Recital em Desperdício Menor

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Recital em Desperdício Menor


Pronto, está feito. Encerrámos o ciclo pré-Juventus com total aproveitamento. Cinco jogos na segunda volta, cinco vitórias e mais 15 pontos. Exactamente o que era preciso para manter bem vivas as aspirações de festejar nos Aliados em Maio.



O último destes cinco jogos, este contra o CD Tondela, prometia ser o mais acessível de todos, mas a verdade é que o resultado final avolumado não diz das dificuldades por que passamos até ao momento do jogo - a expulsão de Osorio. Para lá da polémica e do marcador gordo, sobram as inúmeras oportunidades esbanjadas e um jogo bem agradável de se ver. Uma espécie de recital em desperdício menor.

Mesmo não desconsiderando a importância do penalti e consequente primeiro golo, que desbloqueou o marcador e nunca permitiria ao Tondela jogar com a mesma tranquilidade que o precedeu, o lance da expulsão foi mesmo o mais determinante, porque desequilibrou (ainda mais) as forças em combate.

Note-se que até começamos bem o jogo, com Soares a desferir uma cabeçada com selo de golo logo a abrir. E entretanto, mais algumas boas situações não aproveitadas. Onde houve surpresa foi na fragilidade defensiva da equipa, que durante vários minutos revelou muita dificuldade para acertar as marcações aos avançados contrários. A exemplificar essas dificuldades, a contagem de cartões após trinta minutos de jogo: 3 para o Porto e 1 para o Tondela. Ocasiões de verdadeiro perigo, não me lembro de nenhuma, o que explica a seca que Iker apanhou durante noventa minutos. 

A segunda parte teve pouca história, mas o jogo não deixou de ser interessante, sobretudo até ao terceiro golo. De forma algo surpreendente, apanhámos o Tondela várias vezes em contra-pé, partindo para rápidos (contra-)ataques, onde o desperdício foi quem mais ordenou.

Algumas perdidas realmente espetaculares, que se agradece o favor de não se repetirem, em especial contra o próximo adversário. Ainda assim, suficiente para ganhar tranquilamente por quatro. Missão cumprida, uma vez mais. Siga.


Celebração do 1-0

Notas DPcA 

Dia de jogo: 17/02/2017, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - CD Tondela (4-0). 


Casillas (6): Defendeu um remate acessível e saiu a soco num livre, de resto foi o trigésimo quinto milésimo ducentésimo décimo primeiro espectador (ufa).

< 69' Maxi (6): Está claramente em fase ascendente, o que significa que consegue disfarçar melhor o peso da "experiência". Um jogo certinho, muito aceitável, mas não mais do que isso.

Alex Telles (6): Menos "expressivo" do que vem sendo habitual, aliás uns bons furos abaixo na primeira parte, sugerindo alguma falta de concentração. Melhorou na segunda, mas não ao ponto de me fazer compreender como possa ter sido eleito MVP pelo público do Dragão.

Marcano (6): Tal como Felipe, andou um bom bocado aos papéis na fase embrionária da partida, o que por pouco não nos custou um dissabor (ou mais). Não apenas por sua culpa, a falha é claramente organizacional, mas também "participou". Recompôs-se, mais do que a tempo para justificar nota positiva.

Felipe (6): Pareceu perdido a determinada altura do jogo, tal a velocidade e trocas posicionais dos avançados adversários. Só com o intervalo já à vista é que a defesa estabilizou, mas o amarelo que o impedirá de jogar no Bessa já ninguém poderia anular. Segunda parte tranquila, fruto da inferioridade numérica do Tondela.

Rúben Neves (7): Creio que foi por ele que a equipa começou a defender tão mal, não porque não estivesse lá a dar o seu melhor, mas porque ocupou a vaga do (por agora) insubstituível Danilo, cujo magnetismo é o elo mais forte da nossa segurança defensiva. Nem no passe esteve particularmente bem nessa primeira meia hora, mas a hora que lhe seguiu foi de bom nível, em especial considerando a sua falta de ritmo. A cereja foi o seu golaço, daqueles que dá sempre vontade de continuar a rever.

André André (6): Na fase pior da equipa, pareceu sempre lento, pouco intenso e desligado dos movimentos colectivos (ou a desligá-los ele próprio). Subiu, "encontrou-se" e fez uma boa segunda parte, daquelas que justificaram a sua contratação ao Guimarães. Destaco alguns passes a rasgar, coisa que se lhe tem sido pouco vista esta época.

