ainda. Mas adiante.

Admitindo que ainda sobra algum bom-senso na liderança do Porto, não seria expectável que uma estrutura altamente profissional tivesse já em campo para preparar a sucessão? Ou o profissionalismo saiu todo com Antero Henrique?

Nuno saiu e não havia sequer contactos para o substituir, fazendo fé em tudo o que se vai sabendo por portas travessas. Fomos, uma vez mais, apanhados desprevenidos. Bendita inocência.

Passo seguinte, toca de analisar candidatos. 

Marco Silva.

Supostamente, escolha unânime na administração, mas não na entourage vampírica que a rodeia. 
Supostamente, aliciado com um bom e longo contrato.
Analisou e preferiu o Wathefuck. Supostamente.

Um treinador júnior, com tudo por provar se quer um dia ser um dos melhores, prefere um qualquer Palácio de Cristal ao FC Porto. Prefere ficar fora das competições europeias a disputar a Liga dos Campeões.


O único Palácio de Cristal que justificaria a opção
 
Algo não bate certo. Hipóteses:

a) Marco Silva é estúpido, plain and simple;
b) Marco Silva é demasiado candeeiro para se opôr ao penta da treta;
c) Marco Silva ouviu (supostamente) o que o Porto tinha para lhe oferecer e não se convenceu. Seja pelo salário, seja pelas vendas planeadas e capacidade para as substituir, seja pela incapacidade de combater o polvo dos sem-vergonha.

A conclusão precipitada é triste mas óbvia. Hoje, vir treinar o Porto é um risco para as ambições de qualquer treinador (que as tenha). Mais vale um pequeno palácio de cristal do que uma Fortaleza com telhados de vidro.

Sabendo-se das imperativas vendas que terão de acontecer neste Verão, percebe-se a questão do risco. Duvidando-se da real capacidade para travar o antro de podridão que assola o futebol em Portugal, compreende-se o desdém. E conhecendo-se as interferências nefastas do filho pródigo nas decisões mais relevantes, entende-se o receio.

Curiosamente, quem se foi embora - muito por culpa do desgaste causado por essas interferências - vai agora assumir cargo idêntico no milionário PSG. Deve ser pela incompetência acumulada que o contratam. 

Ironicamente, parece que vem buscar o Messias por quem Pinto da Costa tem tanto apreço e histórica vontade de com ele trabalhar (supostamente). Ele, que por várias vezes tentou trazer Marco Silva para o Porto e finalmente bateu com a porta. Quem ficou com os NES e os Depoitres, fomos nós.


"Marco Silva nunca foi hipótese" FJM. Certo. Venha de lá então essa primeira escolha. Pelo sim, pelo não, já pedi ao Batatinha para não marcar nada lá para o Natal.


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Marco Silva estava bem cotada na minha consideração, embora sempre lhe tenha detectado algo na atitude que, para mim, não batia certo. Uma certa arrogância bacoca ou mesmo uns tiques anti-Porto, não sei bem. Nem me interessa. Fez a sua opção e (por mim) JAMAIS voltaria a ter sequer a veleidade de pensar que poderia ser nosso funcionário. Aliás, começo já a imaginar vê-lo ajoelhar perante o nobre Dragão, como outros antes dele. Mas não é por isso que deixarei de pensar que é um treinador com muito futuro.


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Por falar em telhados de vidro, eis que hoje o nacional-benfiquismo foi presenteado com mais uma pérola.

Se a proposta da FPF for adoptada, o douto candeeiro Meirim vai ser obrigado a instaurar processos sumaríssimos e a considerar como corrupção prendas acima de €200.

Por outras palavras, tudo o que os sem-vergonha fizeram até agora à descarada passa a ser considerado corrupção e todos os "crimes" sem castigo que os sem-vergonha cometeram dentro de campo passam a ser punidos exemplarmente. Treta assegurado, venha de lá a verdade desportiva. É isto, não é?

SEM-VERGONHA!



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




terça-feira, 23 de maio de 2017

Treinadorómetro 3.0


Agora que o Espírito Santo regressou finalmente para os braços do pai Mendes, é tempo de pensar no futuro próximo, começando pela fulcral decisão da escolha do próximo treinador.




Não me vou alongar em especulações, apenas arriscar algumas considerações que reflectem as minhas expectativas enquanto simples adepto.


- Não estamos em tempo de mais malabarismos sem rede. Acho fundamental apostar num treinador conhecedor do que é o Porto e as polvicissitudes do nosso campeonato, com grande preferência para quem saiba o que é ser campeão - aqui ou noutro campeonato. E tê-lo sido enquanto jogador não conta. E que seja um anti-NES em termos de postura.

 - Se pudesse escolher, apostava em Leonardo Jardim. Conhecedor profundo da nossa realidade, trajecto sempre ascendente e campeão francês à custa do poderoso PSG apostando em jovens jogadores. Colocando-me na pele de Jardim, rapidamente concluo que ele terá outras possibilidades muito mais atraentes. Apenas  me arrisco a sonhar com ele na perspectiva da "proposta louca tipo JJ", mas reconhecendo ser praticamente impossível de o cativar nesta altura em que vive o ponto mais alto da sua carreira.

