Adivinha Quem Voltou (Yooo)

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Adivinha Quem Voltou (Yooo)


Faltava ainda uma hora para começar o jogo contra o Rio Ave e já estávamos a ganhar. Impossível? Not really, quando se trata de um treinador abraçar essa condição na sua plenitude: assumir os erros e tratar de os corrigir, quando finalmente já só ele não os queria reconhecer.

#AMINHATAMBÉM (Foto de Vítor Parente / Kapta+)

Aos meus olhos, Sérgio Conceição cresceu mais um pouco como treinador. Devolver Iker à titularidade foi um acto de justiça mas também de humildade. Não esperaria que o reconhecesse tal e qual, porque deve preservar-se dos abutres esfomeados que o rodeiam, disfarçados de pombas da paz, mas o acto falou por si e mais alto do que qualquer conjunto circunstancial de palavras.

E foi assim que entrámos em campo, com confiança renovada no que à segurança entre os postes diz respeito. Parecendo que não, é um excelente ponto de partida para os companheiros se sintam mais à vontade para tentar todo o tipo de "truques especiais", mais adiante no terreno de jogo. Coincidência ou não, ao segundo minuto já vencíamos.

Todo o jogo foi uma sequência mais ou menos lógica, no que à evolução do marcador diz respeito. Corajosamente fiel à sua filosofia, o Rio Ave de Miguel Cardoso voltou a apresentar-se no Dragão igual a si próprio, apenas focado em jogar o seu futebol, sem receio do peso dos números que pudessem castigar a ousadia. 

Não vou ser hipócrita e escrever que assim é que é bonito - e é! - porque eu, treinador do Rio Ave, não me atreveria a fazê-lo. Não por receio, mas por pensar que a defender (um bocadinho mais do que o "meu" normal) teria mais hipóteses de conseguir um resultado positivo. Para ser claro: admiro a postura e lamento que não haja mais quem o faça, mas não o faria. Bastard me...

Em todo o caso, neste cenário em concreto, duvido que, qualquer que fosse a estratégia, tivesse produzido outra distribuição de pontos ou até um menor volume no marcador. Porquê? Porque do outro lado estava um dragão ferido e furioso com isso. Havia que reparar os (irreparáveis?!) danos da derrota com o Liverpool.

Ficou claro que todos os jogadores estavam imbuídos desse espírito de missão, rescue workers a procurar resgatar tudo o que ainda fosse possível salvar do monte de escombros em que se havia transformado o seu próprio quartel-general.

Com um achado valioso logo no início das buscas, pelos pés de Sérgio Oliveira, a moral das tropas elevou-se e todos pareciam convencidos de que havia ali muito mais para encontrar. A operação de busca e salvamento foi interessante e agradável de assistir, fluindo com uma certa naturalidade (ou até inevitabilidade), tal a sequência "lógica" dos eventos.

Ao fim da tarde (que bom que é ver jogos no Dragão ao fim da tarde), liderança recuperada e desinfectada, após algumas horas em mãos sujas, e o povo voltou descansado para casa: descontando o marco histórico negro, nada se perdeu, apenas se transformou. E não foi para pior. Seguimos intactos rumo ao objectivo principal. Let's go!




Notas DPcA 


Dia de jogo: 18/02/2018, 18h00, Estádio do Dragão, FC Porto - Rio Ave FC (5-0)


Iker (6): Ei-lo que regressa ao lugar de onde nunca deveria ter saído, com a tranquilidade normal de quem tem a bagagem que ele tem. Que seja para ficar até ao fim e em grande estilo.

Maxi (6): O "velhinho" ainda mexe (sobretudo se mexerem com ele) e ontem substitui sem perdas assinaláveis o seu mais jovem concorrente ao lugar.

< 81' Alex Telles (8): O senhor assistências voltou ao seu elevado nível normal e, claro, às assistências. Trabalhinho feito, teve finalmente a oportunidade de ir descansar um pouco mais cedo. Será um caso muito bicudo com que a SAD terá de lidar no verão... 

Marcano (7): Teve muito mais trabalho do que o resultado sugere, precisamente porque o adversário quis jogar futebol durante todos os noventa minutos. Fê-lo bem feito.

Felipe (7): Ipsis verbis Marcano. 

