A Descer, todos os Santos Ajudam...

quinta-feira, 7 de julho de 2016

A Descer, todos os Santos Ajudam...


...Ou pelo menos não atrapalham, o que já é uma ajuda em si mesmo.


Reuters


Contra as probabilidades e as minhas expectativas formadas antes do início da competição, Portugal está na final do EURO 2016.

É de facto surpreendente que esta seleção, liderada desta forma por Fernando Santos, tenha conseguido tal proeza. A confirmá-lo, o percurso realizado até chegar a Saint-Denis:

Portugal 1 - Islândia 1
Portugal 0 - Áustria 0
Hungria 3 - Portugal 3

Croácia 0 - Portugal 1 (após prolongamento) 
Polónia 1 - Portugal 1 (3-5 após g.p.)
Portugal 2 - Wales 0

Seis jogos e apenas uma vitória no tempo regulamentar. O que significa isto?

Em primeiro lugar, que não conseguimos convencer ninguém da nossa valia. Os três adversários da fase de grupos são seleções medianas, e exceptuando a Áustria (#10), esquecidas algures pelo ranking da FIFA. Não conseguir derrotar nenhum deles teria significado a eliminação noutro EURO qualquer antes deste. Para sorte de Portugal, neste valeu não só o apuramento como evitar 5 das 6 melhores seleções presentes no torneio: Alemanha (#4), Espanha (#6), Inglaterra (#11), Itália (#12) e França (#17). Do nosso "lado" da fase a eliminar só ficou a Bélgica (#2), com quem nem sequer chegamos a medir forças por obra e graça de Ga(reth Ba)les.

No entanto, Portugal está na final após derrotar o novato País de Gales com dois golos sem resposta. Fomos melhores? Sim, fizemos dois golos sem resposta... E no espaço de três minutos. Fernando Santos diz que é estratégia, que Portugal estuda bem e anula os pontos fortes dos adversários. Pode ser que sim, mas não é agradável de se ver. E mais do que isso, encerra em si muito mais riscos do que possa parecer à primeira vista, talvez mais até do que a (tentar) jogar o "nosso" futebol, como o golo no final do prolongamento contra a Croácia e os penáltis contra a Polónia bem o demonstram: facilmente poderíamos ter sido nós a vir para casa mais cedo. Neste jogo, o adversário entrou mais determinado e ofensivo (surpresa...), teve as primeiras meias-oportunidades de golo e nunca se atemorizou diante de Ronaldo e companhia. Ao intervalo, a impressão que dava é que qualquer equipa poderia chegar à final. Felizmente para Portugal, Ronaldo fez um golaço do c@r@lho a partir de um canto e logo a seguir Nani desviou para o segundo. Estava planeado? Não me lixem...


Que grande golo... (Reuters)


Mas nem tudo são nuvens negras. Aliás, a tal estrelinha tem-nos acompanhado desde o início da competição e isso é sempre fundamental para se ganhar uma competição destas. E o próprio inginheiro do tenta, apesar das várias falhas que lhe tenho apontado, teve a sagacidade de saber aceitar a sua "inferioridade estatutária" face a Ronaldo, optando por tirar partido daquilo que ele pode dar à seleção e assumindo o que de negativo daí pudesse resultar. E fez outra coisa importante, conseguiu rodar todos os jogadores de campo e manter-se vivo na competição, algo que pode ser determinante para a final: além de ter todos os jogadores motivados, tem-nos em melhor condição do que se jogassem sempre os mesmos. Vai contra aquilo que acredito num clube, mas pode resultar numa seleção. E está a resultar.

Agora segue-se França ou Alemanha. Qualquer uma delas, muito melhor equipa do que qualquer dos adversários que já defrontamos. Eu prefiro a Alemanha, para nos garantir presença inédita na Taça das Confederações seja qual for o desfecho da final de domingo.

Não é por Portugal estar na final que mudo de opinião. Continua a ser uma seleção sectária, continuo a discordar dos 23 escolhidos e não consigo perceber qual é a forma de jogar da equipa (para além de tentar anular os adversários). Mas também não será por pensar assim que deixarei de torcer pelo país a que o meu Porto deu o nome.