- Se o objectivo for o de fazer regressar quem já cá foi feliz, Vítor Pereira ou AVB seriam as opções óbvias, até por serem as mais recentes. AVB soa a complicado (como se diz "impossível" em chinês?) e Vítor Pereira saiu de cá mal-amado (incluindo por mim). No entanto, o que se passou desde então até hoje e o contexto actual faz-me vê-lo com melhores olhos e como uma hipótese plausível. O tédio do seu futebol de posse assusta-me, mas... sabe como se chega ao fim em primeiro.

- A seguir o perigoso caminho da aposta de risco num treinador sem experiência de "grande", apostava em Daniel Ramos. Criei empatia com ele desde as primeiras vezes que vi o seu Marítimo jogar, reforçado pelos resultados que conseguiu, na classificação e contra os tais grandes, e pela sua postura, tranquila mas assertiva e corajosa. De entre as apostas de risco, esta seria a minha. Marco Silva, apesar do hype à sua volta, provoca-me sentimentos contraditórios que tenho dificuldade em explicar. Será um feeling, mas tenho algum receio.

- Explicando Sérgio Conceição: acho-o e gosto que seja aguerrido, mas preocupa-me a sua instabilidade emocional. E JJ já expliquei há tempos, porque já o quis cá mas desde o episódio de Madrid que desisti daquela "personalidade".


Não será por acaso que apenas escolhi opinar sobre treinadores portugueses. Não vejo como, neste contexto, um estrangeiro traga alguma mais-valia que lhe permita um ascendente com vista a reconquista do título - já na próxima época, obviamente.

Que a decisão seja tomada com brevidade mas sem precipitações. E que na direcção exista a consciência de que, desta vez, ou vai ou racha. Ou acertam ou rua. Acabou a margem de manobra, até para o presidente.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




segunda-feira, 22 de maio de 2017

Na Hora da NESpedida


Nenhum encanto, vos garanto. A despedida, pois claro.

Como se já não bastasse o desfecho de época deprimente ao nível do jogo jogado pela equipa, eis que decidiram fechar com "chave de ouro": uma derrota humilhante em Moreira de Cónegos.




Para ser claro, a humilhação é toda deles, jogadores, treinadores, directores e presidente. Uma verdadeira amostra da situação actual do clube, onde apenas alguns - uma pequena minoria - parecem ter ainda presente o que significa ser do Porto.

Já esperava que não houvesse muita motivação nos jogadores, em especial naqueles lances de vida ou de morte, porque do nosso lado já nada havia para decidir. A honra, claro, de vestir esta camisola - mas não nos enganemos, hoje em dia essa pertence sobretudo a nós, os Portistas desinteressados.

Será um tema para voltar daqui a uns tempos, por agora fica o essencial: não é razoável continuarmos a sonhar com mística e afins neste tempo dos likes. Gone with the wind (of times).

Os jogadores, sejam portugueses ou não, da formação ou não, Portistas ou não, querem é chegar ao topo da sua profissão. Um lugar distante deste nosso campeonato.

Treinadores, idem.

Dirigentes, não exactamente, porque o mercado de transferências é quase inexistente. Mas o objectivo é claro: assegurar a permanência no poleiro pelo maior número de mandatos possível, para com isso estabilizar a vidinha e construir ainda mais pontes para o futuro. Note-se que não me refiro apenas ao Porto, mas a todos os clubes profissionais.

Dito isto, não entendo a escolha de Nuno.

Disse-o aquando da contratação, digo-o agora ainda com mais veemência. ERRO MONUMENTAL.

Vindo de alguém como Pinto da Costa, só a consigo entender como uma de duas situações (ou ambas):

1) Julgar-se eterno e inamovível por tudo o que já fez pelo Clube, dando-se ao desplante de arriscar em zeros à esquerda após três anos de insucessos;

2) Cedência a outros valores que não ao do interesse superior do Clube.

Mau, péssimo, terrível. 

Juntando a tudo isto à total incapacidade para se opor ao polvo corrupto dos sem-vergonha de Vieira, o que sobra? Nada. Zero.




Somos um clube à deriva em alto mar, assaltados anualmente pelos Piratas de Carnide, liderado por um comandante com traços de assombração. Pior, sem novos candidatos no horizonte para devolver o navio a bom porto. 

Sim, meus caros, este é seguramente um dos piores momentos da história do nosso Clube. Dentro da era Pinto da Costa, garantidamente o pior. Mas, animem-se, para o ano há mais...

Sendo eu um eterno passageiro deste navio, só posso desejar que, não sendo possível mais, pelo menos NES seja atirado borda-fora de imediato. Muitíssimo bem amarrado da cabeça aos pés para que não sobre a mais pequena hipótese de regresso a tona. 

IDIOTA.

Mais uma vez, pouco há a relatar sobre o jogo.

Compreensivelmente, o Moreirense apresentou-se no pico da sua capacidade emocional e competitiva, disposto a morrer em cada lance se necessário.

