Durante muitos anos, desenvolveu-se entre os adeptos portistas o mito de que tudo o que saía de dentro do clube era bom e bem feito e - mais importante - sempre na acérrima defesa dos interesses do próprio clube.
Há mesmo quem jure que não era mito, mas uma realidade insofismável. Eu, como sou mais para o relativista, duvido de coisas certas. Mas ainda assim tenho a certeza (ups...) que grande parte daquilo que saía das entranhas do Dragão era apropriado no tempo, no espaço e no conteúdo. E quase sempre bem calibrado para combater quem nos queria (quer e quererá) mal, com o duplo impacto de atordoar o inimigo e galvanizar e unir todos os portistas à sua volta.
Quando alguém se atrever a sufocar
O grito audaz da tua ardente voz
Oh, Oh, Porto, então verás vibrar
A multidão num grito só de todos nós
Hoje já tudo mudou. Desapareceu a voz de comando (tirando alguns fogachos mais recentes), perdeu-se o norte. E a multidão dispersou.
O presidente continua preso ao século passado, tem o telemóvel como o expoente máximo da evolução tecnológica e civilizacional, ignorando por sua opção as redes sociais e (deduzo eu) o que os portistas pensam (ou não) e escrevem por essa rede fora. E portanto, não sabe o que por aqui se passa. Nem quer saber.
Vai daí (deduzo eu outra vez), alguém lá dentro ter tido a boa ideia de dar um passo em frente, criar canais de comunicação mais apropriados aos tempos em que vivemos. Um site, contas oficiais no twitter, facebook, instagram e, last but not least, uma newsletter. O Dragões Diário.
Começando pela parte boa, extinguiu de vez aquelas missivas anónimas denominadas de Labaredas, cuja falta de qualidade e de chá chegou a fazer-me corar. Mais do que isso, os objectivos a que se propôs no seu início pareciam apropriados e até necessários para preencher parte desse enorme vazio comunicacional. Venha ela então, pensei eu.
Infelizmente, logo no seu começo fez-me
alergia da grossa, daquela que dá coceira e vermelhidão (logo a mim, que só gosto de azul e branco). E disso dei conta em Maio de 2015, estava o blogue ainda a acabar de nascer. Intitulei o texto de
Ditador Diário e recomendo agora a sua
(re)leitura, para que se comprove que a alergia não é de hoje, parece ser mesmo um problema meu com o feitio de quem a escreve.
Ontem o DD resolveu bater num blogue portista.
Deve ser muito grande a falta de assuntos relevantes e inadiáveis... afinal não houve mais um jogo onde a um jogador do Benfica foi "poupada" a obrigatória expulsão directa, jogo esse que aliás se resolveu
a contento no seu último minuto... nem fomos
presenteados com uma arbitragem habilidosa no andebol contra o mesmo Benfica... nem no basket contra a Ovarense... e para quê perder tempo a desmascar com factos objectivos e inegáveis os
reis do fair-play? Ah, já sei, dá muito trabalho, isso fica para os tipos dos blogues...
Não vou aqui fazer a defesa do
Tribunal do Dragão (o visado) porque seria redundante, o próprio já se defendeu impecavelmente
neste texto. Vou apenas concentrar-me numa das partes onde indirectamente também sou visado e reforçar a mensagem. Escreve o DD:
"Há uma grande diferença entre este Diário e O Tribunal do Dragão, aqui nada é escrito sem ter um autor de carne e osso, ninguém está escondido atrás de um teclado. O Tribunal do Dragão é anónimo, o que é sempre um grande obstáculo à credibilidade."
São tantos os disparates que é difícil começar por apenas um. Mas tentemos.
"um autor de carne e osso" - pois, imagino que quem escreve o TdD fá-lo-á do Além, ou então será já património imaterial do portismo... enfim...
"é anónimo, o que é sempre um grande obstáculo à credibilidade" - certo, porque se assinasse como Francisco J. Marques ou Marisco J. Fraques ou outra coisa qualquer ganhava automaticamente credibilidade. Como se a credibilidade adviesse dos nomes e não daquilo que se escreve.
A não ser que haja algum intuito persecutório. Sempre me interroguei por que motivo alguns se incomodam e tentam diminuir as minhas ideias pelo facto de assinar o blogue como LAeB. Se o fizesse como António Silva, já tudo seria diferente? Mesmo que não me chamasse António Silva. Afinal, como poderiam comprovar? Com o meu BI, NIF ou número de sócio? E para quê, já agora? Para me virem acalmar à porta de casa? Alguém duvida que eu (ou quem escreve o TdD) seja portista? Se sim, tratem-se. Ou aprendam a ler.
Como é que alguém dizia...
Isso. 'Nough said.
Esse mesmo DD que raríssimas vezes mencionou algum blogue portista para o cumprimentar, incentivar, divulgar e até, porque não, agradecer pela dedicação ao clube. Não me refiro obviamente ao DPcA, mas a outros que já cá andam há muito mais tempo e que por isso mesmo o mereciam, porque ofereceram já muitas horas do seu tempo a defender o clube e a dar a possibilidade que muitos mais se pudessem exprimir e debater entre si.
É lamentável que seja um órgão oficial do clube o primeiro a promover a discórdia e a afastar-nos ainda mais da tal união, tão reclamada pelo presidente na última AG. Ainda por cima com tiques censórios. Já disse e volto a repetir, o Lápis Azul (e Branco) sou eu e não autorizo ninguém a usá-lo para outro propósito que não seja o de defender o Futebol Clube do Porto (que somos todos nós) dos nossos inimigos.
É já tempo de o presidente Pinto da Costa por cobro a isto. Não serão o Francisco Marques nem o Rui Cerqueira a fazê-lo. É por demais evidente que não há estratégia de comunicação ou, havendo, não há competência para a executar. Dizem-me que o Francisco J. Marques (editor do DD e da revista Dragões) é boa gente e detentor de um cv profissional insuspeito. Não duvido que assim seja, mas neste momento está desorientado. Ou mal orientado. Tanto faz. Mas ou faz reset e acerta agulhas ou deve sair. Mas não sozinho.
E já agora um último reparo: congratular-se por ter conseguido pouco mais do que 21.000 subscritores num universo de vários milhões de portistas, apelidando de "sucesso" a iniciativa com base nisso, é no mínimo gostar de se auto-acariciar (o ego, por supuesto).
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Termino rendendo a minha sentida homenagem a um dos grandes, um daqueles que marcaram indelevelmente o futebol mundial e que ontem faleceu - Johan Cruijff.
Apesar de não ter tido o prazer de o ver jogar ao vivo no seu auge, guardo na memória pequenos fragmentos geniais e inesquecíveis dos resumos que me fartei de ver sem nunca me fartar.
Como se já tivesse feito pouco, o fabuloso jogador deu então lugar ao treinador visionário, um pequeno revolucionário inspirado pelo seu general Rinus Mitchel, atingindo (de novo) o sucesso em ambos os seus grandes amores, Ajax e Barcelona.
O homem partiu mas a sua lenda viverá para sempre. Dank u Johan.
Do Porto com Amor