Espero que ganhem a competição, ficarei feliz por todos os meus amigos e familiares que se revêem e sofrem por esta SeleNão. E pelo significado que sei que terá para os muitos milhões que vivem longe da pátria amada (pela ausência, evidentemente). E pelo Danilo, pelo Quaresma, pelo Ricardo Carvalho, pelo Moutinho e pelo Pepe.



Do Porto com Amor



24 comentários:

  1. A táctica de 2 autocarros estacionados resulta numa competição com 7 jogos, em que no tempo regulamentar pode não ganhar nenhum. Num campeonato por pontos nem a meio da tabela ficaríamos.
    Mas a fé, cumprir as ordens do dono é que é importante e ninguém está preocupado com competência. Siga.

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    1. Para mim, é uma estratégia de alta risco,n que ainda por cima nos habilita(va) a sair sem honra nem glória. Mas resultou e agora só falta mais um jogo para o sucesso ser total e eu meter a viola no saco.

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  2. Ora bem, mas é um campeonato por pontos? Não. E estamos na final? Estamos. E podemos ganhar? Claro que sim. Ou então perder. E chegar aqui é incompetência? Pelamordedeus!...
    E Lápis, essa posição de quero que ganhem, mas são uns trastes, pelo que se perderem, é muito bem feito, é demasiado confortável para fazer sentido. Diz-me, queres que ganhem? Então ficarás chateado se perderem. Queres que percam? Então ficarás com azia se ganharem. Caso contrário, és o PML ou o Adão Coiso ou mais um desses todos que desdenham bastante, mas sem nunca o assumir de uma vez. Não vá a coisa acabar por correr bem e eles não ficarem na foto com a Taça. Irritam-me.
    Agooooora, se me disseres que queres que ganhem, mas se perderem não é nada que se compare a ter perdido o FCP, aaaaaaaaaah, aí compreendo-te muito bem! E era isto, poijera? Era. Até porque no fim do dia, é como dizes, não há outra equipa com alguns dos nossos ;)
    Abraço.

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    1. Chegamos à final por mérito próprio. Não ganhar nenhum jogo do grupo é incompetência. Coisas diferentes mas coincidentes. Mas reconheçamos desassombradamente que esta campanha foi muito beneficiada por sortes várias: eliminatórias sem tubarões, vencer nos penaltis, golo no final do prolongamento. Se tivéssemos sido eliminados nos penaltis contra Polónia ou Croácia diria que teria sido injusto pelo que fizemos durante o jogo? Como contras, só vejo mesmo os vários penaltis por marcar.

      Já expliquei que quero que ganhem por aqueles que vão ficar felizes por isso. Eu certamente não ficarei triste por ganhar, mas não vou festejar. Não por teimosia, mas porque não tenho vontade. Se perdermos, certamente não ficarei contente. Mas não vou entrar em depressão por isso. E faço questão de não ficar na foto em nenhuma das situações.

      A comparação com o Porto é impossível. A menor unidade de medida do meu portismo é infinitamente maior do que a maior satisfação que poderia ter com esta seleção.

      Que chegue domingo depressa, que tragam a taça e que acabe depressa este circo.

      Abraço PORTISTA

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    2. De acordo quanto ao Portismo. E ao circo também. Em relação às eliminatórias, desconfio sempre. Lembro-me de lampiões a falarem do Deportivo e do Mónaco e assim. Tocaram-nos estes e morreram, missão cumprida.
      E sejamos justos, tens sido coerente e claro. Ao contrário da corja armada em cineasta francês no meio do Circo Chen.

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    3. Além do Deportivo e do Mónaco, também o Manchester levou que contar. No entanto se se derem ao trabalho de verem os jogadores que faziam parte do Deportivo e do Mónaco, vejam lá se eram pernas de pau como os Hungaros, Galeses ou Islandeses. Embora o treinador fosse Mourinho, ainda não tinha tirado o Doutoramento na táctica do autocarro.

