Telles & Oliveira, Lda.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Telles & Oliveira, Lda.


Noite de Dragão com a casa muito bem composta, para assistir ao duelo entre o (então) segundo e o quarto da liga, separados por apenas seis pontos antes do jogo começar.




O cartaz era aliciante e as equipas esforçaram-se por não defraudar as expectativas. Houve golos, emoção e algum futebol. A iniciativa foi, como teria de ser, do Porto, desde o primeiro minuto. Vindos de um frustrante empate, a resposta rumo ao título só poderia ser essa. 

Começamos então bem cedo a fazer pela vida. Quase sempre a explorar os flancos, com especial incidência no lado Telles, perdão, esquerdo. Uma, duas ameaças e à terceira foi de vez. De cabeça e contra as probabilidades, foi Sérgio Oliveira quem respondeu afirmativamente à primeira de três assistências do Senhor Alex.

Como se de um prenúncio se tratasse, foi mesmo esta dupla quem comandou o jogo e o encaminhou para o desfecho que acabou por ter. Telles a assistir, Sérgio a encher o campo com critério e qualidade. 

Quanto ao Braga, andou a ver navios até que, de repente e caído do céu (só tinha chegado perto de com algum perigo uma outra vez), chegou ao empate. Canto bem marcado e mal defendido, em especial por Reyes, que era o marcador de Raúl Silva. Vá que o mexicano se encheu de brio e foi lá à frente desempatar o jogo. Pimba, dívida saldada.

O intervalo chegou assim, com a vantagem mínima, mas poderia ter sido mais ampla se o acerto fosse um pouco maior. O costume...

A segunda parte foi mais táctica, com mais procura de desequilíbrios e re-equilíbrios a partir dos bancos, e só quando Abou fez o terceiro se sentiu que a vitória já não fugiria. Sá foi importante num momento em que ainda estava 2-1, negando o empate com uma grande defesa. Mas diga-se, em abono da verdade, que também na outra baliza houve várias hipóteses de voltar a marcar antes que finalmente o camaronês o conseguisse. Antes e depois. 

Estrearam-se um trio de reforços no Dragão e pouco mais houve a registar. Para a história fica mesmo é o resultado e os três pontos que nos acabariam por valer nova liderança isolada. Agora que tratem de não a desperdiçar em Chaves.

Um pormenor menos interessante, que pode até ser só coincidência: Soares fora dos eleitos para o jogo. Não vou especular (claro que já o fiz em pensamento), mas vou continuar atento.


Foto de Catarina Morais / Kapta +


Notas DPcA 


Dia de jogo: 03/02/2018, 20h30, Estádio do Dragão, FC Porto - SC Braga (3-1)


José Sá (7): A nota justifica-se quase em exclusivo por duas boas e por uma grande defesa que nos mantive firmes no comando do jogo num momento de "tensão". É isso que se espera de um GR de uma equipa grande, pouco mas bem. No entanto, antes da primeira delas, houve aquele Sá nervoso e até displicente que ninguém gosta de ter como o último reduto da equipa. É preciso tranquilizar, Joselito.

Ricardo (6): Jogo de bom nível, mas menos consequente em termos ofensivos do que vem sendo hábito.

Alex Telles (8): Três assistências, três, com a aparência de ser tão simples que qualquer um o poderia fazer. Não pode, é mérito do Seu Telles mesmo. E muito trabalhinho em ambos os meios-campos. Top notch.

Reyes (6): Juro-vos que fiquei imensamente feliz e aliviado quando marcou o 2-1... já lhe estava a fazer o funeral, que não tem (mesmo) a competência necessária para singrar a este nível, tal a forma como é regularmente "comido" na sua área de jurisdição - o golo do Braga é "todo" dele. No entanto, não baixou a cabeça, fez pela vida e foi lá à frente compensar o erro. E isso vale qualquer coisa. Não apaga o erro e o que ele indicia, mas revela uma qualidade que muitas vezes permite ultrapassar "falhas estruturais": tem alma de lutador (por muito molenga que ela seja).

Felipe (7): De longe, o seu melhor jogo dos últimos tempos. Seguro pelo ar, bem na antecipação e sem aqueles destemperos que tendem a deitar tudo a perder. Muito bem.

Melhor em Campo Sérgio Oliveira (8): Como poderia ser possível roubar (parte d)o protagonismo a alguém que faz três assistências num jogo em que sua equipa marca três golos? Bem, sendo o que este menino foi neste jogo. Para começar, estava do outro lado da linha da primeira dessas assistências, respondendo afirmativamente ao presente. Mas muito mais do que isso, encheu literalmente o (meio-)campo com a sua omnipresença, disputando e conquistando muitas, muitas bolas e depois dando-lhes bons seguimentos. Foi a peça mais importante, porque garantiu consistência na defensiva e "olhinhos" na ofensiva, quase sempre em passe curto, simples e eficaz. Um pequeno monstro, em homenagem ao lesionado original. E já agora, gostei muito da forma como decidiu festejar o seu golo: em equipa, com suplentes e titulares. 