Compreensivelmente, o Porto apresentou-se amorfo, apático, desmotivado e desinteressado. À lá NES, mas ao quadrado. O que não se compreende nem aceita é a falta de brio demonstrada por praticamente todos. Desta vez, os jogadores são também réus sem absolvição possível. Mesmo que quisessem expressar, de forma mais ou menos consciente, o quanto estão desalinhados com o seu treinador.

A ténue reacção lançada com as entradas de André Silva e Corona foi de pouca dura, porque realmente ninguém da nossa equipa queria estar ali àquela hora. Sorte teve Casillas, que foi poupado de participar em mais este triste espectáculo. Se bem que, assistir ali de tão perto, também não deve ter sido grande coisa.

Uma derrota inaceitavelmente normal após uma exibição deprimente. Dá para acreditar? Que remédio, é a realidade nua e crua. 


Notas DPcA 

Dia de jogo: 21/05/2017, 18h00, Estádio Comendador Joaquim Almeida Freitas,  Moreirense FC - FC Porto (3-1).

Nota (7): Maxi 
Nota (6): Sá, Danilo, Brahimi (<64'), André Silva (>46')
Nota (5): Alex Telles, Marcano, André André, Herrera (<46'), Otávio (<46'), Soares (<67'), Corona (>46'), Rui Pedro (>67')
Nota (4): Felipe
NES (-): Dead man walking




Final de uma época vergonhosa a muitos níveis, com indisfarçável relevo para o escabroso roubo de que o Futebol Clube do Porto foi alvo por parte dos sem-vergonha do slb

Noutro plano menor mas também importante, a vergonha tem outro nome: Nuno Espírito Santo, aposta pessoal do presidente para tirar o Clube do fundo. Pois Nuno, o Coveiro, conseguiu a proeza de nos deixar uns níveis mais abaixo, rumo ao centro da Terra. 

RUA. JÁ. Sozinho ou acompanhado, é como preferirem.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



[Adenda]: A saída de Moreto Cassamá para o Borussia M'Gladbach aparenta ser mais uma decisão de lesa-clube. Não o afirmo peremptoriamente porque suspeito que a vinda dele e do outro "sócio" para o Porto, foragidos da lagartagem, tivesse já este desfecho como condição. A questão que coloco é: para quê e a servir os interesses de quem? Vamos tomar nota, acompanhar a carreira do Moreto na Alemanha e ver o que vai suceder.




sábado, 20 de maio de 2017

República Popular do Portugalistão - Parte III


A noite demorou uma pequena eternidade antes de, exausta, se render à alvorada do novo dia. Estava demasiado ansioso pelo que me esperava, a ponto de não ser capaz de dormir mais que uma hora de cada vez. A cada despertar, a mesma exclamação indignada perante o veredicto digital do despertador do quarto: Ainda?

Finalmente soou, destruidor, quando estava já confortável no abraço de Morfeu. Raios para isto! O crepúsculo ainda reinava sobre Carnidul, mas nada me faria parar até estar fora da porta do hotel.



 
Antes de se despedir, o motorista de ocasião do dia anterior tinha sido perfeitamente claro e conciso nas instruções. Pela manhã, encontraria na recepção um envelope deixado ao meu cuidado. A partir daí, "tudo deveria ficar claro", disse-me antes de arrancar.

A curiosidade era demasiada e fui directo ao envelope. Num misto de excitação e receio, mantive-o selado até estar discretamente sentado num dos recantos do salão do pequeno-almoço. Olhei em volta, duas vezes seguidas, e abri-o mal confirmei que ninguém me observava.

Um bilhete de comboio. De facto, era tudo o que precisava de saber. O destino era obviamente o Porto e a partida estava marcada para as... de repente, o mundo desabou sobre mim. A partida estava marcada para as oito da manhã, na estação de Carnidul - Santa (Leonor) Pinhónia! Sem conseguir precisar ainda a dimensão da minha tragédia, mirei o telemóvel: 7h41.

Saltei da cadeira e passei a voar pela atónita maître, gesticulando que me explicaria mais tarde. Não sei se percebeu ou não, mas soube-me bem fazer-lhe aquilo. Petits revanches que dão sabor à vida.

Às 7h43 já buscava ansiosamente por um táxi na esquina mais próxima, procurando assim aumentar a probabilidade de sucesso. Passou um, ocupado. Outro, ocupado. Outro, vazio mas já com destino, tal a indiferença perante os meus gestos descontrolados. 7h47 e nada. Vou perder o comboio, não acredito! E vou perder a oportunidade... Não! Não vou desistir.

- Desculpe, senhora, sabe-me por favor indicar para que lado fica a estação de Santa Pinhónia? 
- Bem, assim de repente...
- É longe daqui? - interrompi.
- Não, não é muito... uns quinze minutos...
- A pé?
- Não, credo! De carro!
- ...
- E para que lado fica, se for a pé?
- Bem, deixe ver, é para ali - apontando - Sempre em frente e vá perguntando...

7h50. Sabia que a pé jamais chegaria a tempo. Olhei em redor e nem um táxi em vista. Tinha de tentar o impossível. Após uma rápida avaliação de algumas parelhas carro/condutor paradas no semáforo à minha frente, fiz a minha opção.