Sérgio Oliveira (7): Foi o primeiro a apaziguar os espíritos ansiosos pós-Liverpool, logo na aurora do jogo, e isso foi fundamental para tudo o que se seguiu. Depois, não esteve particularmente inspirado, mas foi importante na manobra da equipa, denotando mais dificuldades em termos do posicionamento defensivo.

Herrera (6): Não atrapalhou muito, apesar de ter andado o jogo todo a suplicar por um amarelo. Bem bom.

< 80' Corona (7): Muito boa primeira parte, pela intensidade e qualidade do seu trabalho. Na segunda ainda deu alguma sequência, mas foi extinguindo até à habitual substituição.

Brahimi (6): Nem um resultado gordo como este permite disfarçar o mau período de forma que agora atravessa, em especial quando se trata de decidir como definir as jogadas. Mesmo assim, esteve sempre muito envolvido no jogo da equipa e globalmente foi uma exibição positiva. O problema é que dele se espera sempre mais do que um simples "positivo".

Marega (7): Também está a meio-gás, certamente como resultado do grande desgaste a que foi sujeito desde o início da temporada. Ainda assim, esteve directamente envolvido em dois golos, marcando um e "assistindo" no outro, o que significa que a "produtividade" se manteve muito elevada.

Foto de Vítor Parente / Kapta+

< 85' Melhor em Campo Soares (8): Até nem foi o seu melhor jogo, mas marcou dois dos cinco golos e isso, num desafio em que ninguém se destacou com grande relevo face aos demais, acabou por ser decisivo na atribuição da distinção. O que realmente importa é que está a assumir a ausência de Abou com grande capacidade e sem que a equipa se ressinta da ausência do camaronês.

> 72' Óliver (7): Talvez a sua melhor entrada a partir do banco da temporada, muito escorreito e esclarecido nas decisões e execuções. Fica a dúvida se só o consegue fazer quando o jogo já está resolvido a nosso favor...

> 74' Diogo Dalot (6): Pode não ter sido a dos seus sonhos, mas foi a estreia onde sempre sonhou. À pressão normal dessa estreia, ainda lhe acrescentaram ter de a fazer no lado oposto àquele onde conquistou a fama que o trouxe até esta premier. Por muito que digam que está a jogar bem à esquerda na B, o seu lado é o direito e deve ser nele que deve ter as oportunidades. Ontem foi necessário dar descanso a Telles, percebe-se, mas o futuro deverá ser mais justo para com Dalot. 

> 80' Hernáni (6): Boa entrada também, estando directamente envolvido no último golo do jogo. Sobra a mesma pergunta feita sobre Oli.

Sérgio Conceição (8): Resumo "tudo" a dois pontos fulcrais: 1) Conseguiu devolver a equipa às vitórias, em estilo e com grande reboost de confiança e 2) Devolveu justamente a Casillas a titularidade que injustamente lhe tinha retirado. Para mim, é mais do que suficiente para lhe tecer um rasgado elogio.

A Estreia (foto Vítor Parente / Kapta+)



Outros Intervenientes:



O Rio Ave de Miguel Cardoso voltou a defraudar as expectativas dos muitos milhões de melões portugueses, ao apresentar-se igual ao que sempre é para defrontar o Porto. Foi traído por um golo madrugador e pela "raiva" acumulada do adversário, mas nem assim mudou para o plano B. Concorde-se ou não, é de admirar. Geraldes teve espaço para mostrar alguma da sua qualidade e Pelé voltou a "gritar" bem alto que deveria ter sido trazido agora em Janeiro para colmatar a ausência de Danilo.


Muito assobiado por fantasmas de "natais" passados, o mau do Xistra até nem esteve assim tão mal. O que mais se notou foi mesmo a sua fraca qualidade técnica e de condução de indivíduos, de resto não me apercebi de nenhum dano crítico para a verdade do jogo. Aceito o "apenas amarelo" a Tarantini mas mais adiante deveria ter visto o segundo amarelo. Do nosso lado, Herrera fez demasiadas faltas para sair do campo sem advertência. 




Está atirada para as nossas costas a derrota com o Liverpool, agora falta aquele small step em tempo de jogo, mas gigante para a conquista do campeonato: em 45 minutos, dar a volta ao resultado no Estoril. Só isso interessa. Vamos lá, carago!



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco



12 comentários:

  1. Sem dúvida, Pelé! Resta saber se não há uma cláusula vermelha qualquer no contrato do rapaz...

    ResponderEliminar
  2. Inteiramente de acordo com a crónica. Penso que o Iker dá outra segurança aos centrais e ao público também. É verdade que o futuro passa pelo Sá e pelos outros mas só há futuro se ganharmos o presente (parece frase redundante mas precisamos de uma grande vitória como do pão para a boca e é com os melhores que lá vamos). Adicionalmente um ponto que o Rudolfo disse ontem, o Iker aceitou (estoicamente digo eu) o que o Treinador decidiu e mais importante esperou e não fez falar outros por ele. Agora está de volta para o terço final da época que é o mais importante.

    Nota de valor para Marega, joga e faz jogar com Tiquinho e Abou bastante, o que abona a favor dos 3, em particular do "underdog" desta tripla. Estou convencido que o Gonçalo Paciência conseguirá identico sucesso a jogar com o Marega por muito mérito deste.

    Nota menos positiva para o Brahimi que está a precisar de discernimento ou descanço, ou porventura de ambos.

    Agora vamos ao assalto na Amoreira, em que uma das nossas principais armas fica limitada, o poderio físico pois as equipas do calibre do Estoril aguentam normalmente 60-65 minutos e o "jogo" tem apenas 45 min. Temos de ser um FCP à FCP que tem de sair do autocarro já em alta motivação e concentração que "vikings" numa raid de destruição (sem mortos, e feridos além do resultado).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É isso tudo, meu caro, vamos a eles que nem dragões esfomeados!

      (ou quase, não tenho a certeza que Sá seja o futura da nossa baliza...)

      Eliminar
  3. Os abutres esfomeados é que obrigaram o bom do SC a colocar Casillas ou agora virou herói, libertou-se das grilhetas e é o treinador que a partir de ontem tem de ser venerado?
    A teoria até pode ser muito bonita, mas os méritos e deméritos dos resultados até ao momento, então têm de ser atribuídos aos que apelida de abutres.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Temo que tenha lido mal. Os abutres são os dos merdia do costume, sempre a cheirar por uma gotinha de sangue para atacar em força.

      Quanto a SC, quem realmente o obrigou a trazer de volta o Iker foi mesmo o Sá.

      Eliminar
  4. Ok. Bora lá a boicotar os jornais e a exigir que não hajam comentadores nossos nos programas da treta.
    Fizemos isso nas instituições que regem o futebol e a bandidagem mafiosa agradeceu.

    Certo. Tal como Iker tinha obrigado a comprar o Sá, por precaução ficar com o Fabiano mesmo sem um braço...operacional e aplicar 1 milhão num "Beto" qualquer.

    ResponderEliminar
  5. Não lhe pareceu que Maxi e Felipe, também contribuiram e de que maneira (além de Iker, claro) para toda aquela tranquilidade?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Felipe sim, por oposição a Reyes, que definitivamente não tem andamento para o Porto. Maxi também cumpriu, mas não foi por substituir Ricardo, que tem feito uma época excelente.

      Eliminar
  6. Caro Lápis, tendo por norma não comentar, pelo menos publicamente, as opções do Treinador, muito embora, como qualquer treinador de bancada tenha a minha opinião e como qualquer adepto as minhas preferências por este ou aquele jogador em detrimento daquele ou daqueloutro, não podia deixar de manifestar a minha concordância com a sua posição em relação ao Iker Casillas.

    Agora, quanto ao jogo confesso que estava algo inquietante e expectante sobre como reagiria a Equipa ao descalabro de Quarta-feira e a resposta não podia ter sido melhor, retribuindo com uma goleada e uma exibição competente o apoio e confiança transmitidos pelos sócios e adeptos que acorreram massivamente ao Dragão e aqueles, milhões, como eu, que torciam e torcem e apoiavam e apoiam por fora na impossibilidade de estarmos todos no nosso palco dos sonhos.

    Vamos agora jogar os restantes 45 minutos que faltam do jogo com o Estoril com a mesma crença de sempre numa vitória do FC Porto sabendo que independentemente do que acontecer continuaremos isolados na liderança, embora, claro, vencendo ou pelo menos não perdendo, o diferença pontual para o que resta do Campeonato daria outro conforto.

    Um abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Isso mesmo, caro Fernando, vamos lá virar estes canários despudorados do avesso! Com a proliferação de Capelas que pululam por aí, nenhuma vantagem será segura até ser definitiva.

      Abraço

      Eliminar

Diga tudo o que lhe apetecer, mas com elevação e respeito pelas opiniões de todos.