Herrera (6): Ora bem, o tal moço do lado andou por ali, a suar as estopinhas, embora revelando pouco acerto com a bola no pé. Na parte destrutiva foi competente, sort of, mas quando era preciso encontrar um final feliz para a bola é que a coisa se complicava. Más decisões, boas decisões mas mal-executadas, enfim... o mau, velho Héctor a fazer das suas.

< 65' Corona (6): Regresso de certa forma inesperado à titularidade, a que procurou corresponder. Não foi terrivelmente feliz e "apagou-se" cedo, mas enquanto esteve a 100% procurou ajudar e desenvolveu alguns lances com sentido. É preciso mais, mas o caminho parece ser este.

< 81' Brahimi (7): Muito em jogo, muito envolvido e a atrair adversários aos magotes, acabou por não conseguir "finalizar" uma daquelas jogadas à Brahimi. Mas esteve perto, por várias vezes, foram "pormenores" a estragar-lhe a festa.

 Marega (6): Tem tido pouco espaço para "explodir" e ainda menos acerto na hora de finalizar. Neste jogo foram três, pelo menos. E assim perde importância no jogo da equipa. Altura de parar para recarregar baterias?

< 85' Aboubakar (7): O seu golinho foi o da tranquilidade e valeu muito por isso a sua presença em campo. Teve uma boa cabeçada ainda o marcador estava virgem, mas Matheus defendeu. Trabalhar, trabalha sempre, mas o acerto é que acaba por definir a sua taxa de sucesso.

> 65' Paulinho (6): Ainda vive noutro planeta táctico, é um extraterrestre nesta equipa, e isso impede-o de mostrar já o que realmente vale. Ainda assim, duas coisas já demonstrou ter: visão de jogo e capacidade técnica para concretizar essa visão.

> 81' Waris (5): Continuo como estava antes do jogo - sem saber o que pode valer ou onde se pode encaixar na equipa. Não percam os próximos episódios... porque eu também não!

> 85' Gonçalo (-): Nada a relevar que não seja o seu regresso e um toque de classe... por sinal, o único que teve no jogo.

Sérgio Conceição (7): Conseguiu levar a equipa a conquistar os três preciosos pontos em disputa, com justiça alguma segurança, mesmo considerando o empate sofrido "do nada", que pareceu mexer um pouco com os jogadores nos momentos que se lhe seguiram. A exibição não foi brilhante nem nada que se parecesse, mas o q.b. para ganhar com autoridade. Apostou na utilização de três reforços a partir do banco, mas só Paulinho chegou ao jogo quando ainda era "a doer". Não sei se a ideia tinha mesmo a ver com o que achava que o jogo estava a pedir ou se mais com acelerar o processo de integração, mas o que foi notório é que nenhum reforça está já pronto a "compreender" a equipa - aqui excluo Gonçalo, porque nem sequer esteve em campo o suficiente para poder ser avaliado. 





Outros Intervenientes:


A filial bracarense dos sem-vergonha apresentou-se toda briosa no Dragão, desde jogadores a adeptos (até pareciam ser mesmo do Braga!), passando pelo protótipo descartado de um manual seboso de auto-ajuda que dá pelo nome de Abel. Era vê-lo todo empertigado no banco, como se a cada lance apitado a desfavor lhe estivessem a roubar a herança, como se a sua equipa estivesse a fazer um jogo do outro mundo (bem, se calhar, estava a comparar com os que faz com a casa-meretriz, e aí...). No final, tem a distinta lata de dizer que foi o quem fez a diferença. Labrego, palerma. Se o defeito estiver no nome, não admira que Caim tenha limpo o sebo ao primeiro da linhagem.

Dentro de campo, que é o que realmente interessa, vi menos Braga do que estava à espera, pese todo o empenho que puseram no jogo. Nevertheless, sobressaiu Raúl Silva, pelo golo e pelos pormenores de "loucura", Esgaio pela disponibilidade física e os dois do meio, Vukcevic e Danilo, que correram muito, jogaram um pouco menos e bateram um pouco mais (com mais rigor no apito, ambos tinham acabado expulsos).


Hugo Miguel fez o que pôde para que as coisas corressem certinhas, juntinhas, sem que nunca uma equipa se distanciasse em definitivo da outra. Não foi capaz de ver a cotovelada de Danilo em Brahimi, nem parou o jogo para dar o merecidíssimo segundo amarelo a Vukcevic. Em todo o caso, sendo lances importantes, não foram decisivos, o que até não é mau de todo, tratando-se de quem se trata.