- Desculpe - disse com a maior calma que consegui pelo vidro entreaberto. - Lamento incomodá-lo, mas estou numa situação de extrema urgência... Reparando que as minhas palavras provocaram algum interesse no alvo, continuei sem me deter:
- Fui-avisado-em-cima-da-hora-que-tinha-de-embarcar-para-o-Porto-de-comboio-às-8-da-manhã-para-uma-missão-importantíssima-cujo-conteúdo-não-posso-revelar-mas-que-lhe-garanto-ser-mesmo-mesmo-importante-e-se-o-senhor-não-me-ajudar-não-tenho-hipótese-de-lá-chegar-a-tempo-e-assim-concluir-a-minha-missão-importantíssima-e...
- Tasse méne, entra aí q'eu levo-te, bacano...
- Obrigado...

Já dentro do carro, dei por mim a pensar "por que raio escolhi este tipo?". Um puto gingão, com ar de activista universitário sem pressa para concluir a primeira cadeira, aliás demasiado relaxado para aquela hora do dia...
- Atão méne, tás fixe?
- Ah sim, tudo bem. Agradeço-lhe muito pela ajuda. 
- Ya méne, na boa. Tásse...
- Acha que chegamos a tempo?
- O tempo é relativo, tázaver?
- Sim... não, neste caso não é. O comboio sai as 8h da estaç...
- Pode sair, pode não sair. E saindo, vem outro a seguir. Takireasy!
- ...
- Fumaí um tarolo p'a relaxar, méne! É da boa, marca Ventoinhas, tázaver? (riso troglodita)
- ...
- Tás abananado... pensavas que o Ventoinhas era só da branca, né? Nah, é gama completa... du best!
- Por favor amigo, o mais rápido que conseguir, sim?

A medo, voltei a olhar para o telemóvel. 7h56. Estava frito

Cheguei a Santa Pinhónia quando o relógio da estação já marcava 8h04. Tudo perdido. Dirigia-me cabisbaixo para o balcão de informações quando se ouviu nos altifalantes da gare: "Vai partir da linha nº1 o comboio T(r)eta-Pendular com destino a Porto - Campanhã". Mal queria acreditar! Disparei em direcção às plataformas de embarque, procurando orientar-me enquanto corria. Lá estava ela, à distância, a nº1 - e nela, o meu objectivo. Enquanto me aproximava já rejubilante, eis que se ouve o apito e o revisor começa a agitar a bandeira. Nããoooooo... Agora não me vão fazer isso!

- ALTO! SOCORRO! AJUDA! AAAAAALTO!

O grito foi da tal ordem estridente que até o revisor o ouviu, lá do longe. De imediato, sinalizou para o condutor. Consegui.

Nem nove da manhã eram e já tinha esgotado toda a minha energia para o dia. O que viria a seguir? O meu estômago fez questão de responder, lembrando-me que ainda estava em jejum. Fui até à carruagem-bar saciar-lhe o apetite e regressei ao meu confortável lugar. Encostei a cabeça por um momentos. Quando voltei a dar por mim, estávamos parados em Coimbra, a cerca de cem quilómetros do destino.

Tinha sido retemperante aquela soneca imprevista, mas agora a adrenalina estava de regresso para não mais arredar pé. A expectativa de conhecer Francisco Che Marques, famoso líder da Resistência Nortenha, tomou conta do meu pensamento. Como seria? Como me iria receber? Em que alhadas me ia meter agora? Rapidamente, recentrei o foco no meu trabalho, na reportagem que queria fazer. Peguei no bloco de notas e comecei a desenhar a entrevista. Sem que desse por isso, estávamos nas Devesas, a penúltima estação. A partir daí, guardei o bloco e deixe-me arrebatar pela vista enquanto atravessava o rio. Douro, como as suas gentes, dizia-se.




Quando desci do comboio, o estômago voltou a dar sinal de vida. Desta vez, em forma de formigueiro regado a suores frios. Sim, estava com medo. Sozinho no capital do Norte rebelde.

Eu saí, todos os demais passageiros saíram e aos poucos a plataforma foi-se esvaziando, até que só lá restava eu. Nada suspeito, pensei, aqui sozinho e sem comboios a chegar. Resolvi descer as escadas rolantes para a passagem inferior, a ver se me deparava com alguma coisa fora do comum. 

Mal comecei a descer, um encapuzado - vindo do nada! - colou-se ás minhas costas e segredou: "No fim das iscadas, bira à direita e bai até ao fundo e sobe até à rua, carago. Shhh, nem uma palabra!"

Ao chegar à rua que passava nas traseiras da estação, detive-me, procurando pela minha boleia. Ninguém parecia interessado em mim, excepto dois lixeiros junto ao seu camião de trabalho, a uns vinte metros do outro lado da rua. Deveriam estar a chegar, pensei. Voltei a cruzar o olhar por todo o espectro visível e nada. Só os lixeiros continuavam a olhar para mim, embora não fixamente. Como se tivessem receio de... Será? Fixei o olhar num deles e rapidamente veio o ligeiro abanar da cabeça, convidando-me a aproximar.

Segui-os até à traseira do camião, que estava junto a um muro, abrigada de olhares curiosos. 
- Bista isto, rápido. Depois suba aqui e agarre-se. Shhh, nem uma palabra!

