Um Conto de Dois Pinheiros

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Um Conto de Dois Pinheiros


Já está. Falhámos onde e quando não podíamos. De quem é a culpa? Dos dois pinheiros, evidentemente - e esta é a sua história.

O primeiro pinheiro é belga e chama-se Depoitre. A contratação cirúrgica de Pinto da Costa ao seu bom amigo D'Onófrio para atacar o play-off da Champions e que afinal não podia jogar mas era um trunfo importante para o restante da época. Era, mas já (ou ainda) não é.


Laurent, dá cá um abraço...

Empatado a zero a 16 minutos do final de um jogo onde apenas a vitória era admissível, o nosso flip-treinador achou por bem estourar as duas últimas substituições de uma vez só, dando-se ao luxo de não recorrer a um avançado centro de um metro e noventa e um de altura como último recurso para desbloquear um jogo perfeitamente encravado. É de génio, só pode, porque um idiota simplório como eu é incapaz de compreender a ciência por detrás desse golpe de asa - ainda mais quando um dos que entrou foi Rúben Neves, um médio de pouco pendor ofensivo (nada contra o jogador, obviamente, que mais uma vez foi também ele vítima de más decisões técnicas).

Fica bom de ver que a culpa não é do belga, mas sim de quem o contratou e/ou o aceitou mas não lhe encontra qualidade para justificar a sua utilização, nem mesmo em desespero de causa - ou então era só eu que já estava desesperado a 16 minutos do fim. Haverá quem pense que a diferença entre Brugge e Setúbal foi um árbitro neutro. Se calhar foi, mas não podemos deixar a resolução de um jogo para os descontos e ainda menos para a visão/disposição/inclinação de um árbitro nesse preciso momento e acreditar que vai "cair" sempre para o nosso lado. Evidentemente não vai.


A triste figura de ir reclamar quando já nada há a fazer. Somos (este) Porto?

O segundo Pinheiro é João, é lampião e é internacional. Deve ser genético na arbitragem: se é João, é lampião e não faz a coisa por menos do que embalar o seu clube no bafiento e vigarista #colinho. Já não bastava nos jogos do Benfica, agora atacam em força e sem pudor nos jogos dos adversários também. Muito se deve estar a rir o Pereira no Brasil, sabendo-se fora do alcance de uma eventual acusação, ao assistir aos bons frutos que o seu trabalhinho continua a dar. 

Desta vez nem preciso de me esforçar, porque o Dragões Diário enunciou tudo o que fazia falta: 

"O senhor João Pinheiro, um desses internacionais proveta, conseguiu a proeza de transformar um derrube a Otávio na área do Setúbal em cartão amarelo ao nosso jogador. Isto já não é só sorte ou azar, porque tal como em Alvalade, jogo também arbitrado por um desses - segundo o douto Conselho de Arbitragem - árbitros promissores, o FC Porto voltou a ser claramente prejudicado. Agora só falta mesmo pôr Fábio Veríssimo no clássico da próxima semana.

A mudança que se anunciou com o novo Conselho de Arbitragem, que garantia que as competições se voltavam a decidir exclusivamente pelo valor das equipas, está a resultar em mais do mesmo, com estes juízes que foram internacionais antes de serem árbitros a terem um peso inaceitável na classificação.

Se o pecado de João Pinheiro tivesse sido a grande penalidade não assinalada ainda se podia achar que tinha sido um caso sem exemplo, mas quem viu o jogo sabe bem a tendência do sr. árbitro, tanto a marcar faltas a todo o contacto dos jogadores do FC Porto e a aplicar um "critério largo" quando era o contacto era provocado pelo adversário. E depois temos os descontos, um assunto que por si só merecia um estudo, que neste jogo ficaram muito longe do tempo efectivamente perdido, tanto na primeira como na segunda parte
". 

Bem, nem tudo. Faltou rematar a exposição com a pergunta do milhão de vouchers: como é possível que o outrora muito perseguido por acusações bem menos fundadas presidente Pinto da Costa profira (sem se rir) declarações a desvalorizar a denúncia (com provas inequívocas) de situações ilegítimas perpetradas pelo Benfica? O que mais será preciso para o presidente se dispor a defender o clube como é sua obrigação? Ou será já pedir demasiado?


Antes do jogo, na unidade hoteleira

Ah esperem, possivelmente já delegou na descendência esse papel. 