< 64' Otávio (6): Foi bom testemunhar o seu regresso à titularidade, ainda por cima confirmando que está a caminho de recuperar a sua boa forma. Não chegou ainda, nota-se bem, mas para lá caminha. Em boa hora. Teve duas oportunidades na cara do redes (uma em cada parte) que não conseguiu aproveitar, com destaque para a segunda, onde era mesmo "só" encostar com doçura.


A alegria do papá Rúben a contagiar os adeptos

Corona (7): Sempre muito irrequieto e com vontade de partir para cima dos adversários, o que tende a garantir alguma concentração de "olhares" sobre si, libertando outras zonas do relvado. Nem sempre foi feliz nas iniciativas, mas contribuiu para várias jogadas que mereciam ter terminado no fundo da baliza tondelense, com destaque para aquela onde, isolado, preferiu passar a AS, só que a bola saiu um pouco forte demais.

< 64' Melhor em Campo Soares (8): Isto começa a ser um caso sério. Terceiro jogo, terceira distinção de MeC. Juízos à parte, foi protagonista principal nos lances do penalti e da expulsão, para lá de ter marcado um belo golo. E de ter moído a paciência à defesa do Tondela, sendo o primeiro a criar sensação de golo, logo ao minuto 3. Sem dúvida, o jogador mais influente para o desfecho final - pela positiva, obviamente. A única mancha no cv foi aquela perdida incrível frente ao redes, ainda por cima com AS a seu lado completamente só.

André Silva (8): Talvez o seu primeiro penalti marcado de forma irrepreensível, com toda a calma e colocação. Até então, andou a fazer o seu meritório trabalho de desgaste do adversário, e depois disso continuou a fazê-lo. Teve ainda tempo para falhar um golo (quase) fácil e para assistir Jota para o quarto. Em resumo, fez tudo o que se pede a um avançado.

> 64' Diogo Jota (7): Entrou com ganas, ligado à corrente, e deu mais poder de fogo à nossa já evidente superioridade. Para mim, é sempre agradável encontrar motivação em quem entra, mesmo quando o jogo já está resolvido. Talvez por isso tenha sido recompensado com a honra de fazer o último da noite. Dois jogos a partir do banco, dois golos. Que bom.

> 64' Óliver (6): Surpreendeu-me a sua não-titularidade pela segunda vez consecutiva, mas entrou para o jogo como se nada fosse. Aplicado e com vontade de mostrar valor, ainda que nem sempre com sucesso, ajudou a equipa a manter a pressão alta.

> 69' Layún (6): Um regresso que muitos esperavam ter acontecido logo no onze inicial, ajudou a limpar-lhe a última má impressão que deixou com o Rio Ave. Sem ritmo, como seria de esperar, mas com vontade de o recuperar.

NES (7): Voltou a optar por uma dupla de médios, desta vez sem Danilo, e manteve os dois avançados e dois "extremos", sendo Otávio um falso, porque joga quase sempre por dentro. Contra este adversário, pareceu-me bem no papel. Na práctica, a equipa ressentiu-se da falta de homens no meio - ou da falta de Danilo - e demorou a conseguir o controlo do jogo, que só aconteceu com o penalti e expulsão. Tivesse sido concretizada uma das oportunidades madrugadoras e talvez o problema não se colocasse desta forma, mas o jogo foi o que foi. A equipa acabou por cumprir e passar o teste com distinção, pelo que o treinador deve ser reconhecido pelo feito. Bem Nuno, para variar.



Outros Intervenientes:


Bom jogo do Tondela até ficar reduzido a dez, ao ponto de nos ter causado alguns calafrios com o marcador ainda imaculado. Não vou disparar sobre Pepa, porque compreendo a sua frustração, pela forma como o jogo mudou irreparavelmente em quatro minutos. Sim, que é lampião e noutro contexto semelhante não se surrealizou, mas enfim, cada um é o que é. Montou bem a equipa para dar luta no Dragão, com destaque para as exibições da motinha Jhon Murillo, o irrequieto Miguel Cardoso e o inspirado Cláudio Ramos.




Quanto a Luís Ferreira e sus muchachos, jogo difícil de avaliar. Ao vivo, fiquei com a impressão que no lance do penalti, a falta tinha sido de Soares e que o segundo amarelo tinha sido bem mostrado. 