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  3. Concordo em geral com a análise, mas gostaria de salientar o seguinte:
    Por ficarmos em 3º no grupo, não podemos dizer que noutro europeu seriamos eliminado. Portugal entrou em campo contra a Hungria, a saber que o empate bastava. E geriu os últimos 15 minutos dessa forma.
    Na fase de grupos fomos bastante infelizes, em que tivemos um "festival de golos" falhados contra a Islândia e Áustria. Deviamos ter feito 6 pontos. E tivemos azar nos golos sofridos contra a Hungria. O único momento de felicidade foi o golo nos descontos da Islândia que nos colocou na metade mais acessível do quadro, numa conjugação de factores inacreditável. Realmente não encontrámos nenhum "tubarão". Ganhámos à Croácia, jogando para os penalties, e marcando numa altura em que os croatas estavam balanceados para o ataque à procura da vitória e com a Polónia, só desacerto de CR7 nos levou para uns injustos penalties. Recordo que nos oitavos, quartos e meias finais ficou sempre um penalty a favor por marcar nos 90 minutos.
    Na final, não seremos favoritos, mas pode ser que jogue a nosso favor. Teremos mais um dia de descanso também.
    E claro, sendo a selecção de todos nós, gosto muito de ver a "espinha" dorsal da selecção assente no Sporting.

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    1. Sorte, azar, infelicidade... São justificações que aplicadas ao futebol se aceitam como excepção. Três jogos contra três seleções medianas e nenhuma vitória para mim é demasiado para se resumir ao infortúnio. Eu vi uma equipa que não entendo como progride no terreno em conjunto, apenas se baseia no talento e iniciativa individuais. Quem lhe garante que se fosse necessário vencer a Hungria, conseguiríamos marcar o quarto golo?

      Concordo quanto aos penaltis por marcar, fomos de facto prejudicados. Espero que na final seja ao contrário...

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    2. Pá, é mesmo essa a questão: nós também somos uma seleção mediana. Com um grande jogador. Ponto. Dai ser brilhante chegar à final.

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    3. O Silva está carregado de razão. O Quaresma é mesmo um grande jogador, os restantes são medianos, daí sermos uma selecção apenas mediana.

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    4. Não seremos das melhores 5, mas parece-me que um pouco mais que mediana.

      Caramba, onde jogam os habituais titulares para lá do Cristiano? Será por acaso? Ou seremos medianos não pelos jogadores mas antes pela forma como (não) os põem a jogar em conjunto?

      Mas concordo que chegar à final é, em qualquer circunstância, superar as expectativas. Já agora, só mais um...

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    5. Patrício, Cedric, Alves, Fonte, Guerreiro; Danilo, Adrien, Mario, Sanches; Nani, Ronaldo.
      Jogam nos calimeros, nos lampiões, no southampton, no fenerbache, e assim. E um no Porto. E outro no Real...

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    6. Sim, Pepe e Exmº Sr. Dr. Aveiro conde da Ilhas, campeões europeus nos penaltys, Quaresma campeão da Turquia, o resto anda para aí a alternar para o JM.

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  4. Eu raramento comento aqui, já que normalmente concordo com o que é escrito. Mas as últimas crónicas sobre a seleção deixam muito a desejar. Parece que a prosa é sobre o benfica e não sobre a seleção tal forma é inclinada. Vou pois comentar apenas o seguinte: "Ao intervalo, a impressão que dava é que qualquer equipa poderia chegar à final." A sério? E depois tivemos "sorte"? Não foi este o jogo que eu vi. Não tivemos uma primeira parte fantástica mas dominámos o jogo do principio ao fim e podiamos ter chegado ao intervalo a ganhar confortavelmente não fosse alguns falhanços e a vista grossa do árbitro. O País de Gales foi Bale e pouco mais. Foi o primeiro jogo do Europeu onde eles praticamente não existiram. Daí a dizer que foi equilibrado e ganhámos por sorte...
    Está a perder dotes caro Lápis Azul e Branco ?

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    1. Caro Luís, seja bem vindo.

      Eu reconheço apoiar está seleção a contra-gosto (só o faço porque não o consigo evitar), mas não creio que isso me tolhe o raciocínio. Se alguma coisa, permitirá ser mais objectivo que os 99% que por estes dias só vêem seleção à frente. E o que tenho visto é o que tenho descrito. O meu caro tem outra opinião, muito bem, é a vantagem da democracia!

      E já agora permita-me registar a "curiosidade" do seu raciocínio de normalmente não comentar por não discordar. Percebo que o estímulo seja menor não havendo discórdia, mas a mim tanto me agrada um comentário divergente como um convergente. Até porque mesmo concordando, há sempre mais para acrescentar.

      Um abraço portista e volte sempre, que prometo ir à procura dos dotes perdidos.