É que apesar de não terem nenhum cargo no Clube, filho e neto pródigos vivem colados à equipa mesmo em dias de jogo. Como é que, numa estrutura blindada e altamente profissionalizada, passou a ser permitido a indivíduos sem nenhuma função no departamento de futebol ficarem com a equipa e com ela seguirem na mesma escolta policial? Não faltará quem ache que é apenas um pormenor sem interesse, mas eu afirmo precisamente o oposto: é um sinal inequívoco de que o fim deste percurso já deveria ter acontecido. E de que alguém tem a ilusão de que o Porto é uma monarquia.

Para compor o ramalhete desta curta-metragem de horror, só falta mesmo dizer que fui obrigado a ver o jogo de pé e encostado a uma grade porque os "verdadeiros dragões" entendem que a melhor maneira de apoiar é agitar bandeiras de 5 metros e impedir toda a bancada de ver o jogo. Mérito também para o clube, que teve a genialidade (é só génios nos dias que correm) de apenas disponibilizar um tipo de bilhete. Se o objectivo é ter apenas claques a apoiar o Porto nos jogos fora, mais valia assumir - é que assim eu também poderia fazer-lhes com propriedade um manguito do tamanho do Dragão e passar a comprar os bilhetes fora.


Queres ver o jogo? Isso é para pipoqueiros!


Notas DPcA 

Dia de jogo: 29/10/2016, 18h15, Estádio do Bonfim, Vitória FC - FC Porto (0-0). 


Casillas (6): Jogo sem trabalho e um golo sem hipótese mas felizmente em offside.

Layún (5): Fraco rendimento ao longo de quase todo o jogo, com enorme destaque para o péssimo aproveitamento dos muitos lances de bola parada que executou. Não haverá mais quem "bata" quando o mexicano está em dia não?

Alex Telles (6): Mais acutilante que Layún mas nada de extraordinário. Cumpriu os mínimos.

Felipe (6): Quase sempre autoritário e assertivo nas suas intervenções, com uma e outra excepção. Mal como os demais na altura de atacar a baliza.

Marcano (6): Ipsis verbis

Danilo (7): Senhor e comandante de todo o seu domínio territorial, ganhou bola atrás de bola, tanto na antecipação como "na raça". Grande jogo, dando seguimento à enorme exibição contra o Arouca. Que se mantenha assim, porque bem vamos precisar dele. 

< 62' Herrera (3): Ora fornique-se, esgotei o latim.

< 74' Óliver (5): Jogo de muita entrega e alguma clarividência mas que fica decisivamente marcado por aquele desperdício do tamanho de um roubo a favor do Benfica. Tinha que ter marcado. Tinha mesmo.

Otávio (6): A lesão ainda subsiste ou pelo menos as suas sequelas. Está com pouco ritmo e ainda menor inspiração. Deveria ter sido um dos primeiros a ser substituído. Foi tocado em falta pelo defesa no lance capital, mas para nosso azar caiu para lado errado.


Ainda sem bandeiras, um privilégio fugaz...


André Silva (6): Muito trabalho como habitualmente, mas muito menos em jogo. Pareceu até algo distante em certos momentos e nunca dispôs de uma grande ocasião para marcar (nem a conseguiu criar).

< 74' Diogo Jota (5): Jogo globalmente fraco, em grande medida pela gritante falta de aproveitamento. Dispôs de duas oportunidades flagrantes para marcar (uma delas de arrancar cabelos a um careca). Desta vez, nem parceria com AS, nem resolveu por si. Uma sombra.

> 62' Corona (5): Também não foi o Corona que tem sido e de que a equipa precisava. Deixou-se envolver por hordas de adversários até finalmente capitular a posse da bola e também por isso o um-para-um quase não existiu.

> 74' Brahimi (5): Foi o Yacine do costume, convencido de que sozinho poderia resolver o jogo. Infelizmente, "obras-de-arte" são só de longe a longe e assim teve de manter as provocações aos seus adeptos dentro dos calções. Mais uma vez.

> 74' Rúben Neves (5): Até poderia ter sido opção, mas nunca a última e nunca após as que o precederam. Foi quase o mesmo que dizer ao Setúbal que o empate estava bem. Mas disso ele não tem culpa, certo?