Pela primeira vez na vida, vesti uma farda de colector de resíduos, como agora se designa nos meus N.A.T.A. de origem. Subi a uma pequena plataforma numa das laterais da traseira e agarrei-me com todas as forças no local apropriado. Se me pudessem ver agora, Johnny B. Gode a andar à guna na traseira de um camião do lixo... e estava a adorar!

Não sei quanto tempo demorou até chegarmos a um amplo parque de cimento onde descansavam outros guerreiros do combate à sujidade, perfeitamente alinhados, inertes, à espera de um condutor que os devolvessem à vida. O odor era intenso, mesmo se não especialmente desagradável. Estaríamos, por certo, nas instalações da empresa de recolha de lixo.

O meu camião deteve-se, finalmente. Ainda não tinha tido tempo para descer e logo ouvi "Siga-me, cabalheiro. Shhh, nem uma palabra!"

Começava a mexer comigo aquele shhh. Lembrei-me da maître, novamente. Vaca, toma lá que já almoçaste. E sorri, perante o espanto daqueles por quem passava no momento.

Já dentro de um dos grandes armazéns, disseram-me para subir umas escadas metálicas, ao cimo das quais se situavam os escritórios. Já lá em cima, apontaram-me para uma determinada porta.

- Entre Johnny, tenho estado à sua espera.
- Francisco Che Marques?
- O próprio. Que tal essa viagem?
- Bem, obrigado.
- Quase perdia o comboio, não foi? Mas safou-se e está aqui, que é o que interessa.

Como é possíbel, perdão, possível? Toda a gente tem redes de espionagem neste país? A figura do famoso líder da resistência aparentava ser tudo menos implacável e assustadora. Um tipo perfeitamente normal, pareceu-me.

- Senhor Francisco, é uma honra...
- Ora, deixe-se disso Johnny, você é que é a lenda aqui. Jornalista de renome mundial, vários trabalhos distinguidos com os prémios mais importantes, um verdadeiro craque, como costumávamos dizer. Mas siga-me, que aqui não é seguro.

Descemos as mesmas escadas por onde tinha subido, à nossa espera estava um automóvel, vidros escurecidos e impenetráveis na parte traseira. Entrámos ambos para o banco de trás e o condutor arrancou.

- Em que lhe posso ser útil, Johnny?
- Bem, na verdade, eu é que lhe quero ser útil. Ou melhor, ao seu país. Quero fazer uma reportagem que mostre a todo o mundo o que se passa de verdade em Portugalistão. E para isso, conto com a sua ajuda. Explique-me o que se passa aqui. Porque existe uma Resistência. Resistem a quê ou a quem?
- O a quem é óbvio, não? Ventoinhas, o Burlão. E a todo o seu regime opressivo e ditatorial, que instalou em Portugalistão desde há vários anos.

- Entendo que tudo começou com o futebol...
- Sim, primeiro foi o futebol. Na altura, chamávamos-lhe O Polvo, tal a dimensão da rede tentacular que montou de forma a controlar todos os órgãos que tutelavam a modalidade, em benefício do NeNfica, o clube do seu e de outros regimes passados.

- E o que se passou a seguir?
- Apesar da gravidade, cingia-se ao plano desportivo, pelo que ninguém antecipou o que se seguiria. O sucesso do "modelo" foi de tal ordem e a promiscuidade com outras instituições e figuras já era tamanha, desde a polícia de investigação aos procuradores e juízes, passando pelos políticos que os nomeavam, que o finório sabujo conseguiu convencer meio-mundo de que conseguiria replicar o sucesso da sua "gestão" na liderança do próprio país!

- Mas como? Sem eleições?
- Sem eleições! Um primeiro-ministro que alegadamente sufocou engasgado com uma chamuça, um presidente compulsivamente internado por suposta esquizofrenia e, de repente, criaram-se condições para o aparecimento de um líder transitório, nomeado pelo parlamento (ele próprio já dizimado em função das "crenças"), para conduzir o país até um novo processo eleitoral. Processo esse que nunca aconteceu, porque entretanto Ventoinhas se fez general e assumiu o controlo do exército.

- Incrível... como foi possível tudo isso? As pessoas não se revoltaram? Não saíram à rua para se manifestar?
- Pois, parece impossível, não parece? Falta aqui uma peça fundamental para entender o puzzle: os media. Ainda no NeNfica, já Ventoinhas controlava praticamente todos os meios, fossem eles jornais ou televisões. Não foi difícil convencê-los a não "dar cobertura" aos seus movimentos de bastidores, antes contando histórias para embalar a populaça - que, para piorar, é maioritariamente do NeNfica, pelo que mais fácil foi deixarem-se seduzir.

- Uau... mas diga-me, nenhum meio se opôs a isto? Ninguém tentou expor a verdade?
- Claro que sim. Houve sempre quem resistisse até não ser mais possível. Olhe, os Mártires da Sábado, já ouviu falar?

- Mártires de Sábado? Não...
- DA Sábado. A Sábado era uma revista que se atreveu a publicar um artigo sobre o Ventoinhas, quando era apenas presidente do NeNfica, que dava conta das suas burlices e consequentes problemas com a Lei. Um erro fatal.

