A Psique do Lampião

terça-feira, 8 de novembro de 2016

A Psique do Lampião


"Pá, eu bem sei que o Bieira controla esta merd@ toda. Achas que nom sei que no ano passado tibemos o colinho todo? E este ano, quando foi preciso, nunca faltou ajuda? Eu sei, c@r@lho... mas tou-me a c@g@r! Esses morcões andaram trinta anos a ganhar com frutas e chocolates, mais os Calheiros e os quinhentinhos... foram décadas de gamanço! Por isso, agora é a nossa bez..."


Foi assim, textualmente, que não-acidentalmente grampeei uma conversa numa "mesa do lado". Eram evidentemente dois benfiquistas a conversar "ernestamente", num qualquer dia de Março deste ano do Senhor de 2016. Na paz da sua cumplicidade, no santuário da sua privacidade. Azar, estavam num espaço público. E a menos de dois metros de mim. Azar do carago. 




Não me atrevo a extrapolar daqui que todos os benfiquistas pensam assim. Creio até que muitos se recusam sequer a encarar a verdade de frente. Preferem viver na ilusão de um mundo que não existe. Mas não tenho dúvidas de que bastantes assim "pensam" - aqui as aspas são mesmo essenciais, pelo exagero da palavra. Pensar pressupõe, no seu sentido mais comum, reflectir e/ou raciocinar. Nenhum dos dois se verifica aqui. 

Talvez num sentido menos habitual (mas igualmente válido), se trate de imaginar. Aqui sim, poderemos vir a estar de acordo. Só mesmo imaginando que as três décadas de domínio esmagador a nível interno e de estrondosos sucessos a nível internacional do Porto se deveram às arbitragens é que se pode suportar que o nosso (Deus me livre!) clube agora "faça o mesmo". Pelo menos no que toca aos benfiquistas bem formados que, não tenho dúvidas, são uma imensíssima minoria dentro do seu universo.

Costuma ser ao contrário, mas neste caso foram 100 palavras que valeram por mais do que 10.000 imagens. De agressões sem punição. De penáltis a favor inexistentes. De penáltis contra por assinalar. De faltas a pedido e até mesmo sem pedir. De adversários incrédulos com as decisões arbitrais. De adversários que se enganam na baliza. De nomeações. E de avaliações. E de promoções e despromoções.

É esta a grande força do Benfica da actualidade. Mais do que os milhões de adeptos. Mais do que um treinador corajoso e um plantel razoável. É o seu predomínio na sociedade portuguesa e os favores ilícitos que dela beneficia. Em todos os sectores. La Piovra.




E não foi por acaso que troquei os "Vs" pelos "Bs". Por regra, não gosto de brincar com isso. Quis mesmo realçar que esta conversa a ouvi na minha Invicta cidade. Desconheço obviamente se os conferencistas são portuenses, mas do Norte são de certeza. Ráisosforniquem. Não percebo mesmo como é possível. Alienados, é o que são. Merecem tudo o que às suas terras lhes acontecer de mal, enquanto vítimas de um centralismo ignorante e bacoco.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor




7 comentários:

  1. O pior é que dizem que tudo isto "já passou". Isso é que era doce! E extravasa - e muito! - o FC Porto! Mas é por isso que nunca poderemos baixar os braços e devemos perceber o que tudo isto significa. O quanto lutamos por toda uma região e por uma ideia.

    No fundo, os coisinhos sabem como ganham. Não querem é admitir. E a forma pequenina como enfrentam as equipas não influenciáveis mostra bem a verdade.

    Abraço

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    1. Durante décadas apenas o FC Porto se ergueu e derrotou (na sua área de actuação, obviamente) este centralismo atrofiante. Eram as nossas vitórias em campo que mostravam o caminho, liderando pelo exemplo e inspirando outros sectores da sociedade portuense e nortenha.

      Hoje o clube já não é essa bandeira, porque o líder se demitiu dessas funções - e, mais grave ainda, aparenta já não ter condições para liderar o clube.

      Por tudo isto, o FC Porto precisa de uma nova vida.

      Abraço

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    2. Antes de o clube se demitir do que quer que seja - a bem da tese vamos dizer que sim, mas eu discordo! - a Cidade, o Porto, abandonou o seu ÚNICO porta-estandarte. Trocou-o por corridas na Boavista. A memória não pode ser nem curta, nem seletiva. Se essa foi a escolha da "sociedade portuense" - da qual não faço parte, deve ser por isso que penso diferente! - o que vem, exatamente, reclamar agora?
      E sim, o FCP é a minha bandeira. Hoje e sempre. Seja qual for o líder.
      Abraço.
      PS. o tema é um belo tema. Vou-te mandar um e-mail a dar-te trabalho. Incha! :)

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    3. Dizer que o clube se demitiu da luta contra o centralismo castrante, e não só no futebol, será talvez excessivo e injusto para os sócios e adeptos do FC Porto, pois não creio que algum Portista tenha alguma vez abandonado essa bandeira, afinal o clube somos nós. O que acontece, e aqui o Lápis tem razão, quem durante muitos anos foi a força motriz da nossa luta e o portador da bandeira da nossa insubserviência, parece hoje ausente em parte incerta, seja por que motivo for. Por outro lado, o Silva não deixa de ter também razão quando diz que a cidade, o Porto sobretudo, tem grande responsabilidades no actual estado de coisas. Basta constatar que nos tempos que correm, o Porto não tem qualquer órgão de CS com impacto, que fosse o respaldo da nossa luta (o Porto Canal nem de perto nem de longe preenche estes requisito).

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    4. Não foi a cidade, foi Rui Rio, eleito pelos que votam na cidade. Algo bem diferente e, para nossa sorte, no meio de tanta ignorância, as pessoas ainda sabem distinguir a política do futebol. Ainda bem. Até bem recentemente nunca votei no Porto, por exemplo. Mas sempre fui Portuense.

      Tal como não foi o clube inteiro que se demitiu, mas antes a liderança do clube encarnada em Pinto da Costa. Quando se permite calado que o Benfica ganhe 3 campeonatos com inegáveis ajudas externas, está-se a fazer o quê? Onde está o exemplo de outrora? É a isso que me refiro.

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    5. Caro Lápis,

      Em relação ao primeiro parágrafo do seu comentário, bem, se calhar excedi as minhas competências pois não nasci no Porto, portanto não sou Portuense, embora, por ser nortenho e adepto do FC Porto sempre tenha assumido as dores e os seus anseios como de um Portuense se tratasse. Diz o Silva que o tema é belo, demasiado belo para se esgotar aqui no blogue digo eu, apesar da riqueza do debate.

      O segundo parágrafo entronca na parte em que lhe dou razão.

      Um abraço aos dois e...

      FC PORTO SEMPRE

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    6. Não excedeu nada, o FC Porto não é apenas dos Portuenses nem da cidade, é de todos os Portistas. E a sua base natural é todo o Norte. Eu sou Portuense e Portista e dessa combinação resulta a minha percepção, mas longe de mim pretender que seja um protótipo do que é ser de Porto - até porque muitos com as mesmas condições têm percepções bem distintas.

      Somos todos iguais, sem aspas.

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