Nuno Espírito Santo (1): Já cansa. E já me enerva só de o ouvir com aquelas frases ocas e banais. "Não fomos Porto", "não conseguimos ser a equipa que queríamos", "sabemos que temos que corrigir".. Ó Nuno, ninguém te foi buscar para falar e muito menos para te especializares a reconhecer falhanços. É evidente que não tens ainda qualidade para justificar a aposta que fizeram em ti, mas a pergunta relevante é se tens capacidade para pelo menos "comprar tempo" para sobreviveres até que a qualidade (eventualmente) veja a luz do dia. O desnorte no banco é evidente e a sensação de não ter previstas soluções para as várias cambiantes do jogo é cada vez mais forte. Se não ganhámos em Setúbal, em boa medida foi por sua culpa. Tivemos oportunidades flagrantes, enfrentámos um árbitro do #colinho mas mesmo assim NES tinha que ter feito mais, mais cedo e melhor. Já não há tempo para rodeios, foi uma falha estrondosa que nos poderá custar o campeonato se não vencermos o clássico.

Os outros intervenientes deixaram tanto, mas tanto a desejar que me recuso a dar-lhes (mais) tempo de antena.

O título desta crónica resulta de uma adaptação da obra de Charles Dickens, mas na verdade teria sido muito mais apropriado ter recorrido a Stephen King. No final se farão as contas, mas era capaz de apostar bom dinheiro que este foi um dos momentos decisivos deste campeonato - e não em nosso benefício. A noite de ontem no Bonfim foi mesmo de verdadeiro terror, com os cumprimentos de NES e do lampião do apito.


Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



15 comentários:

  1. alguem q pensa como eu at least
    independemente do colinho, tivessemos feito o nosso trabalho e nao teriamos dado hipotese a essas encomendas de nos lixarem.
    falhar lances como as 24m, 28m e 53m e' exemplo disso
    manu365

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    1. É verdade, mas uma coisa não justifica a outra!

      Temos o mesmo direito que os demais de jogar mal e ganhar na mesma se houver lances capitais para serem assinalados. Os nossos erros são nossos, é preciso corrigi-los, mas nada nos impede de ir vencendo entretanto se os árbitros forem apenas isentos.

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  2. Como sempre, a responsabilidade do empate é do PC, do Xaninho e agora do neto!!!
    Se foi esta troyka que não percebeu que nunca poderíamos perder pontos neste jogo, que fez as substituições estapafúrdias e que contratou um avançado para o engomar, naturalmente tem toda a razão.
    Tenho as minhas dúvidas que, mesmo o neto, não tenha verificado que nem sempre as vitórias caiem do céu aos trambolhões e que é necessário fazer algo para se ter sorte.
    Em 14 minutos exige que o "imbecil" faça obras de arte como quem faz caricaturas, a 20 euros nas ruas de Albufeira e pelas bandeiras que o impediram de ver grande parte do relvado, não conseguiu descortinar que o "anão" andou uma vez mais por ali, como um puto no recreio do jardim infância.
    E assim recebemos os aliados de Jorge Mendes, sem qualquer pressão para eles, sem o risco de perderem o 1º lugar, mas completamente à vontade, sabendo que se manterão em 1º lugar e com uma margem segura. Pelo contrário, para nós, já se joga o destino do campeonato.
    Claro que a culpa é do neto, do Xaninho e do PC, até porque Depoitre foi uma exigência do Presidente para pagar favores ao seu amigo belga!!!
    Por favor, caro Lápis. No acrobata Universal, no Jorge Máximo taxista ou no RGS isso é admissível, mas vindo de si, apesar de tudo e da Assembleia próxima, é no mínimo estranho.

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    1. Acho estranho que tire essa conclusão, logo o meu caro que sempre foi tão Pintista.

      É que eu não disse que a culpa do empate é da prole da Costa, apenas digo e repito que é um péssimo sinal de que se perdeu o tino e o respeito pela instituição que um dia se ajudou a criar.

      Quanto ao resto, o pior cego é sempre o que não quer ver. E eu nem sequer sou oftalmologista...

      Um dia ainda me vai explicar como é que o seu amado presidente nunca tem culpa de nada do que se passa de mal. Um dia.