- Fatal? Como assim?...
- Na altura da publicação, Ventoinhas não reagiu. Mas guardou memória e rancor. Um dos seus primeiros actos públicos após usurpar o poder foi prender e fuzilar todos os que conseguiu encontrar da redacção da Sábado.

- Que horror...
- Sim, mas além da satisfação da vingança, serviu de aviso para todos. Não iria tolerar oposição.

Quedei-me uns momentos em silêncio, como que a absorver a monstruosidade da coisa. E o real perigo que efectivamente corria em estar ali. Mas com o "Che" estaria seguro. Voltei à conversa.

- E o Francisco, como se juntou à Resistência?
- Eu não me juntei, eu fundei-a, juntamente com mais alguns companheiros Portistas. Ainda liderava a comunicação do Clube quando o golpe se deu. Percebi de imediato que seria uma das primeiras vítimas, se fosse encontrado. Eu e muitas dezenas de companheiros abraçamos a clandestinidade desde então.

- E o clube, o FC Porto, ainda existe?
- Sim... mas não. Todos os verdadeiros Portistas que estavam no Clube foram presos ou perseguidos. No entanto, como o NeNfica precisava de adversários para derrotar, Ventoinhas instalou homens da sua confiança na liderança - no Porto e em vários outros clubes.

- Uma farsa, portanto.
- Sim, aliás já antes era, só que agora é oficial. Ironicamente, o actual presidente do meu Porto é o filho do nosso grande líder, o melhor presidente de sempre de toda a história do futebol mas cujo actual paradeiro é desconhecido. O filho, esse, é o fantoche perfeito para o papel.

De repente, um estouro vindo de baixo do carro, uma travagem demasiado brusca e o motorista perde o controlo do carro, que embate numa qualquer superfície e depois capota em cambalhotas sucessivas. Ambos seguíamos sem cintos de segurança, pelo que fomos de imediato projectados. Quer dizer, eu sei que fui. Mas a minha "viagem" foi curta, bati com a cabeça no encosto do banco da frente e logo de seguida num vidro lateral, perdendo os sentidos.

Lembro-me de ter acordado ainda dentro do carro capotado, cheio de dores por todo o corpo, com maior prevalência na cabeça. Ao virar o pescoço, vi o condutor, inerte e ensanguentado. Do Francisco, nem sinal.

De repente, uma voz autoritária e trocista pareceu dirigir-se a mim.

- Ora então quem temos aqui? Mas se não é o jornalista bisbilhoteiro! O general está ansioso por conhecê-lo...

Voltou a erguer-se e comunicou pelo rádio que segurava. Alô, Alôo, central. Daqui Coronel Carlinhos Daniel, da P.I.R.O.C.A. Porto. Apanhámos o melro e temos um pardal morto, mas o filho do dragão escapou-se de novo.

Voltei a desmaiar.


(fim da terceira parte)



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco





quarta-feira, 17 de maio de 2017

União da Treta


Metade premonição, metade observação racional, há quase seis meses escrevi o post "Os Pais do Tetra", de que muitos estarão ainda bem lembrados. 

Na altura, tinha a pouco secreta esperança de estar enganado. Acreditava (sim, era já uma questão de fé) que a equipa liderada por NES, O Idiota, seria ainda capaz de reverter a situação e acabar a época como campeã.

Infelizmente, assim não foi. Não tenho nenhum orgulho em ter "acertado".

Todos sabemos das circunstâncias que nos impediram de chegar ao título. Não fomos suficientemente competentes para sobreviver às imensas armadilhas desta liga salazarenta.

Tudo devidamente previsto e resumido no citado post.
 



Se até eu consegui antecipar esta hecatombe a meio campeonato de distância, é porque algo está estruturalmente errado no Porto. Os sinais são muitos e foram sendo dados desde o (pré-)início da temporada, vários transportados já de épocas anteriores.

A Pinto da Costa e à sua direcção, aponto duas ordens de responsabilidades directas neste percurso agoniante de quatro épocas sem vencer o campeonato.

A nível interno, má gestão em quase todos os domínios. Cinco treinadores falhados (em minha modesta opinião, apenas com Paulo Fonseca não seria previsível tal desfecho), plantéis entre o fraco e o desequilibrado e, paralelamente, um agravamento muito preocupante da situação económico-financeira da SAD. 

Normalmente, estas coisas andam relacionados. Más contratações, más exibições, menor valorização dos jogadores, piores resultados desportivos e financeiros. Um ciclo vicioso no qual parecemos estar perdidos. 

A nível externo, o incompreensível alheamento dos "corredores do poder", como se o jogo se decidisse meramente pelo desempenho de treinadores e jogadores. Vindo de quem tanto lutou e triunfou neste capítulo, chega a ser penoso de assistir ao que se chegou. 

É hoje fácil de observar - e meticulosamente exposto pelo próprio Clube, desde há alguns meses - que o caloteiro Vieira foi paulatinamente urdindo a sua teia de influências, chegando ao impensável ponto onde nos encontramos, em que controla, directa ou indirectamente, todos os órgãos de decisão do futebol nacional (tal como tinha feito anteriormente no basquet e no hóquei e que tenta agora reproduzir no andebol), bem como o panorama mediático, de lés a lés. Salva-se, claro, o Porto Canal e pouco mais, dos meios com alguma expressão.