Após rever uma série de vezes na televisão, quase que inverti a minha opinião: há de facto um agarrão claro do defesa à camisola de Soares, a preceder o seu próprio; de nada importa argumentar que esse agarrão não lhe provocou a queda, porque a falta acontece antes - bem assinalado, portanto.

Sobre o lance da falta que leva ao segundo amarelo, não consigo dizer com certeza se sim ou não, mas inclino-me para que o defesa já estivesse na posição, "parado", antes do contacto com Soares, e nesse contexto, a falta terá sido mal marcada - tal como o cartão. Mas não consigo garantir que foi mesmo assim, mesmo após uma dezena de revisões do lance. O árbitro só viu uma vez e decidiu na hora. Possivelmente mal, com prejuízo para o Tondela.


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Já a seguir, o muito aguardado primeiro embate contra a Juve, a contar para os oitavos de final da Champions. Um jogo onde só a transcendência nos pode deixar em condições de discutir o apuramento em Turim. E para que isso aconteça, nada como ter o estádio cheio. Pela minha parte, relembro que ainda podem concorrer para ganhar 2 bilhetes para esse jogo.

Antes disso, já hoje, temos o desafio entre o quarto e segundo classificados do campeonato português. Os meus votos é que se mantenham nessas posições quando o jogo terminar. Mas se assim não for, que não seja pelas reuniões solicitadas com carácter de urgência. 

Bem sei que falta de decoro, de vergonha e de noção de ridículo é uma constante naquelas bandas, mas não imaginem nem por um segundo que somos todos iguais. O "basta!" já foi dito, alto e em bom som (nem foi preciso microfone), e felizmente já se vêem alguns frutos a nascer dessa árvore. 

Relembrando os menos atentos, não nos interessa trazer os benefícios ilícitos e premeditados para o nosso lado, apenas queremos que ninguém deles beneficie - para que os erros dos árbitros voltem a ser aceitáveis, como têm de ser.



Lápis Azul e Branco,

Do Porto com Amor



7 comentários:

  1. o penalti e claro , antes ja tinha havido um a andre2, e mais tarde existiu outro tambem a andre2, a expulsao foi correta, essa do jogador estar parado e engraçada, levou um tunel ficou batido seria ultrapassado nas calmas .... agora estava parado ele a cada uma.... se o soaes aproveitou e se encostou um bocadinho?... e depois o avançado esta la para isso mesmo. Quanto as fragilidades defensivas tem a ver com a falta de velocidade de maxi o que obriga a desposicionar filipe e por consequencia marcano, todas as equipas contra nos poe o jogador mais rapido que tem do lado esquerdo e maxi nao o acompanha depois toda a defesa e desposicionada, filipe tem de entrar a queima bastas vezes e claro marcano tem de ocupar o lugar de filipe, a entrada de rneves com menos rotinas tambem contribuiu. FALTA NOS CLARAMENTE UM MEDIO A SERIO , RAPIDO, FORTE, AGRESSIVO, INTENSO DESDE O PRIMEIRO MINUTO onde encontra lo ?? e barato?? pois sera dificil. No entanto asilva nao pode falhar os golos que falha, trabalha muito mas sem marcar golos como avançado tem poucas hipoteses tem defeitos que vem dos juniores, nao ataca a bola, nao se sabe posicionar na area, nao tem noçao da antecipaçao do lance muito parecido com aboubakar em certos aspetos no entanto pode melhorar aprendendo com soares por exemplo, basta ver soares trabalha tanto ou mais, luta, segura os defesas, provoca o contato mas tem sempre os olhos na baliza, ate e rapido, o golo foi a deco quer dizer tem tecnica. Layun pode ir embora porque nunca foi defesa direito na vida.

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    1. Bons argumentos, ainda que discorde de alguns.

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    2. Era pegar em André André + Oliver + Otavio e trocá-los pelo Ruben Ribeiro do Rio Ave. Isso é que era.

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  2. Os borraditos vão precisar de nos ganhar em casa, para não dizerem, logo aí, adeus à luta ;) o circo que vai ser até lá...

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  3. Caro Lápis,
    Não me parece que devamos ter grandes esperanças vindas de Braga, sinceramente creio que vai ser mais um jogo de exaltação do "rolo compressor". Parece-me que vamos ter de esperar ainda algum tempo até podermos ser líderes isolados por mais de 48 horas.
    Abraço.

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    1. Confirma-se, ainda que por outros motivos. Há que ter nervos de aço e não quebrar antes deles.

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