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    2. O meu amado presidente não é perfeito, mas quase. Por isso é que é melhor de todos os tempos :):)
      Não tenho a visão de lince do caro Lápis, que consegue ver a grande exibição do Oliver, através dos panos das bandeiras de 5 metros, mas ainda distingo um tijolo, por muito malabarista que seja, dum jogador de futebol.
      Na verdade, nunca consegui entender, que a culpa seja do Pinto da Costa, por trovejar. Tenho-o como muito poderoso, mas não tanto. É que há blogs, supostamente portistas, que só falta acusarem Pinto da Costa, de não capturar, o coitado do Pedro Dias.

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  3. Não que eu goste do Herrera, bem pelo contrário, mas fodase, isto já é implicar! A partir do momento em que o Herrera foi substituído, deu-se o melhor período do Vitória, e mesmo assim ele tem a nota mais fraca?!? O Oliver não jogou nadinha, mas tem melhor nota que o Herrera... Faz sentido... só que não

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    1. Implicar? Apesar das bandeiras, do fumo e do arroz de frango, tive a oportunidade de rever o jogo na televisão!

      Se me disser o que é que Herrera acrescentou de positivo à equipa, talvez eu reconheça ter visto mal...

      Na minha opinião, o Óliver fez um jogo razoável, bem melhor do que se pinta aliás, mas severamente marcado por aquele falhanço imperdoável.

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  4. Esperava ouvir o nosso Presidente vir dar a cara para atacar este roubo que coloca os outros a 5 pontos e descansados para o clássico, este roubo ao FCP foi estratégico. A SAD/Administração do FCP, está a anos luz do que já foi, estão inoperantes e obsoletos na comunicação e na gestão, tudo está a ruir e o pior é que ninguém dá a cara estão escondidos atrás dos Dragões Diários (hoje cancelei a assinatura). Durante 3 anos de fracassos desportivos do FCP sempre defendi o PC, mas sinceramente já não consigo o defender mais, de momento parece que está mais preocupado com a sua vida amorosa de que com o Clube...a gestão financeira do FCP é na miséria a SAD está em falência e a administração ainda não baixou os seus vencimentos ? Algo vai mal e não estou a ver solução dentro de portas....Quando à equipa de Futebol oferecem sempre as 1º. partes dos jogos, não correm, não precionam, não nem deixam a pele em campo, mastigam o jogo na defesa e no trinco, são lentos a atacar etc etc e depois nas s2º partes é o desespero total é bola pelo ar e ponta pé para a frente, uma vergonha...e já agora o que faz o Herrera dentro do campo ? e porque contrataram o caixote do Depoiatre (6 milhões) ?

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    1. A solução, meu caro Herlander, só pode estar dentro das nossas portas. É preciso é que outros sócios se mobilizem para apresentar alternativas a esta direcção.

      Quando o (mau) exemplo vem de cima, é difícil evitar que se espalhe por toda a organização. É contagiante...

      Acho que temos um plantel com valor suficiente para ganhar o campeonato, mas é preciso garantir que é bem aproveitado e que as regras são iguais para todos. Até agora, temos visto precisamente o contrário.

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  5. Jim Morrison disse uma vez num concerto: daqui ninguém sai vivo!

    Eu digo: no FC PORTO ninguém sai ileso! (Adeptos incluídos).

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    1. Creio que discordo, excepto se a culpa que atribui aos adeptos for a de não se organizarem para disputarem eleições. De resto, apenas lhes compete pagar quotas e apoiar as equipas nos jogos. E não me diga que estamos a cinco pontos por causa do pequeno grupo que assobia no Dragão...

      Creio que é mais do que tempo de encararmos os factos e aceitar a realidade e a necessidade de a mudar. Antes que passem outros 19 anos.

      Abraço

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  6. Parabéns caro Portista, pela coragem, discernimento e pontaria.
    Na realidade a pouca vergonha de Pinto da Costa e familiares é NOJENTA e um autentico atrator de incompetencia e fracassos.

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    1. Agradeço mas acredite que em nada me alegra ter que o escrever.
      O presidente até poderia ter lá a família toda DESDE QUE fossem titulares de cargos e tivessem indiscutível competência para os ocupar. O mal não é serem da família (embora tal facto recomendasse ainda maior transparência).

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  7. Esse ressabiamento para com o clã Pinto da Costa assemelha-se ao do Departamento de Justiça para com Donald Trump.
    É campanha no seu máximo explendor, faltando saber apenas o nome do candidato.

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