Eu não consigo dizer que um tipo de falhas são piores do que as outras. Ambas são graves e lesivas dos nossos interesses. 

Em todo o caso, sempre me parece factual que, pese o desacerto nas contratações, estivesse a segunda parte salvaguardada e teríamos ganho pelo menos dois destes quatro campeonatos: este e o primeiro do lorpa basco. Apesar dos treinadores. 

E esse é o meu ponto de reflexão neste post.

Assistimos no jogo passado a um episódio lamentável entre o Colectivo e a direcção, razoavelmente explicado por Francisco Marques ontem no Universo Porto, mas ainda assim completamente desnecessário e evitável.

Como o próprio Francisco bem referiu, é perfeitamente natural que haja um crescente descontentamento e até revolta entre as hostes Portistas. Eu, pelo menos, sinto-me descontente e revoltado com o que nos fizeram esta época e disso culpo, pela inércia acumulada, esta direcção. 

De que adianta vir, final de época atrás de final de época, falar em bater em fundos, vergonhas e emendar a mão se depois se constata que os erros se repetem? Já chegámos ao estado leonino do "P'ro ano é que é?". Deus nos acuda.




O plantel deste ano tinha valia mais do que suficiente para ser campeão, pese algumas insuficiências e erros de casting. Teria sido, não fosse pelos imensos prejuízos arbitrais acumulados e pela inépcia do ainda treinador. Mais, teria sido mesmo com a inépcia do treinador, houvesse equilíbrio nos erros dos senhores do apito.

Não houve. Como não tem havido, apesar de nesta temporada se ter atingido um pico de sem-vergonhice como nunca antes. 

Então a minha pergunta é simples:

O que raio anda Pinto da Costa e a sua direcção a fazer durante os 365 dias que tem o ano? Não sabiam já que esta teia estava a ser tecida há vários anos? Claro que sabiam

Então porque não são capazes de acabar com esta podridão? Porque se contentam com arbitragens vergonhosas? Porque se calam? Porque não fazem NADA que produza resultados visíveis nesse sentido?

Se estão cansados, desgastados, desmotivados, condicionados ou outra coisa qualquer, só têm uma opção digna: anunciar a saída e suscitar o aparecimento de novos candidatos. Até os seus, que andam a cozinhar. Cumpridos os requisitos estatutários, todos têm esse direito.

É que ter um programa semanal no nosso canal não resolve nada. É bom que exista, ajudará a trazer os assuntos à tona mediática, mas desengane-se quem pensar que tem grande repercussão para lá de algumas citações no dia seguinte. A Justiça ignora, quem governa não reage, logo tudo se mantém na mesma. 

Estas questões, meus caros Portistas, merecem reflexão. Aliás, merecem resposta.

Querem-nos unidos em torno desta liderança? Façam por merecê-lo. O passado está no museu e não garante o futuro. Pessoalmente e após o que assisti este ano, anseio ainda mais por um projecto alternativo, que congregue competência e coragem.

Que não existe. E se existir, algures num buraco bem escondido da luz do dia, não há-de aparecer em breve. 

Temos ainda três anos de mandato pela frente. Penta, Hexa e Hepta. Vamos ficar assim bem juntinhos, unidinhos, a vê-los lá chegar? EM NOME DE QUÊ OU DE QUEM?

Não contem comigo. Querem o meu apoio? Sejam dignos dele. Só o Francisco não chega - ou então, Francisco a presidente já e andor aos que lá andam.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



P.S. - o primeiro sinal por que espero é o anúncio muito em breve da dispensa deste treinador, acompanhada da apresentação do próximo, alguém que seja (também ele) digno de treinar o Melhor Clube do Mundo.




domingo, 14 de maio de 2017

Gozação Final


E assim se despediu o Dragão de mais uma época tenebrosa, sem troféus e com meio-mundo a gozar connosco, os Portistas verdadeiros e descomprometidos.




Gozão nº1 - Artur Soares Dias, em representação de toda a arbitragem.

Após passarem uma época inteira a cometer erros grosseiros e consecutivos que, em primeira instância, nos custaram a eliminação da Taça de Portugal e a conquista do Campeonato, eis que se atrevem a marcar dois penaltis a nosso favor quando tudo está já devidamente arrumado - ainda por cima, o primeiro é bem duvidoso, muito menos penálti do que dezenas que ficaram por marcar. Houvesse um cérebro e um par de tomates a comandar a equipa e aquele penalti teria sido marcado na direcção do árbitro. Certamente, foram ordens superiores. Nada como assaltar a casa e depois passar por lá a exibir o espólio. Sacanas sem lei, vigaristas invertebrados, hão-de ter o que merecem.


Gozão nº2 - Nuno Espírito Santo, o perfeito IDIOTA

Se fosse mais complacente, diria que Nuno é a encarnação chapada da personagem principal de Dostoievski, no romance cujo título que lhe dá o apelido. No entanto, falta-lhe algo essencial, algo que o Príncipe Míschkin tem de sobra: a inteligência e o bom-senso. 