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    2. Luis, como o saudoso Pôcio dizia, as bolas entraram, o árbitro não anulou, portanto, está tudo certo.
      Mas imagine o Luis, que não era um Portugal - País de Gales mas um Benfica - Porto. Imagine ainda que o CR era o Maicon que cabeceia com uma placagem do Indi em cima do Jardel e que o Renato Sanches era o Aboubakar que simula em fora de jogo tocar na bola antes do Brahimi a enfiar na baliza do Julio César.
      Imagina as horas de debates com o Calica mais os seus comparsas e as páginas de jornais a dizer que a arbitragem era um pântano, o apito dourado estava vivo, as cassetes para ministros as entrevistas ao Bagão Felix?

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  5. Caro LAeB,

    1- Já aqui manifestei a minha total indiferença para com a dita selecção e tenho razões, algumas concordantes com as manifestadas pelo caro Lápis, outras de carácter mais pessoal, que não são só de agora, já vem desde o Mundial de 66 e a pulhice que fizeram ao Américo e, para não ser exaustivo, ao Vitor Baía no Euro 2004. Aliás, se não viram, aconselho a visionar a entrevista de carreira a Rolando feita por Bernardino Barros no Porto Canal, não há muito tempo e por certo compreenderão melhor esta minha indiferença.

    2-Foi, é e sempre assim será, na generalidade, os resultados positivos condicionam e muitas vezes alteram o sentido crítico independentemnte do mérito. A dita selecção não tem jogado bem e tem beneficiado de todo um conjunto de factores que lhe permitiram chegar à final e não me surpreenderia que a conjugação destes factores terminem com a conquista do caneco. Já por aí ouvi muito boa gente que, noutros parâmetros, "pugnam" pela verdade e justiça desportiva, que interessa é ganhar nem que seja com um golo marcado com a mão. Seja, a apologia da mediocridade em todo o seu esplendor. Lamento ir contra a corrente, mas é o que penso e sinto.

    Um abraço e...

    FC PORTO SEMPRE

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    1. Não lamente, porque é a corrente que flui às arrecuas. Contrariar a loucura é sinal apenas de sanidade.

      A excepção que abro em relação à final transcendente a própria seleção, tem apenas a ver com o adversário. Neste momento também eu quero que a França perca, seja de que maneira for, pela postura que sempre tiveram em relação aos portugueses. Nada como ter um "inimigo" comum para unir pontualmente partes desavindas...

      Um abraço portista

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  6. A mim a selecção não me diz nada. Mas... não perco um jogo, não deixo de vociferar com os nossos jogadores, com o nosso engenheiro do penta, com a ausência do André Silva, com a titularidade do Danilo em detrimento do WC, com o endeusamento do Renato Sanches, que ao que tudo indica, tem mesmo 18 anos, e ao desejo de sermos campeões europeus frente aos chauvinistas do Senegal, perdão da França.
    E a mim a selecção não me diz nada. Agora imaginem se me dissesse!!!

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    1. Tal e qual Felisberto.
      Quanto aos pouco asseados, o problema são os estrangeiros. Hoje são o Lloris, o Koscielny e o Griezmann que destoam. Em 98 era Barthez, Branc e Petit. Vá lá que a quota se mantém constante...

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  7. A mim a selecção também não me diz nada. Não joga um charuto. O inginheiro é pior que o Paulo bento do risco ao meio com aqueles tiques do cinto das calças e cara de quem engole supositórios. O ReiNaldo é o peneirento que passa 90 minutos apenas a tentar enquadrar-se com as câmaras e reza para que o jogo tenha mais 30 de prorrogação para ter mais tempo para vender o seu peixe. Ou seja, que se lixe a selecção, mas...se marcasse um golito com o joelho e o Pepe salvasse em cima do risco uma bola que o frangueiro Rui Patrício deixasse passar por entre as pernas, até que me deixava bem disposto, caro Felisberto!

    PS - Até nem me importo que o Inginheiro cumpra o voz do dono e não coloque o Danilo a jogar em detrimento do caracol de Alvalade. Os estranjas podiam descobrir que temos ali o melhor gajo desde o Emerson e nós é que ficávamos a perder.

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    1. Pior que o Bento não carago! Nem por sombras...

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    2. Não sei, não. Se não fosse o pino marcar, o "patrão" além do empurrão, tinha-o despedido logo ali e não havia reza que lhe valesse. :)

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