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Na próxima quarta, temos o primeiro andamento da meia-final da Taça de Portugal, contra o Sporting dos Fissuras & Labregos Associados. Tal como aconteceu aquando da outra meia-final, em teoria temos a upper hand mental, após os resultados desta jornada. No entanto, basta lembrar o que aconteceu na outra (nós, eles e os árbitros) para perceber que teremos de fazer reset e encarar o jogo como aquilo que realmente é: o primeiro de dois a eliminar.

Perfeito seria resolver já a contenda com uns valentes 4-0; não sendo possível, partir para a segunda mão em vantagem no marcador, de preferência com pelo menos dois golos de avanço. Vamos a isso? Diz que bai estar um balente bentania na quarta...



Do Porto com Amor,

Lápis Azul e Branco




11 comentários:

  1. Credo, cada vez percebes menos disto, rapaz. Mas ao menos acertas no resultado, não é mau.

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    1. Mirror, mirror on the wall... (vá lá que ainda não me deu para preferir ser diferente a ter razão :-))

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    2. A razão, essa coisa sobrevalorizada

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  2. Não subscrevo as críticas a Reyes no golo sofrido. Foi um bom exemplo do tipo de lances a que se está sujeito quando se opta por marcação individual, movimentar-se em função do adversário.

    Marega com a mesma nota que Ricardo ou Herrera também me parece manifestamente errado, face à quantidade absurda de lances perdidos, enquanto que os outros dois estiveram em bom nível na minha opinião.

    De acordo com o resto, particularmente com a sonsice do Abel a fazer lembrar o sonso-mor de lá de baixo. Deve ser da cor do equipamento

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    1. Eu ia mesmo a comentar que a culpa tem de ser em parte de um treinador que, nos dias de hoje, ainda acha que se deve marcar ao homem em bolas paradas...
      E espero mesmo que o Marega va descansar uns jogos - ate para bem dele porque o seu jogo tem vindo a cair a pique e ele nao merece depois de todo o trabalho que tem feito. Aquele passe do Goncalo...

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    2. Exacto! Mesmo sendo marcação mista não sei se colocar os jogadores mais fortes em lances aéreos seja a melhor opção. Se é para andar atrás do adversário para o incomodar então que se usem os jogadores mais baixos e poupem-se os outros para atacar a bola.

      Quanto ao Marega não há muito a dizer... Não se pode continuar no 11 inicial e a jogar 90 mins quando se falham 8 em cada 10 acções. O passe do Ibrahimovic, perdão, Gonçalo (too soon?) foi genial. Aguardo com grande expectativa os próximos jogos!

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    3. JB, eu vi um jogo medíocre do Herrera com bola e um mais positivo sem ela. Em média, dá-me a nota mínima positiva, o mesmo que Marega, apesar de claramente estar em queda de forma. Quanto a Ricardo até concordo, mas o 7 era excessivo para o que não fez. Digamos que são "6" diferentes, Marega no limite mínimo, Herrera a meio e Ricardo à porta do "7".

      @ambos:

      Em defesa de Marega, quero apenas dizer que tem sido sempre o jogador a quem SC não dá descanso, porque dele não abdica durante os 90 minutos (salvo excepções, claro). Todos os outros titulares da frente são substituídos de forma recorrente. É mais do que natural que esteja cansado, neste seu admirável mundo novo.

      Não vou embarcar na discussão do tipo de marcação (muito interessante, mas bem fundamentada não caberia aqui), apenas insisto que Reyes deixou-se "comer" por um jogador também ele pouco rápido. Um central do Porto não se deve deixar ultrapassar assim, seja em que sistema for. Acresce que não é o primeiro erro do género, nem o segundo. Reitero portanto tudo o que escrevi na justificação da sua nota.

      O problema do Gonçalo nunca foi escassez de talento, antes de comportamento. Pode ser que tenha crescido entretanto, tenho bastante fé no que pode vir a ser, tal como a maioria de nós, suponho.

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    4. Pois talvez. Também já tinha lido isso sobre ele algures na bluegosfera. Mas verdade seja dita, a jogar o que ele joga e a ser emprestado à Académica acho que é compreensível x)

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  3. o telles realmente tem um excelente pe esquerdo, agora imaginem com o dalot do outro lado, duvido que alguma defesa resistiria muito tempo, mas SC e teimoso e agora tirar o jogador ao folha ..... ja nao me parece. Entraram bons jogadores, osorio sera uma mais valia mesmo decisiva e gonçalo tem de ir jogando , tecnicamente e dos melhores que temos. SE NAO FOSSEM OS ARBITROS ESTE CAMPEONATO ESTAVA MAIS OU MENOS ALINHAVADO, o que se tem passado e uma vergonha.

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    1. Por uma vez, estamos bem de acordo: "NÃO FOSSEM OS ÁRBITROS, ESTE CAMPEONATO ESTAVA MAIS OU MENOS ALINHAVADO". O resto, são opções de quem é pago para optar...

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  4. E o Oliver? Então o grande problema não era o Herrera, o Felipe, o Brahimi?!?!

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