Este reconhecimento público do inexistente mérito do fabricado campeão é inqualificável, tanto mais que ainda há poucos dias se queixava de prejuízos imensos. É estúpido, é incoerente, é, simplesmente, idiota. Como se não bastasse, ainda se atreveu a atirar-nos com o ano de contrato que ainda lhe sobra.

Se se tivesse demitido ontem, já tinha sido tarde. Hoje, é tardíssimo. Amanhã, já terá passado a oportunidade, o que significa que ainda lhe vou poder contar mais defeitos, a somar à arrepiante INCOMPETÊNCIA que o define. Aguardemos pela "votação final", para se apurar quem é mais incompetente: se Nuno, se a direcção que o contratou.


Descubra as diferenças...

Gozões nº3 - Super Dragões

Muitos Portistas já se referem à claque como "Super Mamões", mas vou abster-me desse tipo de classificação por acreditar que, no meio de dois ou três milhares de membros que vivem o Porto 24h/dia, só meia-dúzia faz jus ao epíteto. Após mais uma época vergonhosa a vários níveis, eis que cantarolaram alegremente durante todo o jogo sem sinal de descontentamento, porque afinal era fundamental apoiar a equipa para garantir... a invencibilidade caseira de NES. Mais do que outra coisa qualquer, a mim só me fazem lembrar a banda do Titanic, a tal que continuou a tocar enquanto o navio se afundava, indiferente ao pânico que se gerava à sua volta. Ah, e para que conste: afundaram-se com o barco.

Valha-nos o Colectivo 95, a claque sempre relegada para segundo plano pela direcção, que aparentemente foi impedida pelo oficial da treta de serviço, à la Salazar, de exibir uma tarja no estádio - por sinal, bem suave e nada ofensiva. Acto contínuo, abandonaram em bloco o seu lugar na bancada (quando o jogo estava já resolvido) e foram para a rua gritar, onde aparentemente ainda subsiste alguma democracia. Estou convosco, rapazes. Nós é que somos o Porto.




Gozões nº4 - Costa e Centeno, os Pilatos Lambe-Botas

Absolutamente indiferentes às críticas anteriores pela mesma presença "ladeante" do burlão Vieira, eis que o primeiro-ministro e o das finanças voltaram a repetir a graça, abençoando assim não só o logro desportivo como também - e este é que me interessa - o desfalque ao erário público do caloteiro Vieira, devedor incumpridor não de uma, não de duas, mas de quatro instituições financeiras já intervencionadas pelo Estado - leia-se "salvas" com os nossos impostos. 

Uma absoluta falta de vergonha na cara, de noção de dever e de sentido de Estado. Quando o responsável político pela máquina fiscal e o seu superior aceitam sentar-se publicamente ao lado de uma figureta que é conhecida de todo o país como um dos maiores devedores à banca falida, está quase tudo dito. República das bananas mesmo.

Quase tudo, porque falta-me ainda dizer o seguinte ao Partido Socialista. Nunca tive partido político, talvez por precocemente ter percebido que não se regem por ideais mas sim por puro oportunismo na ânsia de (re)conquistar o poder alternado. No entanto, em muitos momentos concretos fui anti-PSD, por achar que conseguiam ser ainda mais oportunistas, dando assim por inerência o benefício da dúvida ao PS. Pois isso acabou ontem. Nunca mais considerarei votar no PS enquanto este papa-chamuças por lá andar. Nunca mais. Como eu, espero que muitos. Fica o aviso.


A promiscuidade dos 3 Cs: Costa, Centeno e Caloteiro

Certamente que houve muito mais quem tirasse a salazarenta barriga de misérias deleitado com os três F's do antigamente (parabéns Salvador - mais pela música e interpretação do que pela vitória), sobretudo nos media do regime (que são quase todos), mas como para esse peditório não dou, não posso comentar. Um grande ignoro a todos eles, com a promessa de que continuarei por aqui, a desejar-lhes o dobro do que nos desejam a nós. 


Capa de hoje de O (Bate-Punho) Público


Sobre o jogo, pouco a relatar. Sofremos primeiro (à terceira oportunidade do Paços...), com azar e inépcia à mistura, e soubemos dar a volta com a tranquilidade de quem já nada tem a perder ou a ganhar. O jogo pelo jogo, em piloto-automático. Ninguém se destacou de sobremaneira, nada a relevar. Mais um para o esquecimento.


Notas DPcA 

Dia de jogo: 14/05/2017, 18h00, Estádio do Dragão, FC Porto - FC Paços Ferreira (4-1).

Nota (7): Herrera, Otávio, Jota (>46')
Nota (6): Iker, Maxi, Alex Telles, Boly, Marcano, André André, Brahimi (<64'), Corona (<46'), Danilo (>64'), André Silva (>64')
Nota (5): Soares (<64')

NES (-): Who tf cares anyway?



Há muito para dizer e analisar sobre tudo o que se passou esta época, mas aguardemos pelo Moreirense e também por algum distanciamento, que certamente trará alguma clarividência adicional ao julgamento final.



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco